As palavras dela fizeram com que, por um momento, absorvesse aquela informação. Talvez a utilizasse futuramente, mesmo que soubesse do envolvimento dele com Kitty e Mary, mas era uma grande fã do caos. A mente foi, por um momento, para as possibilidades, mas logo focou no que estavam fazendo ali. Os sentimentos das pessoas tinham efeitos adversos em Anastasia, que poderia, facilmente, compartilhar deles, se fosse o seu desejo. Assim que a mente conectou, no entanto, percebeu que não seria uma boa coisa compartilhar daquilo, principalmente porque estava cansada de sentir medo, mesmo que o causasse facilmente em Aidan. A expressão permanecia de tédio, mas a mente funcionava para transmitir as informações através da ponte que se formava entre as mentes. Era interessante ver como o outro batalhava contra ela, tentando lidar com os sentimentos. Mesmo que não controlasse fortemente, havia uma resistência do poder dele, que ameaçava sair a qualquer momento. Sabia que o odiava, porém torcia para que fosse capaz de batalhar contra a ânsia de fazer o poder escapar. Não queria mais passar por aquela situação novamente e, mesmo que fosse motivada por motivos egoístas na maioria das situações, esperava que outras pessoas não fossem influenciadas involuntariamente pelo filho de Ares. O medo dele fazia com que arrepios percorressem seu corpo, mas não retirou o laço que tinha formado anteriormente, por mais que ansiasse virar as costas e ir embora. Pensava muito no que poderia fazer, na vulnerabilidade da situação, e se não estava passando por um limite realizando aquilo, principalmente tratando-se de uma instrutora. Sabia que haviam formas mais sutis e não tão extremas de testá-lo, mas estavam desesperados, principalmente algo maior que eles estava acontecendo. Anastasia precisava que todos estivessem em sua melhor condição.
A surpresa dela foi explícita na expressão, ao mesmo tempo que havia um leve orgulho do que tinha feito (não que fosse confessar em voz alta, é claro). "Certo." Umedeceu os lábios antes de permitir que a mais intensa das sensações o invadisse: a raiva. Filhos de Ares, no geral, tinham dificuldade com essa, uma vez que eram conhecidos pelo temperamento explosivo. Por isso, afastou-se ainda mais alguns passos, sentindo aquela rede de informações ser enviada pelo laço mental até a parte do cérebro que processava os sentimentos. O gosto amargo e as bochechas coradas rapidamente invadiram Anastasia, que tentava forçar-se a não quebrar a conexão. Mesmo que o controle dos sentimentos fosse algo fácil para ela, que já tinha consciência plena dos poderes, ainda sim haviam aquelas que demandavam um esforço maior dela. A expressão de tédio foi alterada para uma concentração, evidenciada pelas sobrancelhas que se juntavam. "Me fale se tiver qualquer sinal de descontrole." O aviso veio com certa preocupação na voz.
Deu levemente de ombros com a possibilidade. "Se pedir com educação, talvez." O riso nervoso surgiu em seus lábios. Estava à mercê de qualquer efeito que viesse a emanar da filha de Afrodite e, quebrar a dureza do ambiente daquela forma, não pareceu uma boa ideia. Isso ficou evidente após as palavras dela. Soltou um longo suspiro ao sentir uma estranha confusão emocional cruzando seu peito, como se fosse afetado por um turbilhão de conclusões em um micro segundo. Tomado pelo desejo de concentração, fechou os olhos e relaxou os ombros. Precisava distanciar o emocional de seu corpo, era essa a instrução que havia recebido de Charlie, Quíron e de outros colegas que o acompanhavam naquela reabilitação. Estranhamente, passou a sentir um estranho nó se formando em sua garganta, apertando cada vez mais, esfriando o seu corpo. Quando o tremor atingiu suas pernas, a estrutura de seu corpo balançava levemente com a força da emoção que lhe acometia. Pavor. Tudo que Aidan sentia era mais intenso, sempre foi assim, desde a infância, mas controlado por Nastya parecia ainda mais impactado. Os olhos abriram e se arregalaram. O ambiente parecia assustador, a sensação de que algo iria acontecer, de que algo estava à espreita, de que a escuridão ao canto da sala teria um inimigo guardado. Olhava ao redor de si enquanto o tremor tornava a escalar por seu corpo. As mãos chacoalhavam e produziam o barulho de suas pulseiras se chocando. A filha de Afrodite parecia amedrontadora mesmo com o fino semblante de tranquilidade.
