# ʚ♡ɞ STARTER para @zeusraynar em chalé de zeus .
Não lembrava da última vez que tinha estado ali. Nunca foi muito próxima dos filhos de Zeus, exceto, é claro, aquele que estava procurando. Ainda assim, era estranho entrar pela porta que tanto conhecia, quase como se estivesse voltando no tempo, naquele pequeno momento que tinha sido um alívio da pressão que tinha sentido no peito. O momento que estava, no entanto, era muito diferente. Anastasia andava mancando, a perna ainda tendo algumas dificuldades de se movimentar como deveria, assim como o braço que permanecia enfaixado. Com a cura acelerada, todos aqueles ferimentos já eram para terem virado passado, mas era complicado lidar com eles. Quando bateu na porta do quarto alheio, não esperou sequer uma recepção antes de abri-la sem nenhum pudor. Mesmo estando completamente ferrada, Anastasia continuava sendo Anastasia, então não esperaria para conseguir o que desejava. Ficou parada na porta, sem saber muito bem como reagir quando os olhos azuis encontraram os dele. "Eles me contaram o que você fez." A voz saiu mais baixa do que estava acostumada, mas não queria esforçar-se muito para que fosse necessário movimentar mais os lábios. A bochecha permanecia com aquele corte gigante e, mesmo sabendo que era sem esperança, não queria ter uma cicatriz, por mais imperceptível que poderia ser. "Obrigada por não me deixar sangrando até a morte."
O cenho franziu-se quase automaticamente assim que ele levantou. A preocupação em relação ao outro foi a primeira coisa que veio em sua mente. Por força do hábito, permitiu que as garras se movessem em direção à mente alheia, tentando estabelecer a conexão a que já estava acostumada. Diferente de anteriormente, fazia intencionalmente, buscando procurar resposta para as perguntas que começavam a aparecer estampadas na sua expressão. Por mais que tentasse focar, no entanto, sentia-se caindo em um limbo sem ter algo para se segurar. Era como se a cabeça alheia não fosse nada além de uma imensidão vazia. Os sentimentos que flutuavam para Anastasia combinavam-se com a mais pura confusão, uma vez que não entendia o que estava acontecendo e as tentativas de buscar mais sobre estavam sendo frustradas. Pensou em ir atrás do amigo para verificar se estava bem, mas alguma coisa a manteve no lugar. Talvez ele estivesse procurando distância de Anastasia, mas por que ele faria isso? A probabilidade fez com que ficasse enjoada por um segundo. Tinha ido longe demais? Os planos que estavam fazendo, as ideias que tiveram juntos... Para Santiago, podiam não ter algum significado relevante e, por isso, tinha levantado sem nenhuma hesitação. Era difícil para Anastasia, no entanto, aceitar aquilo. Mesmo que acreditasse que o amor que sentia fosse platônico e agarrava-se naquilo para que não permitisse que se tornasse algo que pudesse perder, não deixou de olhar para a água quente sem ter certeza do que fazer.
Abriu os lábios, pensando em se desculpar, já que tinha sido uma ideia tola sequer perguntar sobre aquilo. Sentia-se pequena, de alguma forma, então apenas assentiu quando falou a respeito de tirar a máscara. Sabia que tinha mais que Santiago não contava, mas não ousou desviar o olhar enquanto movimentava a água com os dedos, fingindo brincar com ela como se não se importasse. Para Anastasia, era difícil se não importar, movida constantemente pelas suas emoções. Havia uma parte dela relacionada com a mágoa, mesmo que não ousasse falar aquilo. Seria injusto com o amigo sequer manter aquele sentimento negativo, já que não era culpa dele. Nem sabia o porquê ao certo estava chateada. Não é como se ele tivesse feito algo errado. "Certo." Limitou-se em uma simples palavra, esperando que Santiago não notasse a própria mudança de comportamento. Droga, sentia-se ridícula com aquela situação, uma adolescente emburrava que não estava entendendo o que estava acontecendo consigo mesma. Fazia tempo que não conseguia ler um ambiente. Afundou-se um pouco mais na água, evitando o contato visual.
