ㅤㅤㅤㅤㅤflashback : Antes Da Revelação !

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ㅤㅤㅤㅤㅤflashback : Antes Da Revelação !

gucci . o nome era tão olivia . ao observá-la com o felino aninhado nos braços — bronzeados como os seus — , neslihan era invadida por uma sensação de serenidade . era curioso como , apesar da imagem que a boscarino projetava ao mundo , estar na presença dela lhe trazia um conforto que remontava ao primeiro instante em que foram colocadas lado a lado , tão pequenas , para se entreterem uma com a outra . o elogio velado arrancava um sorriso discreto , reforçando o sentimento de complitude . havia algo na cena diante de si — o pequeno corpo do gato já completamente entregue ao colo de olivia... a gökçe sempre confiara mais nos instintos dos animais do que nos julgamentos humanos e não era à toa que mark , virginia e chaz , assim como francis , henry e angela , adoravam a mais nova , mesmo que ela ainda insistisse em manter a postura meticulosamente calculada com eles .

com os dedos entrelaçados na pelagem irregular do filhote canino aconchegado no próprio aperto , quase pode sentir a inquietação vibrando no espaço entre elas . ❝ não… a armadilha era gucci mesmo . ❞ um riso breve e genuíno escapou de seus lábios avermelhados . ❝ talvez ele pudesse esperar mais um ou dois dias para te conhecer , mas julguei apropriado antecipar o destino inegável . ❞ com um gesto fluído , inclinou-se na direção da amiga , afagando as diminutas orelhas felinas marcadas pelo peculiar padrão de corações . ❝ o que vem a seguir é apenas um bônus… e , por favor , promete me ouvir antes de reagir ? ❞ esperou a confirmação , mesmo sabendo que , com olivia , as direções poderiam facilmente seguir caminhos opostos ao esperado . ❝ ontem soube sobre a… discussão entre você e aaron no the loft . não importa exatamente o que foi dito , nem quem provocou quem primeiro . ❞ os castanhos percorreram a expressão da boscarino antes de tomar uma longa inspiração .

❝ mas eu sei como você fica depois das conversas com ele . e , bom… posso ou não ter advogado a ideia de que , numa próxima oportunidade , ele permita que o passado permaneça apenas nas memórias distantes , sem trazê-lo à tona e apenas... tente . ❞ fixando o olhar ao dela , pendeu levemente a cabeça . ❝ e é exatamente isso que eu gostaria de pedir a você também . sei o que vai dizer — que ele é inflexível , teimoso , que nunca te deu uma chance de se explicar e que ainda insiste em te colocar como a pessoa mais vil a existir . mas acho que você é capaz de entender de onde esses sentimentos nascem . sei a falta que ele te faz , nós fomos partes essenciais um do outro por tanto tempo que perder qualquer um de nós criou um buraco impossível de preencher . você sentiu , eu senti . e ele também . ❞ não havia como negar o que foram — e , talvez , ainda pudessem ser . sem eles , neslihan talvez não estaria ali . e era essa certeza que a fazia persistir em consertar o abismo que os separava . com as reviravoltas e rumores impossíveis que vinham tomando conta da cidade , aquela missão já não parecia tão inalcançável assim . fazia uma anotação mental para sondar olivia sobre aquilo tudo , se alguém soubesse o que estava por detrás dos sussurros de khadel , era a musa . ❝ agora , o que me diz ? meus ouvidos são todos seus . ❞ ofereceu um sorriso suave ao arquear as sobrancelhas .

ㅤㅤㅤㅤㅤflashback : Antes Da Revelação !

O apelido escorregou dos lábios de Neslihan com tanta naturalidade que Olivia quase não percebeu o impacto imediato que teve sobre si. Raggio di sole. Era irônico que ela tentasse se manter tão firme e controladora de sua própria narrativa, mas estava contendo seus instintos para não demonstrar o quanto aquele gatinho já a amolecia. Seria mesmo um raio de sol em sua vida, e na vida da felina já tão mimada e introvertida adotada há uns anos pela Boscarino. Aconchegou o filhote contra si, ignorando o modo traiçoeiro como seu coração reagia ao ronronar constante. Tinha plena consciência de que estava cedendo, como sempre acontecia quando Nes decidia testá-la, mas escolheu fingir que ainda lutava contra a corrente. — Olha só, Gucci, você já descolou a melhor advogada da cidade para te defender? — Já anunciou o novo nome do gatinho. O tom leve de uma brincadeira boba, mas que continha um elogio sincero. Olivia admirava a amiga de forma genuína, um dos poucos sentimentos positivos que ainda restavam em si. O olhar deslizou para a amiga exatamente no instante em que o pequeno cachorro praticamente se atirou contra seus pés descalços. Olivia sorriu, conhecendo a outra o suficiente para saber que ela já se sentia conectada ao inocente cãozinho. Já teria um lar, ela pensou. Primeiro ela notou a cena de Neslihan abraçando a bola de pelos desalinhada, depois para a expressão hesitante que se instalou no rosto dela. Talvez eu tenha deixado passar outro motivo pelo qual insisti tanto para que nos encontrássemos hoje em específico. A musa estreitou os olhos. O tom da amiga era carregado de uma delicadeza incomum, um peso sutil escondido entre as palavras. Era um daqueles momentos em que Nes tentava ser cuidadosa, como se pisasse em cacos de vidro para não assustar Olivia com algum assunto que ela, possivelmente, fugiria. Eram tantos, que ela mal conseguia pensar em qual opção seria.

