o conceito de uma cidade atrofiada em sua evolução arrancou um riso discreto , ainda que pleno de ironia. o alívio que inundou sua expressão ao ouvir a negativa foi quase tangível , como se a mera possibilidade de graziella — cuja alma poderia jurar ter cruzado em outras vidas — se rebaixar à credulidade de algo tão absurdo fosse uma afronta dolorosa , tanto mental quanto fisicamente. afinal , se fosse o caso , teriam que enfrentar mais uma daquelas intermináveis… amigáveis discussões sobre a giordano se permitir ser intelectualmente negligente. ❝ ah, dinheiro… deveria ter suspeitado. ❞ os lábios se curvaram em um sorriso que ecoou o da amiga, acompanhados por um riso cristalino . a cada descrição proferida , meneava a cabeça em concordância admirada. ❝ sua habilidade para arrancar dinheiro das pessoas nunca deixa de me impressionar. ❞ admitiu , afastando delicadamente algumas mechas castanhas que o vento havia espalhado sobre o rosto. não que ella fosse menos que uma dádiva ; muito pelo contrário, a marca rivalizava acirradamente com os la mer, reinando em conjunto no balcão amplo de seu banheiro. ❝ e é exatamente por isso que sou advogada e não empresária. jamais teria a criatividade para transformar um circo desses em algo lucrativo; para mim , só inspira um desprezo inexplicável. ❞ a declaração foi seguida de um leve arrepio que percorreu a espinha ao pensar no assunto. erguendo novamente os olhos castanhos , agora fixos nos azuis cálidos de graziella , a troca foi suficiente para um entendimento mútuo. ❝ il giardino ? ❞ sugeriu com naturalidade. embora o restaurante fosse famoso por sua interminável lista de espera , entre gökçe e martinez-giordano , sempre havia uma forma de transformar o impossível em algo acessível.
A reação retirada da melhor amiga poderia até ser divertida se não mexesse com seu intelecto. O rolar dos olhos claros foi visível enquanto se aproximava mais de Neslihan. "Mas é claro que não. Isso é histeria coletiva, como já teve diversas vezes nessa cidade mal evoluída. Contudo..." Fez uma pequena pausa dramática ao ter o braço entrelaçado ao seu e aproveitou da aproximação para se inclinar e murmurar baixo próximo ao ouvido da amiga. "Isso não me impede de ganhar dinheiro." Finalmente disse, o sorriso voltando ao seus lábios, agora de maneira um tanto mais larga. "Imagine a quantidade de maquiagens e perfumes para usar com, uh, seu amor." Falou as últimas palavras com uma careta. "Ou o vinho certo para combinar em seu primeiro encontro depois de apaixonados." Soltou um suspiro exagerado escapar, como se sonhasse, e depois deu uma risadinha. "E como em um passe de mágica, esses trouxas vão me deixar cada vez mais rica." Finalizou, olhando de lado para a amiga. "Almoço?"
✉️ : mas nem mesmo se quem morreu ressuscitasse , apontasse uma arma para a minha cabeça e me obrigasse
✉️ : uma noite com você atrapalhando o MEU encontro é o máximo que consigo digerir da sua presença em um mês
✉️ : e já pensou na possibilidade que eles morreram PARA escapar do amor ?
✉️ : eu até poderia continuar a nossa conversa maravilhosa , mas tenho que levar o meu cavalo para passear
✉️ : pelos próximos sete dias
✉️ : ti parlo dopo
with @neslihvns
📲 [milo]: eu disse que éramos feitos um pro outro!
📲 [milo]: não tem como escapar do amor, hani
📲 [milo]: tudo bem que o pessoal lá atrás escapou sim porque morreu todo mundo
📲 [milo]: super triste
📲 [milo]: bless their heart
📲 [milo]: enfim, o cara voltou do plano espiritual pra abrir uma cachoeira pra gente, eu acho que no mínimo tínhamos que sair pra tomar um drink e descobrir nosso destino
gucci . o nome era tão olivia . ao observá-la com o felino aninhado nos braços — bronzeados como os seus — , neslihan era invadida por uma sensação de serenidade . era curioso como , apesar da imagem que a boscarino projetava ao mundo , estar na presença dela lhe trazia um conforto que remontava ao primeiro instante em que foram colocadas lado a lado , tão pequenas , para se entreterem uma com a outra . o elogio velado arrancava um sorriso discreto , reforçando o sentimento de complitude . havia algo na cena diante de si — o pequeno corpo do gato já completamente entregue ao colo de olivia... a gökçe sempre confiara mais nos instintos dos animais do que nos julgamentos humanos e não era à toa que mark , virginia e chaz , assim como francis , henry e angela , adoravam a mais nova , mesmo que ela ainda insistisse em manter a postura meticulosamente calculada com eles .
