o prefeito de khadel se sente honrado em ter NESLIHAN ŞAHVERDI GÖKÇE como moradora de sua excêntrica cidadezinha. aos seus VINTE E NOVE anos , ela é bastante conhecida pelos vizinhos como A MILITANTE . dizem que ela se parece com HANDE ERÇEL , mas é apenas uma ADVOGADA DE DIREITOS HUMANOS & CONSULTORA DE COMPLIANCE . a ausência do amor em sua vida , deixou NES um pouco AUTODESTRUTIVA e CONDESCENDENTE , mas não lhe atormentou o suficiente para deixar de ser AUDACIOSA e EMPÁTICA . esperamos que ela encontre a sua alma gêmea, quebre a maldição da cidade e consiga ser feliz !
𝐂𝐇𝐀𝐑𝐀𝐂𝐓𝐄𝐑 𝐏𝐀𝐑𝐀𝐋𝐄𝐋𝐒 : vivian lau & dante russo ( king of wrath ) , monica geller ( friends ) , francesca rossi ( the kiss thief ) , lidia pöet ( la legge di lidia poët ) , ceylin erguvan & ilgaz kaya ( yargi ) , marissa cooper ( the o.c ) & amal alamuddin clooney !
apelidos : nesi , nes , hani ( para pouquíssimos muito próximos , ou que querem irritá-la , a sonoridade é bastante similar à de honey )
data de nascimento: 20 de novembro , 1995 !
orientação sexual : bisexual !
filiação : münevven şahverdi & kadir şahverdi !
altura : 1,75 cm !
cabelos : longos fios acastanhados que pendem em ondas naturais !
olhos : castanhos levemente avermelhados !
tatuagens : uma libélula logo abaixo da nuca , realizada em homenagem à münevven !
piercings : cinco perfurações adornam cada um dos lóbulos , sempre carregando delicadas joias prateadas !
animais de estimação: mark ruffalo ( cane corso resgatado de maus tratos ) , chaz bono & virginia woolf ( greyhounds resgatados de corridas ilegais ) , francis minor , henry blackwell & angela davis ( gatos srd resgatados de maus tratos ) , carmine , kırmızı & vermillion ( puros-sangues ingleses resgatados de corridas ) & gül ( um hanoveriano com o qual competia desde os quatorze anos ) !
educação: bacharelado em direito ( università degli studi di siena ) , mestrado em direitos humanos e direito internacional público ( oxford university ) & doutorado em ética e estudos legais ( wharton - distance learning , em andamento ) !
idiomas: italiano , inglês , turco , português , espanhol & francês !
❝ ela é uma tempestade em meio à calmaria da tradicional família rica em que cresceu. com uma postura firme e uma voz poderosa , ela defende suas crenças em um mundo que parece ignorá-las. vegetariana e feminista , não hesita em expor sua indignação contra o machismo e o preconceito que a cercam. sua coragem e determinação a tornam uma líder nata , embora isso a distancie dos familiares egoístas que só se importam com o dinheiro. com um coração generoso e uma mente crítica , ela é uma força da natureza , pronta para lutar por um mundo melhor , mesmo que isso signifique arrumar umas brigas por aí ! ❞
𝐓𝐖 - menção de distúrbios psicológicos e transtornos alimentares, menção de abuso e manipulação mental e emocional & negligência parental !
a poderosa família turca , uma fortuna proveniente da indústria têxtil de luxo datada de séculos e com fortes conexões italianas , um império de exportação de tecidos finos para finalidades da alta costura no mercado internacional . com alcance global às custas de práticas de exploração , evasão de impostos , corrupção , manipulação e crime organizado , há gerações os şahverdi utilizam khadel como esconderijo idílico . pilares da alta sociedade atemporal que apenas o dinheiro secular , e casamentos arranjados , são capazes de prover .
a par dos bastidores sórdidos do legado familiar , ainda na jovem infância foi despertado um senso de indignação , que só cresceria com o tempo . destacando-se pela inteligência brilhante , chegando a ser considerada um prodígio , o intelecto era visto como uma ameaça ao ideal da dama perfeita , constantemente pressionada a se moldar às expectativas centenárias de recatamento , etiqueta, submissão e requinte . a futura , e impecável , esposa quintessencial de algum herdeiro de família influente .
a pressão constante , aliada às manipulações e abusos mentais , não poderia deixar de gerar um profundo sentimento de inadequação. o desejo de ser a própria pessoa , conflitando com o peso das tradições , logo culminou em episódios severos de ansiedade e auto destruição , seguidos na adolescência por um diagnóstico preocupante de bulimia , e o que mais tarde , já quase em fase adulta , seria identificado como transtorno de personalidade limítrofe . tentativas falhas de retomar o controle de uma vida que a si nunca pertenceu .
a ruptura deu-se no ápice de insubordinação , quando — apresentada a um destino de perpetuação do vicioso ciclo de subserviência e menosprezo , sua mão prometida ao maior lance — ousou indagar sobre questões éticas ligadas aos negócios da família e recusar um destino de docilidade corrompida . a vergonha pública tamanha se tornou imperdoável , e as ruas de khadel foram apresentadas como única solução ao seu deserdamento . a figura materna , devastada, nada decisiva nas tentativas de reverter a situação .
a distância da presença vil e esmagadora provocou dependência de antigos laços de amizade, que se provaram verdadeiros . a ânsia por ser o que sempre sonhou maior do que a própria capacidade de lidar com as consequências . um intenso resvalo com a própria morte e a quase fatalidade de outrem em suas palmas , borderline como combustível e força motriz , levaram-na a um caminho , antes , completamente utópico . khadel já não era mais um refúgio , e no semblante afável e acolhedor de uma assistente social , encontrou passagem para um eu do futuro .
a mudança para siena não veio sem reveses , o sentimento de perseguição , e profunda angústia quase retomando os hábitos nocivos e a retornando aos braços de khadel . a familiaridade , ainda que tóxica , parecia reconfortante . lidia poët , no entanto não permitiria . a conexão com a figura histórica , fez do investimento de habilidades , valores e senso crítico , uma carreira estelar no direito , a ênfase em direitos humanos um complemento óbvio, e essencial .