Sentou no lugar indicado, de frente para a advogada, o filhote em seu colo se ajeitou, soltando um pequeno bocejo que interrompeu seus pensamentos brevemente. Olivia olhou para o animal, depois para o brilho dos olhos de Neslihan e para a expressão mal disfarçada de expectativa. — Ah, então essa era a verdadeira armadilha... — murmurou, escapando um riso arfado de quase nervosismo. As pessoas andavam falando muito sobre a maldição, e Olivia adorava a atenção, como todos bem sabem, mas não queria tratar desse assunto com alguém que a conhecia tão bem a ponto de notar todas as mentiras que vinha contando e perceber a sua vulnerabilidade sobre o tema. Cruzou as pernas com a elegância natural de sempre, e observou a amiga por um momento antes de inclinar a cabeça levemente para o lado. — Direto ao ponto, Nesi. — Pediu, com a intimidade que tinham, não precisava fazer rodeios nem conter a impaciência, mas ainda mantendo um tom suave.

O Apelido Escorregou Dos Lábios De Neslihan Com Tanta Naturalidade Que Olivia Quase Não Percebeu O

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4 months ago

o  conceito  de  uma  cidade  atrofiada  em  sua  evolução  arrancou  um  riso  discreto  ,  ainda  que  pleno  de  ironia. o  alívio  que  inundou  sua  expressão  ao  ouvir  a  negativa  foi  quase  tangível  ,  como  se  a  mera  possibilidade  de  graziella   — cuja  alma  poderia  jurar  ter  cruzado  em  outras  vidas  —  se  rebaixar  à  credulidade  de  algo  tão  absurdo  fosse  uma  afronta  dolorosa ,  tanto  mental  quanto  fisicamente. afinal  ,  se  fosse  o  caso  ,  teriam  que  enfrentar  mais  uma  daquelas  intermináveis… amigáveis discussões  sobre  a   giordano  se  permitir  ser  intelectualmente  negligente. ❝  ah,  dinheiro… deveria  ter  suspeitado. ❞    os  lábios  se  curvaram  em  um  sorriso  que  ecoou  o  da  amiga,  acompanhados  por  um  riso  cristalino . a  cada  descrição  proferida ,  meneava  a  cabeça  em  concordância admirada. ❝ sua habilidade para arrancar dinheiro das pessoas nunca deixa de me impressionar. ❞ admitiu ,  afastando  delicadamente  algumas  mechas  castanhas  que  o  vento  havia  espalhado  sobre o  rosto. não  que  ella  fosse  menos  que  uma  dádiva ;  muito  pelo  contrário,  a  marca  rivalizava  acirradamente  com  os  la  mer,  reinando  em conjunto  no  balcão  amplo  de seu  banheiro. ❝  e  é  exatamente  por  isso  que  sou  advogada  e  não  empresária. jamais  teria  a  criatividade  para  transformar  um  circo  desses  em  algo  lucrativo;  para  mim ,  só  inspira  um desprezo inexplicável. ❞  a  declaração  foi  seguida  de  um  leve  arrepio  que  percorreu  a  espinha  ao  pensar  no  assunto. erguendo  novamente  os  olhos  castanhos  ,  agora  fixos  nos  azuis  cálidos  de  graziella  ,  a  troca  foi  suficiente  para  um  entendimento  mútuo. ❝  il  giardino  ?  ❞  sugeriu  com  naturalidade. embora  o  restaurante  fosse  famoso  por  sua  interminável  lista  de  espera  ,  entre  gökçe e  martinez-giordano  ,  sempre  havia  uma  forma  de  transformar  o  impossível  em  algo  acessível.

O  conceito  de  uma  cidade  atrofiada  em  sua  evolução  arrancou  um  riso  discreto

A reação retirada da melhor amiga poderia até ser divertida se não mexesse com seu intelecto. O rolar dos olhos claros foi visível enquanto se aproximava mais de Neslihan. "Mas é claro que não. Isso é histeria coletiva, como já teve diversas vezes nessa cidade mal evoluída. Contudo..." Fez uma pequena pausa dramática ao ter o braço entrelaçado ao seu e aproveitou da aproximação para se inclinar e murmurar baixo próximo ao ouvido da amiga. "Isso não me impede de ganhar dinheiro." Finalmente disse, o sorriso voltando ao seus lábios, agora de maneira um tanto mais larga. "Imagine a quantidade de maquiagens e perfumes para usar com, uh, seu amor." Falou as últimas palavras com uma careta. "Ou o vinho certo para combinar em seu primeiro encontro depois de apaixonados." Soltou um suspiro exagerado escapar, como se sonhasse, e depois deu uma risadinha. "E como em um passe de mágica, esses trouxas vão me deixar cada vez mais rica." Finalizou, olhando de lado para a amiga. "Almoço?"

