FLASHBACK . A expressão permaneceu nada agradável, uma vez que continuava não muito feliz com aquela ambientação. "Odeio tanto barulho. O ponto do resort é relaxarmos, certo?" Estava tão relaxada, os músculos tão leves quanto plumas, então tinham decidido entrar naquele lugar que parecia um show de horrores. Não que tivesse medo, mas os pelos pareciam constantemente arrepiados por um perigo que não era real, o que era excessivamente incômodo. Era alguém que preferia velas perfumadas, banhos cheirosos e um bom livro do que ficar explorando mistérios e desbravando lugares que não deveriam ter nada demais. Estava prestes a respondê-la quando a estátua caiu no chão, fazendo com que os olhos arregalassem, pensando que não parecia ser uma boa ideia. Imediatamente, tomou a dianteira, puxando suavemente Melis para suas costas. Não que a outra precisasse de uma proteção excessiva, afinal Melise já tinha evoluído com as armas, mas era inevitável para a filha de Afrodite não ter o sentimento superprotetor tratando-se da amiga. "Certo, vai que acordamos alguma coisa aqui." Olhou em volta, como se tivesse tentando definir se era seguro ou não pegarem algo. "Vamos pegar só um punhado. O que está aqui parece não ser muito receptivo a semideuses roubando alguns dracmas." Com passos cuidadosos, Anastasia pegou um pouco e colocou no bolso, não tendo certeza se estava fazendo o correto. Esperou ela pegar, mas permanecia atenta ao que acontecia ao redor delas. "No três, nós corremos embora, ok?" O olhar foi dado por cima do ombro, esperando que Melis tivesse compreendido as instruções. "Um... Dois... Três!" Pegou a mão dela e, com um sorriso no lábio, puxou ela de perto daquele monte de ouro. Atravessaram a porta em alguns segundos e finalmente sentia que podia respirar corretamente novamente. Sequer tinha percebido que estava sem fôlego, ansiosa para o que estava prestes a acontecer. "Já que estamos aqui, quer ver mais alguma sala?"
"Pior que eu não posso nem te dizer que não vai ter, amiga. Você viu todos os sustos com aqueles piratas que gritam..." Era muito provável que dentro da Sala do Tesouro tivesse mais alguma coisa parecida para assustá-las. Ainda assim, Melis sentiu uma onda de animação tomar conta dela quando recebeu a resposta positiva da amiga e a observou empurrando a porta. Seguiu o olhar de Nastya em direção ao tesouro e não conseguiu conter a empolgação. "Pelo deuses, isso é incrível!" Exclamou alto, já se adiantando para entrar na sala. "Eu não sei, mas ouvi o pessoal falando que dá para carregar pelo menos uns vinte desses dracmas cada!" Pretendia visitar a atração de uma forma ou de outra, mas não podia negar que os outros comentários dos semideuses sobre o que encontraram naquela sala foi um dos motivos para que Melis estivesse tão ansiosa. "E olha aquilo ali, parece algum tipo de estátua de anima..." Antes que pudesse terminar a frase, sua animação fez com que ela se aproximasse rapidamente da estátua, esbarrando nela de forma desajeitada. A estátua caiu no chão se quebrando. Dela, soaram gritos que fizeram Melis se arrepiar. Com os olhos arregalados, ela voltou para perto de Nastya em um pulo. A amiga era sempre sua protetora. "Vamos só pegar nossos dracmas e fugir! Parece que sou um perigo para a decoração desse navio."