Conseguiu identificar dentro de si o calor que subia em seu peito, o mesmo calor que causava a febre que antecedia a liberação da cólera. Passou a domar aquela sensação através da respiração, harmonizando-a pouco a pouco, levando seus pensamentos para uma zona de conforto dentro de si, repetindo mantras para apaziguar suas emoções. Aos poucos conseguiu conduzir seus pensamentos para a estabilidade dentro do medo, a queimação no peito se esfriando com uma baixa do efeito da intervenção mágica em seu corpo. Finalmente, dentro do medo, encontrou a segurança. "Estou conseguindo. Próxima emoção! Sem pausar!" Exclamou vinculando os olhos aos da semideusa.
A batida da música preenchia o ambiente e parecia fazer um caminho por Anastasia, que fechou os olhos por um segundo para sentir. Naquele momento, a banda não estava tocando, então a voz de um cantor, que não sabia quem era, estourava pelos autofalantes do lugar. Largou a mão dele assim que chegaram no meio da pista, um sorriso nos lábios dela quando voltou-se para o semideus novamente. "Não existe jeito certo de dançar esse tipo de música." Não que fosse uma especialista em dança, geralmente limitando-se aos mesmos movimentos que realizava com o corpo, mas sempre acompanhando as batidas e sonoridade da música. "Geralmente, você meio que mais sente a música e faz o que deseja, sabe? Além disso, depende muito também da sua intenção." Deu de ombros, pensando que não era uma boa pessoa explicando as nuances que haviam. "Por exemplo, se você estiver com alguém que você tem interesse, você geralmente dança mais perto, tocando a pessoa e mantendo contato visual." E, então, repetiu o gesto que falou, colocando a mão na nuca alheia enquanto a outra ia ao ombro dele. Olhou diretamente nos olhos dele, um sorriso tímido formando-se nos lábios de Anastasia, que não demorou muito para se afastar. "Mas, geralmente, como estou entre amigos, só deixo a batida da música e fico dançando comigo mesma, pensando o que eu posso fazer. Pode ser um momento de libertação." Com isso, começou a movimentar o corpo, mexendo um pouco os braços e os quadris.
Tinha metido na cabeça que hoje não iria até à pista de dança. Não sabia bem explicar o porquê, mas ter ido a um baile sem um par, fazia com que Zaden preferisse ficar um pouco mais no background do que no meio da cena. No entanto, ter Anastasia pedindo para dançar, não era um pedido fácil de recusar para o filho de Zeus, o que era bastante injusto, como legado de Afrodite deveria ter algum tipo de imunidade ao charme dos filhos da Deusa, mas pelos vistos não. Deixou que a semideusa pegasse em sua mão e sorriu. Além de que já tinha bebido um pouco mais que o seu habitual, só esperava realmente não pisar no pé da garota. "Infelizmente parece que é verdade, você são todos uns terrores." Brincou com Anastasia, se deixando ser levado para a pista de dança. "E como que dança esta música?"
"Talvez tenha servido para não abaixarmos nossa guarda novamente. Nunca sabemos quando mais algo pode acontecer. Fomos tolos em pensar que teríamos um descanso e poderíamos ser algo além de guerreiros imbatíveis." Um sorriso de brincadeira pendeu nos lábios dela, seguido por uma careta, uma vez que o movimento de mudança de expressão fez com que um hematoma em seu rosto puxasse. Deuses, só queria que melhorasse para que pudesse ser ela novamente, destruindo bonecos de luta e treinando campistas mais novos. O cansaço batia cada vez mais forte e sentia-se mais grogue com a quantidade de ambrosia que tinham dado a ela devido à gravidade dos ferimentos. "Eu sou muito legal, para sua informação, mas Sasha sempre foi mais doce que eu. Éramos como um sour candy." A mente viajou por um segundo para aquela época em que tudo parecia mais fácil. O