A Reação Retirada Da Melhor Amiga Poderia Até Ser Divertida Se Não Mexesse Com Seu Intelecto. O Rolar

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4 months ago

ㅤㅤㅤㅤㅤflashback : antes da revelação !

ㅤㅤㅤㅤㅤflashback : Antes Da Revelação !

o riso genuíno de olivia era como um pequeno presente , meticulosamente envolto no mais intrincado dos papéis . e a percepção , longe de dissipar-se , apenas intensificava o próprio entusiasmo . por tanto tempo estiveram privadas daquele dinamismo que conheciam com a mesma intimidade da palma das mãos , e neslihan sentira . se fosse honesta consigo , ainda percebia os resquícios do que as afastara insinuando-se silenciosamente em seus sentimentos , no entanto , não era algo em que se permitia delongar , não quando algo muito mais premente as aguardava a cada nova oportunidade . ❝ bom , eu não ficaria impressionada . sei e confio no seu potencial para realizar algo verdadeiramente significativo . ❞ não era mero elogio , tampouco um jogo de palavras . tratava-se da mais pura verdade . embora a boscharino não fosse mais o reflexo exato daquela com quem cresceu — e , graças aos cosmos , ela própria também não — , certas essências permaneciam , imutáveis mesmo diante das inúmeras mudanças , das adaptações , e apesar da forma renovada com que ambas passaram a enxergar o mundo . ❝ eu sabia que uma nova companhia para chanel seria a oportunidade perfeita . ❞ permitindo-se replicar o gesto exagerado de olivia , mas adicionando um sorriso que parecia ter se enraizado em seus lábios , virou-se na direção da estrutura pivotante . ❝ o único desastre , e , francamente , um crime , será se você não se apaixonar por todos eles e quiser levar cada um para casa . ❞ lançou por sobre o ombro , enquanto atravessava a primeira das portas , desviando à esquerda para abrir acesso à sala onde se dedicavam ao enriquecimento ambiental dos filhotes . ❝ e aqui está o mais próximo que talvez possamos chegar do paraíso . ❞ os braços gesticularam para o amplo espaço , organizado em seções por espécie , banhado pela luz natural que entrava através das imensas paredes de vidro voltadas para os jardins . na área externa , os animais mais velhos se entregavam a diversas atividades , salpicando o verde com movimentos cheios de vida. com um aceno cordial oferecido ao par de voluntários no final do recinto , descalçou os saltos , deixando-os displicentemente ao lado da entrada . sem hesitar , apressou-se em direção à melodia suave de pequenos miados que a saudavam da forma mais adorável possível . sentindo a presença da amiga logo atrás , ajoelhou-se , deixando que os dígitos alcançassem o calor delicado de um corpinho felpudo , quase inteiramente branco , não fossem as sutis manchas amarronzadas em uma das patas e o padrão peculiar que lembrava diminutos corações subindo até uma das orelhas . aninhando-o junto a si , ergueu-se , ternura evidente no gesto . ❝ esse aqui é , sem dúvida , o ser mais precioso que já vi em todos esses anos . ❞ murmurando , os lábios curvavam-se de leve . ❝ e se você não sair daqui com ele na bolsa e mais brinquedos do que um filhote poderia precisar, prometo mudar meu nome… mais uma vez ❞ tentava manter o tom sutil , mas o movimento de suas mãos era suficiente para despertar a pequena criatura em seus braços , que abriu os olhos , um verde e o outro azul , e os fixou diretamente nos de olivia .

[ F L A S H B A C K : antes da revelação ]

Deixou que o sorriso de Neslihan se refletisse no seu próprio, mesmo que fosse quase imperceptível. Era impossível não ser contagiada pela energia da amiga, mesmo que mantivesse a fachada de controle absoluto. Enquanto a outra se desfazia de suas camadas de roupa e abraçava o ambiente como se fosse uma extensão de si mesma, Olivia observava cada movimento com atenção calculada, uma habilidade refinada com anos de prática. Era fascinante como a outra parecia genuinamente feliz com algo tão mundano quanto um abrigo de animais. “ Arquitetando futuros improváveis? ” Olivia repetiu com uma risada baixa, girando o copo de café vazio entre os dedos. “ Francamente, isso parece um eufemismo. ” A atitude radiante de Nesi contrastava tanto com o mundo meticulosamente planejado de Olivia que era quase reconfortante – como um lembrete de que nem tudo precisava ser milimetricamente controlado para funcionar. Mas é claro que ela jamais admitiria isso. Quando a amiga mencionou "aproveitar da legião de adoradores", Olivia riu de verdade, um som raro e musical que atraía atenção. “ Ah, claro, minha legião de adoradores! Você sabe que é só eu postar um story de onde estou, que meia dúzia, pelo menos, aparecem aqui, certo? ” Ela deu de ombros, ajustando os óculos escuros agora pendurados no decote da blusa, aquela falsa modéstia que parecia lhe cair muito bem. “ Eu ficaria impressionada comigo mesma se conseguir convencê-los a voluntariar em algo útil. ” Quando ouviu a outra finalmente admitir que se tratava de mais uma de suas "adoções encorajadas", Olivia soltou um suspiro teatral, levando a mão à testa como se estivesse exausta. “ Não seria ruim se Chanel tivesse uma companhia. ” Ela estreitou os olhos, fingindo desconfiança, mas havia um brilho de diversão ali. Gatos costumavam ser independentes, o que era ótimo para Olivia, sempre ocupada e não muito carinhosa, mas a companhia da gatinha lhe fazia bem, mais do que estava disposta a admitir. Enquanto Neslihan indicava as portas do abrigo com uma empolgação quase infantil, Olivia hesitou por um segundo, deslizando os óculos de volta ao rosto como se aquilo pudesse protegê-la de se envolver demais. Não que fosse admitir, mas havia algo na paixão desenfreada de Neslihan que fazia Olivia se sentir... vulnerável. “ Tudo bem, ” disse finalmente, levantando-se com a mesma graça ensaiada de sempre. “ Mostre-me suas pequenas criaturas e me convença de que isso não vai ser um desastre total. ”