a cidade natal não foi uma escolha imensamente desejada , ainda que o magnetismo fosse quase sufocante , mas necessária com a partida de münevven şahverdi . o legado materno maculado pelo segundo casamento paterno meros meses após as rosas serem dispostas sob o mogno selando o rosto , ainda jovem , marcado pela tortura psicológica decenal . o que restou de münevven — além de memórias oscilando entre afeto e mágoa — , uma herança exorbitante , os gökçe tão afluentes quanto os şahverdi , então repassada à herdeira de ambos . a fúria patriarcal era esperada , o senso de traição latente em uma face desalmada e cruel que teria reivindicado os últimos resquícios da falecida esposa , não fosse pelo retratado testamento .
a certeza de que vínculo romântico algum justificaria fim desonroso como o de münevven , antiga no consciente , se intensificou , enrijecendo ideias que se tornavam então um credo . reinvenção como chave , o sobrenome patriarcal já não era um que se identificava , adotou o gökçe materno como parte da sua nova identidade , e na posse de uma fortuna livre de amarras , o uso fez-se na construção do legado , e mudança , que gostaria de ver no mundo . ou ao menos em seu mundo .
a advocacia caiu como uma luva , encabeçando novas pesquisas e políticas , os dígitos imersos no pulso da transformação , tornando o epíteto “a militante” , para alguns derrogatório e para outros admirável , uma conotação pessoal para além da denotação . sinônimo de coragem , altruísmo e justiça , não apaga as cicatrizes , e sequelas , de um passado ainda presente . inflexível , reativa e condescendente , o exterior forte ainda apresenta fissuras sob o peso de tudo que perdeu , ou melhor , nunca teve . o pânico e impulsividade são batalhas diárias , exaustivas , incapazes de desfazer as amarras em uma psique incrivelmente vulnerável à rejeição , suscetível a dolorosa instabilidade , que luta por um mundo mais justo com o mesmo fervor que se destrói .
@khdpontos
você me disse uma vez... a frase reverberava no subconsciente de neslihan enquanto os olhos , estarrecidos , repousavam sobre camilo . como poderia ele considerar um detalhe tão ínfimo sobre ela como algo digno de nota ? era uma possibilidade que lhe parecia remota , dada a compreensão que possuía dele , no entanto , o olhar que ele sustentava a fazia hesitar — seria apenas um artifício de preservação ou uma faceta genuína de sua essência ? o coração ainda acelerado acompanhava cada sutileza de sua expressão , se fosse honesta consigo mesma , reconheceria que , embora ele parecesse ter guardado aquela informação há muito tempo , ela própria não poderia dizer o mesmo a seu respeito . talvez porque , mais vezes do que gostaria de admitir , o considerasse um desperdício de tempo — e , mesmo assim , era inegável a forma como reagia à sua presença . ou , quem sabe , o motivo fosse outro . ali , naquele instante , a morena percebia que , apesar dos excessos , da transparência desconcertante com a qual abraçava o mundo , o ricci não era alguém verdadeiramente aberto . assim como ela .
a constatação prendeu-lhe a respiração por um breve instante . assim como ela... o que , afinal , sabia do homem além da fortuna , das excentricidades e das provocações incessantes ? tinha conhecimento do noivado fracassado com olivia , mas o episódio dizia mais sobre o estado de espírito da amiga do que sobre ele . tinha conhecimento da proximidade dele com graziella , mas , mais uma vez , o fato refletia mais as escolhas dela do que algo sobre ele . fora isso , além da inclinação por qualquer ser com pulso , cognição e idade suficiente para consentir , o único detalhe verdadeiramente genuíno que conseguia atribuir a ele era a fazenda . um pequeno universo à parte , uma utopia quase esculpida a partir dos próprios sonhos infantis — e a única razão pela qual ainda concedia a camilo qualquer vestígio de sua atenção . talvez existisse um oceano de razões para admirá-lo , e , ainda assim , a gökçe jamais as teria enxergado . não quando se recusava a vê-lo sob qualquer perspectiva além daquela que deliberadamente adotara .
a sugestão de um copo d'água a pegou de surpresa . outra vez . pelos cosmos , o que estava acontecendo com ele ? ou , pior , com ela ? seria possível que aquele singelo pedido — não refutá-lo , ouvi-lo em vez de rebater , sorrir ao invés de franzir o cenho — tivesse desmoronado alguma barreira fundamental dentro de si ? era a única explicação plausível para a miríade de reações provocadas por gestos insignificantes do mais velho .
desviando o olhar para os detalhes ao seu redor , permitiu-o deter no menu à sua frente e à medida que percorria cada iguaria descrita , tinha a percepção de que suas pálpebras se expandiam paulatinamente . aquela , sem dúvidas , seria a refeição mais indulgente que já se permitira . sua dieta jamais fora bem-vista no seio de uma família italiana ocidental , não quando khadel estava imersa na região responsável pela criação da carbonara , da bistecca alla fiorentina , da lasagne alla bolognese . neslihan não se importava , a escolha era óbvia , moral e necessária . e , além , aprendera a cozinhar desde jovem , sob a tutela de gioconda . ainda assim , havia algo de tentador na ideia de uma refeição planejada exclusivamente para si , assinada por um chef renomado . com tiramisù para finalizar... poderia viver feliz pelo resto da vida se aquele fosse seu único alimento . a mera antecipação dos sabores fez com que voltasse a atenção para camilo no instante exato em que ele sugeria um bourgogne tinto — a mesma escolha que ela faria , caso estivesse na ofensiva . mas não , seu objetivo ali seria o de defesa . ou era , até o momento em que ele mencionou o grand cru renomado .
as íris , prestes a desviarem-se na direção de aaron e da nova presença na cidade , voltaram-se de imediato para o ricci . assim que o cameriere se afastou , neslihan esqueceu-se , por breves segundos , da necessidade de autocontrole . o suficiente para que as palavras escapassem , incandescentes . ❝ camilo , sabe quantas vidas — humanas ou não — poderiam ser completamente mudadas com o valor de uma única garrafa dessas ? ❞ a extravagância não lhe era estranha — era impossível que fosse , tendo crescido como uma şahverdi . justamente por conhecer as engrenagens daquele luxo desmedido ela nutria um repúdio instintivo por demonstrações tão opulentas . engoliu em seco , sufocando palavras que certamente se seguiriam , e levou o cristal aos lábios , permitindo que o líquido acalmasse o que restava de sua indignação . ❝ peço desculpas , não era minha intenção interferir . ❞ a frase escapou de maneira impecavelmente ensaiada , tão automática quanto as palavras proferidas em sua infância . impressionava-a a facilidade com que certas máscaras se reacomodavam .