A retomada de assunto fez com que a mente precisasse diminuir a velocidade com que trabalhava naquele momento. "Sim, acho que talvez acabe morando por lá se não acabar surtando de paranoia." Uma risada saiu dela, mesmo que não estivesse sendo preenchida pelo humor que normalmente tinha. Mesmo que estivesse tentando fingir que tudo estava normal, não se sentia daquela maneira. Parecia que uma parte de si estava pressionando o peito e tornava incapaz sequer de respirar corretamente. A mágoa talvez tivesse tomando, aos poucos, o lugar do que era aquela leveza que estava sentindo anteriormente. Se um dia morasse em Paris, Anastasia gostaria de seguir o sonho que tinha abandonado por medo. Estava cansada de temer o amanhã ou o dia depois. Hecate, mesmo que de forma involuntária e cruel, tinha mostrado para a semideusa um lado que tinha prontamente evitado. Não queria recuar mais e fingir que estava completamente feliz. Amava o Acampamento, mas fazia tempo que queria mais do que simplesmente lutar para sobreviver. A vida inteira foi assim. Queria poesia e músicas de romance e dançar embaixo da chuva e rir até que a barriga doesse e tudo mais que fizesse com que se sentisse viva. Quando estava encostada no amigo, comentando sobre um futuro que poderia existir dentre uma das outras milhões de possibilidades, os anseios se tornaram mais palpáveis por um momento do que apenas ilusões que a mente produzia. Ao escutar o outro comentar sobre não ser capaz de deixar o lugar, os olhos finalmente levantaram-se para o semideus. "Você também, sabe? Talvez você não se imagine em outro lugar, porque, no final, não tinha para o que voltar." A sugestão saiu dos lábios antes que pudesse falar e arrependeu-se imediatamente assim que as palavras escaparam.
De súbito sentiu que precisava de espaço, de distância, de ar. A proximidade entre os dois pareceu sufocá-lo, como se o pesar de seu coração tornasse difícil de respirar. Lá estava, o lembrete do qual tanto fugia, e que seu melhor fazia para ignorar sempre que vinha à superfície. Talvez fosse a maneira como Anastasia o olhava, talvez fosse a conversa sobre um futuro que ao mesmo tempo o incluía – não sabia o que o havia causado, só o que sabia era que precisava o fazer parar. Afastou-se sem maiores avisos, saltando para fora do ofurô que dividiam como se a água estivesse fervendo, tateando em busca do roupão e o cruzando diante do peito. Ali manteve sua mão na esperança de se controlar. Não era real, lembrou a si mesmo pelo que devia ser a milionésima vez, e ainda assim era como se pudesse sentir a rocha a se espalhar. Chegara demasiado perto de outra maneira que não a literal, e a maldição de Afrodite o veio cobrar.
ʿ Vou lavar a máscara. ʾ Foi a explicação meia-boca que a ofereceu, dando-lhe as costas em direção a pia para que ela não o pudesse encarar. Cada palavra não dita estampava seu rosto, como se em um idioma que só ele entendia ao olhar no espelho. Há muito deixara de esperar que alguém o fosse capaz de decifrar. Deixou que a água gelada acalmasse seus ânimos em contraste mas, onde segundos antes suas peles se haviam tocado, jurava ainda sentir o calor a se alastrar.
Não sabia como preencher o silêncio quando havia tanto que queria e não podia falar. Quando por fim voltou-se para ela, o fez pelas beiradas, sentando-se na cadeira porque manter-se longe era a melhor resposta que tinha a dar. Talvez tornasse seus planos mais fáceis, afinal: menos uma pessoa a deixar para trás quando o Acampamento fosse só uma lembrança. Sabia, de maneira irrevogável, que ela havia nascido para coisa melhor que aquele lugar. ʿ Um romance escrito Paris seria uma história e tanto. ʾ Comentou em reverência, o coração empedrado por não o poder protagonizar. ʿ Não é bobeira. ʾ A assegurou, e foi preciso fazer um esforço consciente para não estender a mão e a tocar. Não sabia a consolar de outra maneira, e as palavras pareciam quase vazias em comparação. ʿ Você merece mais do que isso. ʾ A assegurou, gesticulando de maneira ampla a indicar tudo o que os cercava, incluindo no placar não só os joguinhos divinos que os haviam trazido até ali, mas a si mesmo. ʿ Já eu não consigo me ver em outro lugar. ʾ Confessou, e havia certa vergonha na fala: já o havia tentado antes, e não fora capaz de sustentar. Saíra em suas andanças, era verdade, mas sempre havia encontrado conforto em ter um lugar para o qual voltar. De maneira trágica, o Acampamento era o mais próximo que alguma vez tivera de um lar. Talvez fosse aquele o pior de seus impasses: nada mais queria do que ganhar o mundo, mas duvidava da própria capacidade de o encarar.