com os dedos entrelaçados na pelagem irregular do filhote canino aconchegado no próprio aperto , quase pode sentir a inquietação vibrando no espaço entre elas . ❝ não… a armadilha era gucci mesmo . ❞ um riso breve e genuíno escapou de seus lábios avermelhados . ❝ talvez ele pudesse esperar mais um ou dois dias para te conhecer , mas julguei apropriado antecipar o destino inegável . ❞ com um gesto fluído , inclinou-se na direção da amiga , afagando as diminutas orelhas felinas marcadas pelo peculiar padrão de corações . ❝ o que vem a seguir é apenas um bônus… e , por favor , promete me ouvir antes de reagir ? ❞ esperou a confirmação , mesmo sabendo que , com olivia , as direções poderiam facilmente seguir caminhos opostos ao esperado . ❝ ontem soube sobre a… discussão entre você e aaron no the loft . não importa exatamente o que foi dito , nem quem provocou quem primeiro . ❞ os castanhos percorreram a expressão da boscarino antes de tomar uma longa inspiração .
❝ mas eu sei como você fica depois das conversas com ele . e , bom… posso ou não ter advogado a ideia de que , numa próxima oportunidade , ele permita que o passado permaneça apenas nas memórias distantes , sem trazê-lo à tona e apenas... tente . ❞ fixando o olhar ao dela , pendeu levemente a cabeça . ❝ e é exatamente isso que eu gostaria de pedir a você também . sei o que vai dizer — que ele é inflexível , teimoso , que nunca te deu uma chance de se explicar e que ainda insiste em te colocar como a pessoa mais vil a existir . mas acho que você é capaz de entender de onde esses sentimentos nascem . sei a falta que ele te faz , nós fomos partes essenciais um do outro por tanto tempo que perder qualquer um de nós criou um buraco impossível de preencher . você sentiu , eu senti . e ele também . ❞ não havia como negar o que foram — e , talvez , ainda pudessem ser . sem eles , neslihan talvez não estaria ali . e era essa certeza que a fazia persistir em consertar o abismo que os separava . com as reviravoltas e rumores impossíveis que vinham tomando conta da cidade , aquela missão já não parecia tão inalcançável assim . fazia uma anotação mental para sondar olivia sobre aquilo tudo , se alguém soubesse o que estava por detrás dos sussurros de khadel , era a musa . ❝ agora , o que me diz ? meus ouvidos são todos seus . ❞ ofereceu um sorriso suave ao arquear as sobrancelhas .
O apelido escorregou dos lábios de Neslihan com tanta naturalidade que Olivia quase não percebeu o impacto imediato que teve sobre si. Raggio di sole. Era irônico que ela tentasse se manter tão firme e controladora de sua própria narrativa, mas estava contendo seus instintos para não demonstrar o quanto aquele gatinho já a amolecia. Seria mesmo um raio de sol em sua vida, e na vida da felina já tão mimada e introvertida adotada há uns anos pela Boscarino. Aconchegou o filhote contra si, ignorando o modo traiçoeiro como seu coração reagia ao ronronar constante. Tinha plena consciência de que estava cedendo, como sempre acontecia quando Nes decidia testá-la, mas escolheu fingir que ainda lutava contra a corrente. — Olha só, Gucci, você já descolou a melhor advogada da cidade para te defender? — Já anunciou o novo nome do gatinho. O tom leve de uma brincadeira boba, mas que continha um elogio sincero. Olivia admirava a amiga de forma genuína, um dos poucos sentimentos positivos que ainda restavam em si. O olhar deslizou para a amiga exatamente no instante em que o pequeno cachorro praticamente se atirou contra seus pés descalços. Olivia sorriu, conhecendo a outra o suficiente para saber que ela já se sentia conectada ao inocente cãozinho. Já teria um lar, ela pensou. Primeiro ela notou a cena de Neslihan abraçando a bola de pelos desalinhada, depois para a expressão hesitante que se instalou no rosto dela. Talvez eu tenha deixado passar outro motivo pelo qual insisti tanto para que nos encontrássemos hoje em específico. A musa estreitou os olhos. O tom da amiga era carregado de uma delicadeza incomum, um peso sutil escondido entre as palavras. Era um daqueles momentos em que Nes tentava ser cuidadosa, como se pisasse em cacos de vidro para não assustar Olivia com algum assunto que ela, possivelmente, fugiria. Eram tantos, que ela mal conseguia pensar em qual opção seria.