[ F L A S H B A C K : Antes Da Revelação ]

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3 months ago

SMS to : ace

✉️ : giorno ! ✉️ : talvez se você tivesse tido olhos para além da nova habitante de khadel , teria ficado sabendo de primeira mão ✉️ : eu literalmente estava do outro lado da janela de vocês dois ✉️ : mas respondendo à sua primeira pergunta , ele ganhou uma aposta e pediu como pagamento um jantar ✉️ : sendo sincera , não sei se como estou sentindo é exatamente bem ✉️ : e continuo odiando , não se preocupe ✉️ : hm , curioso que eu também não tenha ficado sabendo com quem iria no giardino até chegar lá ✉️ : imagina minha surpresa em não só te ver incrível em roupas sociais , inclusive devo ficar ofendida que não me pediu opinião alguma sobre ? ✉️ : mas na companhia da famosa garota problema e sorrindo abertamente ainda por cima !!!!

SMS to [little nessie] || @neslihvns

📲 [aaron]: nes

📲 [aaron]: tá aí?

📲 [aaron]: que história é essa que você saiu com Camilo Ricci?

📲 [aaron]: é pq diabos estou sabendo disso por um cliente bêbado aqui do bar?

📲 [aaron]: o q aconteceu? vc tá bem? pensei que você odiasse o cara!


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4 months ago

SMS to : don giovanni

✉️ : mas nem mesmo se quem morreu ressuscitasse , apontasse uma arma para a minha cabeça e me obrigasse

✉️ : uma noite com você atrapalhando o MEU encontro é o máximo que consigo digerir da sua presença em um mês

✉️ : e já pensou na possibilidade que eles morreram PARA escapar do amor ?

✉️ : eu até poderia continuar a nossa conversa maravilhosa , mas tenho que levar o meu cavalo para passear

✉️ : pelos próximos sete dias

✉️ : ti parlo dopo

SMS to [docinho]

with @neslihvns

📲 [milo]: eu disse que éramos feitos um pro outro!

📲 [milo]: não tem como escapar do amor, hani

📲 [milo]: tudo bem que o pessoal lá atrás escapou sim porque morreu todo mundo

📲 [milo]: super triste

📲 [milo]: bless their heart

📲 [milo]: enfim, o cara voltou do plano espiritual pra abrir uma cachoeira pra gente, eu acho que no mínimo tínhamos que sair pra tomar um drink e descobrir nosso destino


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4 months ago

os dias que antecederam o fatídico encontro com camilo desenrolaram-se como um prelúdio de estranha quietude , e neslihan deveria ter decifrado a calmaria da como a bonança que precede uma tempestade . a dança travada entre ela e o homem era uma composição de espinhos e pétalas , um ritmo de contradições , que ao mesmo tempo que a avivava , se entrelaçava com receio e a noção de que tudo nada mais era que uma miragem . sob o disfarce da aposta e a justificava da suposta maldição que os unia , embora soubesse que não passava de um jogo de caprichos e vontades , havia pouco o que pudesse ser contestado , não com o ricci envolvido na trama e sua palavra em linha .

relendo pela oitava vez a mensagem que detalhava os planos para a noite , soltou um suspiro , o gesto carregado de resignação e com um toque apreensivo . não pelo que certamente a esperava , o conhecia e as expectativas não eram grandiosas . não , a gökçe , quando devidamente preparada , habituara a pressupor o mínimo de camilo para evitar ter decepção como o único sentimento correndo em suas veias além da ira latente . o que levava ao real motivo da inquietude . o algo a mais que parecia residir nos olhos castanhos do homem — o brilho sagaz , a gentileza involuntária revelada nos pequenos gestos de acolher e proteger animais — e que ele insistia em ocultar , fazendo-a questionar a verdadeira profundidade do homem . seria ele capaz de enxergar além , perceber o tormento que ainda regia o interior feminino , ter um olhar mais crítico do que demonstrava com o egocentrismo típico de um herdeiro acostumado a excessos .