podia sentir o olhar castanho pesando sobre si , e alinhou meticulosamente as mínimas expressões . um esforço inútil , com o questionamento que logo seguiu . cinco minutos . nem cinco minutos se passaram , e ela já estava exausta da exaustão . exausta de escolher ao que reagir , de precisar conter-se , de dançar entre extremos . mas mais do que nunca , era grata por ter sido deserdada daquele mundo de artifícios . ❝ a sua presença , é claro . como adivinhou ? ❞ o tom era insuportavelmente doce , carregado por uma ironia impossível de não ser percebida pelo que era , sua irritação . não , camilo , o que me deixa nervosa é precisar ser quem eu não sou para te satisfazer . por mais que aquela fosse uma das verdades , jamais permitiria pensar novamente na outra , que , por um breve instante , suspeitara que ele estivesse considerando um destino para eles em meio à suposta existência da maldição .
❝ ainda que encontros decentes sejam... um tanto raros de serem mantidos nesta cidade— ❞ arqueou uma sobrancelha , ciente de que ele entenderia exatamente a que se referia ❝ —, eu consigo tirar bons momentos . ❞ inclinando levemente a cabeça , permitiu que os fios longos deslizassem sobre um dos braços . o sorriso desenhou-se discreto , a postura impecável — vestígio da criação esculpida pela etiqueta — permanecendo inalterada . um dos punhos repousava sobre a aresta da mesa , enquanto sorvia um gole delicado . somente então voltando a encará-lo . ❝ já você parece extasiado . seria eu ou apenas não está acostumado a ver suas companhias adorarem cada palavra que proclama ? ❞ replicava a indagação com o humor dócil , reparando o jovem retornar com o vinho já no decantador . receava o momento em que o líquido rubro tomasse conta do seu paladar , recordava das notas florais e tato encorpado que ele trazia , e ela sabia como era infinitamente mais fácil reacondicionar-se ao que outrora fora a norma , do que livrar-se dos hábitos .
ele tinha certeza de que se divertiria naquela noite observando o esforço alheio em lhe tratar com o mínimo de gentileza, mas os olhos semicerraram discretamente em um movimento quase imperceptível quando ela devolveu o elogio de um jeito quase sincero, ainda que visivelmente hesitante. não que ele duvidasse da capacidade de neslihan de ser uma pessoa educada e carismática, e também não era como se ele não reconhecesse que a postura da jovem até então era meramente reativa às suas provocações. ainda sim, talvez por estar já acostumado à dinâmica comum da relação dos dois, a suavidade na voz alheia o fez questionar se a gökçe era uma atriz tão boa assim. ele próprio sabia ser - havia aprendido a mentir muito bem. mas raramente o fazia, preferia ser terrivelmente honesto. e o havia sido, quando a elogiara. sorriu para si mesmo, satisfeito, quando ela confirmou a preferência pelo local externo. muito embora neslihan fosse indubitavelmente refinada e tão rica quanto o ricci (ou ao menos não tão distante disso), já havia se deparado com a jovem em sua fazenda um bom par de vezes, suficiente para reconhecer nela uma ou outra similaridade consigo. ele não diria em voz alta, e com certeza ela odiaria reconhecer, mas não passava despercebido que eles tinham um número razoável de coisas em comum. camilo não tinha qualquer noção a respeito do passado da turca, e duvidaria que havia sido parecido com o dele, mas haviam certas prioridades na vida de ambos que se convergiam. além do cuidado exímio que ela havia demonstrado com os animais resgatados, milo se recordava de vê-la cavalgar como se o vento no rosto naquele ato fosse o mais perto de uma verdadeira liberdade que ela jamais teria. podia ser coisa de sua cabeça, somente o instinto humano de espelhar os próprios sentimentos nos outros. não se atreveria a perguntar, e era uma mera especulação de sua parte. foi por isso que presumiu que ela apreciaria o ambiente externo, independente do quão impecável estivesse o interior do restaurante.
franziu a testa diante da pergunta alheia, achando certa graça na questão. não era um segredo, certo? "você me disse uma vez." nos estábulos da fazenda, completou mentalmente. "eu não me esqueço do que considero importante." com segundas intenções ou não, ela era uma figura presente com certa frequência em seus dias, e aquilo parecia um detalhe não menos do que imprescindível de se recordar. além do mais, lembrava-se de pensar que aquele detalhe era bastante condizente com sua persona. amor pelos animais, senso de justiça, determinação - simplesmente fazia sentido. ainda que sua frase tivesse sido uma resposta direta e sincera, esperava alguma provocação da parte dela como de costume, mas no lugar de palavras neslihan pareceu ter um repentino acesso de tosse. pego de surpresa, piscou algumas vezes tentando compreender o que raios havia acontecido, mas antes mesmo que pudesse questionar ou sugerir alguma solução, o acesso de tosse da mais nova se interrompeu tão rápido quanto iniciou, e ela o puxou restaurante adentro, como quem buscava acabar logo com a tortura. a própria mulher deu o nome da reserva (embora fosse desnecessário, considerando o recém status de sub celebridade de ambos) e tão logo ambos se encontravam sentados à mesa perfeitamente posta e romanticamente decorada.
