O cenho franziu-se quase automaticamente assim que ele levantou. A preocupação em relação ao outro foi a primeira coisa que veio em sua mente. Por força do hábito, permitiu que as garras se movessem em direção à mente alheia, tentando estabelecer a conexão a que já estava acostumada. Diferente de anteriormente, fazia intencionalmente, buscando procurar resposta para as perguntas que começavam a aparecer estampadas na sua expressão. Por mais que tentasse focar, no entanto, sentia-se caindo em um limbo sem ter algo para se segurar. Era como se a cabeça alheia não fosse nada além de uma imensidão vazia. Os sentimentos que flutuavam para Anastasia combinavam-se com a mais pura confusão, uma vez que não entendia o que estava acontecendo e as tentativas de buscar mais sobre estavam sendo frustradas. Pensou em ir atrás do amigo para verificar se estava bem, mas alguma coisa a manteve no lugar. Talvez ele estivesse procurando distância de Anastasia, mas por que ele faria isso? A probabilidade fez com que ficasse enjoada por um segundo. Tinha ido longe demais? Os planos que estavam fazendo, as ideias que tiveram juntos... Para Santiago, podiam não ter algum significado relevante e, por isso, tinha levantado sem nenhuma hesitação. Era difícil para Anastasia, no entanto, aceitar aquilo. Mesmo que acreditasse que o amor que sentia fosse platônico e agarrava-se naquilo para que não permitisse que se tornasse algo que pudesse perder, não deixou de olhar para a água quente sem ter certeza do que fazer.
Abriu os lábios, pensando em se desculpar, já que tinha sido uma ideia tola sequer perguntar sobre aquilo. Sentia-se pequena, de alguma forma, então apenas assentiu quando falou a respeito de tirar a máscara. Sabia que tinha mais que Santiago não contava, mas não ousou desviar o olhar enquanto movimentava a água com os dedos, fingindo brincar com ela como se não se importasse. Para Anastasia, era difícil se não importar, movida constantemente pelas suas emoções. Havia uma parte dela relacionada com a mágoa, mesmo que não ousasse falar aquilo. Seria injusto com o amigo sequer manter aquele sentimento negativo, já que não era culpa dele. Nem sabia o porquê ao certo estava chateada. Não é como se ele tivesse feito algo errado. "Certo." Limitou-se em uma simples palavra, esperando que Santiago não notasse a própria mudança de comportamento. Droga, sentia-se ridícula com aquela situação, uma adolescente emburrava que não estava entendendo o que estava acontecendo consigo mesma. Fazia tempo que não conseguia ler um ambiente. Afundou-se um pouco mais na água, evitando o contato visual.
A retomada de assunto fez com que a mente precisasse diminuir a velocidade com que trabalhava naquele momento. "Sim, acho que talvez acabe morando por lá se não acabar surtando de paranoia." Uma risada saiu dela, mesmo que não estivesse sendo preenchida pelo humor que normalmente tinha. Mesmo que estivesse tentando fingir que tudo estava normal, não se sentia daquela maneira. Parecia que uma parte de si estava pressionando o peito e tornava incapaz sequer de respirar corretamente. A mágoa talvez tivesse tomando, aos poucos, o lugar do que era aquela leveza que estava sentindo anteriormente. Se um dia morasse em Paris, Anastasia gostaria de seguir o sonho que tinha abandonado por medo. Estava cansada de temer o amanhã ou o dia depois. Hecate, mesmo que de forma involuntária e cruel, tinha mostrado para a semideusa um lado que tinha prontamente evitado. Não queria recuar mais e fingir que estava completamente feliz. Amava o Acampamento, mas fazia tempo que queria mais do que simplesmente lutar para sobreviver. A vida inteira foi assim. Queria poesia e músicas de romance e dançar embaixo da chuva e rir até que a barriga doesse e tudo mais que fizesse com que se sentisse viva. Quando estava encostada no amigo, comentando sobre um futuro que poderia existir dentre uma das outras milhões de possibilidades, os anseios se tornaram mais palpáveis por um momento do que apenas ilusões que a mente produzia. Ao escutar o outro comentar sobre não ser capaz de deixar o lugar, os olhos finalmente levantaram-se para o semideus. "Você também, sabe? Talvez você não se imagine em outro lugar, porque, no final, não tinha para o que voltar." A sugestão saiu dos lábios antes que pudesse falar e arrependeu-se imediatamente assim que as palavras escaparam.