Ainda não precisavam confrontar aquela e outras verdades. Por ora, caminhavam ombro a ombro rumo à encruzilhada da vida, de onde diferentes estradas os iriam levar.
Durou apenas um segundo, mas Anastasia sentiu uma diferença de comportamento em Kitty que não estava esperando. A outra, que estava tão hesitante em beber sequer uma gota mais, tinha o virado, o que com certeza surpreendeu a filha de Afrodite, que olhou com curiosidade para ela, tentando adivinhar o que tinha acontecido. Tomada pela vontade de compreender melhor a situação, acompanhou a visão dela anteriormente, pensando que talvez tivesse visto algo chocante. Ao ver Aidan (que, se não estava enganada, viu entrar com Kitty no baile), as peças começaram a ser encaixadas, mesmo que não entendesse qual era o apelo em relação a ele. Duas mulheres bonitas querendo atenção de alguém assim era algo digno de choque para ela, já que a personalidade dele era muito duvidosa. "Você está assim por conta dele?" O tom de indignação era algo que não conseguia evitar, mesmo que tentasse evitar. As palavras saíram antes mesmo que pudesse controlá-las, sabendo que poderia irritar facilmente a filha de Hades. Não que estivesse julgando completamente as escolhas alheias, mas Aidan tinha uma reputação nada boa, então talvez fosse uma tolice acabar gostando logo dele. Sabia que aqueles assuntos não poderiam ser controlados, mas talvez fosse melhor apresentar melhores opções para a outra, mesmo que as palavras de Nastya fossem ser repletas de acidez. Talvez, bem lá no fundo, se importasse com ela.
"E você está certa. Mentiras nunca valem a pena, sempre são um poço sem fundo que acaba levando para mais mentiras." Esperava que aquilo fosse o suficiente para que Kitty desistisse daquele homem, que com certeza não valia a pena. Os olhos analisavam cuidadosamente a outra, decidindo se deveria ou não respondê-la que sim, já que parecia estar passando por um dilema interno. Mesmo que Anastasia desejasse desbravar o mundo intenso que representava a filha de Hades, não sabia se era adequado fazê-lo quando estava embebedando-se para afundar em uma alienação dos problemas. Mordeu o lábio inferior por um segundo, pensando o que deveria responder. Não era babá de qualquer pessoa, no entanto. "Acho que sim. Você merece ser mal comportada e imprudente." Perguntou-se o quanto seria necessária a sua aprovação, já que a outra já tinha pedido outro drink. Seria uma noite bem interessante, de fato, mas ainda sim um pequeno sorriso de satisfação era visível em Anastasia. Talvez finalmente obtivesse o que desejasse e conseguisse viajar pelas sombras da mente alheia facilmente se elas estivessem distraídas com o álcool presente na outra. Era um teste a ser realizado. "Quem me dera ter tanto autoconhecimento, facilitaria muito minha vida, mas não consigo controlar o que sinto." Seria confuso, no entanto, porque uma vez que mudasse os próprios sentimentos, eles não existiriam mais. Para onde iriam, por exemplo, o afeto e a felicidade? "Mas sim, consigo controlar os outros. Não consigo, por exemplo, mudar os seus pensamentos, mas a maneira como você se sente." Esperava que a outra não pedisse para que usasse algo nela, já que, devido ao álcool, não sabia o que poderia acontecer exatamente. Finalizou o próprio drink e pediu outro, só que um pouco mais forte. Quanto mais bêbada estivesse, mais fácil seria ignorar as sombras da filha de Hades tentando ela a conhecer mais. "Venha, vamos para um lugar mais silencioso. Talvez ajude no seu... Estômago." Não que se importasse com os sentimentos de Kitty (pelo menos, não que confessasse), mas seria complicado conversar com alguém que ficaria pensando no coração sendo quebrado toda vez que o olhar escapasse do dela. A mão dela segurou a da semideusa, guiando-a para um pouco longe do baile, permitindo que ambas respirassem um pouco mais facilmente e a música estivesse longe. "Então, você tem alguma pergunta para conhecer algum segredo meu?" Tentava distrair a outra das coisas que estavam acontecendo.