Sentou no lugar indicado, de frente para a advogada, o filhote em seu colo se ajeitou, soltando um pequeno bocejo que interrompeu seus pensamentos brevemente. Olivia olhou para o animal, depois para o brilho dos olhos de Neslihan e para a expressão mal disfarçada de expectativa. — Ah, então essa era a verdadeira armadilha... — murmurou, escapando um riso arfado de quase nervosismo. As pessoas andavam falando muito sobre a maldição, e Olivia adorava a atenção, como todos bem sabem, mas não queria tratar desse assunto com alguém que a conhecia tão bem a ponto de notar todas as mentiras que vinha contando e perceber a sua vulnerabilidade sobre o tema. Cruzou as pernas com a elegância natural de sempre, e observou a amiga por um momento antes de inclinar a cabeça levemente para o lado. — Direto ao ponto, Nesi. — Pediu, com a intimidade que tinham, não precisava fazer rodeios nem conter a impaciência, mas ainda mantendo um tom suave.
o sobretudo cilhando aperto sob a cintura era o único sentimento reconfortante para neslihan naquele dia . os sussurros lhe arranhavam os tímpanos e arquejos esperançosos como sal em ferida aberta , um verdadeiro pandemônio para a morena , que , ali , mais do que nunca , desejava ver khadel pelo retrovisor do seu alfa romeo . exasperada , o trilhar dos saltos ecoavam como o pulso nas têmporas , a pressão por detrás dos olhos indicativos certeiros de uma enxaqueca , caso não se distraísse do circo de barbaridades que a cidade havia se tornado . ponderava se uma taça de vinho às nove da manhã seria tão mal vista assim , afinal em algum lugar do mundo já se passava das nove da noite , quando os longos fios escuros de graziella adentraram sua visão . um suspiro em alívio passou pelos lábios da gökçe , um breve sorriso desenhando as feições , quando captou as palavras da outra ao aproximar . ❝ madonna , grazi , até você ? ❞ o som que escapava a garganta era quase um rosnar . ❝ realmente acha que esse conto de horror tem algum fundamento lógico ? ❞ meneando a cabeça em incredulidade , voltou o olhar para o céu nublado de inverno , os ombros caindo ao soltar uma longa respiração. ❝ eu conheço esse sorriso… o que você poderia ganhar com toda essa insanidade , além , é claro , de uma enorme dor de cabeça pelas próximas semanas até uma nova traição ser descoberta e escandalizar todo mundo ao silêncio ? ❞ indicando com um olhar para a direção onde seguiam , envolveu o próprio braço no alheio .
@khdpontos
WHERE: PIAZZA MONTALDI WHO: Graziella & MUSE ( @khdpontos )
"Dios Mio." O murmúrio em tom de reclamação era evidente dos lábios de Graziella enquanto batia o salto alto no chão da praça. Em qualquer lugar que andava só sabiam dizer somente de uma coisa: os novos seres apaixonados. Até uma matéria no jornal como manchete principal podia ser vista nas mãos de quem lia no banco da praça. "Como o ser humano gosta de se prender na esperança né? Não se sabe falar de outra coisa agora. Se bem que.." A morena parou abruptamente, um sorriso malicioso aparecendo em seus lábios. "Isso pode ser interessantemente maravilhoso ao meu favor."