De súbito sentiu que precisava de espaço, de distância, de ar. A proximidade entre os dois pareceu sufocá-lo, como se o pesar de seu coração tornasse difícil de respirar. Lá estava, o lembrete do qual tanto fugia, e que seu melhor fazia para ignorar sempre que vinha à superfície. Talvez fosse a maneira como Anastasia o olhava, talvez fosse a conversa sobre um futuro que ao mesmo tempo o incluía – não sabia o que o havia causado, só o que sabia era que precisava o fazer parar. Afastou-se sem maiores avisos, saltando para fora do ofurô que dividiam como se a água estivesse fervendo, tateando em busca do roupão e o cruzando diante do peito. Ali manteve sua mão na esperança de se controlar. Não era real, lembrou a si mesmo pelo que devia ser a milionésima vez, e ainda assim era como se pudesse sentir a rocha a se espalhar. Chegara demasiado perto de outra maneira que não a literal, e a maldição de Afrodite o veio cobrar.
ʿ Vou lavar a máscara. ʾ Foi a explicação meia-boca que a ofereceu, dando-lhe as costas em direção a pia para que ela não o pudesse encarar. Cada palavra não dita estampava seu rosto, como se em um idioma que só ele entendia ao olhar no espelho. Há muito deixara de esperar que alguém o fosse capaz de decifrar. Deixou que a água gelada acalmasse seus ânimos em contraste mas, onde segundos antes suas peles se haviam tocado, jurava ainda sentir o calor a se alastrar.
Não sabia como preencher o silêncio quando havia tanto que queria e não podia falar. Quando por fim voltou-se para ela, o fez pelas beiradas, sentando-se na cadeira porque manter-se longe era a melhor resposta que tinha a dar. Talvez tornasse seus planos mais fáceis, afinal: menos uma pessoa a deixar para trás quando o Acampamento fosse só uma lembrança. Sabia, de maneira irrevogável, que ela havia nascido para coisa melhor que aquele lugar. ʿ Um romance escrito Paris seria uma história e tanto. ʾ Comentou em reverência, o coração empedrado por não o poder protagonizar. ʿ Não é bobeira. ʾ A assegurou, e foi preciso fazer um esforço consciente para não estender a mão e a tocar. Não sabia a consolar de outra maneira, e as palavras pareciam quase vazias em comparação. ʿ Você merece mais do que isso. ʾ A assegurou, gesticulando de maneira ampla a indicar tudo o que os cercava, incluindo no placar não só os joguinhos divinos que os haviam trazido até ali, mas a si mesmo. ʿ Já eu não consigo me ver em outro lugar. ʾ Confessou, e havia certa vergonha na fala: já o havia tentado antes, e não fora capaz de sustentar. Saíra em suas andanças, era verdade, mas sempre havia encontrado conforto em ter um lugar para o qual voltar. De maneira trágica, o Acampamento era o mais próximo que alguma vez tivera de um lar. Talvez fosse aquele o pior de seus impasses: nada mais queria do que ganhar o mundo, mas duvidava da própria capacidade de o encarar.
Ainda não precisavam confrontar aquela e outras verdades. Por ora, caminhavam ombro a ombro rumo à encruzilhada da vida, de onde diferentes estradas os iriam levar.
ʚ com @kittybt .
ʚ em terraços .