"Bem, era mais fácil ser qualquer um de nós, para ser sincera." As palavras eram honestas, uma vez que Maxime era talvez o melhor dentre deles ali e era o motivo de ter sido eleito o conselheiro. Mesmo que tivesse almejado o cargo, sabia que poderia tomar decisões bem duvidosas, principalmente sendo alguém movida excessivamente pela emoção. Não pensava antes de realizar muitas das ações do dia-a-dia, um dos motivos também de realizar frequentemente oferendas para Atena. Talvez em algum momento a deusa colocasse um pouco de juízo em sua cabeça e ela começasse a ter uma linha moral mais clara. Pensava racionalmente em situações importantes, é claro, mas nas ações do dia-a-dia ainda era movida por uma régua duvidosa. "Eu lembro." A voz continha um tom penoso e incrédulo. Era incapaz de acreditar que o irmão tinha feito algo assim. Era impossível. Sentou-se na cadeira com os olhos no chão, presa nos próprios sentimentos. Estava atordoada demais, sem saber o que pensar. Era uma enxurrada de possibilidades que invadiam e a filha de Afrodite não sabia no que acreditar mais. "Deveríamos falar com ele." Ainda sim, não conseguia pensar em um motivo plausível sequer. O irmão não machucaria ela de maneira proposital, como tinha acontecido no baile de Afrodite. Os ataques das pelúcias ainda eram um borrão, mas lembrava-se da dor que sentiu. Maxime não tentaria matá-la propositalmente, teria? "Deve ter alguma explicação... Ele não faria isso sem motivo. Eu sei que não. Ele é nosso irmão, deve ter sido um erro."
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Entrar no chalé depois do que tinha acontecido, agora sob olhares bastante acusatórios, não era mais tão gostoso como antes. O filho de Afrodite ficou algum tempo parado no meio do caminho, olhando os cômodos até encontrar a porta do quarto de seu irmão, porque continuaria sendo dele. Christopher havia aceito o cargo porque não tinha outra escolha, mas era impossível não olhar para aquele lado e não sentir a sensação estranha de estar tomando um lugar que não era dele.
Quando ouviu a porta de entrada, virou-se rapidamente, conseguindo ver a figura de Anastasia, suspirando enquanto se sentava em uma cadeira não muito longe dali. "Que loucura, não acha? Era mais fácil ser eu..." Riu, incrédulo, antes de apoiar a cabeça na palma da mão, o olho agora focado em um ponto qualquer do chão. "Lembra quando o Maxie me pediu aos berros pra me livrar de uma aranha que tava no quarto dele? É desse cara que estamos falando, Nasty, de alguém que é incapaz de matar um inseto"
ʚ com @mcronnie .
ʚ em praia .
"Você poderia me ajudar passando um pouco de protetor solar no meu corpo, blonde bombshell?" Mesmo que o sol não estivesse brilhando e queimando a sua pele, Anastasia tinha muito conhecimento sobre skincare para saber que os raios solares ainda poderiam causar muito desconforto e recusava-se a demonstrar qualquer sinal de envelhecimento na pele. Já estava com uma mistura de protetor solar e bronzeador em seu corpo, posicionados de forma perfeita para que se bronzeasse em um nível perfeito e onde queria. As bochechas, naquele ponto, já estavam coradas e a filha de Afrodite estava pronta para enfrentar o resto do dia. Quando tirou os óculos de sol para olhar Ronnie, havia uma certa malícia que guardava especificamente para a amiga quando estavam flertando uma com a outra. Mesmo que quisesse um pouco mais dela, sabia que teria que ir com calma, ainda mais com a personalidade tão delicada e adorável alheia. Não queria ser uma babaca qualquer na vida da devota. "Pode passar lentamente." A voz continha um misto de provocação e brincadeira, uma das principais características da relação que tinham.