primeiro amor não era algo que era esquecido, mas Anastasia sequer desejava aquilo. Aproveitou a juventude amando e sendo amada, o que achava que era ideal, ainda mais para uma filha de Afrodite. Cada relacionamento que tinha seguia uma dinâmica diferente e, com Sasha, as coisas eram calmas. Fáceis. Se não tivesse as inseguranças que rodeiam a cabeça até aquele momento, talvez tivessem algum futuro. Naquela época, tratava Kitty com ainda mais estranheza e não deixava de lançar olhares aterrorizadores para ela, quando era Anastasia que estava com medo. Mesmo que ainda agisse de maneira hostil, tinha aprendido a deixar as sombras de Kitty longe de si, o que tornou a convivência mais fácil sem grunhidos e constante revirada de olhos. Até aquele momento, tinha se limitado a palavras petulantes e revirada de olhos (algo que a semideusa acreditava que não conseguia controlar, se fosse sincera). "Meu problema nunca foi não saber manter um bom relacionamento com você. Se eu quisesse, teria conseguido, mas eu nunca quis." Não havia razão para mentir naquela situação, ainda mais quando estava tão exausta. Odiou Kitty desde o primeiro momento que a viu, porque não controlava os poderes plenamente e sentia os puxões de poeira. Era como sentir os próprios pensamentos sufocados. Apertou os lábios com as palavras alheias, não tendo certeza daquilo. Não desejava ser amiga da filha de Hades, para ser sincera, ainda mais quando havia aquele puxar constante. Quanto mais passasse, mais sufocada talvez se sentisse. Era curiosa, no entanto, e desejava conhecê-la mais. "Não sou uma pessoa de amizades fáceis assim, mas acho que posso tentar não revirar os olhos toda vez que entra em algum lugar." Ofereceu com certa hesitação, já que ainda não tinha se havia algum futuro para elas.
"Eu também não lembro bem. Em um momento estava correndo e no outro, no chão. Poderia ser engraçado se não fosse trágico." Respondeu, mas dando pouca atenção as palavras porque apenas conseguia perceber como Anastasia parecia desconfortável. Kitty podia compreender, porque também odiava a enfermaria. Por um momento se perguntou se Nastya aceitaria ajuda para fugir ou acharia a ideia ridícula; era sempre Kitty a ser resgatada da enfermaria, nunca alguém que ajudava os outros a saírem. "Me importo também porque é você. Aposto que é até uma pessoa legal por baixo dessa casca de..." Sequer sabia como chamar. Desprezo? Não mais achava que era desprezada pela filha de Afrodite. Arrogância? Talvez apenas um pouco. "Acho que você deve ser legal, porque se não fosse, Sasha não teria gostado de você. Prefiro acreditar no bom gosto dele." A menção ao irmão também trazia recordações de quando a loira não havia sido tão legal ou aberta, uma decepção total para Kitty, que sempre estava ansiado por amizades. Ela queria gostar de Anastasia, queria ser próxima, mas depois de um tempo sem total abertura, apenas passou a refletir o que ela parecia emitir, a total indiferença e frieza. Havia machucado um pouco o ego de Kitty, mas fora fácil superar. "Hm, no baile..." colocou uma mão no queixo, fingindo pensar. "Estávamos falando sobre porque você nunca gostou de mim. Sempre achei que filhos de Afrodite fossem bons com relacionamentos interpessoais, mas acho que era apenas uma ideia boba minha." Deu de ombros levemente, forçando um sorriso, temendo levar alguma outra olhada mortal de Anastasia. "Tem como superar isso, se você quiser. Segundo dizem, sou uma ótima amiga. Além disso, não quer descobrir os meus segredos?" Brincou, lembrando de uma conversa ainda no bar. "Posso te contar dos meus esmaltes ou sentimentos, do que quiser. Não sou uma pessoa tão fechada assim, sabe?" Era um convite à amizade, um que Kitty desejava muito que Nastya aceitasse.
