"Não sei em quanto tempo poderei voltar. Achei que já estaria bem nesse ponto, mas..." Apontou para o corpo, como se estivesse querendo reforçar o que estava dizendo. Pelo menos não estava mais furada. A memória continuava confusa, mal lembrando o que tinha acontecido consigo. Haviam apenas fragmentos desconexos: uma pelúcia com a lâmina em sua direção, gritos, um cheiro forte. Não sabia como se conectavam, o que a deixava nervosa, de certa forma. Não queria ficar bancando a coitada, no entanto, já que não era do seu feitio. As dores estavam controladas, assim como as cicatrizes estavam sendo tratadas devidamente, mesmo que não fossem muitas. Os curativos ainda adornavam grande parte do corpo, o que a deixava esperançosa de uma recuperação boa. "Mas vejo que você está bem, isso que importa." A mão dela segurou o dele, apertando com suavidade. Estava terrível, sabia disso, principalmente com a pele salpicada por roxos e machucados, mas ficava aliviada em saber que nem todos tiveram o mesmo destino de tolos que nem Anastasia. "Quero dizer, acho que está bem." Antes de todo o caos, lembrava-se de ter passado uma pequena parte da noite com Kerim, algo que apreciou demais. Havia algo sobre ele que deixava ela um pouco mais calma, um sentimento diferente do que estava acostumada. Os olhos procuraram qualquer ferimento nele, buscando na pele exposta dele. "Você está, certo?" Voltou os olhos azuis aos dele, preocupados com a situação alheia. "Desculpe não ter vindo mais cedo, de qualquer forma. Fiquei presa esse tempo todo na enfermaria. Consegui escapar porque estava enlouquecendo." Colocou uma mecha atrás da orelha de maneira preocupada e nervosa. Não sabia quanto tempo teria que ficar retornando lá, uma vez que os filhos de Apolo pareciam preocupados até mesmo com a cabeça dela e a quantidade de sangue que havia perdido naquela noite. Aparentemente, lutar alcoolizado não era uma decisão muito esperta.
Kerim parecia cego. Depois dos acontecimentos da noite anterior, a única coisa que passava na sua mente, era que precisavam se preparar. Para o que? Nem ele mesmo sabia, mas treinar sempre foi sua resposta para tudo, então não era difícil imaginar onde ele estaria naquela hora do dia. O irmão seguia deprimido no quarto, os amigos machucados, os campistas em desespero. E ele, tentava passar uma imagem firme, de quem tinha tudo sob controle, enquanto se despedaça por dentro sempre que vê um deles machucado. Não foi diferente no momento em que seu olhar encontrou Anastasia mais a frente. Anunciou o fim do treino sem cerimonias, marchando em direção a mais nova. Nem mesmo seu sorriso conseguiu diminuir a preocupação que enchia o peito de Boz naquele instante. "Não tem ideia do quanto.", comentou com pouco humor, mas bastante sinceridade. A destra se ergueu, buscando tocar o rosto alheio, mas no momento que percebeu que isso poderia ser atrevido de sua parte, ele parou no ar, repousando-a sobre o ombro da mais nova. "Você sabe que não. Sou muito mole, e eles sentem falta da instrutora mais exigente que tiveram.".
Os dedos tamborilaram a lateral da taça que ostentava na destra, as unhas promovendo um som fino. Ficou pensativa por um segundo, mas sabia que as ofensas ao Sr. D. poderiam ser levadas ao extremo. "Exatamente, eu não consigo saber sobre a sua mente. Mesmo que você seja transparente, de acordo com você, eu não tenho como ter certeza. Não acha isso torturante?" Era isso que constantemente parecia perseguir a filha de Afrodite, a ideia de que não conseguia ler alguém. É claro que sentia-se excessivamente em Crepúsculo, maltratando a pobre da garota porque não conseguia ler sua mente (ou seus sentimentos, nesse caso, mas tinha bastante similaridade), mas continuava incomodando-se com aquilo. Bem, pelo menos não tratava ela como se estivesse fedendo. Se fosse confessar, a outra sempre tinha um aroma envolvendo dela que era único e bom, mas seria estranho comentar aquilo, mesmo que o álcool começasse a fazer efeito. "Beba. Em algum momento, vai parar de sentir que é forte e vai começar a achar gostoso." Piscou para a mulher, uma vez que já estava acostumada com o gosto de álcool. Era o tipo de pessoa que, todas as sextas-feiras, delicia-se com um vinho no final da tarde para comemorar a finalização de uma semana. Ultimamente, a rotina andava um pouco bagunçada com os últimos acontecimentos, mas definitivamente ainda apreciava esses momentos sozinha. "Esse é um mojito. Rum, suco de limão, água com gás, gelo, açúcar e folhas de hortelã. Achei que gostaria de algo diferente." A sobrancelha arqueou-se suavemente, como se insinuasse que, no fundo, a escolha tinha sido de Kitty. Aproximou-se da outra o suficiente para que pudesse estender a mão e bater as taças. "Cheers, minha querida Kitty Cat." O canto dos lábios se curvou para cima em um sorriso.