vermelho , neslihan não trajava apenas uma cor , mas uma armadura . a exuberância da tonalidade distrairia breves atenções , desviando-os do corpo . longe dos hematomas amarelados e púrpuras que salpicavam o lado direito das costelas , cuidadosamente ocultos pelo corte estratégico que evidenciava a pele oposta . a seda luxuosa deslisava suavemente sobre a pele , sem abrasar os pequenos cortes que trilhavam a extensão entre quadril e coxa , também velados pela fenda que se abria expondo a perna oposta . um artifício de ilusões , uma arte que dominava desde o momento em que nascera uma şahverdi . os dígitos da destra , adornados pelos anéis de herança materna , descendiam pelo tecido enquanto as íris permaneciam fixas às janelas da villa , em espera da interrupção do interfone conectando os portões de ferro ao interior terracota .

com a canhota entremeava os dedos no pelo aveludado de mark , que a vinha perseguindo como uma sombra protetora desde a sua queda . afagando o animal , desvinculou-se do peso sobre o seu colo com o surgir do par de faróis à distância . apressou-se para abrir a barreira , os saltos em camurça a carregando porta afora , aguardando-o contornar a entrada . o sorriso oferecido era genuíno ao rosto repleto de linhas do tempo , os fios prateados reluzindo ao abrir-lhe a porta do veículo . ❝ grazie mille , signore . ❞ aceitando a palma calorosa como apoio , viu-se envolta pelo interior luxuoso , a conversa em tom animado a acalentando e fazendo o trajeto desaparecer com um pestanejo .

entretida pela cadência do timbre rouco contando histórias de seus netos , neslihan acompanhou a figura levemente curvada até que ele estendesse uma mão novamente , assegurando sua saída . com os lábios ainda presos em humor , não foi até que a exclamação de camilo ecoasse , que percebeu que ali ele estava , as vestes inteiramente pretas destacando o bronzeado da pele . com o elogio soando verdadeiro em seus ouvidos , o sorriso que havia caído retornou , surpreso . deliberando sobre a exigência feita quanto a refrear seu temperamento sanguíneo , girou lentamente em seus calcanhares , o riso escapando mais natural do que antecipava . o recorte pairava logo acima das costelas , alto o suficiente para quase nada revelar na baixa iluminação noturna . ❝ você também está muito... charmoso . ❞ o reconhecimento saía em hesitação , delongando-se no adjetivo , ainda que tivesse de admitir que os óculos conferiam um toque de charme na expressão usualmente presunçosa .

atendo-se ao braço que era oferecido , permitiu-se acompanhá-lo , o calor alheio e a proximidade provocando consciência incômoda na pele . com a sugestão polida , solevou uma das sobrancelhas em diversão . ❝ oh , não . prefiro a área externa , o ar livre será meu maior aliado hoje . ❞ flexionando a palma que segurava a bolsa , a postura enrijeceu-se com as próximas palavras , a outra sobrancelha arqueando . ❝ como você se lembra que eu sou vegetariana ? ❞ embora a dieta não fosse um segredo , o fato dele recordar-se e assegurar que as necessidades dela fossem acomodadas...

um pensamento alarmante a atingiu . antes não cogitava por um minuto que camilo pudesse levar a sério a busca por sua alma gêmea , e a noção era o que a tinha feito aquiescer tão facilmente . mas... seria possível que ele realmente acreditasse no amor perdido há gerações ? e o mais aterrador , poderia ele considerar que eles fossem destinados um do outro ? a consideração a fez ter um acesso de tosse , o som quase histérico , e precisou impedi-lo de adentrar il giardino — onde inúmeros olhares já os fitavam — com as unhas flexionando sobre o tecido escuro . tomando longas respirações tingidas de um leve pânico , não permitiu que ele a questionasse ou sequer oferecesse consolo . assentindo , seguiu em direção ao maître d' aguardando , os lábios forçados formando o sobrenome masculino , antes de serem guiados até o romântico ambiente , aceso com velas e o aroma de rosas permeando .

subestimá-lo havia sido um erro , neslihan deveria ter se preparado para uma guerra . a única saída era ser tão encantadora e desprovida de qualquer semelhança com o seu eu , a ponto de assustá-lo . ❝ então , podemos começar com uma taça ? ❞ a voz era doce e o pedido de permissão formava um arrepio em sua espinha . agradecendo à carta que o cameriere depositava nas mãos de ambos — um olhar esperançoso por detrás da expressão neutra que ele adotava — , pousou as íris no ricci , com uma leve inclinação de cabeça , sorrindo . ❝ imagino que você conheça os melhores , e tenho certeza que escolherá o perfeito para harmonizar com… o que tenha planejado ! ❞ com o toque trêmulo pela ansiedade abaixou o papel linho . ❝ o que sugere , milo ? ❞ o apelido era um que ela nunca havia utilizado , mas ouvira vez ou outra ser proferido com carinho e , ali , o aderia com naturalidade .