"Você sabe o que quero dizer." Mesmo que ainda nutrissem uma relação amigável, nada se assemelhava ao que tiveram quando eram namorados. Não sabia exatamente o porquê continuavam conversando, principalmente depois do término que tinha sido em decorrência de um achismo de Anastasia que, desde o começo, estava controlando os sentimentos de Raynar por ela. Talvez por nunca se permitir ser verdadeiramente feliz, mas tinha colocado na cabeça, novamente, que os relacionamentos eram uma consequência de como se sentia e não uma forma deliberada que os outros escolhiam se sentir a respeito dela. "Não precisa pedir desculpas, ambos estávamos alcoolizados. Eu não estava no meu melhor estado." Naquela noite, tinha focado em se divertir como se o amanhã não existisse, assim como as responsabilidades. Tinha passado tanto tempo sendo instrutora de espada que, no mínimo sinal de liberdade, tinha se entregado. Uma escolha feita de forma tola, já que sabia que algo poderia acontecer. Não tinha hesitado em proteger os campistas, mas a visão e as decisões foram feitas de forma nada inteligente, o que também impactou em ser intoxicada pelo poder alheio, piorando ainda mais a situação que tinha sido colocado diante deles. Com a movimentação alheia, percebeu, finalmente, a situação que o outro se encontrava. O olhar passeou sem inibição pela pele exposta alheia, lembrando como costumava conhecer cada centímetro. Uma memória de desejo passou em sua cabeça, mas talvez sempre estivesse ali presente, mesmo que adormecida. Era melhor ignorar, de qualquer forma, já que poderia se tornar mais uma dor de cabeça do que algo que poderia lidar. Com os pensamentos efervecendo, pensava que talvez não estivesse sequer em decisões de falar a respeito de qualquer coisa que não envolvesse o que poderia fazer a respeito de ser destruída pelas consequências da sua tolice. O toque fez com que se sentisse um pouco acalentada, pensando que, mesmo com as complicações, Raynar era alguém que a conhecia quase por completo. Sabia o fardo que era para Anastasia carregar ferimentos e, acima de tudo, cicatrizes. O corpo, tão tenso, relaxou levemente e, enfim, pode soltar o ar que sequer sabia que estava prendendo.
A mão dela encontrou a dele, entrelaçando suavemente os dedos e colocando entre eles. Mesmo que não se importasse com o toque, Anastasia não estava pronta para alguém ver o ferimento tão de perto, assim como tocá-lo com tanta intimidade. Independente do que o semideus falasse, continuava achando que estava monstruosa. Como poderia uma filha de Afrodite carregar uma cicatriz? "Você sabe que sempre gostei das suas." A voz saiu mais baixa, já que estava presa dentro dos próprios pensamentos. Será que a mãe falaria algo sobre aquilo? Talvez fosse algum tipo de maldição implícita ao ser incapaz de proteger Flynn, mesmo que sequer soubesse o que estivesse acontecendo. Também tinha destruído o vestido, que acabou com várias perfurações e manchas de sangue. Olhar para a roupa, depois de tudo que tinha acontecido, era mais uma memória trágica do que uma lembrança de algo que gostaria de manter. Os olhos, que antes estavam focados em ponto nenhum, viraram para o filho de Zeus, questionando-se a respeito da verdade nas palavras alheias. Dentre as possibilidades, poderia ser a que estava sendo apenas educado, uma vez que a filha de Afrodite tinha apenas invadido o quarto. De qualquer forma, precisava falar a respeito daquilo e alguém que tinha a conhecia profundamente seria capaz de entender as perturbações que a dilaceravam. Não hesitou novamente ao deitar ao lado dele, segurando a mão alheia. Era mais fácil ficar encarando os dedos e brincando com eles do que encarar o ex-namorado. "E se eu nunca mais for atraente de novo? Talvez nem eu mesma vá me reconhecer mais. Estou evitando me olhar no espelho, porque sinto que, assim que eu o fizer, a verdade vai ser jogada na minha cara." Mordeu o lábio inferior, batalhando contra as lágrimas que poderiam aparecer. "Quando comecei a ser instrutora, sabia que isso poderia acontecer, mas sempre me curei rápido. Agora... Tem algo diferente."