"Kitty Cat." A voz saiu cantarolada, já afetada pelas inúmeras margaritas que tinha tomado a luz das estrelas (ou o que eram para ser as estrelas). Fazia tempo que não via a filha de Hades, mais precisamente quando estava internada com os ferimentos terríveis no corpo após tentar protegê-la durante o ataque das furiosas pelúcias. Quando levantou, percebeu que talvez tivesse tomado até demais, mas não importava-se com aquilo: precisa de algo que lhe fizesse aproveitar o que tinha acontecido sem nenhuma preocupação. "Deveríamos fazer algo juntas enquanto estamos aqui. Aqui no resort, digo." Um sorriso alcoolizado, mas devidadamente alegre, apareceu nos lábios dela. Sentia-se energizada.
"Não lembro disso. Atacar bolinhos não parece comigo." Tamborilou o dedo na boca, como se tentasse lembrar quando tinha feito aquilo, mesmo que a memória fosse clara. De fato, os bolinhos de baunilha de Archie eram muito gostosos, talvez mais do que os de Afrodite, mas não ousaria em falar aquilo em voz alta e ofender ela. "Talvez você tenha que me lembrar novamente preparando eles para mim. Posso ajudar e você pode me ensinar a fazê-los quando eu queira muito." Roubou mais um docinho dele, colocando na boca e experimentando. Anastasia era uma grande fã de doces e esse era um dos motivos de ter obrigado o coitado a ensiná-la a cozinhar. Poderia passar o dia inteiro comendo o que Archie preparava, mas não falaria em voz alta para não acariciar ainda mais o ego alheio. "O que me diz semana que vem? Eu, você e uma fornada inteira de bolinhos?" Os olhos arregalaram-se de forma pidona, esperando que o outro não recusasse o convite. Estava precisando muito de mais doce em sua vida. "Queria que eles ganhassem. Votaria neles com certeza. Tenho certeza que adorariam ganhar, ainda mais quando coloquei o nome de ambos como indicação, porque tenho certeza que não fariam isso por vontade própria." Um sorriso travesso apareceu nos lábios dela, mesmo que ansiasse, lá no fundo, ganhar. Era esse um dos motivos que tinha mesmo colocado o seu nome como concorrente, já que não hesitava em desejar chamar atenção. Anastasia sempre foi o tipo de pessoa que adorava estar nos holofotes. "A gente poderia roubar para ganhar... E nem ouse tirar essa peça de roupa. Fica muito bem em você!" As mãos foram para a cintura, como se estivesse dando uma bronca nele caso ousasse tirar aquela peça de roupa. Os olhos foram para ele, com um sorriso, aprovando a vestimenta que a mãe tinha ofertado ao semideus, mas talvez precisasse de um pouco mais para deixá-la mais confortável. "Deixe-me ver se está bem ajustada." Aproximou-se sem nenhum pudor, já que não era algo do feito de Anastasia, mexendo um pouco na peça para que ela se tornasse mais confortável para ele de usá-la, apertando de um lado e afrouxando em outra parte. As mãos trabalharam rapidamente, não incomodando-se nenhum pouco com a pele quente dele sob os dedos gelados e habilidados, assim como se ele ficasse desconfortável com a proximidade súbita. "Assim fica melhor?" Subiu o olhar para o rosto dele, aguardando a resposta.