Os Dias Que Antecederam O Fatídico Encontro Com Camilo Desenrolaram-se Como Um Prelúdio De Estranha

DINNER DATE at Il Giardino

with. @neslihvns

na direção do restaurante, camilo não pensava muito sobre a maldição, almas gêmeas ou o ocorrido naquela noite misteriosa. como se recuperasse finalmente um pequeno resquício da sua vida antes daquela notícia, ricci dirigia divertindo-se com a simples ideia de que aquele encontro representava sua vitória de alguns dias antes. e ele sabia que seria deliciosamente interessante testemunhar neslihan ser agradável consigo, contrariando seu instinto feroz que geralmente não falhava em colocá-lo em seu devido lugar. como tudo que envolvia os dois, toda a situação em que se encontravam não era mais do que uma briga de egos. eles tinham palavra suficiente para honrar a aposta, até mesmo camilo teria obedecido qualquer que fosse a exigência alheia, e portanto sabia que a turca não falharia. mas verdade fosse dita, a proposta do encontro não tinha um verdadeiro envolvimento com as questões recentemente levantadas a respeito de como eles poderiam estar envolvidos na lenda da maldição de khadel. milo não achava que a gökçe era sua alma gêmea, e sinceramente, nem queria achar. um ano para descobrir quem seria seu verdadeiro amor? impossível. preferia focar em algo muito mais concreto: traduzir, eventualmente, toda a inquietude alheia diante de sua presença em uma inevitável química, levá-la para cama, e finalmente riscar o nome de seu caderninho. mais cedo, solicitou que um motorista a buscasse em sua residência, e aguardou do lado de fora do restaurante a sua chegada. ao estacionar do carro, o motorista chegou até a porta antes que camilo o pudesse fazer, e assim ricci ficou, parado no meio do caminho, observando a figura magnética que deixava o automóvel em um vestido que parecia ter sido feito para uso exclusivo de neslihan gökçe. “uau” escapou-lhe, passando a mão pelo próprio peito como se desamassasse a peça de roupa, mas na verdade buscava mandar um aviso discreto para que o corpo diminuísse um pouco a palpitação no peitoral. piscou algumas vezes antes de voltar a se concentrar, e caminhou até a jovem sem demora. “você está… estonteante.” ele já estava na vantagem ali, certo? que mal fazia um elogio sincero? não era como se neslihan não soubesse o quão atraente era. talvez ela aguardasse algum comentário engraçadinho e presunçoso, até por ter exigido que ela lhe oferecesse simpatia independente de como ele se comportasse, mas sabia que somente havia uma forma de pega-la desprevenida: ser agradável. pelo menos até sentarem à mesa. ofereceu o braço para que caminhassem juntos até a entrada do restaurante. “escolhi a mesa do lado de fora, mas eles podem mudar, se você preferir” a música no ambiente interno era boa, mas estar ao ar livre parecia mais agradável. imaginava, pelo que conhecia dela, que a morena também escolheria o mesmo. “e já confirmei também o cardápio. as opções, para nossa mesa, são todas vegetarianas. até as minhas, então não precisa se preocupar” sorte a dele que sua má fama faria a mulher pensar que tais esforços eram apenas charme temporário: imaginem se descobrissem que as vezes camilo ricci conseguia pensar em outra pessoa além dele? “vamos?”

DINNER DATE At Il Giardino

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4 months ago

i love unhinged women but i also love women who try so fucking hard to be hinged. clinging to those hinges by her fingernails.


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4 months ago

SMS to : don giovanni

✉️ : é uma hipérbole , camilo , hipérbole

✉️ : não que seja necessário você saber , mas primeiro : ele não é de khadel , ao contrário de você , não preciso conhecer todos os meus vizinhos de maneira íntima

✉️ : e segundo : matteo foi inesquecível , principalmente depois do seu espetáculo

✉️ : você sabe que você é irritantemente IMPOSSÍVEL de ignorar , não sabe ?

✉️ : a única atração óbvia que existe é entre a minha mão e o seu rosto

✉️ : perdi porque você ROUBOU

✉️ : aquela senhora me encontrou no la bottega e tomou meia hora do meu dia para falar sobre você , camilo

✉️ : não , sem chances !!!! um encontro não estava implícito no acordo

✉️ : e não vou tocar no assunto de favores sexuais com você nem sob o uso de narcóticos

✉️ : escolhe outra coisa , eu posso ser sua cozinheira ou faxineira por uma semana inteira , até consigo fingir que adoro o chão que você pisa

SMS to [docinho]

📲 [milo]: é só o que falta mesmo, considerando o trabalhão que tiveram pra abrir uma pedreira

📲 [milo]: a culpa é minha que você escolheu o cara mais sem sal de khadel?

📲 [milo]: eu te conheço, e se você não quisesse, não teria nem mesmo me dado tempo de terminar minha frase aquele dia

📲 [milo]: mas deixando sua óbvia atração por mim de lado um pouco, você meio que perdeu uma aposta, tá lembrada?

📲 [milo]: e agora com toda essa pesquisa de campo que precisamos fazer, nada mais justo do que eu usar isso a meu favor

📲 [milo]: então aqui vai

📲 [milo]: já que perdeu a aposta, vai me deixar te levar pra um encontro

📲 [milo]: e vai ter que ser legal comigo a noite toda :)

📲 [milo]: só pra deixar claro, essa última mensagem não tem nada sexual

📲 [milo]: pra isso pode ter certeza que eu não precisaria usar uma aposta


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4 months ago

SMS to : don giovanni

✉️ : é impossível manter a civilidade com você

✉️ : ...