como se ela não tivesse praticamente corrido até ali, neslihan agiu normalmente assim que se acomodou na cadeira. isto é, quase. a doçura na voz agora era um pouco diferente da suavidade do primeiro comentário que lhe dirigira, e camilo ergueu uma das sobrancelhas, observando entretido, como quem observa um malabarista no trânsito. entre uma frase e outra ele enfim se localizou melhor no que acontecia, percebendo que neslihan fazia exatamente o que ricci havia exigido: tratá-lo bem durante toda a noite. quando ouviu o apelido utilizado por ela deslizar pelos lábios bem desenhados, ele deu risada. olhou para o garçom que aguardava as instruções. "primeiro, poderia trazer um pouco de água para a senhorita?" ela havia quase falecido há meros segundos, ora essa. "e eu acredito que um pinot noir seja uma boa opção hoje" ele já sabia as opções que a sua mesa teria, e portanto o vinho tinto combinaria com todas elas. como opções de entrada, haviam preparado bruschetta de tomate com manjericão e creme de balsâmico e uma salada caprese com pesto de pistache. para o prato principal, as opções eram ravioli de ricota e espinafre com manteiga e sálvia, servido com parmesão e pimenta preta, e risoto de cogumelos porcini e trufa. já para a sobremesa poderiam pedir tiramisú clássico e panna cotta de lavanda com coulis de framboesa. os pratos estavam descritos no pequeno menu personalizado e disposto na mesa em frente a cada um deles. "domaine de la romanée-conti, por favor." comparecia ao restaurante o suficiente para saber que eles tinham aquela opção. o rapaz maneou a cabeça e se retirou, aparecendo segundos depois para servir primeiramente a água para neslihan, antes de buscar o vinho solicitado. somente então pôde olhar em volta e absorver o quão impressionante estava a decoração. normalmente havia um pouco mais de iluminação do lado de fora, mas notou que o estabelecimento havia deliberadamente os deixado basicamente á mercê das luzes das velas, da lua, e da iluminação do ambiente interno que inevitavelmente refletia onde estavam. e como se a noite houvesse sido fabricada perfeitamente pelo restaurante, o céu estava limpo e repleto de estrelas, e a temperatura da noite estava suficientemente amena para permitir tanto o vestido aberto de neslihan, quando as mangas longas do terno de camilo. ele a observou uns segundos. "você parece mais nervosa do que eu esperava. quer dizer, você está sempre nervosa, mas agora parece... nervosa." ela saberia interpretar a diferença dos dois termos. "isso tudo sou eu? ou você simplesmente não está acostumada com encontros decentes?" camilo sabia agir como um cafajeste tão bem quanto agir como um cavalheiro. a diferença era seu interesse, a depender do momento. ele arrumou os óculos, aguardando a resposta, curioso não apenas por ela, mas pelo tom que a jovem utilizaria. o quanto duraria a docilidade alheia?
com os antebraços apoiados contra a pegajosa bancada , a pele despida do blazer e sobretudo se arrepiava contra o ar palpável do the loft. neslihan questionava se aquela realmente era uma boa opção para finalizar o dia que a exaurira , mas a certeza de negronis de proveniência questionável — dos quais já havia consumido o suficiente para justificar a postura desalinhada — firmava sua permanência por um interlúdio. o gravame psíquico arqueava os ombros , os nervos tilintantes suprimindo o que restava de paciência em seu âmago , e somente a noção de estar sozinha , ainda que cercada de pessoas , a fazia respirar pausadamente em tentativa de conter o ímpeto que se alastrava. não só pela sandice que parecia ter tomado khadel que o estado de humor mordaz da gökçe se manifestava , mas também pelo caso de severidade peculiar que havia chegado em suas mãos — a complexidade similar ao último , e único , litígio malsucedido de sua carreira. a memória escaldante , marcada não só pela vaidade ferida , mas pela sensibilidade do assunto e as figuras associadas , permanecia um peso em suas entranhas , a impregnando de amargura. por breves instantes almejou uma presença com quem pudesse exorcizar o sentimento , mas rapidamente rejeitou a noção como uma simples frivolidade. o fim de mais um negroni entre as palmas — frias ao toque , mas abrasadoras contra o delicado vidro — , preparava-se para adornar as feições com um breve sorriso e solicitar outra sequência do drink , quando os sons dispersos do bar e o inconfundível timbre da última pessoa que desejava encontrar , fosse naquele instante , ou em qualquer outro , se quisesse ser honesta , a alcançaram em um único impulso. todo o amargor que fervilhava em seu íntimo encontrou escape diante da voz que transbordava arrogância, como se a verdade fosse sua propriedade exclusiva , e ele , o único digno de desvendá-la. a risada carregada de escárnio escapou os lábios ainda tingidos do habitual carmesim antes mesmo que pudesse pensar em reprimi-la — não que fosse fazê-lo de qualquer forma. ❝ ah , claro... e você é a maior autoridade em amor que existe , não é mesmo , d'amato ? ❞ as orbes vagamente turvas atinham-se ao homem , a meros dois bancos de distância. a quanto tempo ele estava ali?
❝ com todas as suas brilhantes músicas e poesias verbais , como não ser. ❞ os lábios repuxavam-se sutilmente em ironia , o desprezo francamente exposto. ❝ conte-nos mais sobre o que é o amor , como é o sentimento , christopher ? é ser superficial e arrogante ? dar as costas a quem precisa ? ou fazer tudo o que é mandado somente para não ter que lidar com o sentimento de fracasso ? ❞ a cada questionamento o corpo inclinava em direção a ele , o olhar ácido corroendo a si mesma. ❝ é claro que a maldição é uma falácia , mas não porque ninguém — além de você , é claro , chris- ❞ o epíteto soava como um sibilo na língua feminina. ❝ sabe identificar o amor , mas pelo simples fato de que. o. amor. não. existe. ou você acha mesmo que se existisse o mundo seria como é ? ❞ considerando o assunto encerrado , o ar nocivo , até então aprisionado em seus pulmões , finalmente expelia. ajustando a postura com precisão , os olhos se fixaram na rodela de laranja que adornava o copo , como se fosse um ponto de contemplação existencial.
closed to @neslihvns, no bar.
Era final de tarde quando ele entrou no bar. Após um longo dia, repleto de comentários e da presença desnecessária do pai em seu escritório, a única coisa que Christopher conseguia pensar era que precisava de uma boa dose de whisky. Talvez mais de uma, isso se ele quisesse ter chances de acordar relativamente bem humorado no dia seguinte.