"Não entendo nada sobre vinhos. Seria vergonhoso ganhar um castigo ou maldição por conta disso." Ainda que não achasse justo. Como iria saber sobre vinhos suaves e secos? Parecia um tipo de conhecimento muito específico. E os conhecimentos específicos de Kitty se resumiam a assuntos que não eram agradáveis para a maioria, considerados mórbidos demais. De qualquer maneira, decidiu que não queria o vinho suave mais. Talvez o provasse em outra oportunidade. O comentário de Anastasia tirou a atenção de Kitty sobre vinhos, que balançou a cabeça de leve. "Você não tem como saber sobre a minha mente, mas acho que não é tão difícil de adivinhar." As pessoas sempre falavam sobre como a filha de Hades era fácil de ler, com os sentimentos sempre claros em suas expressões e na forma de agir. Não conseguia não ser autêntica e honesta em suas maneiras, portanto era fácil que todos ao redor soubessem como estava se sentindo. Kitty olhou com atenção quando ela pediu mojito, com mais atenção ainda quando fora colocado a sua frente. Verde, quase reluzente, parecendo delicioso. Kitty pegou o copo com certa desconfiança, imediatamente sentindo o cheiro de álcool na bebida. A filha de Hades deu um gole mínimo, o gosto forte de rum e limão explodindo em sua boca e queimando a garganta, deixando um rastro de fogo por onde descia. Kitty deixou o copo de lado e torceu o nariz, fechando os olhos enquanto as sobrancelhas escuras se uniam. "Pelos deuses, Anastasia, isso é bem... forte." Um eufemismo, porque ainda sentia os lábios arderem. "Qual o nome? Acho que nunca experimentei desse. Caipirinha?" Era a sua sugestão, visto o limão. Caipirinha era uma das poucas que conhecia pelo nome, visto um amigo brasileiro que tinha no acampamento.
FLASHBACK . Assentiu com a cabeça de forma compreensiva, sabendo o que a outra estava dizendo. Muitas vezes, sequer sabíamos o que precisávamos ao certo, vivendo em uma eterna dúvida. Mesmo ela, como filha de Afrodite, muitas vezes ficava questionando se era merecedora de algo como amor recíproco. Era insegura demais em relação aos poderes e sensível às opiniões alheias para que se entregasse com tanta verdade. Talvez demorasse algum tempo para que, se encontrasse, o fizesse sem pensar. Era dotada da habilidade de pensar excessivamente, mesmo que fosse movida pelas emoções. "Se ele fizer qualquer coisa que seja digno de montanha-russa, me fale que eu dou um jeito." Piscou para a semideusa em um gesto brincalhão. Sabia que Joseph não faria qualquer coisa contra ela, uma vez que sempre demonstrou ser completamente apaixonado. Na opinião de Anastasia, tinha demorado até demais para que firmassem aquele namoro, já que, na visão de quase todos do Acampamento, fazia um tempo que eram namorados. "Vou indo, Yas, mas te vejo depois, ok?" Prometeu para ela. Tinha muito que desejava aproveitar ali ainda, já que sabia que aconteceria algo. Sempre acontecia.
FINALIZADO.