Os olhos delas analisavam as palavras dela com o pequeno surto que dava. Realmente Natalia considerava-se tão especial para que precisasse ter um motivo para não gostar dela? Na verdade, considerava entediante a personalidade alheia, não entendendo o que alguns viam nela. Era simplesmente a definição de sem graça, não tendo nada que se destacasse além de ser um dos Filhos da Magia, o que definitivamente tornava tudo mais interessante. Permaneceu inexpressiva conforme a fala da outra tornava-se mais hostil, tentando não sentir-se atacada com aquilo. Estava cansada demais da recuperação e o comportamento da outra era ainda mais irritante naquela situação. Colocou a mão na cabeça, pensando que, talvez, se não tivesse passando por tantas situações, Anastasia teria sido um pouco mais racional. "Não tenho uma inimizade com você. Você teria que ser um pouco mais divertida para isso." Soltou um suspiro depois, massageando a própria cabeça. Notou uma leve mudança na personalidade alheia, mas talvez tivesse que provocá-la mais um pouco para descobrir a origem. Por um segundo, questionou se não havia mais algo para Natalia que não soubesse. Havia certa animosidade quanto aos filhos de Circe e Hécate no Acampamento Meio-Sangue e a filha de Afrodite, inicialmente, tinha pensado que não era tão justificado. Flynn possuía os amigos que queriam vingança, aqueles que estavam tristes e, de alguma forma ou outra, culpavam aqueles que tinham desmaiado inesperadamente. Uma leve desconfiança se instaurou na mente de Anastasia, algo que não tinha anteriormente. "Você tem essa sua personalidade de Mary Sue, sonsa para caramba, e ainda espera que eu goste de você? É alguma obrigação? Aqui vai uma dica para você, Nati, você não é tão importante assim." A provocação saiu facilmente dela, com um sorriso ácido que destinava aqueles que não eram merecedores. Para ser sincera, Anastasia queria ver onde era o limite da filha de Hécate, observar qual era o momento que finalmente explodiria. Estava ansiosa para aquilo. Jamais tinha visto a outra se irritar verdadeiramente, o que era o suficiente para que quisesse alguma coisa. Mais que tédio, ela estava curiosa para saber mais a respeito do porquê aquele comportamento tão repentino.
໋ Natalia inspirou lentamente, apertando a mão em volta das flores, os olhos fechando automaticamente enquanto pensava nas razões para se manter calma. O mental já abalado pedia para que ela recuasse. Dar as costas era uma ótima opção, evitar conflitos. Seria bom não dar motivos, pois o alvo que tinha sobre a cabeça já era demasiado grande para atrair mais atenção. Por outro lado, a razão afetada, efeito do cansaço que toda aquela situação contribuía, pedia por uma reação, e a filha de Hécate assumiu aquela opção por puro desgosto. Os olhos se voltaram para a semideusa, esboçando, sem medo algum, a irritação que sentia. Sua primeira ação foi um rolar de olhos, esboçando sua também indiferença. Se havia suplicado antes, fora por empatia, algo que ela não conseguia sentir partindo da filha de Afrodite. Analisando as feições da outra, notou a cicatriz marcada pelo curativo; se não fosse o choque abrupto na conversa, ela tentaria se compadecer com a situação, mas as chances para aquilo esvaíram-se rápido, junto com a paciência. Movendo-se sutilmente para a direção contrária, Natalia jogou as flores em direção ao fogo recém-aceso, mencionando suas preces apenas em mente. "Seu desgosto por mim é uma incógnita." Virou-se para fitá-la mais uma vez, cruzando os braços, assumindo uma postura imperativa. Suas feições cansadas eram de conflito, mas ela se manteria daquela forma por tempo suficiente. Não se deixaria ir por baixo tão facilmente. "Você é assim? Desgosta das pessoas por escolha própria? Em um dia qualquer, você levanta e fala que vai começar uma inimizade por pura diversão? Sua vida é tão tediosa a esse ponto?" Aquela não era a Natalia que comumente reverteria a situação com bom humor e algumas risadas. Ali, prostrada para Anastasia, estava uma que ela mal reconhecia, mas que não repreendia. Talvez, ir ao caminho mais rígido e de poucos amigos não era tão ruim assim. Precisava se proteger de alguma maneira, não dar brechas para expor o quão frágil estava. "Sinceramente," Uma mão foi ao rosto, esfregando os dedos nos dois olhos. Não, não choraria. Derramar lágrimas seria a última das possibilidades. "Vindo de sua atitude sem fundo algum, acho que eu poderia esperar qualquer coisa, não acha? Como você mesma disse, não gosta de mim. Algo de bom vindo de você seria suspeito." Deixou escapar uma risada unida ao descontentamento e sarcasmo. Ainda assim, ela iria ao "x" da questão. "Quais suas razões para não gostar de mim? Eu nunca te fiz nada. Tentei ser amigável, mas," Agora ela massageava as têmporas com força. Havia feito para criar tal desagrado? Era impossível ser odiada por apenas ser quem era. Pelo menos, era o que acreditava. "Mas, você me repeliu no primeiro instante. Sim, há pessoas que não gostam de mim e por motivos que eu mesma dei… Porém, você… O que eu fiz para você?"