Acomodou-se em um dos bancos próximos da bancada e esperou pelo atendimento. Geralmente quando ia ali, Christopher exibia um sorriso simpático, que fazia com que as pessoas quisessem se aproximar dele naturalmente, mas naquele momento, seu esgotamento mental era tamanho que ele sequer era capaz de fingir normalidade. O garçom, que já o conhecia, tentou puxar assunto enquanto servia a dose costumeira de whisky, falando sobre as recentes histórias dos apaixonados, mas tudo o que conseguiu foi incomodá-lo mais.
"Você realmente acredita nessa história de maldição?" Questionou, o cenho franzido em uma clara expressão de julgamento. "Não te causa nem um pouco de estranhamento um monte de gente que se julgava incapaz de amar começar a amar após dois estranhos saírem gritando que estão apaixonados?" Os dedos se fecharam ao redor do copo que prontamente foi levado em direção aos lábios para que ele sorvesse um gole curto do líquido âmbar. "Isso não existe. Esse boom de histórias nada mais é do que um efeito manada. O amor sempre esteve por aí, e graças ao fato da maioria não saber como senti-lo, criou-se essa história boba pra ser usada como justificativa." Finalizou como se estivesse dizendo algo óbvio, não percebendo um rosto conhecido que estava próximo.
com a água gelada envolvendo-a até os últimos fios de cabelo e um frio implacável trilhando um caminho até o âmago , neslihan encontrava na resistência que suas unhas encontravam na pele do braço e antebraço — até que sulcos avermelhados surgissem sobre o bronze — a única válvula de escape para os pensamentos que rondavam sua mente . nem mesmo o vestígio do toque cálido da pedra , que parecia murmurar seu nome , era capaz de dissipar o gelo que se alastrava por suas veias , enraizando pavor . de soslaio , avistou a figura de christopher , e as palavras trocadas ecoaram frescas em sua memória , trazendo um arrepio que a consumiu por completo . não , aquilo não podia ser real . a situação era fruto de um devaneio , invenções de uma mente febril . uma peça cruelmente pregada por sua imaginação , que colocava em perspectiva a acalorada discussão da noite anterior . sim , era apenas isso – cenas forjadas em uma fantasia vívida demais , das quais despertaria a qualquer momento , com as têmporas pulsando em protesto contra o excesso de negronis ingeridos .
mas ela se lembrava com nitidez do dia anterior , as longas horas dedicadas a processos e rotina meticulosa , o encontro com olivia no meio do dia antes de retornar ao escritório , cansaço pulsando em suas íris ao final do expediente , exaurida pelas violações . a imagem dos olhares aterrorizados dos que buscavam sua ajuda a acompanhando em cada passo do edifício até o carro . a cidade inquietantemente silenciosa , sem casais caminhando pelas ruas adornadas pelo aroma de flores desabrochando e pelo sussurrar das folhas , como havia se tornado habitual desde que os rumores começaram a se espalhar . então , como uma fissura na frágil racionalidade que ela tentava sustentar com unhas e dentes , a pergunta de domenico , tão típica do velho amigo , estilhaçava qualquer resquício de controle que ainda tentava manter .
impossível . a palavra reverberava , enclausurada em um labirinto sem saída dentro de si , um eco desesperado em busca de uma fresta inexistente . por um breve instante , desejou abandonar a própria pele , tomar outro corpo , e contemplar-se sob o olhar de um espectador . seriam suas feições traidoras implacáveis , expondo o pânico que se entrelaçava como espinhos em seus pulmões ? ou , como esperava ardentemente , permaneceriam impecáveis , esculpidas como linhas de mármore inquebráveis ?
neslihan , para seu desgosto , novamente se via incapaz de racionalizar e atrelar sentido ao que testemunhava . com as íris impregnadas de uma perplexidade quase babélica , recusava-se a aceitar a possibilidade de que tudo o que havia conquistado — sua independência , sua vida forjada às próprias custas — pudesse se dissipar com um mero estalar de dedos . a ideia de uma maldição era risível , e ainda mais absurda era a exigência de que , para escapar de uma condenação futura , precisasse se render àquilo que mais desprezava .
amor . como poderia sequer cogitar oferecer algo dessa natureza , quando tudo o que conhecera sob a máscara do sentimento fora destruição ? como poderia atrever-se a depositar sua sobrevivência no altar de uma emoção que se tornara sinônimo de devastação ? o que o amor havia lhe oferecido , senão dor ? e como , em plena consciência , poderia ela submeter seus amigos , sua família escolhida , uma desconhecida , ou até mesmo aquele que a ferira e aquele que incinerava sua paciência com provocações constantes , à mesma desolação ? impossível . a palavra irrompeu , visceral , rasgando o tecido de sua consciência e ressoando com a força de uma convicção inabalável .
com um aperto fugaz na palma de graziella , um sorriso vazio dirigido a aaron e um aceno sutil em direção a olivia , seguiu a figura de camilo . como um espectro , vagava sob o manto da escuridão , seus dentes batendo uns contra os outros , até selar a porta do alfa romeo com uma força inesperada , fazendo os ossos de seu corpo vibrarem . pressionando o cenho contra o volante , lutava para conter um grito que se formava em sua garganta , rompendo sua respiração ofegante e irregular . com as palmas suadas e geladas , tremendo como os batimentos descompassados de seu coração , levou-as até os olhos , que dançavam em vertigem , exacerbando a náusea que se apertava em seu estômago .
o índigo do céu noturno , o prata das estrelas , o vermelho das rosas , o cinza dos ladrilhos que cobriam as calçadas , o dourado das luzes que salpicavam as ruas agora pulsando com vida . o linho encharcado da calça de alfaiataria , o metal frio dos botões da camisa , o vinil e a espiga macios do banco , a pele aquecida e... ferida de seu antebraço . ao perceber os vergões profundos que interrompiam a continuidade do caramelo de sua tez , o exercício que habitualmente a ancorava contra o pânico foi completamente esquecido .
por sorte , o carro não necessitava de chave para dar partida , ou os dedos dormentes a teriam mantido ali , à mercê de sua própria inquietação , até o amanhecer . em um trajeto que normalmente tomaria quinze minutos , conseguiu encurtá-lo para oito , quase levando os portões de ferro da villa gökçe consigo na ânsia frenética de se libertar da agonia que a consumia .