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a percepção de mais uma batalha perdida contra os próprios impulsos fez seus músculos se enrijecerem , enquanto o estômago ardia como se atravessado por uma corrente elétrica , carregando-a tal como um fio exposto , vibrando em ira e vivacidade. seus pensamentos , tudo menos indulgentes , orbitavam em torno da repulsa por sua falha e na abominação que acreditava encarnar quando confrontada com as feridas emocionais que ele parecia despertar com sua mera presença. o problema é você. a frase ecoava em sua mente , arrastando-a para um passado , onde em sua infância os fios dourados se tornavam pretos , e uma figura imponente pairava sobre ela , sufocando-a em submissão mental. as lágrimas infantis , pequenas , mas intensas , alimentando golpes emocionais que ainda reverberavam. podia quase sentir o gosto salobre na garganta antes de sacudir a cabeça , dispersando as memórias cáusticas.
seus olhos , ferinos e borbulhando com animosidade , fixavam-se com uma hostilidade peculiarmente reservada à figura loira. com uma calma traiçoeira que contradizia a eletricidade em seus nervos , repousou as mãos sobre a bancada. ele não merecia o privilégio de vê-la vulnerável , nem a satisfação de perceber o ímpeto visceral de estrangulá-lo que lhe aflorava. observou-o virar-se com desdém calculado , os movimentos meticulosamente ensaiados , enquanto um sorriso enviesado , desprovido de calor , curvou seus lábios. sua voz emergiu doce , quase melíflua , mas carregada de um veneno que nenhum esforço fazia questão de mascarar. ❝ mais engraçado e fascinante é como você parece saber tanto sobre mim a ponto de formular uma análise tão detalhada. talvez devesse considerar uma carreira em psicologia , porque , no direito , sabemos a fraude que é. ❞ seu tom , cortante , ecoava em sarcasmo.
❝ não perguntei sobre como brontë considera o amor uma força poderosa , arrebatadora e destrutiva , uma tempestade que transcende as normas sociais e o bem-estar pessoal. nem sobre como shakespeare o define como complexo , imperfeito e intrínseco ao ser humano. muito menos sobre a visão de austen , que o interpreta como ações e não palavras , respeito mútuo e entendimento profundo. perguntei o que você considera ser o amor , christopher. ❞ os olhos semicerraram num gesto de calculada ironia. ❝ talvez tolstói seja mais do seu gosto. ele o descreve como o ato de fazer o bem , a essência da vida , a fundação do mundo , uma força universalmente reconhecível , impossível de não ser compreendida. irônico , não ? o completo oposto de sua ladainha vazia. então , diga-me , como essas citações sustentariam seu ponto falho ? ❞ as palavras eram carregadas com o desprezo acumulado — passado , presente e , inevitavelmente , futuro.
❝ descrever utopias é infinitamente mais fácil do que vivê-las. o 'amor' é um desejo fabricado pelos que buscam preencher o vazio deixado pela verdadeira natureza humana — crueldade , desprezo e obrigações que nos afastam do que realmente queremos. no fim, não passa de um conceito , uma ferramenta para subjugar em nome de algo inalcançável. ❞ as aspas eram acompanhadas por um olhar incisivo , que estudava as reações alheias como um predador observando sua presa. ❝ ou talvez seja fácil falar do amor em ficção , como tantos antes de nós fizeram. mas , você não pode descrevê-lo na realidade , na prática , d'amato , porque nunca o sentiu. ❞ girou o líquido rubi lentamente no copo entre seus dedos antes de elevá-lo , canalizando em cada movimento o desdém crescente.
❝ não sou eu quem se acha detentora de uma razão suprema para discursar sobre algo que nunca experimentei. essa é a sua arrogância , não a minha. ❞ abaixando o vidro com delicadeza , permitiu a distância entre eles ser preenchida pela tensão. ❝ e não coloco a minha verdade acima da de ninguém , exceto daqueles que são moralmente inferiores a mim. isso se chama ter princípios , deveria experimentar tê-los , talvez assim criasse algo próximo de uma consciência. ❞ era uma dança de palavras afiadas como navalhas , cada uma estrategicamente lançada para encontrar brechas na impecável fachada do adversário. por um instante ponderou continuar com o assunto ou simplesmente levantar-se e dar as costas , quando a menção do próprio fracasso despertou ódio em suas veias. neslihan encontraria a ferida de christopher e a faria sangrar como nunca antes. ❝ você é desprezível. quantas pessoas sabem do verdadeiro monstro que você é ? ou prefere se esconder atrás dessa empáfia calculada , apenas para evitar sufocar por tudo que reprime ? ❞ o gosto do negroni parecia menos amargo do que o que sua fala deixava no ar. não se tratava apenas do orgulho ferido , mas a memória viva de tudo que kadir şahverdi havia conquistado às custas de inocentes , auxiliado pelos homens rizzo , era como derramar ácido em sua alma , em seu senso. algo que o outro seria incapaz de desenvolver nem mesmo em mil vindas ao plano terreno.