ㅤ。ㅤㅤㅤ"Deuses, não." A risada de Archie saiu abafada pela mão que cobria a boca. "Afrodite é Afrodite, mas ela sabe que eu estou certo, e você também. Ainda não esqueci da vez em que você atacou meus bolinhos de baunilha. Eu sei, estavam maravilhosos justamente porque eu os fiz." O filho de Deméter não tinha problema algum em demonstrar um ar mais convencido, especialmente quando conhecia bem as pessoas e sabia que podia agir dessa maneira sem grandes problemas depois. "E você tem razão. A noite está apenas começando, e sua mãe orquestrou isso da forma mais perfeita que podia. Evitar sujeiras em nossos trajes deve ser um item superimportante na lista dela." Ainda que isso pudesse ser verdade, Archie não ousou levar mais nenhum salgadinho ou doce até a boca, pelo menos não naquele momento. Talvez, ele voltasse a fazer a alegria de sua barriga quando a festa estivesse perto do fim. "Podemos sim trocar votos, não vejo nenhum problema nisso. Coloquei meu nome porque nunca custa tentar, certo? E de novo, acho que tem razão. O peixonauta e a Yas possuem grandes chances de ganhar. Estão numa banda? Check! São bonitos juntos? Check! Não há combinação melhor!" Descendo os olhos para si mesmo, Archie arrumava mais uma vez a peça peculiar ao redor da barriga. "Mas, diferente de você, não estou tão positivo quanto a uma vitória e nem esperançoso… Deuses, a moda às vezes consegue ser tão irritante!" A noite estava apenas começando, então o filho de Deméter não ousaria tirar a peça, mas ele mal podia esperar pelo momento de se ver livre dela. "Moda, não é?!" Disse, oferecendo um sorriso sem graça.
ʚ com @alekseii .
ʚ em anfiteatro .
Como o pavilhão tinha sido destruído, Anastasia estava focada em achar um lugar que pudesse ter um pouco de paz para realizar as refeições. Naquele dia, estava comendo um pouco de uma barra de proteína, o corpo ainda brilhando de suor após realizar um treino intenso de luta corpo a corpo. Ainda sim, estava animada com a peça que estava ensaiando com o grupo e, por conta disso, tinha colocado para tocar Touch-A, Touch-A, Touch Me no fone mágico. Os olhos permaneciam fechados, absorvendo a música e as nuances que tinham na voz da personagem. O reflexo, no entanto, fez com que os pelos se eriçassem e, quando olhou para cima, encarou um par de olhos claros. Tirou um dos fones, imediatamente confusa. "Você está falando comigo?"
ʚ com @sonofthelightning .
ʚ em chalé de afrodite .
Os olhos reviraram, olhando para o trabalho feito pelo filho de Zeus, que não estava em nada com o que ela tinha mostrado para ele. Talvez geladeiras realmente não fossem boas com trabalhos manuais. "Você nunca me escuta." A frustração saiu facilmente de Anastasia, que estava tentando ensinar Ian a fazer cartões decorativos para presentes. Mesmo que não fosse a melhor naquilo, tinha orgulho de como sempre pareciam mais caros e chiques do que realmente eram, principalmente devido ao esforço que colocava em cada um. Na frente dos dois, havia várias opções de cores de papel, assim como inúmeras fitas que continham um pouco de glitter. Na opinião da filha de Afrodite, frufrus nunca eram demais. "Vamos lá. Você precisa escrever algo diretamente do seu coração no cartão e, quem sabe, colocar um pouco de brilho para deixar mais bonitinho." As mãos pegaram um cartão em formato de coração, vermelho, e com leves brilhos dourados, os olhos arregalando em direção ao semideus, desejando provar um ponto. Escreveu um simples 'gosto muito de você' em letras cursivas e, então, mostrou para ele o resultado final. "Esse é um conhecimento que você precisará ter eventualmente, ok? Vai que você encontra mais uma namoradinha ou namoradinho que, por alguma benção que garanta muita paciência, vai aguentar sua personalidade terrível."