A hesitação aprofundou as expressões severas de seu rosto, que de fechadas ficavam um pouco mais acentuadas. O arrependimento do pedido não vindo quando tinha a maior das certezas de que estava certo. Era o maldito bom senso, ou outra coisa sem nome, que o permitia transitar em sociedade sem ser tão absurdamente alheio de tudo e todos. Raynar torceu os lábios e trincou o maxilar, os músculos proeminentes com o esforço imposto. Aquilo sim era sua culpa. Pesando a mão demais em provocações, navegando sem cuidado na linha cinzenta entre brincadeira e crueldade. “ 🗲 ━━ ◤ Complicadas. ◢ Repetiu devagar. Cada sílaba soando estranha e terminando com aquele tom suave de pergunta. O fim sim tinha sido complicado, mas Hornsby usava do pragmatismo para continuarem seguindo em frente. Pegar a rota menos complicada, de pensar demais sobre coisas que não deveriam ser colocadas sob a lente de um microscópio. “ 🗲 ━━ ◤ Podemos não ser mais namorados, Anastasia, mas eu me importo com você. E... Me desculpe... Pelo baile. Pelo o... O que eu falei. ◢ Em específico aquele momento que a perturbara tanto que anunciou a mágoa. Raynar puxou mais um pouco das cobertas ao redor da cintura, já prevendo que perderia alguns centímetros com o compartilhar da cama com Anastasia. Seus olhos a acompanharam sem piscar, preferindo estreitar ao máximo sem perder um segundo daquela decisão - que parecia ser muito difícil. E ele não estragaria sendo engraçadinho. A proximidade o fez atento, preocupado. Prescrutando cada ponto exposto da semideusa, cada imperfeição provocada pelo ataque. Imperfeição aos olhos dela, claro, porque ele carregava às próprias como marca de vida. De uma vida emprestada para quem não deveria durar muito. “ 🗲 ━━ ◤ Isso significa que sobreviveu, então, sim, eu gosto do que vejo. ◢ A mão pousou no lado da cabeça, os dedos entrando nos cabelos para afastá-los da bochecha machucada. Expondo, colocando em vista. “ 🗲 ━━ ◤ Se alguém considera isso uma falha, Anastasia... Essa pessoa carrega ainda mais, e piores. ◢ Raynar nutria uma aversão a relacionamentos, principalmente os duradouros. Rejeitava os mais efusivos, tolerava os mais calados. Era um raio de sol ambulante e muito simpático, para não dizer o contrário, e... Mesmo assim... Aprendia. No fundo, aprendia uma coisa ou outra sobre empatia. “ 🗲 ━━ ◤ Você não gosta do que vê. E vai querer me calar quando contar sobre as minhas, em todo o meu corpo, menos na cara porque sou alto demais. ◢ Tentou colocar um humor ali, uma gracinha, mas a seriedade ainda pesava em suas palavras. Na expressão que suavizava com preocupação, pura e simples. “ 🗲 ━━ ◤ Me conte, firecracker. Me conte o que vem guardando aí dentro. Por favor. ◢
FLASHBACK. "Pelo menos eu sou um pouco mais irônica que cruel." Ainda sim, tinham vários lados da personalidade que não se orgulhava, principalmente quando tratava-se em devolver na mesma moeda ou conseguir o que queria. Já tinha demonstrado mais de uma vez que fazia o que ansiasse, independente de quem machucasse. Claro que havia aqueles com quem se importava mais do que os outros e, naturalmente, os protegia constantemente, mas, lá no fundo, Anastasia achava que até mesmo para esses havia uma condição. "Tudo bem. Eu sei que..." Mordeu o lábio inferior por um segundo, pensando nas palavras mais apropriadas. "Pode não ser muito fácil." Ainda sim, desviou o olhar para outro lugar que não fosse o semideus. Anastasia ainda achava uma tarefa excessivamente difícil falar sobre o término, já que tinha sido um grande surto de sua parte. Mesmo que tivesse falado que tinha superado os sentimentos conflitantes que vinham com o seu poder, tinha demonstrado que não passava de uma grande mentira da sua parte. Independente dos esforços, o final do namoro tinha sido o mesmo do anterior. Era uma farsa. Um pequeno sorriso apareceu nos lábios dela com o apelido. Fazia tempo que não o escutava, mas trazia algumas boas memórias. Lembrava-se de tempos mais fáceis, que os braços de Ray ao seu redor faziam com que se sentisse um pouco melhor quando estava com as emoções a flor da pele. Naquele turbilhão de emoções, pareciam se entender. "Eu sei disso, mas você está aqui, no final das contas." O que já era o suficiente, pelo menos por enquanto. A vida de semideuses era tão cheia de perigos que, de vez em quando, pegava-se pensando que era uma sorte sequer estarem vivos. Era por isso que passavam a vida treinando: para ter, se tudo desse certo, um futuro. Mesmo que não estivesse mais juntos, desejava que o filho de Zeus tivesse aquilo: um amor para chamar de seu, uma casa, uma família. Merecia tudo de bom. "Vamos só ficar assim por um tempo." Encostou a cabeça no peito dele, absorvendo a música e a lentidão do momento. Os olhos fecharam-se como se desejasse aproveitar só mais um minuto.
FINALIZADO.