a verdade era , de longe , a coisa mais vulnerável a se compartilhar com alguém , e a sua a corroía em pequenas e dolorosas doses , não permitiria que ele tivesse aquele tipo de influência sob si. ❝ um brinde à miséria , d’amato , que ela continue sendo a musa inspiradora da sua eterna arrogância. ❞ sorveu outro gole elegante , antes de repetir a saudação sem a mesma teatralidade. por uns instantes repousou o cenho sobre os dígitos sustentados pelos braços apoiados contra a bancada , como se apenas assim pudesse conter o caos em seu interior.
A princípio, a risada não havia chamado a atenção de Christopher, afinal, haviam pessoas demais ali e o alvo de riso podia estar em qualquer lugar, porém a voz que se fez audível no segundo seguinte, para seu total desprazer, era de alguém que ele conhecia bem o suficiente para saber que toda aquela ironia contida era dirigida a ele.
Devagar, se virou na direção dela, não fazendo a menor questão de esconder a expressão clara de descontentamento em seu rosto. "Só uma pessoa como você, Gokçe, para achar que alguém precisa ser autoridade para falar sobre algo que, no fim das contas, é inerente a cada ser humano." Sarcasmo se mesclava ao desprezo emoldurando cada palavra pronunciada em seu tom naturalmente calmo enquanto fixava seus olhos no rosto alheio. Para ele, não havia a menor possibilidade de alguém conseguir falar com exatidão sobre o sentimento, afinal, cada um o sentia de uma forma, por isso o amor era retratado de tantas formas diferentes em livros e canções. E era exatamente por isso que o considerava um sentimento tão bonito: pela sua forma de se adaptar.
O indicador circulava a circunferência do copo enquanto ele esperava, da forma mais calma possível, ela falar. Vez ou outra, arqueava a sobrancelha conforme a irônia parecia crescer em suas declarações. Quase soltou um palavrão ao vê-la ajustar a postura, como se ela o estivesse dispensando de uma conversa da qual ela sequer fazia parte a princípio. Em diferentes ocasiões, ele sequer se daria ao trabalho de respondê-la, mas naquele dia ele já havia engolido seu desconforto vezes o suficiente a ponto de se recusar a fazê-lo de novo. Em busca de manter os nervos em seus devidos lugar, Christopher levou o copo aos lábios, sorvendo o restante do whisky em um gole único, e logo após, gesticulou para que o garçom efetuasse a reposição de bebida. Ela podia considerar o assunto encerrado, mas ele não.
"Engraçado como um elogio vindo da pessoa errada é capaz de causar tanto desconforto, não acha?" Comentou em tom divertido, apenas porque sabia que iria incomoda-la ainda mais. Claro que ele sabia que os tais elogios haviam sido feitos de forma sarcástica, mas se recusava a cair na provocação. "Sabe, eu poderia citar trechos e mais trechos de renomados nomes da literatura, músicas de todos os estilos possíveis que falam sobre o amor, mas ainda assim você não iria compreender, porque no fim das contas, o problema não é na existência ou não do sentimento, o problema é você." Agradeceu o garçom com um aceno breve de cabeça ao ter o copo preenchido novamente. "Você que acredita ser tão dona da verdade que quando acha alguém que pensa e age diferente de você já se acha no pleno direito de se colocar como certa." Independente da irritação que sentia, Christopher manteve o tom ameno e os sentimentos devidamente camuflados em uma máscara de tranquilidade que já estava mais do que habituado em utilizar. "Fora que é extremamente engraçado você se achar no direito de falar sobre fracasso comigo, já que visivelmente fica remoendo o seu até hoje." Sim, aquele havia sido um golpe baixo, afinal. ele entendia perfeitamente a frustração que perder algo para uma figura paterna, mas naquele momento pouco importava. Ela até poderia ter sucesso em tornar o dia dele ainda mais miserável, mas ele não se sentiria miserável sozinho. "Cheers to our own misery!" Ergueu o copo como se estivessem brindando e mais uma vez o levou aos lábios, sorvendo um longo gole e então virou-se novamente para frente, decidido a não dirigir a palavra à ela novamente.