A menção dos esmaltes fez Kitty olhar para as próprias unhas. Geralmente não estavam feitas ou então pintadas de alguma cor como amarela ou verde. Para aquela noite, estavam apenas com uma base clara que Kitty havia encontrado no fundo de sua gaveta, bem aparadas de forma quadrada. Se a pergunta de Anastasia fosse que tipo de esmalte estava usando, estaria perdida. Kitty não saberia dizer. Por sorte, ela pareceu perguntar algo mais fácil, o que a levou a abrir um sorriso. Nunca achou que poderia ser tão fácil estar na presença dela e deu um pouco de crédito ao álcool que as envolvia, talvez até um pouco a Afrodite e sua aura apaziguadora. Estava feliz que finalmente conseguia trocar algumas palavras com ela, coisa que parecia impossível quando a loira namorava o irmão. Estava pronta para responder a pergunta simples de Anastasia quando um movimento aleatório na pista de dança chamou a atenção. Kitty sequer sabia porque tinha olhado naquela direção, atrás de Anastasia. Deveria focar apenas na mulher a sua frente, afinal, mas ela estava olhando por cima dos ombros, para Aidan e Mary dançando de maneira bem íntima.
Kitty quis causar um terremoto e afastá-los. Gritar e abrir um buraco no chão que engolisse o baile todo. Puxar os cabelos dele e lhe dar várias pedradas. Tudo o que os homens fazem é contar mentiras, pensou, sentindo a pancada de raiva e de ciúmes desconfortáveis atingir o estômago. Por um momento, quis apenas se deixar levar pela raiva, mas ao invés disso apenas pegou novamente o copo com mojito e o virou, sem se importar com a intensidade do sabor ou a forma como descia quente pela garganta. Precisava de qualquer coisa para distraí-la da cena, por isso focou nos olhos azuis de Anastasia. Azul era uma de suas cores preferidas. Decidiu então que não faria cena alguma, não era esse tipo de mulher. Estava muito acima de um homem qualquer e seu comportamento indecente e mentiroso, embora desejasse estragar o rosto dele. Portanto apenas forçou um sorriso por entre os lábios, pensando na resposta da pergunta dela, ignorando a força da fúria que ardia em seu interior. "Gosto de quando as pessoas me tratam bem e são sinceras. Não gosto de mentiras. Se forem boas comigo, sinto vontade de conversar novamente e me manter próxima." Respondeu, virando o copo novamente para as últimas gotas e pedindo mais um. "Eu deveria ser imprudente e mal comportada hoje?" Era uma pergunta mais para si mesma, no entanto, sabia que seu comportamento ruim não se resumiria a dançar sem vestido em cima de uma mesa. Kitty respirou fundo, sentindo em seu âmago pequenos tremores; a terra reagindo aos seus próprios espasmos de raiva. "Queria me sentir como você. Mesmo sem beber, me sinto cada vez mais pesada, como se tivessem pedras em meu estômago... mas não vou vomitar ou arruinar nada por aqui, não se preocupe." Queria avisar, porque não desejava que Nastya a considerasse nojenta de alguma forma. "Você consegue controlar como vai se sentir? Consegue controlar os outros também?" Deveria pedir uma intervenção da bela filha de Afrodite? O chão vibrava, ondas pequenas que apenas Kitty conseguia perceber. Apesar do que sentia, não queria arruinar o baile e ganhar a eterna antipatia de Eros e Afrodite. Aidan não merecia essa reação. Se resolveria com ele depois. Ou não. Poderia muito bem ignorá-lo pelo rosto de seus dias. Quando o outro mojito chegou, Kitty não hesitou em levá-los aos lábios. "Obrigada por isso. Parecia que você estava adivinhando que eu precisaria de algo forte hoje." Deixaria seu surto para outro momento, por ora, apenas aproveitaria da companhia enigmática de Anastasia.
"Eu dou as melhores sugestões, pode falar." Um sorriso de brincadeira apareceu nos lábios de Anastasia, já que sabia que o amigo tinha odiado. Bem, ele que sobrevivesse, pois já começaria a produção das camisetas no dia seguinte. Talvez tirasse uma foto do amigo quando não estivesse percebendo para que deixei tudo com uma vibe de moreno misterioso. "Seria muito previsível fazer algo relacionado ao mar. Prefiro fazer algo relacionado somente a você." Sabia que a maioria dos campistas poderiam compartilhar um histórico complicado com os pais divinos, ainda mais quando vários tinham sofrido em decorrência disso. Ao escutar as palavras alheias, um sorriso fácil apareceu nos lábios de Anastasia, que deu uma pequena reverência. "Minha mãe me fez muito bem." Piscou para o semideus, não tendo nenhum esforço em negar o que dizia. "Acho que já afugentei todas as pessoas possíveis do Acampamento, para ser sincera, ou quase todas. Devo ter quebrado alguns corações, mas não de alguém que eu me importasse."