✉️ : e quantas páginas você já leu ? vinte ?

✉️ : se parecer com sr. darcy você se refere a uma pessoa estimada , valiosa , justa , com princípios e livre para ser e fazer o que quiser , sim , eu sou exatamente o sr. darcy

✉️ : já você , parece a sra. bennet

✉️ : quando terminar orgulho e preconceito , sugiro morro dos ventos uivantes

✉️ : realmente , útil para conseguir processos de assédio e atentado ao pudor

✉️ : eu espero que você saiba que vai ser a pior noite da sua vida

✉️ : um completo pesadelo

SMS to [docinho]

📲 [milo]: haha you wish

📲 [milo]: atração? você já me mandou à merda com mais fogo do que beijou ele aquela noite

📲 [milo]: é claro que levarei! mas primeiro tem o brunch que eu prometi. aparentemente, as mulheres do clube do livro querem me conhecer

📲 [milo]: ja leu orgulho e preconceito? comecei esses dias

📲 [milo]: você parece o mr darcy

📲 [milo]: anotado: você quer amarrar minha boca. podemos fazer acontecer, mas eu te garanto que sou muito mais útil com ela livre

📲 [milo]: tarde demais. já tá decidido

📲 [milo]: você perdeu, darcy, agora vá escolher seu vestido para o encontro, mesmo que seu parceiro seja apenas tolerável


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3 months ago

antes mesmo que os primeiros raios solares rasgassem o véu da madrugada , neslihan já percorria o caminho até o pequeno complexo esportivo , a raquete equilibrada entre os dedos . o aroma fresco da grama recém aparada , meticulosamente ajustada aos padrões internacionais , impregnava seus sentidos , oferecendo um instante fugaz de alívio . mas nem mesmo aquele perfume familiar conseguia dissipar por completo a sensação de exaustão latente , o peso dos dias recentes transformando-a em um animal ferido , perdido na escuridão de uma floresta desconhecida . retirou o cardigã , sentindo o arrepio escalar-lhe os braços sob a brisa cortante da alvorada , após depositar a bolsa junto à rede — um ritual já automático — , com as raquetes extras . por vezes , dependendo do humor , estourava as cordas de poliamida com a força desmedida de seus golpes , como se o próprio equipamento carregasse consigo a frustração acumulada , então sempre trazia as excedentes . com os cabelos firmemente presos no alto da cabeça e os nervos tensionados , não desperdiçou tempo com aquecimentos triviais . a corrida ao redor da villa , antes de ceder à tentação de pegar o carro e dirigir até ali , fora mais do que suficiente para preparar os músculos . seu único objetivo era derrotar a máquina lançadora — um adversário silencioso , preciso e incansável . e assim , a mulher se perdia nos movimentos meticulosamente calculados , os golpes ressoando contra as cordas tensionadas da raquete , canalizando a exasperação que lhe queimava por dentro . o tempo se tornava irrelevante , a única certeza era o alívio sutil que se insinuava em seus ombros , a rigidez gradualmente cedendo enquanto sua mente se libertava das inquietações que , dia após dia , pareciam se entranhar mais fundo em seu consciente .

um sorriso despontou quando sua memória a transportou para o instante em que segurou uma raquete pela primeira vez — uma das muitas exigências paternas . dentre todas , talvez aquela fosse uma das poucas que ainda preservava com apreço , mesmo que , na época , as cordas fossem de tripa natural , um material que agora se recusava a sequer ponderar . o cenho se franziu ao recordar os treinos extenuantes , excessivos para uma criança sem qualquer ambição profissional no esporte , mas menos que a perfeição jamais fora aceito sob o teto dos şahverdi , então se tornou a norma . a respiração adquiriu uma cadência melancólica ao lembrar dos dias em que tinha companhia – uma companhia que ia além da miríade de treinadores cuja simples presença a fazia desejar nunca mais encará-los . matteo surgiu em sua mente como um relâmpago — um vestígio confuso em sua mente com a forma como tudo havia se desfeito , em meio ao caos infernal no qual ela era a personagem principal .