o prefeito de khadel se sente honrado em ter NESLIHAN ŞAHVERDI GÖKÇE como moradora de sua excêntrica cidadezinha. aos seus VINTE E NOVE anos , ela é bastante conhecida pelos vizinhos como A MILITANTE . dizem que ela se parece com HANDE ERÇEL , mas é apenas uma ADVOGADA DE DIREITOS HUMANOS & CONSULTORA DE COMPLIANCE . a ausência do amor em sua vida , deixou NES um pouco AUTODESTRUTIVA e CONDESCENDENTE , mas não lhe atormentou o suficiente para deixar de ser AUDACIOSA e EMPÁTICA . esperamos que ela encontre a sua alma gêmea, quebre a maldição da cidade e consiga ser feliz !
𝐂𝐇𝐀𝐑𝐀𝐂𝐓𝐄𝐑 𝐏𝐀𝐑𝐀𝐋𝐄𝐋𝐒 : vivian lau & dante russo ( king of wrath ) , monica geller ( friends ) , francesca rossi ( the kiss thief ) , lidia pöet ( la legge di lidia poët ) , ceylin erguvan & ilgaz kaya ( yargi ) , marissa cooper ( the o.c ) & amal alamuddin clooney !
apelidos : nesi , nes , hani ( para pouquíssimos muito próximos , ou que querem irritá-la , a sonoridade é bastante similar à de honey )
data de nascimento: 20 de novembro , 1995 !
orientação sexual : bisexual !
filiação : münevven şahverdi & kadir şahverdi !
altura : 1,75 cm !
cabelos : longos fios acastanhados que pendem em ondas naturais !
olhos : castanhos levemente avermelhados !
tatuagens : uma libélula logo abaixo da nuca , realizada em homenagem à münevven !
piercings : cinco perfurações adornam cada um dos lóbulos , sempre carregando delicadas joias prateadas !
animais de estimação: mark ruffalo ( cane corso resgatado de maus tratos ) , chaz bono & virginia woolf ( greyhounds resgatados de corridas ilegais ) , francis minor , henry blackwell & angela davis ( gatos srd resgatados de maus tratos ) , carmine , kırmızı & vermillion ( puros-sangues ingleses resgatados de corridas ) & gül ( um hanoveriano com o qual competia desde os quatorze anos ) !
educação: bacharelado em direito ( università degli studi di siena ) , mestrado em direitos humanos e direito internacional público ( oxford university ) & doutorado em ética e estudos legais ( wharton - distance learning , em andamento ) !
idiomas: italiano , inglês , turco , português , espanhol & francês !
❝ ela é uma tempestade em meio à calmaria da tradicional família rica em que cresceu. com uma postura firme e uma voz poderosa , ela defende suas crenças em um mundo que parece ignorá-las. vegetariana e feminista , não hesita em expor sua indignação contra o machismo e o preconceito que a cercam. sua coragem e determinação a tornam uma líder nata , embora isso a distancie dos familiares egoístas que só se importam com o dinheiro. com um coração generoso e uma mente crítica , ela é uma força da natureza , pronta para lutar por um mundo melhor , mesmo que isso signifique arrumar umas brigas por aí ! ❞
𝐓𝐖 - menção de distúrbios psicológicos e transtornos alimentares, menção de abuso e manipulação mental e emocional & negligência parental !
a poderosa família turca , uma fortuna proveniente da indústria têxtil de luxo datada de séculos e com fortes conexões italianas , um império de exportação de tecidos finos para finalidades da alta costura no mercado internacional . com alcance global às custas de práticas de exploração , evasão de impostos , corrupção , manipulação e crime organizado , há gerações os şahverdi utilizam khadel como esconderijo idílico . pilares da alta sociedade atemporal que apenas o dinheiro secular , e casamentos arranjados , são capazes de prover .