"Oh, ela com certeza faria isso. Já vi muita gente aqui comendo da forma mais cuidadosa o possível para não sujar as roupas com medo das ações da minha mãe." Se pegou sorrindo com aquilo. Mesmo que não fosse próxima de Afrodite, Anastasia não possuía uma relação de desgosto pela mãe. De vez em quando, até sentia-se mais como ela em pequenas ações do dia-a-dia. "Algo especial? E o que seria?" Queria muito saber o que era. Será que era alguma confissão de amor? Se fosse ficaria muito orgulhosa, já que sabia um pouco sobre os verdadeiros sentimentos do homem.
Ok, ele não queria deixar a melhor amiga chateada, tanto que rapidamente se desculpou quando viu o semblante insatisfeito da mesma. ― Tudo bem, tudo bem, pode ser Josephetes. ― Até porque perto da próxima sugestão dada, bom, a primeira não soou tão ruim assim. ― Pelo menos não é nada relacionado ao mar. ― Completou com um riso sem graça. Sabia que no fundo a amiga arrumaria algo melhor no futuro, mas por hora, era melhor não prolongar o assunto. ― Bom, tudo isso graças a sua mãe. Se não fosse por Afrodite, acredite, eu não estaria tudo isso que está dizendo. Ao contrário de você, hm? Você já nasceu com essa benção e hoje, pelo visto, ganhou um bônus. Já destruiu quantos corações? Se me falar nenhum é mentira. ― Não dava para nega, Anastasia sempre foi muito bonita e naquela noite não estava diferente. E a roupa escolhida combinou perfeitamente com a semideusa, não tinha um defeito se quer. Por um momento, conforme a outra o encarava, Joe tratou de ajustar uma última vez suas roupas. O comentário referente ao autografo arrancou um riso diverso de Joe. Ele não era nem louco de estragar um presente dado por Afrodite, muito menos destruir seus anos de devoção a deusa com uma besteira como aquela. ― É brincadeira, não quero sua mãe brava comigo ou pior, me jogando uma maldição pela audácia. ― Buscou se defender, chegando a pedir desculpas mentalmente. ― Alias, eu preparei algo especial, então se você perder o meu solo ficarei bem chateado contigo.
"Estou aqui para isso." Um sorriso travesso apareceu nos lábios dela, beliscando a pele dele de leve em uma pequena provocação, mas permitiu que ele tomasse sua mão. A verdade é que jamais permitiria que alguém ficasse desconfortável ou desagradável no baile da própria mãe, mesmo que soubesse que era quase impossível, considerando a benção temporária concedida pela deusa. "Sempre tem essa chance, mas seria incrível produzir um monte de votos falsos apenas para afagar nossos próprios egos. Ninguém se importa tanto com o resultado mesmo... E que minha mãe não me escute falando isso." Olhou em volta, como se pudesse sentir o julgamento da mãe escutando a própria filha confessando um crime que, com certeza, realizaria. Sabia, no entanto, que não desejava tanto assim para ter esse esforço, afinal não era mais uma adolescente desesperada por atenção. Mesmo que ainda apreciasse excessivamente os olhares que recebia dos outros, já tinha passado da época que achava que era tudo que importava. Talvez tivesse acontecido muita coisa na sua vida para que colocasse outras prioridades ao invés de futilidades (mas, sim, elas também importavam). "E, sim, você está belo demais para que desperdice de forma tão banal." Devolveu o flerte com naturalidade, os olhos brilhando com aquilo. Para Anastasia, nunca foi uma pessoa que ficava envergonhada com elogios ou sequer hesitante. Sabia que era bonita e as roupas dadas pela mãe apenas ressaltavam sua personalidade. "Está virando poeta, Archie? Mas pode continuar falando, estou gostando do rumo disso." Uma risada saiu dela, jogando o cabelo, que naquele ponto já tinha se desfeito do penteado que fez anteriormente. Aceitou o braço alheio, escutando as palavras a respeito do que poderiam planejar ali para frente. Nunca tinha se arriscado na cozinha, principalmente por medo de acabar estragando as unhas, que frequentemente estavam em alguma nail art mirabolante que fez pensando nas roupas que utilizaria na semana (tudo planejado cuidadosamente, é claro). Era um momento que estava explorando novas coisas, no entanto, já que não se permitiu a vida inteira sair do Acampamento Meio-Sangue, impulsionada pelo medo que sentia. "Não prometo que serei perfeita no começo, mas prometo que vou me dedicar para isso." Assim como tinha feito com a espada. Não era alguém que desistia facilmente quando colocava algo em mente, independente do que fosse. "Eu te aviso quando estiver morrendo de vontade de doce, o que me diz?" Talvez fosse no próximo dia, mas não falaria isso para o semideus. "Por onde você acha melhor começarmos?"