MODERN FAMILY ( 2009-2020 ) 4x05 | “Open House of Horrors”
# ʚ♡ɞ STARTER para @kittymook em bar do dionísio .
Não precisou nem virar para sentir a aproximação alheia. Sentiu algo puxá-la para subitamente para um emaranhado de sombras e poeira, fazendo com que tossisse subitamente ao sentir a conexão, que era atrativa e, ao mesmo tempo, repulsiva. Um verdadeiro mistério do porquê aquilo acontecia, já que não tinha o mesmo problema com os filhos de Hades, tanto que já havia namorado um. "Kitty Cat. Minha esquisitinha preferida." Virou-se para que um pequeno sorriso aparecesse nos lábios dela. Tentava não prestar atenção nas sombras que pareciam dançar ao redor do poder, instigando para que fosse mais fundo. Já tinha tentado, é claro, mas parecia que tinha se perdido e foi obrigada a voltar para a própria mente. Desde então, parecia que havia algo naquelas sombras que pareciam tentá-la de volta, quase como se quisessem ser desafiadas a atravessar e descobrir os sentimentos alheios. Só de pensar no que poderia encontrar, arrepios percorriam o corpo dela. "Já sabe o que vai querer? O vinho, como sempre, está divino." Tomou um gole da própria taça, com se desejasse provar para ela que estava gostoso. Tinha pegado um pouco de vinho branco, o seu preferido, mas estava disposta a realmente se dedicar a bebedeira naquela noite. Não demoraria para que pedisse um martini depois daquela taça. "Mas talvez não seja tão você. Você tem mais cara de quem gosta de Cosmopolitan. Fofinho e doce."
Os olhos dela iluminaram-se suavemente ao escutar a respeito da banda. Tinha sido uma das partes favoritas da semideusa, mas também era porque era amiga da maioria dos integrantes. Talvez fosse um pouco tiete da sua parte, mas Anastasia tinha observado eles tocarem com muita felicidade. Havia algo magnético sobre como estavam focado naquilo que gostavam. "Eles são, né? Estou muito orgulhosa de todos, especialmente de Joseph." Por ser seu melhor amigo e por ser a primeira vez dele tocando, acreditava que tinha feito um grande trabalho. Anastasia, no entanto, estava mais focada em embebedar-se e dançar naquele momento do que qualquer coisa. Queria ficar alcoolizada o suficiente para que deitasse a cabeça no travesseiro e simplesmente dormisse, sem pensar muito. O tipo de sono que não tinha fazia algum tempo, já que permanecia constante preocupada. "Alguém te arrastou aqui?" O questionamento saiu com um pequeno sorriso divertido, já que era o que tinha acontecido com vários campistas, principalmente aqueles que não eram grande fãs de bailes. Não tinha acontecido nada parecido no chalé de Afrodite, obviamente, já que não perderiam a festa da mãe por nada e também uma chance de ficarem maravilhosos. Uma parte de si ficou um pouco mais aliviada com as palavras alheias, mesmo que tivesse escondido imediatamente. Não deveria fazer aquilo. "Na verdade, não. Ninguém me interessa o suficiente." O que era uma grande verdade. Haviam poucos que captavam o olhar da filha de Afrodite.
⭑🕯️ʿ apoiar-se no balcão enquanto esperava o drink para ver se parecia confortável e casual ali era uma tentativa muito forçada. estava nervoso e os dedos tamborilando na madeira elegante eram a prova disso. não conseguia disfarçar, porém, pelo menos não totalmente. mantinha sua atenção na semideusa mas logo desviava para o bar de volta procurando dionísio. o deus não parecia ter pressa em preparar a bebida, nem sabia se aquela era a sua e dada a forma como o deus olhava discretamente na direção deles, provavelmente estava demorando de propósito. a voz tão indiferente de anastasia lhe fez estremecer levemente, mordendo o interior da bochecha. nunca se acostumaria com ouvir a voz dela soando assim para si. lhe deixava ainda mais nervoso. “ ━━━ estou me divertindo sim, tem... muita coisa interessante pra ver. a banda também... foi boa." foi incrível, seu irmão tinha tocado muito bem e sasha aproveitou a primeira parte do show. o filho de Hades queria naquele momento ter alguém para realmente dizer que sim, na verdade veio com uma pessoa lhe acompanhando, mas esse não era o caso e mentir seria ainda mais vergonhoso do que parecer sozinho. “ ━━━ não, na verdade não. não queria nem ter vindo, não sou muito de festas." comentou, tentando soar indiferente também. “ ━━━ e você? veio acompanhada?" questionou por cortesia e curiosidade. parte de si estava com medo da resposta que ouviria pois não sabia qual opção era seria mais complicada para si.