A voz dele parecia vir de todo o lado, o que definitivamente não facilitava para Anastasia, que tentava achar o irmão. As provocações dele não faziam efeito nela, uma vez que já estava sentindo o coração mais acelerado pelo jogo que estavam. Adorava competições, tanto que não tinha hesitado em visitar a atração antes de todas as outras. Aquela era a terceira vez que estava ali dentro e, mesmo assim,s surpreendia-se com o que encontrava. Ao escutar, no entanto, a simulação, um sorriso travesso apareceu nos lábios dela, seguindo o som automaticamente. Quando chegou perto, no entanto, não encontrou nada, o que frustrou ela. "Irmãozinho... Que azar, hein?" Foi o suficiente para que caminhasse mais um pouco, tentando escutar pelo menos uma respiração diferente. Ao escutar alguns passos atrás dela, no entanto, mordeu o lábio inferior, sabendo que tinha se ferrado. "Merda, merda, merda." Sussurrou mais para si mesma do que para o outro, esperando que pudesse ter um pouco de pena dela. "Trégua?"
⭒ ๋࣭ 𖹭 ๋࣭ ⭑ para a irritação de max, a acústica ali era muito boa. podia estar tentando fazê-la falar para que a voz ressoasse e ele identificasse assim como fazia quando brincava com as crianças de gato mia, mas não estava dando sorte ali. a voz parecia vir de todos os lugares! hefesto certamente tinha pensado em tudo quando construiu aquilo. pelo menos sabia que também não cairia no mesmo erro que tentava fazer com que ela cometesse. “ ━━━ deveria começar a experimentar coisas novas como fazer algo sem estar no mood." retrucou, olhos claros esquadrinha o local em busca de algum movimento. nada. “ ━━━ não estou me escondendo, se você não está me vendo isso quer dizer que eu sei me camuflar bem." blefou. ainda nem tinha se mexido nos últimos minutos, escondido muito bem atrás de uma ruína. para seu desespero, porém, do nada, um ciclope desajeitado e brilhoso aparecia, uma simulação. uma simulação barulhenta que começava a dedurar onde ele estava. “ ━━━ maldito! puta que pariu!" reclamou em indignação, a arma de laser apontada para a criatura enquanto atirava contra ele para fazer com que explodisse em um pó holográfico amarelo e então era forçado a correr dali.
Estava nervosa, porque os ferimentos não estavam caminhando para o que desejava. Esperava que fossem como os antigos: curavam em questão de, no máximo, algumas horas. Como não tinha ido para um grande número de missões, principalmente pelo medo que nutria do mundo exterior, jamais teve qualquer machucado um pouco mais profundo ou extenso. Preferia daquela forma, deixando o corpo impecável como sempre ansiou. A pele macia, os cabelos perfeitamente alinhados e a aparência intocável eram algumas das características preferidas de Anastasia sobre si. Mesmo que fossem superficiais, eram elas que faziam com que fosse facilmente identificada em meio aos campistas, garantindo alguns olhares por onde passava. Sem aquilo, não sabia o que era. Ao escutar a voz de Kitty, um turbilhão de emoções atravessou elas, como um furacão devastando o peito. Raiva, tristeza, pena... Havia tanto que sentia, ainda mais que, mesmo que inconscientemente, uma parte culpava a filha de Hades pelo estado que se encontrava. Mesmo com as poções, ela permanecia com dor, sentindo a pele repuxar nas pernas e no braço. Era humilhante pensar o quanto tinha sofrido para derrotar meras pelúcias. Os olhos levantaram-se para ela e, mesmo com todos os sentimentos que pareciam digladiar para tomar posse, havia uma certa inexpressividade e distância. Estava presa nos próprios sentimentos, no possível luto que sentiria. A esperança, aos poucos, sumia, mesmo que estivesse levemente presente nela. "Não." A palavra saiu solta, seguida de um silêncio por parte de Anastasia. Não sabia se queria falar com a semideusa, não tendo forças para resistir às sombras que salpicavam a mente da filha de Afrodite. Ela desviou o olhar para o copo de água que havia ao lado da cama, tomando um longo gole. Sequer tinha percebido que estava com sede. "Você está bem?" Não sabia ao certo se queria saber o que tinha acontecido depois que pediu para a outra ir embora.