ㅤ。ㅤㅤㅤArchibald não estranhou a aproximação de Anastasia e demonstrou isso quando abriu o blazer para que ela tivesse mais liberdade para realizar as mudanças necessárias. Deixando os ombros caírem, ele agradecia em silêncio pela ajuda da semideusa, pois não era a primeira vez naquela noite que ele havia travado uma batalha para manter aquela peça peculiar, ou saia, como ele havia nomeado, no lugar exato, sem que descesse e causasse um desarranjo em sua imagem. "Tal mãe, tal filha. Obrigado." O filho de Deméter puxou a mão da semideusa, beijando-lhe o dorso em seguida. Aquele era um cumprimento repetitivo, mas que Archibald fazia questão de demonstrar sempre que podia, uma assinatura ao seu comportamento naturalmente carregado de charme e flertes. "Pensei na ideia de também fazer uma sabotagem, algo bem colegial, ensino médio, mas estou correndo do perigo e acabar levando uma flechada no traseiro por alguma travessura não me parece um jeito divertido de terminar a noite." Riu, levando as duas mãos aos bolsos, girando sob os próprios pés em seguida. "Um homem nestas vestes se arriscaria a tanto?" Archie não costumava expor o próprio ego, mas naquelas circunstâncias, aproveitando o momento oportuno, ele tentaria tê-lo amaciado, enquanto fazia o mesmo com a filha de Afrodite. "Já falei o quão linda você está? Afrodite mais uma vez mostrando que sempre terá um forte favoritismo com os próprios filhos. Ana, você não precisa de vitória alguma, sabe que é vencedora apenas por existir." O sorriso assumia um tom malicioso, convencido, típico quando ele queria flertar sem se preocupar com consequências. "Eu adoraria tê-la em minha humilde cozinha. Preparada para ser induzida a amar culinária, principalmente, a confeitaria? Assumo logo de cara que sou perfeccionista e, principalmente da filha da deusa do amor, eu espero nada menos que perfeição em nossas criações." Aproximando-se para oferecer o braço para que ela pegasse, o semideus meneou a cabeça, o mais galante que poderia agir naquele momento. "O chalé quatro está com as portas abertas sempre. Apareça sempre que quiser. Você será a minha nova pupila!"
# ʚ♡ɞ 𝐅𝐄𝐋𝐈𝐙 𝐀𝐍𝐈𝐕𝐄𝐑𝐒Á𝐑𝐈𝐎, 𝐒𝐀𝐍𝐓𝐈𝐀𝐆𝐎 .
Mesmo sendo uma grande patricinha que adora gastar dinheiro com presentes caros, Anastasia prefere, em aniversários, planejar algo que realmente faça com que o aniversariante sinta-se especial. No aniversário de @aguillar, dia 17 de agosto, não poderia ser diferente. Como era uma surpresa, entrou sorrateiramente e colocou os presentes para o semideus em frente à porta do quarto dele. Foi embora antes de ser vista. Antes mesmo de ler o bilhete, era óbvio tratar-se de um presente de Anastasia, que fazia questão de borrifar um dos vários perfumes favoritos em cada um dos itens (exceto, é claro, nas flores).
O kit de aniversário de Santiago contém:
Um buquê de rosas vermelhas que continha um pequeno bilhete escrito : You're sunlight through a window, which I stand in, warmed (frase de uma das suas autoras de romance contemporâneas favoritas).