O esbarrão, que veio do nada, fez com que ficasse subitamente confusa. Mesmo que tenha pressentido alguém se aproximando de maneira esquisita, Anastasia não teve muito tempo para reagir, desviando o suficiente para que não caísse. Demorou cerca de dois segundos para processar quem era e, ao fazê-lo, não soube muito bem o que falar. A situação entre as duas não estava das melhores, mesmo que antigamente costumavam ser inseparáveis. É claro que, ao longo dos anos, houve um estranhamento da filha de Afrodite com alguns amigos que nutria, ainda mais em decorrência do último rompimento. Olhava para eles como se não soubesse quem realmente gostava dela, não sabendo o que era verdade. Será que tinha implantado tudo aquilo inconscientemente? Não sabia ao certo ainda. "Certo." Desviou os olhos, a fala saindo esquisita. "Você se machucou?" Havia um leve tom de preocupação na voz, mesmo que fosse mais imperceptível, sendo mascarado pela uma grossa camada de indiferença.
˛ ⠀ ⠀ ♡ ⠀ ⠀𝒄𝒍𝒐𝒔𝒆𝒅 𝒔𝒕𝒂𝒓𝒕𝒆𝒓 𝒘. @ncstya ;
o quanto valia a pena ser instrutora? claro que gostava dos recém chegados, eram ótimos e tinham uma sede por conhecimento que até podia ser descrita como invejável. o problema era quando as coisas saiam do controle, com adolescentes cansados e assustados com o que estava acontecendo. controlá-los era mais difícil do que encarar uma hidra. como se não estivesse cansada o suficiente, sua turma sugava o restante da sua energia. consequentemente, tornava-se mais distraída, ao ponto de tropeçar em uma raiz de árvore e esbarrar em alguém a sua frente enquanto entrava na área dos chalés. ⠀⠀"⠀⠀pelos deuses, mil desculp...⠀⠀"⠀⠀parou assim que viu a figura em sua frente. anastasia parecia bem, na medida do possível, se é que tinha como. limpou a mão na calça, com a expressão neutra.⠀⠀"⠀⠀foi mal, eu 'tava distraída com outras coisas.⠀⠀"⠀⠀
Os olhos preocupados voltaram-se para ele, pensando o que o outro estava vivenciando em sua mente para que desejasse ficar acordado. Não poderia julgá-lo, no entanto, uma vez que Anastasia permanecia escolhendo não ser atormentada pelos erros do passado. Parecia que estava revivendo constantemente aquele cenário e, com a revelação de Maxime, parecia que estava em um constante estado de enjoo. Fechar os olhos era pedir para ver o rosto do irmão nas pelúcias, quase como ele tivesse desejado que aquilo acontecesse. O irmão que abraçou, consolou e com quem brigou. Com quem tinha entrado em inúmeras competições bestas apenas para expressarem o carinho que tinham um pelo outro. "Eu entendo. Estão sendo tão ruins assim ultimamente?" Talvez, se escutasse o semideus escutar, esquecesse dos próprios problemas. Um suspiro pesado escapou dela. Santiago era uma das únicas pessoas que poderiam compreender a confusão tempestuosa que passava pela sua cabeça. Lembrava-se quando ainda eram jovens e quando era constantemente atormentada pela memória que envolvia o pai. Chegava de fininho até a cama dele, dormindo ao seu lado apenas para que se sentisse um pouco mais reconfortada. Ele entendia o quanto tinha custado da Lee para a memória se tornar mais suportável. Lembrava-se de acordar com os olhos marejados e ser confortada por Santiago. Era simplesmente fácil estar perto do filho de Bóreas, algo que apenas ele conseguia produzir nela. Não era uma surpresa que tinham se aproximado tão facilmente quando vivenciaram a missão no passado.