𝐒𝐓𝐀𝐓𝐄𝐑 𝐏𝐀𝐑𝐀 @ncstya
Enfermaria.
Havia muito o que fazer e muitas pessoas a visitar, no entanto, estava evitando um pouco a enfermaria. Além de detestar o ambiente dedicado aos doentes e feridos, sentia-se um pouquinho culpada pelo que tinha acontecido com ela. E estranha. Anastasia sempre tinha sido uma figura enigmática e pouco amistosa, motivo pelo qual a relação entre ambas nunca fora grande coisa. Culpava a bebida pela quantidade de palavras trocadas e não sabia como seria depois. Poderia Nastya culpá-la por ter se machucado? Porque Kitty sabia o que tinha acontecido, estava apenas se recuperando para que pudesse visitá-la. Os olhos inchados não negavam o quanto tinha chorado e embora os hematomas fossem poucos, demonstravam sua luta. Kitty se aproximou da enfermaria e respirou fundo, entrando no ambiente e focando em Anastasia, tentando ignorar o gemido dos feridos e o cheiro de poções médicas. Ela não parecia estar em lugar algum, mas em um canto, um pouco mais afastado, identificou os inegáveis fios loiros da filha de Afrodite. O coração pareceu se apertar e diminuir no peito ao ver quão ferida estava e de repente se viu sem saber o que fazer ou dizer. "Anastasia, eu..." sinto muito? Perguntar se ela estava bem seria ridículo também. "Tem alguma coisa que eu possa fazer por você? Te ajudar de alguma forma?" Imaginava que seria de algum auxílio. Estava disposta a ajudar, fosse buscar algo no chalé de Afrodite ou oferecer alguma poção.
"Não sei em quanto tempo poderei voltar. Achei que já estaria bem nesse ponto, mas..." Apontou para o corpo, como se estivesse querendo reforçar o que estava dizendo. Pelo menos não estava mais furada. A memória continuava confusa, mal lembrando o que tinha acontecido consigo. Haviam apenas fragmentos desconexos: uma pelúcia com a lâmina em sua direção, gritos, um cheiro forte. Não sabia como se conectavam, o que a deixava nervosa, de certa forma. Não queria ficar bancando a coitada, no entanto, já que não era do seu feitio. As dores estavam controladas, assim como as cicatrizes estavam sendo tratadas devidamente, mesmo que não fossem muitas. Os curativos ainda adornavam grande parte do corpo, o que a deixava esperançosa de uma recuperação boa. "Mas vejo que você está bem, isso que importa." A mão dela segurou o dele, apertando com suavidade. Estava terrível, sabia disso, principalmente com a pele salpicada por roxos e machucados, mas ficava aliviada em saber que nem todos tiveram o mesmo destino de tolos que nem Anastasia. "Quero dizer, acho que está bem." Antes de todo o caos, lembrava-se de ter passado uma pequena parte da noite com Kerim, algo que apreciou demais. Havia algo sobre ele que deixava ela um pouco mais calma, um sentimento diferente do que estava acostumada. Os olhos procuraram qualquer ferimento nele, buscando na pele exposta dele. "Você está, certo?" Voltou os olhos azuis aos dele, preocupados com a situação alheia. "Desculpe não ter vindo mais cedo, de qualquer forma. Fiquei presa esse tempo todo na enfermaria. Consegui escapar porque estava enlouquecendo." Colocou uma mecha atrás da orelha de maneira preocupada e nervosa. Não sabia quanto tempo teria que ficar retornando lá, uma vez que os filhos de Apolo pareciam preocupados até mesmo com a cabeça dela e a quantidade de sangue que havia perdido naquela noite. Aparentemente, lutar alcoolizado não era uma decisão muito esperta.