Uma caixa coberta de um papel vermelho e um laço dourado. Ao abrir, é encontrado algumas folhas, levemente amassadas. São um dos capítulos do livro de romance que Anastasia escreve e foram escritas do ponto de vista do protagonista, inspirado em Santiago. A outra parte do que tem é outra pequena caixinha preta, quase imperceptível em meio às folhas perfeitamente amarradas. Quando aberta, é possível ver um pequeno relicário prateado em formato de coração e com rosas em alto-relevo. Dentro dele, existe uma foto de ambos, tão antiga que provavelmente já tinha sido esquecida por Santiago, e, no outro, escrito A & S.
Nana for DAZED Korea
# ʚ♡ɞ STARTER para @zmarylou em chalé de afrodite .
Assim que Mary veio pedir o favor a Anastasia, ela soube que não poderia negar. Como uma apaixonada por moda, sabia adaptar-se a diferentes ocasiões com looks que combinavam perfeitamente. Depois do que tinha acontecido, acreditou que precisava de um tempo para clarear a mente e distrair-se um pouco do caos que estava acontecendo para o lado de fora da sua porta. Não queria sentir como se os sentimentos estivessem presos na garganta, incapazes de saírem. "O que você está procurando no seu novo guarda-roupa exatamente? Tenho várias opções." Tinha aberto uma garrafa de vinho rosé e alguns aperitivos para que aquele momento fosse um pouco mais prazeroso para Mary, já que era uma grande decisão uma mudança. Não sabia de onde tinha vindo essa radicalização, mas Anastasia aprovava prontamente. "Talvez algo mais boho? Acho que combinaria por conta do seu cabelo." Pegou algumas opções do guarda-roupa gigante que mantinha em seu quarto, virando-se para mostrar para a filha de Zeus.
FLASHBACK . "É estranho mesmo. Esperava mais das comidas dos que das pelúcias." Tentou brincar com a situação, uma vez que já haviam vários filmes a respeito de comidas que criavam vida e assustavam os humanos. Ainda sim, uma risada sem humor saiu dela, disfarçando a dor que parecia atravessá-la cada vez mais. Talvez fosse necessário uma dose mais forte de ambrosia com algo para dor. Os hematomas mais fortes continuavam salpicando a pele a semideusa. "Para ser sincera, nem cheguei a observar muito em volta. Sabia que tinha vindo de algum lugar, mas... Aconteceu tão rápido." O comentário saiu de forma tão envergonhada, principalmente porque Anastasia, que pedia tanto sabedoria para Atena, deveria ter analisado melhor a situação. A mente, no entanto, estava confusa e alcoolizada, propensa a tomar decisões terríveis. Os olhos dela foram novamente para a cabeça de Yasemin, como se tentasse analisar se a outra realmente estava bem. Talvez os gritos dela sempre ficassem marcados em sua mente. "Não sei, Yas. Sinto que vem mais coisa."
Yasemin apenas assentiu com a fala de Anastasia desejando que ficasse bem mesmo, embora suas dores, naquele momento, fossem mais emocionais e enraizadas. Eram mais difíceis de curar. Ela balançou a cabeça levemente para afastar qualquer pensamento que a levasse divagar e deixasse que sua atenção sumisse da amiga ainda falando consigo. A menção a Mulher Maravilha fez a turca rir fraco e sem humor. ❝ ― Engraçado... De tanta bizarrice que já vi nesse mundo de deuses, nunca achei que veria ursinhos de pelúcia lutando com tanta fúria. ❞ — Disse baixinho. As memorias ainda estavam meio nubladas, mas se recordava de alguns momentos que viu as pelúcias travando uma batalha com diversos semideuses. ❝ ― Você lembra de ter visto alguma coisa suspeita antes de ser atacada? ❞ — Não era o momento para aquilo, mas Yas não resistiu em fazer aquela pergunta. Apenas queria algumas respostas para suas dúvidas. Principalmente porque agora tinham outro campista morto.