contornando a imponente estrutura de terracota , seus ouvidos captavam mark , chaz e virginia por trás dos vidros . em um movimento automático , abriu as portas duplas , permitindo que a envolvessem em uma euforia coletiva . desde o momento em que saíra da clareira , era a primeira respiração completa que tomava , mas logo o ritmo irregular de seus pulmões retornou , uma torrente de pensamentos a invadindo com uma força corrosiva . como um tornado irrompendo no estábulo que abrigava seus cavalos , os olhos se fixaram no preto azulado de gül . o hanoveriano , seu companheiro fiel há mais de uma década e meia , observava-a com a postura elegante e composta que lhe era característica , uma constante em meio às tempestades que a cercavam .
a vista era turva pelos fios que se atinham à pele ainda levemente úmida , como resultado da corrida frenética até ali . arrancando a camisa social , a calça sob medida e os saltos arruinados , movia-se com frenesi , aproximando-se do animal apenas com a fina camisole e os micro shorts de renda que lhe eram habituais . a comunicação com o cavalo era puramente instintiva , ambos entendendo-se sem palavras , por meio do corpo e olhares . a baia se abria com um gesto sútil , e sem a sela adornada com suas iniciais ou as rédeas restritivas , num ímpeto , estava sobre as costas de gül , guiando-o com o apertar das panturrilhas .
o vento frio açoitando seus membros expostos , e o calor e a respiração do animal movendo-se em uníssono com os seus , neslihan aguardava , em vão , o momento em que se sentiria livre . mas nem mesmo ao se abraçar ao pescoço de gül , deixando-o correr até o limite de sua capacidade , o mundo nada além de um borrão , as palavras daquela maldita cripta , com sua carga aterradora , deixavam de ressoar incessantes em seus ouvidos . maldição . uma ideia tão irracional que sua mente cética não conseguia deixar de se distanciar , em escárnio , da possibilidade . mas como explicar o que ouvira e sentira ? como poderia duvidar do que todos haviam vivenciado ? reencarnação . era a única concepção que ela , de alguma forma , assimilava e acreditava , mas de alguém que ali vivera há um século ? como se presa no pequeno mundo de khadel , aguardando que um ciclo cármico finalmente se completasse ?
almas gêmeas . jamais poderia condenar alguém a passar o resto de seus dias em companhia de sua presença amarga e torturada . jamais . amor . neslihan não possuía isso para dar . amor . não sabia sequer o que era . amor . grotesco . insano . amor. feridas de submissão . amor . ❝ fermare¹ ! ❞ vociferou para as vozes que a atormentavam . e gül , com infinita inteligência , atendeu ao comando , parando abruptamente , enquanto o corpo da mulher seguiu sua trajetória . arremessada contra o chão , a dor lancinante na coluna roubou-lhe o ar , o suficiente para resetar o ritmo habitual . a tontura , que antes se originava do pânico , agora girava o céu , enquanto ela permanecia em sua eterna insignificância perante a vastidão do universo .
algo úmido tocou suas bochechas , e por breves segundos , uma ilusão se formou , de uma tempestade iminente , ainda que fosse especialmente improvável no inverno seco do oeste italiano . o que resvalava a delicada pele , em meio à visão atordoada , eram lágrimas . lágrimas que , sequer no funeral de sua mãe , fora capaz de derramar , mas que agora a inundavam por completo . naquele momento , odiou-se um pouco mais . com cada fibra de seu corpo imersa em agonia , odiou-se por se permitir reação como aquela diante de um dilema como o que a confrontava , enquanto tivesse sido incapaz de demonstrar sequer uma fração daquela vulnerabilidade em momentos de dor muito mais profunda . odiou-se por trair a promessa feita doze anos antes , a última vez que deixou que kadir şahverdi a destruísse . a promessa feita com as palmas envoltas nas de münevven , as tristes , mas resilientes íris maternas , agora distantes , imortalizadas em suas lembranças .
❝ você nunca me ensinou o que é amor e como amar , anne²... por quê ? ❞ dirigia o questionamento angustiante à figura que surgia , composta de memórias e dos vultos das estrelas . ❝ porque ele não te permitiu , ou porque nunca me amou ? ❞ a voz se partia entre o choro e o esforço , falhando sem conseguir submeter o pensamento nocivo . ❝ é isso , não é ? mas por quê ? porque eu era a lembrança do que ele fez com você ? da sua infelicidade ? da sua prisão ? ❞ a única resposta eram os latidos de chaz e virginia , finalmente alcançando-a , os greyhounds felizes pelo exercício físico . erguendo-se e debruçando sob as palmas , observou-os enquanto a sensação retornava às suas extremidades , a temperatura quase gélida fazendo cada pequeno corte latejar em uníssono com os músculos exaustos .
❝ não importa . nunca me permitirei ser amada , nem amar . só estaria condenando mais uma pessoa a um fim miserável . como fiz com você . ❞ a última frase saía como um sussurro , com a força de um golpe , ferindo-a mais do que o deslize com gül .
afugentando as gotas salobras que ainda escorriam por detrás das pálpebras com mais violência do que o necessário , solevou-se sob as pernas trêmulas , ainda inseguras ante o próprio peso . tentou recompor-se com profundas respirações , as costelas protestando diante da expansão exagerada de seu peito . o olhar percorreu o pasto , encontrando o cavalo a poucos passos , fitando-a com rigidez , as narinas dilatadas em agitação . ❝ ei , ragazzone , vem cá . não foi sua culpa . ❞ com os dedos entrelaçados na crina áspera , mas perfeitamente escovada por suas próprias mãos , apoiou-se contra o corpo imponente e esguio do animal . o relincho suave a alcançou como uma forma de negação , e com um sorriso dolorido , uniu sua testa à dele . ❝ jamais , gül . jamais . ❞ o suspiro era tão pesado quanto o fardo que carregava nos ombros .
comandando o animal a abaixar o suficiente para que pudesse montar sem impulso , afagou-o suavemente , permanecendo agarrada aos fios meia-noite que formavam uma cortina flutuante à medida que ele trotava em cautela . com os únicos seres que poderiam acompanhá-la em seu caminho ainda a seguir , neslihan permitiu que as orbes vagueassem até perderem o foco , prometendo a si mesma um futuro tão vazio quanto o presente , comprometida a ajudar os que ainda ansiavam por um "felizes para sempre" , somente não o seu .