com o suor escorrendo por cada poro de sua pele , sacudiu as memórias com um último golpe certeiro na bola final lançada pela máquina . levando as mãos à cintura , puxou o ar límpido da manhã para dentro dos pulmões exaustos , contando mentalmente até dez . na última expiração , foi arrancada de seu momento de trégua por uma voz masculina . por um breve instante , sentiu a alma sair do corpo , como se sua própria lembrança tivesse evocado matteo em carne e osso à sua frente . com a destra pousada sobre o coração acelerado , inclinou levemente o quadril e esboçou um sorriso contido — um reflexo de algo reprimido há muito tempo , ou talvez apenas até o momento em que todos foram tragados pelo mistério que pairava sobre khadel como um véu espectral . quando sua rotina meticulosamente planejada começou a ruir . ❝ ei , teo . ❞ o apelido escapava com naturalidade , como se treze anos não tivessem se esgueirado entre eles sem quase nenhuma palavra trocada . enquanto caminhava até a bolsa descartada , procurando pela garrafa , seus olhos captaram um detalhe que fez o pequeno sorriso persistir , a raquete que pendia das mãos dele , os adesivos no cabo denunciando sua familiaridade . ❝ nunca te vi por aqui antes… mas suponho que nossos horários se diferem na maior parte dos dias . ❞ ergueu uma sobrancelha , indicando com o olhar o objeto desgastado entre os dedos masculinos . ❝ veio jogar sozinho ou aceita companhia ? ❞ a pergunta carregava o mesmo tom melancólico das lembranças que há pouco enevoaram seus pensamentos . ❝ eu poderia usar um adversário mais desafiador . ❞

Antes Mesmo Que Os Primeiros Raios Solares Rasgassem O Véu Da Madrugada , Neslihan Já Percorria O Caminho

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Quadra de tênis

Sua rotina de exercícios focava em musculação e atividades que ainda poderiam ser feitas na Casa Comune, como kickboxing, Muay Thai ou boxe. Porém, vez ou outra, Matteo gostava de se aventurar em outros esportes. Fosse para causar um pequeno desconforto no seu corpo ao experimentar algo novo, fosse para quebrar um pouco a monotonia do conhecido, ele achava que colocar coisas diferentes na sua rotina lhe traria algum benefício. Era por isso que, naquela manhã, ele optou pelo tênis. Pegou uma raquete esquecida dentro da garagem abarrotada de quinquilharias e logo a onda de memórias associadas ao objeto veio em sua mente.

Ele tinha treze anos e pegou uma raquete no quarto de Neslihan. Ela estava tentando ensiná-lo algo de matemática, mas a mente inquieta de Matteo não conseguia focar nas equações. Ele não entendia porque as coisas lhe eram tão mais difíceis quanto para os seus colegas, mas os números, letras e formas pareciam dançar na folha, causando sua própria inquietação. Ele perguntou para ela o que era aquilo e, mesmo entre um olhar autoritário que dizia que ele devia estar prestando atenção em outra coisa, ela explicou para ele o jogo.

Aos dezesseis anos foi provavelmente quando jogaram o último jogo juntos. Cada dia mais suas lições ficavam espaçadas. Algumas vezes interrompidas por causa da nova rotina física de Matteo, outros dias por algum compromisso que Neslihan possuia. Parecia que suas agendas nunca alinhavam, tão raro quanto um completo alinhamento planetário e Matteo só sabia responder com a única expressão externa que conseguia oferecer aos outros: indiferença. Não podia ir atrás dela. Ele nem sabia o que havia acontecido para o afastamento. Depois daquele dia nunca mais se encontraram intencionalmente dentro ou fora da quadra.

Tinha vinte anos e havia jogado algumas vezes aleatórias, ainda com a raquete emprestada que nunca devolveu. Algumas objetos ficavam perdidos pelo contato entre aqueles que os manipulavam e esse era um dos casos. Talvez nunca voltaria ao verdadeiro dono. Parou de jogar por muito tempo.

Agora, segurando a raquete, ele percebia o quanto ela parecia pequena na sua mão e muito mais velha que lembrava. Talvez fosse a camada de poeira que lhe cobria, depois de longos anos em desuso. Ele girou na mão e decidiu levá-la, mais pelo valor sentimental do que pela praticidade. Provavelmente teria que alugar uma nova para poder jogar. Mas algo de tudo que estava acontecendo, a ligação do grupo mais improvável que poderia ser colocado junto em Khadel, fazia com que ele pensasse mais sobre as suas conexões, ou a falta delas. No fundo Matteo sabia que a indiferença com que levava a vida seria sua ruína. Sozinho, desconfiado e provavelmente rabugento. Era assim que terminaria. Não poderia culpar nenhuma maldição pelo desamor, ele mesmo afastava qualquer um que se atrevesse a tentar estar na sua vida.

Como se evocasse o fantasma de Neslihan com aquela raquete, ele avistou a mulher numa das quadras assim que chegou no lugar. Era cedo, talvez cedo demais, para agir indiferente e fingir que não havia lhe visto. Eram as únicas almas ali naquele horário, tirando o jovem na entrada que havia o recebido. Matteo respirou fundo e foi em direção à mulher, tentando pensar em algo para dizer, mas tudo parecia ficar àquem do desejável. "Ei," cumprimentou, soando patético na sua cabeça, mesmo que nada realmente escorrece ao exterior.

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( @khdpontos )


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look, i'm planted here, okay? what're you gonna do about it?


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neslihvns - 𝒈𝒍𝒐𝒓𝒊𝒐𝒖𝒔 ! justice
𝒈𝒍𝒐𝒓𝒊𝒐𝒖𝒔 ! justice

𝒕𝒉𝒆 𝒂𝒄𝒕𝒊𝒗𝒊𝒔𝒕 ! neslihan gökçe , 29 , human rights lawyer . can you hear my heart beating like a hammer ?

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