As palavras dela fizeram com que, por um momento, absorvesse aquela informação. Talvez a utilizasse futuramente, mesmo que soubesse do envolvimento dele com Kitty e Mary, mas era uma grande fã do caos. A mente foi, por um momento, para as possibilidades, mas logo focou no que estavam fazendo ali. Os sentimentos das pessoas tinham efeitos adversos em Anastasia, que poderia, facilmente, compartilhar deles, se fosse o seu desejo. Assim que a mente conectou, no entanto, percebeu que não seria uma boa coisa compartilhar daquilo, principalmente porque estava cansada de sentir medo, mesmo que o causasse facilmente em Aidan. A expressão permanecia de tédio, mas a mente funcionava para transmitir as informações através da ponte que se formava entre as mentes. Era interessante ver como o outro batalhava contra ela, tentando lidar com os sentimentos. Mesmo que não controlasse fortemente, havia uma resistência do poder dele, que ameaçava sair a qualquer momento. Sabia que o odiava, porém torcia para que fosse capaz de batalhar contra a ânsia de fazer o poder escapar. Não queria mais passar por aquela situação novamente e, mesmo que fosse motivada por motivos egoístas na maioria das situações, esperava que outras pessoas não fossem influenciadas involuntariamente pelo filho de Ares. O medo dele fazia com que arrepios percorressem seu corpo, mas não retirou o laço que tinha formado anteriormente, por mais que ansiasse virar as costas e ir embora. Pensava muito no que poderia fazer, na vulnerabilidade da situação, e se não estava passando por um limite realizando aquilo, principalmente tratando-se de uma instrutora. Sabia que haviam formas mais sutis e não tão extremas de testá-lo, mas estavam desesperados, principalmente algo maior que eles estava acontecendo. Anastasia precisava que todos estivessem em sua melhor condição.
A surpresa dela foi explícita na expressão, ao mesmo tempo que havia um leve orgulho do que tinha feito (não que fosse confessar em voz alta, é claro). "Certo." Umedeceu os lábios antes de permitir que a mais intensa das sensações o invadisse: a raiva. Filhos de Ares, no geral, tinham dificuldade com essa, uma vez que eram conhecidos pelo temperamento explosivo. Por isso, afastou-se ainda mais alguns passos, sentindo aquela rede de informações ser enviada pelo laço mental até a parte do cérebro que processava os sentimentos. O gosto amargo e as bochechas coradas rapidamente invadiram Anastasia, que tentava forçar-se a não quebrar a conexão. Mesmo que o controle dos sentimentos fosse algo fácil para ela, que já tinha consciência plena dos poderes, ainda sim haviam aquelas que demandavam um esforço maior dela. A expressão de tédio foi alterada para uma concentração, evidenciada pelas sobrancelhas que se juntavam. "Me fale se tiver qualquer sinal de descontrole." O aviso veio com certa preocupação na voz.
Deu levemente de ombros com a possibilidade. "Se pedir com educação, talvez." O riso nervoso surgiu em seus lábios. Estava à mercê de qualquer efeito que viesse a emanar da filha de Afrodite e, quebrar a dureza do ambiente daquela forma, não pareceu uma boa ideia. Isso ficou evidente após as palavras dela. Soltou um longo suspiro ao sentir uma estranha confusão emocional cruzando seu peito, como se fosse afetado por um turbilhão de conclusões em um micro segundo. Tomado pelo desejo de concentração, fechou os olhos e relaxou os ombros. Precisava distanciar o emocional de seu corpo, era essa a instrução que havia recebido de Charlie, Quíron e de outros colegas que o acompanhavam naquela reabilitação. Estranhamente, passou a sentir um estranho nó se formando em sua garganta, apertando cada vez mais, esfriando o seu corpo. Quando o tremor atingiu suas pernas, a estrutura de seu corpo balançava levemente com a força da emoção que lhe acometia. Pavor. Tudo que Aidan sentia era mais intenso, sempre foi assim, desde a infância, mas controlado por Nastya parecia ainda mais impactado. Os olhos abriram e se arregalaram. O ambiente parecia assustador, a sensação de que algo iria acontecer, de que algo estava à espreita, de que a escuridão ao canto da sala teria um inimigo guardado. Olhava ao redor de si enquanto o tremor tornava a escalar por seu corpo. As mãos chacoalhavam e produziam o barulho de suas pulseiras se chocando. A filha de Afrodite parecia amedrontadora mesmo com o fino semblante de tranquilidade.
Conseguiu identificar dentro de si o calor que subia em seu peito, o mesmo calor que causava a febre que antecedia a liberação da cólera. Passou a domar aquela sensação através da respiração, harmonizando-a pouco a pouco, levando seus pensamentos para uma zona de conforto dentro de si, repetindo mantras para apaziguar suas emoções. Aos poucos conseguiu conduzir seus pensamentos para a estabilidade dentro do medo, a queimação no peito se esfriando com uma baixa do efeito da intervenção mágica em seu corpo. Finalmente, dentro do medo, encontrou a segurança. "Estou conseguindo. Próxima emoção! Sem pausar!" Exclamou vinculando os olhos aos da semideusa.