Ao mesmo tempo que sabia que Maxime tinha feito tudo aquilo, havia uma parte de si que desejava que não fosse apenas isso. Queria conversar com ele para compreender se tinha mais algum motivo por trás das ações. Talvez tivesse sido influenciado por alguma magia que não conheciam. Era impossível alguém que amava tanto ter feito aquilo por vontade própria, sem nenhuma influência. O irmão que conhecia não permitiria que Anastasia fosse tão gravemente ferida. A mão tocou, inconscientemente, a marca que agora adornava o rosto, sendo um resquício de quando foi atacada durante o baile. "Sim." A confissão saiu em voz baixa, aproximando-se ainda mais de Santiago. Era um tanto óbvio que aquilo aconteceria, ainda mais com o desenrolar dos acontecimentos. "O que aconteceu com Hécate... Tinha bastante relação com o meu pai, sabe? Fazia tempo que eu não pensava tanto nisso. E agora com Maxime..." Mordeu o lábio inferior, incapaz de expressar em palavras o que estava sentindo. Havia visto alguns olhares serem direcionados a ela durante o dia, quase como acusatórios. Provavelmente pensavam que Anastasia tinha algo relacionado com isso, que sua cicatriz tinha sido forjada e que era uma das responsáveis pelo que tinha acontecido. "Parece que tem muito acontecendo ao mesmo tempo." O coração dela permanecia acelerado conforme falava. Só de pensar em tudo que estavam passando... Aquilo a enchia de pensamentos negativos, assim como um enjoo que a acompanhava constantemente. Tinha medo que voltasse a ser como era quando tinha chegado ali. Emocionalmente caótica. Sequer percebeu quando uma lágrima escorreu dos olhos, totalmente solitária no rosto delicado. Limpou rapidamente, esperando que o outro não tivesse visto aquilo. "Desculpe, acabei monopolizando a conversa." Uma risada fraca saiu dos lábios dela.
Ao acordar encharcado de suor com o retorno do mais novo pesadelo recorrente, Santiago decidiu que o Chalé 36 estava abafado demais naquela noite em particular. Decidido a ignorar as mensagens cuidadosamente elaboradas pelo seu inconsciente, saiu à procura de ar fresco e distrações – qualquer coisa que o permitisse parar de pensar. Contemplou nadar no lago sob a luz da lua mas, com a fraca iluminação, não sabia exatamente o que iria encontrar sob a superfície da água. Vagando pelo acampamento sem rumo, seus passos acabaram por levá-lo até o observatório, onde talvez pudesse ler seu futuro nas estrelas e se decepcionar. Foi pego de surpresa ao encontrar uma silhueta feminina recortada contra a luz baixa e, ao ouvir sua exclamação exasperada, prontamente reconheceu a figura como Anastasia. Seus ombros relaxaram visivelmente com a companhia, quase como se a raiz de todos os seus problemas fosse estar sozinho. Fez o seu melhor para manter seus olhos na direção geral em que encontraria os dela, ignorando o que quer que a amiga trajava sob o robe. “Eu não esperava encontrar ninguém aqui.” Admitiu, por muito que houvesse alívio em sua voz por ter cruzado o caminho dela. “Eu nunca durmo muito bem.” Explicou, dando de ombros com o peso de quem há muito se havia habituado. Sua insônia crônica não era exatamente novidade, mas era irônico que a estivesse preferindo à alternativa ultimamente. “Dessa vez eu peguei no sono, mas preferia ter ficado acordado.” Acrescentou conforme se escorava contra a parede, a alusão aos sonhos perturbadores sendo o melhor que conseguia fazer. “Eles voltaram?” Perguntou em voz quase quieta, sem sentir a necessidade de dizer a palavra em voz alta. Pesadelos, como os seus. Por mais egoísta que fosse, encontrava certo conforto em saber que não era o único os enfrentando.