Kerim parecia cego. Depois dos acontecimentos da noite anterior, a única coisa que passava na sua mente, era que precisavam se preparar. Para o que? Nem ele mesmo sabia, mas treinar sempre foi sua resposta para tudo, então não era difícil imaginar onde ele estaria naquela hora do dia. O irmão seguia deprimido no quarto, os amigos machucados, os campistas em desespero. E ele, tentava passar uma imagem firme, de quem tinha tudo sob controle, enquanto se despedaça por dentro sempre que vê um deles machucado. Não foi diferente no momento em que seu olhar encontrou Anastasia mais a frente. Anunciou o fim do treino sem cerimonias, marchando em direção a mais nova. Nem mesmo seu sorriso conseguiu diminuir a preocupação que enchia o peito de Boz naquele instante. "Não tem ideia do quanto.", comentou com pouco humor, mas bastante sinceridade. A destra se ergueu, buscando tocar o rosto alheio, mas no momento que percebeu que isso poderia ser atrevido de sua parte, ele parou no ar, repousando-a sobre o ombro da mais nova. "Você sabe que não. Sou muito mole, e eles sentem falta da instrutora mais exigente que tiveram.".
Escutou pacientemente a outra dizer como se sentia em relação ao que tinha acontecido. Mesmo que não fosse do seu feitio, compadeceu-se pela dor alheia, ignorando as dores que havia no próprio corpo. Sabia que Yasemin não merecia aquilo, principalmente após ser nomeada realeza. Tinha sido tão abruptamente que nem mesmo Anastasia tivera a oportunidade de absorver tudo que tinha acontecido com ela naquela noite. "Deve ser a perda de sangue, mas logo você estará como nova." A voz dela soou positiva, mesmo que não se sentisse daquela forma. Parecia estar na beira de um precipício, à deriva de um forte vento. Por mais que tentasse segurar na borda, estava cada vez mais prestes a ter uma queda violenta. Não costumava ser uma pessoa pessimista, mas, com os acontecimentos recentes, estava tornando-se aos poucos. Por um tempo, tinha acreditado realmente que poderia ter um final feliz. "Eu fui meio tola e quis bancar a Mulher Maravilha." Uma risada fraca saiu dela, tentando não pensar muito nisso. Sentia que, quanto mais pensava, mais defeitos achava na forma como se comportou. Até mesmo a forma como empunhou a espada estava errada. "Lutei com algumas pelúcias e, bem, quase perdi, por isso estou aqui." A voz foi baixa, carregada de pesar. Quando acordou, ficou aliviada por não ter morrido, ao contrário do que presumira antes de fechar os olhos. Ainda sim, permanecia tão cansada, tão exausta. Tinha certeza que dormiria mais algumas horas.
Yasemin avaliou com calma todos os ferimentos de Anastasia. A cicatriz semelhante a sua no rosto da garota, com a diferença que a sua pegava do olho até a boca. Considerava um charme na garota, mas duvidava que a outra iria pensar o mesmo. A pergunta a fez rir sem humor. Não seria tão ruim assim. Não naquele momento. Se pudesse, trocaria de lugar com Flynn porque a turca se sentia tremendamente cansada e exausta. Não tinha nem forças para falar muito bem, não pela dor em sua cabeça, mas por toda dor emocional que veio a tona com toda aquela situação no baile. ❝ ― Não... ❞ — Sussurrou, levando a mão para o curativo na cabeça. ❝ ― Me sinto um pouco tonta e enjoada, mas a ambrosia ajudou bastante... Creio que se eu for para a praia, a cura será mais rápida. ❞ — Mas ela não iria naquela madrugada, talvez porque sentia que merecia passar por aquilo por alguma razão em seu âmago. ❝ ― Como você se sente? A última vez que te vi, estávamos dividindo batatas fritas. ❞ — Brincou mesmo que sem humor algum, apontando para os ferimentos da garota.
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