a par dos bastidores sórdidos do legado familiar , ainda na jovem infância foi despertado um senso de indignação , que só cresceria com o tempo . destacando-se pela inteligência brilhante , chegando a ser considerada um prodígio , o intelecto era visto como uma ameaça ao ideal da dama perfeita , constantemente pressionada a se moldar às expectativas centenárias de recatamento , etiqueta, submissão e requinte . a futura , e impecável , esposa quintessencial de algum herdeiro de família influente .
a pressão constante , aliada às manipulações e abusos mentais , não poderia deixar de gerar um profundo sentimento de inadequação. o desejo de ser a própria pessoa , conflitando com o peso das tradições , logo culminou em episódios severos de ansiedade e auto destruição , seguidos na adolescência por um diagnóstico preocupante de bulimia , e o que mais tarde , já quase em fase adulta , seria identificado como transtorno de personalidade limítrofe . tentativas falhas de retomar o controle de uma vida que a si nunca pertenceu .
a ruptura deu-se no ápice de insubordinação , quando — apresentada a um destino de perpetuação do vicioso ciclo de subserviência e menosprezo , sua mão prometida ao maior lance — ousou indagar sobre questões éticas ligadas aos negócios da família e recusar um destino de docilidade corrompida . a vergonha pública tamanha se tornou imperdoável , e as ruas de khadel foram apresentadas como única solução ao seu deserdamento . a figura materna , devastada, nada decisiva nas tentativas de reverter a situação .
a distância da presença vil e esmagadora provocou dependência de antigos laços de amizade, que se provaram verdadeiros . a ânsia por ser o que sempre sonhou maior do que a própria capacidade de lidar com as consequências . um intenso resvalo com a própria morte e a quase fatalidade de outrem em suas palmas , borderline como combustível e força motriz , levaram-na a um caminho , antes , completamente utópico . khadel já não era mais um refúgio , e no semblante afável e acolhedor de uma assistente social , encontrou passagem para um eu do futuro .
a mudança para siena não veio sem reveses , o sentimento de perseguição , e profunda angústia quase retomando os hábitos nocivos e a retornando aos braços de khadel . a familiaridade , ainda que tóxica , parecia reconfortante . lidia poët , no entanto não permitiria . a conexão com a figura histórica , fez do investimento de habilidades , valores e senso crítico , uma carreira estelar no direito , a ênfase em direitos humanos um complemento óbvio, e essencial .
a cidade natal não foi uma escolha imensamente desejada , ainda que o magnetismo fosse quase sufocante , mas necessária com a partida de münevven şahverdi . o legado materno maculado pelo segundo casamento paterno meros meses após as rosas serem dispostas sob o mogno selando o rosto , ainda jovem , marcado pela tortura psicológica decenal . o que restou de münevven — além de memórias oscilando entre afeto e mágoa — , uma herança exorbitante , os gökçe tão afluentes quanto os şahverdi , então repassada à herdeira de ambos . a fúria patriarcal era esperada , o senso de traição latente em uma face desalmada e cruel que teria reivindicado os últimos resquícios da falecida esposa , não fosse pelo retratado testamento .
a certeza de que vínculo romântico algum justificaria fim desonroso como o de münevven , antiga no consciente , se intensificou , enrijecendo ideias que se tornavam então um credo . reinvenção como chave , o sobrenome patriarcal já não era um que se identificava , adotou o gökçe materno como parte da sua nova identidade , e na posse de uma fortuna livre de amarras , o uso fez-se na construção do legado , e mudança , que gostaria de ver no mundo . ou ao menos em seu mundo .
a advocacia caiu como uma luva , encabeçando novas pesquisas e políticas , os dígitos imersos no pulso da transformação , tornando o epíteto “a militante” , para alguns derrogatório e para outros admirável , uma conotação pessoal para além da denotação . sinônimo de coragem , altruísmo e justiça , não apaga as cicatrizes , e sequelas , de um passado ainda presente . inflexível , reativa e condescendente , o exterior forte ainda apresenta fissuras sob o peso de tudo que perdeu , ou melhor , nunca teve . o pânico e impulsividade são batalhas diárias , exaustivas , incapazes de desfazer as amarras em uma psique incrivelmente vulnerável à rejeição , suscetível a dolorosa instabilidade , que luta por um mundo mais justo com o mesmo fervor que se destrói .