@khdpontos
o conceito de uma cidade atrofiada em sua evolução arrancou um riso discreto , ainda que pleno de ironia. o alívio que inundou sua expressão ao ouvir a negativa foi quase tangível , como se a mera possibilidade de graziella — cuja alma poderia jurar ter cruzado em outras vidas — se rebaixar à credulidade de algo tão absurdo fosse uma afronta dolorosa , tanto mental quanto fisicamente. afinal , se fosse o caso , teriam que enfrentar mais uma daquelas intermináveis… amigáveis discussões sobre a giordano se permitir ser intelectualmente negligente. ❝ ah, dinheiro… deveria ter suspeitado. ❞ os lábios se curvaram em um sorriso que ecoou o da amiga, acompanhados por um riso cristalino . a cada descrição proferida , meneava a cabeça em concordância admirada. ❝ sua habilidade para arrancar dinheiro das pessoas nunca deixa de me impressionar. ❞ admitiu , afastando delicadamente algumas mechas castanhas que o vento havia espalhado sobre o rosto. não que ella fosse menos que uma dádiva ; muito pelo contrário, a marca rivalizava acirradamente com os la mer, reinando em conjunto no balcão amplo de seu banheiro. ❝ e é exatamente por isso que sou advogada e não empresária. jamais teria a criatividade para transformar um circo desses em algo lucrativo; para mim , só inspira um desprezo inexplicável. ❞ a declaração foi seguida de um leve arrepio que percorreu a espinha ao pensar no assunto. erguendo novamente os olhos castanhos , agora fixos nos azuis cálidos de graziella , a troca foi suficiente para um entendimento mútuo. ❝ il giardino ? ❞ sugeriu com naturalidade. embora o restaurante fosse famoso por sua interminável lista de espera , entre gökçe e martinez-giordano , sempre havia uma forma de transformar o impossível em algo acessível.
A reação retirada da melhor amiga poderia até ser divertida se não mexesse com seu intelecto. O rolar dos olhos claros foi visível enquanto se aproximava mais de Neslihan. "Mas é claro que não. Isso é histeria coletiva, como já teve diversas vezes nessa cidade mal evoluída. Contudo..." Fez uma pequena pausa dramática ao ter o braço entrelaçado ao seu e aproveitou da aproximação para se inclinar e murmurar baixo próximo ao ouvido da amiga. "Isso não me impede de ganhar dinheiro." Finalmente disse, o sorriso voltando ao seus lábios, agora de maneira um tanto mais larga. "Imagine a quantidade de maquiagens e perfumes para usar com, uh, seu amor." Falou as últimas palavras com uma careta. "Ou o vinho certo para combinar em seu primeiro encontro depois de apaixonados." Soltou um suspiro exagerado escapar, como se sonhasse, e depois deu uma risadinha. "E como em um passe de mágica, esses trouxas vão me deixar cada vez mais rica." Finalizou, olhando de lado para a amiga. "Almoço?"
✉️ : mas nem mesmo se quem morreu ressuscitasse , apontasse uma arma para a minha cabeça e me obrigasse
✉️ : uma noite com você atrapalhando o MEU encontro é o máximo que consigo digerir da sua presença em um mês
✉️ : e já pensou na possibilidade que eles morreram PARA escapar do amor ?
✉️ : eu até poderia continuar a nossa conversa maravilhosa , mas tenho que levar o meu cavalo para passear
✉️ : pelos próximos sete dias
✉️ : ti parlo dopo
with @neslihvns
📲 [milo]: eu disse que éramos feitos um pro outro!
📲 [milo]: não tem como escapar do amor, hani
📲 [milo]: tudo bem que o pessoal lá atrás escapou sim porque morreu todo mundo
📲 [milo]: super triste
📲 [milo]: bless their heart
📲 [milo]: enfim, o cara voltou do plano espiritual pra abrir uma cachoeira pra gente, eu acho que no mínimo tínhamos que sair pra tomar um drink e descobrir nosso destino
dance lessons @casacomune , with aaron !
spa day @studioaurora , with graziella !
al fresco meal @gazeboderose , with christopher !
dinner @ilgiardino , with camilo !
@khdpontos
um estudo sobre construção e desenvolvimento ! man’s world , marina , capturam a rebeldia contra as expectativas sufocantes de seu pai , enquanto savages , marina , ecoa sua visão crítica sobre a , alta , sociedade a qual integra . em ancient dreams in a modern land e venus fly trap , marina , é reforçado o senso de não se contentar com os moldes esperados , de ser verdadeira a si mesma , de conquistar seu lugar por direito e jamais curvar-se ante a pressão externa . a vontade de ser livre , ser independente e a própria pessoa , libertando-se das amarras de um passado , e da necessidade de ser alguém que jamais foi , é refletida em edge of midnight , miley cyrus & stevie nicks e yellow flicker beat , lorde . a melancolia de sleeping sickness , city and colour , e the emptiness machine , linkin park , lembram o peso emocional que ela carrega , resultado das feridas invisíveis e antigas concessões , responsáveis pelo ceticismo e desconfiança . mas há também uma neslihan que luta , que não se curva em mad world , within temptation , e angry too , lola blanc . traduzem a fúria contida , a resistência diante das injustiças . entre os conflitos internos e o desejo por independência , invisible chains , lauren jauregui , tem o encaixe perfeito — ela ainda é capaz de sentir as correntes do passado , mas procura quebrá-las e sente que algo maior está reservado a ela . what’s wrong , pvris , traz uma reflexão de como ela se enxerga , apesar de tudo que tenta para mudar o seu redor , com parte do passado ainda a assombrando em borderline , tame impala . se o amor sempre lhe pareceu uma impossibilidade , la teoria del caos , nek , representa a dúvida que vem se instalando , seu medo de se permitir sentir , mesmo que por uma pessoa que a ela foi destinada . em seu cerne , ela é um paralelo entre controle , control , janet jackson e necessidade de liberdade , birdie , avril lavigne .
as demais músicas se encaixam nas perspectivas descritas , mais do mesmo que foi dito , ou futuros desenvolvimentos .