Uma coisa era arrancar palavras ofensivas e resmungos nada galantes. Raynar estava acostumado, e deveras ansioso, para o embate verbal diário com a ex-namorada. Internamente, gostava de dizer que era para manter seu próprio vocabulário em dia. Mudar o estado de poucas palavras (e pokas ideias) para um menos taciturno. Não se importando de cair na área do hostil. Então, você pode imaginar o triunfo no rosto do filho de Zeus quando a reação de Anastasia foi física. O rubor fazendo girar o bracinho do eu interno, com direito a pulinhos. “ 🗲 ━━ ◤ Nós dois sabemos disso. Um reconhece o outro, não? ◢ Mas aquele tom... Aquele tom juntou as sobrancelhas num franzir de dúvida. Não tinha ido assim... Longe demais... A frase utilizada lembrava dos momentos íntimos, sim. Mas era motivo de vergonha? Não eram para ser discutidos entre eles? Raynar repassou o volume da própria fala, dos arredores. É, não tinha ninguém ali para ficar bisbilhotando. E, por parte de Dionísio, se preocupar com ele é o mesmo de ficar paranoico com todos os outros que vigiavam seus passos (buscando fofocas de suas vidas monótonas). Deu-se o veredicto: inocente. “ 🗲 ━━ ◤ Sinto muito. ◢ Poucas palavras, grandes reverberações. Raynar revirou os olhos e respirou profundamente. O copo ficando mais interessante do que se aprofundar no complexo pensamento feminino, que colocava ocasiões sociais num nível absurdo. Tanta pressão para danças sobre saltos agulhas? Porque era isso que mais impressionava, fazer tudo escolhendo aquele desconforto declarado. A sede não era enorme, mas secou o copo em alguns goles. Dionísio não o ouviria agora, pensou ao colocar as pedras de gelo dentro da boca. Mastigando. “ 🗲 ━━ ◤ Não é por causa disso? Você me conhece, firecracker. Eu não gosto disso. Disso. Disso. ◢ Apontou para a festa, apontou para a concentração de pessoas e apontou para si. Espaços abertos com muitas pessoas e pouco espaço para manobra? Nem precisava pescar missões antigas para saber que nunca dava certo. Não com semideuses e ainda menos com uma fenda aberta para o submundo. Porém, sua voz deve ter se perdido na diferença de altura entre eles. Por quê? Porque ele a seguia sem fazer resistência, caminhando tal qual um homem pronto para ajudar o carcereiro a colocar a forca ao redor do pescoço. “ 🗲 ━━ ◤ Nem tudo se resolve com uma dança. ◢ A respiração do filho de Zeus ficou profunda e baixa, a postura um tanto mais esticada. Ele ia morrer, sim. Ou cairia por terra cada um que mantivesse o olhar em si por tempo demais, afinal, seu olhos azuis escureciam... E não tinham um pingo de simpatia quando parou na pista de dança. Não queria, mas curvava a coluna e encaixava a mão na cintura. A mão erguida para o apoio e ele chorando por dentro, lançando adagas para Anastasia que parecia satisfeita demais quando deu o primeiro passo sacrificado para a música lenta. “ 🗲 ━━ ◤ Você me deve tanto... Tanto. ◢
FLASHBACK ! 𝐋𝐎𝐕𝐄 𝐕𝐄𝐍𝐃𝐄𝐓𝐓𝐀 . the chain of punishment .
ven·det·ta
1. : blood feud. 2. : an often prolonged series of retaliatory, vengeful, or hostile acts or exchange of such acts. waged a personal vendetta against those who opposed his nomination.
Odiava chicotes e correntes, principalmente quando tratava-se do manuseio delas no momento da luta. Mesmo que soubesse que, como filha de Afrodite, deveria ter mais aptidão e mais proximidade, havia algo inconstante sobre como era lutar com elas. Ainda sim, queria algo diferente do que já tinha tentado, já que adagas estavam fora de cogitação, uma vez que achava pouco original e adorava algo completamente novo. Com a nova perícia, no entanto, pensou que era o momento perfeito para moldar algo que remetesse mais à mãe. Demorou alguns minutos para que pensasse como ansiava a nova arma, mordendo o lábio suavemente enquanto rabiscava de qualquer jeito em uma folha de papel que tinha disposto no local. Mesmo que não fosse uma grande artista, gostava de pensar que tinha uma grande imaginação. Assim, o desenho ficou pronto rapidamente, um rascunho do que desejava exatamente em uma corrente, que não poderia ser básica.