@khdpontos
❝ one day she will discover that not even she can hold herself back because her passions burn brighter than her fears !
@khdpontos
FUBAR 1.05
look, i'm planted here, okay? what're you gonna do about it?
o sorriso que surgiu enquanto acompanhava as reações de aaron às suas palavras irradiava autenticidade. assim como havia sentido em sua conversa com graziella , o alívio quase tangível de ter sua opinião validada por ele era inegável. em toda a sua capacidade mental , não conseguia compreender a resposta desproporcional e instintiva que as superstições acerca da maldição lhe provocavam. naturalmente , como qualquer mente racional , a ideia de acreditar em magia era absurda. o que escapava era a razão pela qual aquele mito específico a atingia de maneira tão visceral. inspirando internamente , um riso suave escapou de seus lábios ao ouvir a descrição carregada de acidez do blackwell. doenças mentais certamente não deveriam ser banalizadas , mas a absurda natureza da situação exigia uma pitada de humor distorcido. ❝ e a união será oficializada por um psiquiatra que também é padre aos finais de semana. ❞ os olhos reviraram em uma mescla de exasperação e ironia , antes de concordar com veemência. ❝ é claramente uma manchete sensacionalista. não me chocaria se fosse alguma família tentando encobrir algum escândalo , como tantas vezes já fizeram. ❞ replicando a respiração masculina , ponderou. ❝ ou então , alguém com algum tipo de questão em relação à vivianne. não que eu os culpe , a essa altura. quem quer que seja , provavelmente decidiu unir o útil ao agradável ao colocar os holofotes sobre ela. ❞ com um olhar breve para a xícara quase vazia à sua frente , solicitou outra , agora acompanhada de alguns biscottis , aceitando mentalmente que o treino de tênis teria que compensar os carboidratos excedentes. ❝ estão dizendo que ela é a catalisadora de tudo. ❞ meneando a cabeça em uma mescla de decepção e resignação , beliscou um pedaço da massa com amêndoas , suprimindo um suspiro de prazer ao sabor delicado. ❝ mas esses rumores à parte . ❞ mudou o tom , fixando o olhar no amigo com curiosidade. ❝ como foi o turno de ontem ? alguma novidade no the loft ? ❞ neslihan dificilmente se colocava como o epicentro de boatos , mas a perspectiva de aaron sempre trazia um frescor ao cenário que ela cuidadosamente observava à distância.
Aaron não sabia dizer muito bem como aquela amizade começou, mas, em algum momento, Nes havia se tornado uma constante tão sólida em sua vida que parecia impossível imaginar o mundo sem ela. Era como se ela sempre tivesse estado lá, assim como todas as tradições que eles passaram a adotar após mais de uma década de amizade. A amiga era uma constante, atravessando as diferentes fases ao lado dele com tranquilidade e, ao mesmo tempo, firmeza. Ela tinha a incrível habilidade de nunca levar seu mau humor a sério demais, como se fosse imune. E, embora ele nem sempre admitisse, havia algo reconfortante nessa dinâmica. "Honestamente?", perguntou, erguendo uma sobrancelha. "Eu não acredito nem um pouco". Aaron se debruçou sobre a mesa, totalmente capturado pela história. Mas ao invés de esperança, só vinha a descrença. "Porque, claro, todo dia a gente vê por aí dois pacientes apaixonados. Isso faz total sentido... Deve ser amor à primeira internação. Maldição quebrada, huh? Aposto que o próximo passo é eles se casarem no refeitório do hospital, logo depois da terapia de grupo." Ele soltou um suspiro cansado, balançando a cabeça. "Isso é só mais uma das mentiras que de vez em quando correm por aqui, aposto o que cê quiser".
𝒕𝒉𝒆 𝒂𝒄𝒕𝒊𝒗𝒊𝒔𝒕 ! neslihan gökçe , 29 , human rights lawyer . can you hear my heart beating like a hammer ?
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