@khdpontos
o desconforto os envolvia com a mesma intensidade dos acordes vibrantes que ecoavam à medida que se aproximavam das imponentes portas de vidro pivotantes . ❝ verdade , mas você quase nunca contou com a minha determinação nessas circunstâncias. ❞ a gökçe era capaz de tudo para não se permitir vulnerabilidades ou se colocar em situações em que não pudesse exercer qualquer módico de controle . não que dançar com aaron caracterizava algo naquelas linhas — já haviam sido pares inúmeras vezes nas recepções da família durante a adolescência — , tampouco o desafio de um ritmo latino complexo , cujos passos exigiam uma maestria improvável para ambos , era o verdadeiro problema . o que realmente a inquietava eram os olhos atentos e os sussurros que os acompanhariam se qualquer passo em falso entre eles decorresse . ela já os havia enfrentado com os nervos por um fio anteriormente com christopher , expostos como estavam no coreto . dado o receio de se expor daquela maneira , seria intrigante conciliar a relutância com a postura de uma advogada bem-sucedida , habituada a enfrentar olhares e julgamentos enquanto defendia suas convicções com destemor . a diferença crucial estava na natureza da atenção que recebia , no tribunal , era a profissional sendo avaliada . ali era sua vida pessoal sob escrutínio — um aspecto que sempre zelara em preservar sob sete chaves , ainda que em khadel , o esforço para tal era uma tarefa quase hercúlea .
com um breve aceno , cedia ao inevitável . pelo entusiasmo que já percebia nos rostos dos instrutores que os aguardavam , estava claro que teriam ao menos que tentar . porém , a pergunta a fez interromper o passo antes de atravessarem o limiar do que parecia ser um vórtice , prestes a lançá-los no olho da tempestade . ❝ não sei se você subestima minha racionalidade ou superestima minha irracionalidade . mas… bem , não me dei ao luxo de cogitar que tudo isso possa ser real . ❞ não depois de já ter se ferido o suficiente para permitir que sua mente vagueasse por essa possibilidade mais uma vez . suspirou , desta vez com um peso diferente , mais denso que a mera exasperação anterior , os ombros antes impecavelmente erguidos cedendo sutilmente à gravidade do pensamento . ❝ sei exatamente o que quer dizer , mas se tudo for verdade e eu estiver equivocada no meu ceticismo , o universo fazendo de mim uma ironia cósmica , você sabe que almas gêmeas não precisam , necessariamente , ser amantes , não sabe ? ❞ se o amor era algo real e tangível , se era , de fato , necessário , neslihan acreditava que ele poderia se manifestar de formas distintas além da romântica . se essa era uma brecha nas palavras da maldição , por mais remota que fosse , talvez houvesse espaço para um afeto platônico. ❝ e eu sinceramente gostaria de não me sentir ofendida pelo fato de você considerar assustadora a possibilidade . seríamos imensamente felizes pelo resto de nossas vidas . ❞ a declaração era entrelaçada com humor , e , no fundo , ela acreditava poder ser uma verdade .
Aaron expirou lentamente, sem se dar ao trabalho de esconder o ceticismo com toda aquela situação. Mas não era um ceticismo total, claro, já que ele fazia um esforço de estar ali e realmente estava começando a ficar engajado em toda aquela história de "encontrar a alma gêmea". Observou o estúdio à sua frente, a música animada que escapava pelas frestas da porta, e depois olhou para Nes, que parecia muito mais resignada do que deveria estar. "Se essa fosse uma solução viável, eu já teria tentado em várias outras situações da minha vida." Ele permitiu que ela entrelaçasse o braço no dele, sem protesto, mas ainda visivelmente um tanto desconfortável. Ainda que tivessem dançado inúmeras vezes ao longo da vida, achava um pouco estranho considerar aquilo no contexto do encontro. "Infelizmente, acho que vamos ter que dançar de verdade." Aaron não era exatamente descoordenado, mas também nunca havia se colocado na posição de alguém que dançava salsa – e muito menos em um contexto em que a cidade inteira torcia para que aquilo fosse um passo em direção à sua alma gêmea. Ele lançou um olhar de canto para Nes, ainda contemplando a ideia absurda. "Você já pensou nisso?" perguntou, casual, mas com algo mais na voz. "Se essa coisa toda estiver certa, e a gente for, de fato, compatível?" Foi a vez dele de soltar um sorriso discreto – um que não se espalhou completamente pelo rosto. "Não sei se fico aliviado ou assustado. Você entende o que quero dizer, não entende?" Riu um pouco, pelo inesperado da situação.
"My father tells me that I'm too loud but he hasn't yet figured out that I inherited it from him, that some traits were passed down to his daughters even though he wanted to see them in sons. Had I been a boy, he would've told me to shout louder, that the world wants to hear what man has to say."
✉️ : ao menos quando eu arrancar seu ego com as minhas unhas , saberá que foi o instinto animalesco que instigou em mim
✉️ : aceito que perdi por conta do seu roubo
✉️ : perfeitamente contente em ser o sr. darcy para você então
✉️ : será que o buzzfeed está aceitando que animais criem testes agora ? vou voluntariar chaz e virginia , eles seriam capazes de montar um melhor do que esse que fez
✉️ : sonharei com você quando tiver a intenção de ter mais pesadelos do que o costume
✉️ : e camilo ? gentileza perder o meu número e só me contatar via carta
📲 [milo]: sou conhecido por instigar instintos animalescos mesmo
📲 [milo]: estou na página 54, mas vou ter que voltar algumas. as que eu li ontem, suficiente dizer que eu estava meio fora de mim
📲 [milo]: fechada, orgulhosa, pouco acessível…
📲 [milo]: mas justa não sei. pra isso, você teria que aceitar que perdeu
📲 [milo]: eu sou a elizabeth! fiz até um quiz na internet, então é um fato cientificamente comprovado
📲 [milo]: e vai ser a melhor noite da sua ;)
📲 [milo]: te mando mensagem depois com os detalhes da reserva, agora vou continuar lendo, sra darcy
📲 [milo]: sonhe comigo
𝒕𝒉𝒆 𝒂𝒄𝒕𝒊𝒗𝒊𝒔𝒕 ! neslihan gökçe , 29 , human rights lawyer . can you hear my heart beating like a hammer ?
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