Com a ajuda de um autômato, começou a produzir a arma que tanto ansiava. Existia algo completamente satisfatório em ver algo que desejava ser produzido diante dos próprios olhos, fruto da imaginação. As mãos dela não eram tão precisas, muito menos habilidosas, principalmente comparando aos filhos de Hefesto, que tinham nascido para isso. De vez em quando, olhava para o lado, contemplando e invejando. Eram artesões tão habilidosos e incríveis que faziam aquilo parecer fácil. Com um pouco de suor na testa, Anastasia podia garantir que era tudo exceto fácil, principalmente quando tomava cuidado para não quebrar nenhuma das unhas perfeitamente decoradas por cima da extensão em gel.
Quando finalmente levantou aquelas correntes, perfeitamente desenhadas e imperfeitas do próprio jeito, um sorriso apareceu nos lábios de Anastasia. Conseguia ver as pequenas rosas, pintadas em rosé gold, por cima do ouro imperial, que adornavam cada uma das belas correntes. Mesmo que parecesse pesada, quando a segurava, era incrivelmente leve e equilibrado, algo que, agora, fazia muito sentido para a semideusa. Era definitivamente uma bela dupla para a Sharp Beauty. Diferentemente das outras correntes que via pelo Acampamento Meio-Sangue, a filha de Afrodite tomou uma decisão ousada: inseriu, no outro extremo, uma kunai. Imaginando um dos símbolos da mãe, o metal era adornado com pequenos círculos brilhantes, pintados a mão com a mesma cor que adornavam as correntes, lembrando muito pérolas. Quando enrolava a arma na mão, no entanto, ativava um pequeno mecanismo, que tinha sido uma ideia de um filhos de Hefesto que sugeriu enquanto passava por ela, uma vez que parecia confusa e desesperada. Com isso, kunai revelava pequenos espinhos de ouro imperial.
Era belo e era mortal na proporção que Anastasia gostava. Antes mesmo de desenhá-la, minutos atrás, já sabia o nome dela. Com um sorriso, sussurrou Love Vendetta.
"Não lembro disso. Atacar bolinhos não parece comigo." Tamborilou o dedo na boca, como se tentasse lembrar quando tinha feito aquilo, mesmo que a memória fosse clara. De fato, os bolinhos de baunilha de Archie eram muito gostosos, talvez mais do que os de Afrodite, mas não ousaria em falar aquilo em voz alta e ofender ela. "Talvez você tenha que me lembrar novamente preparando eles para mim. Posso ajudar e você pode me ensinar a fazê-los quando eu queira muito." Roubou mais um docinho dele, colocando na boca e experimentando. Anastasia era uma grande fã de doces e esse era um dos motivos de ter obrigado o coitado a ensiná-la a cozinhar. Poderia passar o dia inteiro comendo o que Archie preparava, mas não falaria em voz alta para não acariciar ainda mais o ego alheio. "O que me diz semana que vem? Eu, você e uma fornada inteira de bolinhos?" Os olhos arregalaram-se de forma pidona, esperando que o outro não recusasse o convite. Estava precisando muito de mais doce em sua vida. "Queria que eles ganhassem. Votaria neles com certeza. Tenho certeza que adorariam ganhar, ainda mais quando coloquei o nome de ambos como indicação, porque tenho certeza que não fariam isso por vontade própria." Um sorriso travesso apareceu nos lábios dela, mesmo que ansiasse, lá no fundo, ganhar. Era esse um dos motivos que tinha mesmo colocado o seu nome como concorrente, já que não hesitava em desejar chamar atenção. Anastasia sempre foi o tipo de pessoa que adorava estar nos holofotes. "A gente poderia roubar para ganhar... E nem ouse tirar essa peça de roupa. Fica muito bem em você!" As mãos foram para a cintura, como se estivesse dando uma bronca nele caso ousasse tirar aquela peça de roupa. Os olhos foram para ele, com um sorriso, aprovando a vestimenta que a mãe tinha ofertado ao semideus, mas talvez precisasse de um pouco mais para deixá-la mais confortável. "Deixe-me ver se está bem ajustada." Aproximou-se sem nenhum pudor, já que não era algo do feito de Anastasia, mexendo um pouco na peça para que ela se tornasse mais confortável para ele de usá-la, apertando de um lado e afrouxando em outra parte. As mãos trabalharam rapidamente, não incomodando-se nenhum pouco com a pele quente dele sob os dedos gelados e habilidados, assim como se ele ficasse desconfortável com a proximidade súbita. "Assim fica melhor?" Subiu o olhar para o rosto dele, aguardando a resposta.
ㅤ。ㅤㅤㅤ"Deuses, não." A risada de Archie saiu abafada pela mão que cobria a boca. "Afrodite é Afrodite, mas ela sabe que eu estou certo, e você também. Ainda não esqueci da vez em que você atacou meus bolinhos de baunilha. Eu sei, estavam maravilhosos justamente porque eu os fiz." O filho de Deméter não tinha problema algum em demonstrar um ar mais convencido, especialmente quando conhecia bem as pessoas e sabia que podia agir dessa maneira sem grandes problemas depois. "E você tem razão. A noite está apenas começando, e sua mãe orquestrou isso da forma mais perfeita que podia. Evitar sujeiras em nossos trajes deve ser um item superimportante na lista dela." Ainda que isso pudesse ser verdade, Archie não ousou levar mais nenhum salgadinho ou doce até a boca, pelo menos não naquele momento. Talvez, ele voltasse a fazer a alegria de sua barriga quando a festa estivesse perto do fim. "Podemos sim trocar votos, não vejo nenhum problema nisso. Coloquei meu nome porque nunca custa tentar, certo? E de novo, acho que tem razão. O peixonauta e a Yas possuem grandes chances de ganhar. Estão numa banda? Check! São bonitos juntos? Check! Não há combinação melhor!" Descendo os olhos para si mesmo, Archie arrumava mais uma vez a peça peculiar ao redor da barriga. "Mas, diferente de você, não estou tão positivo quanto a uma vitória e nem esperançoso… Deuses, a moda às vezes consegue ser tão irritante!" A noite estava apenas começando, então o filho de Deméter não ousaria tirar a peça, mas ele mal podia esperar pelo momento de se ver livre dela. "Moda, não é?!" Disse, oferecendo um sorriso sem graça.
# ʚ♡ɞ STARTER para @mcronnie em chalé de hera .
O chalé de Hera costumava ser vazio, principalmente porque as devotas não eram numerosas. Tinha buscado por Ronnie pelo acampamento inteiro, sabendo que provavelmente não estava em seu melhor estado. Sabia que tinha que dar algum espaço para a semideusa processar o que tinha acontecido, ainda mais a genitora alheia sendo a fonte de todo o caos que acontecia da porta para fora, mas ansiava saber o que se passava na cabeça alheia e se precisava de qualquer coisa. Assim que passou pelas portas, tentou controlar as batidas do coração aceleradas contra o peito, mas parecia que não era algo que era capaz. Os fios loiros não foram difíceis de achar, tão disruptivos dos demais. "Ei, eu estava te procurando, mas parecia que estava fugindo de mim." A brincadeira saiu de forma natural dos lábios dela, mesmo que houvesse preocupação no olhar. Sabia que a situação piorara bastante para os filhos de Hécate e, mesmo que fosse uma devota, Veronica não poderia negar as origens. Os olhos claros de Anastasia procuraram pelos de Ronnie, desejando saber um pouco mais do que não foi dito ainda. Por um momento, pensou em usar o poder, apenas para aliviar qualquer sofrimento que pudesse estar sentindo. "Fiz alguns muffins para você." Levantou a cesta, que continha alguns bolinhos de morango que tinha preparado. Obviamente não estavam perfeitos, principalmente pela falta de habilidade na cozinha, mas sabia que pelo menos um ou outro não tinha o fundo queimado, o que já era uma grande vitória para a filha de Afrodite.
Mesmo que culpasse Hécate pelo que tinha acontecido, não desejava culpar nenhum filho dela, independente de como sentia-se a respeito deles. Sabia que ninguém tinha culpa pelas ações dos pais, mas sabia que vários campistas nutriam opiniões controversas quanto aquilo. "Você deveria comer um. Estão quase bons." Ainda sim, a fala dela foi carregada de gentileza e carinho. Anastasia não sabia expressar os sentimentos muito bem, o que era irônico para uma filha de Afrodite. Sempre se questionava se era por isso que Veronica, mesmo que respondesse aos flertes e investidas de Anastasia, não parecia interessada ao mesmo tempo. "Estava trazendo algumas rosas do nosso chalé para te alegrar também, mas aí lembrei que prefere cravos. Infelizmente, não consegui achá-los por aqui." Com os ânimos tão aflorados, muito menos ansiava em roubá-los do chalé de Perséfone, acreditando que poderia ser visto como desrespeitoso de alguma forma. Colocou a cesta sobre uma pequena mesa ali no cômodo, pegando a mão dela. "Como você está depois do que aconteceu?"
@silencehq