❪ ⠀ ⠀ flashback !!! ⠀ ⠀ ❫. Sua resposta deve ter soado confusa para a amiga, mas não a corrigiu, mesmo que isso tivesse arrancado um riso discreto de Yas que estava falando em tom de brincadeira a respeito do resort. Certamente não havia sido a primeira vista com Joseph, mas isso não tornava tudo menor do que sentia. Gostava mesmo do rapaz. No entanto, a resposta seguinte a fez sorrir de um modo mais compassivo para com Anastasia porque ser ignorada por seus poderes poderia ser algo cruel quando nem você mesma é capaz de lidar com eles. A filha de Deimos passou por isso alguns anos até finalmente deixar pra lá. ❝ ― Pode ser. Sinceramente? Penso que a gente só sabe o que quer quando vemos o que temos, não sei. Ou que poderíamos ter. ❞ — Não sabia bem como aconselhar a filha de Afrodite porque certamente falar sobre amor não era com ela, e principalmente para uma cria do próprio amor. ❝ ― A gente só sabe quando está vivendo ou algo assim, não sei. Pelo menos sinto que sim. ❞ — Deu de ombros e suspirou, se deixando cair na cadeira e sua nuca se apoiar no encosto fofinho, relaxando ali enquanto encarava o teto. ❝ ― Minha vida já é uma montanha-russa, então no amor eu iria precisar de paz e acho que achei. Eu espero. ❞ — Comentou num riso mais divertido. ❝ ― É o que estamos precisando no momento, claro. Um pouco de paz em algum âmbito da vida. ❞
Is there anything you want to tell the people at home watching you tonight? Any words of encouragement for young girls trying to make it big in Hollywood? MAXXXINE 2024 | dir. Ti West
ʚ com @mcronnie .
ʚ em praia .
"Você poderia me ajudar passando um pouco de protetor solar no meu corpo, blonde bombshell?" Mesmo que o sol não estivesse brilhando e queimando a sua pele, Anastasia tinha muito conhecimento sobre skincare para saber que os raios solares ainda poderiam causar muito desconforto e recusava-se a demonstrar qualquer sinal de envelhecimento na pele. Já estava com uma mistura de protetor solar e bronzeador em seu corpo, posicionados de forma perfeita para que se bronzeasse em um nível perfeito e onde queria. As bochechas, naquele ponto, já estavam coradas e a filha de Afrodite estava pronta para enfrentar o resto do dia. Quando tirou os óculos de sol para olhar Ronnie, havia uma certa malícia que guardava especificamente para a amiga quando estavam flertando uma com a outra. Mesmo que quisesse um pouco mais dela, sabia que teria que ir com calma, ainda mais com a personalidade tão delicada e adorável alheia. Não queria ser uma babaca qualquer na vida da devota. "Pode passar lentamente." A voz continha um misto de provocação e brincadeira, uma das principais características da relação que tinham.
A voz dele parecia vir de todo o lado, o que definitivamente não facilitava para Anastasia, que tentava achar o irmão. As provocações dele não faziam efeito nela, uma vez que já estava sentindo o coração mais acelerado pelo jogo que estavam. Adorava competições, tanto que não tinha hesitado em visitar a atração antes de todas as outras. Aquela era a terceira vez que estava ali dentro e, mesmo assim,s surpreendia-se com o que encontrava. Ao escutar, no entanto, a simulação, um sorriso travesso apareceu nos lábios dela, seguindo o som automaticamente. Quando chegou perto, no entanto, não encontrou nada, o que frustrou ela. "Irmãozinho... Que azar, hein?" Foi o suficiente para que caminhasse mais um pouco, tentando escutar pelo menos uma respiração diferente. Ao escutar alguns passos atrás dela, no entanto, mordeu o lábio inferior, sabendo que tinha se ferrado. "Merda, merda, merda." Sussurrou mais para si mesma do que para o outro, esperando que pudesse ter um pouco de pena dela. "Trégua?"
⭒ ๋࣭ 𖹭 ๋࣭ ⭑ para a irritação de max, a acústica ali era muito boa. podia estar tentando fazê-la falar para que a voz ressoasse e ele identificasse assim como fazia quando brincava com as crianças de gato mia, mas não estava dando sorte ali. a voz parecia vir de todos os lugares! hefesto certamente tinha pensado em tudo quando construiu aquilo. pelo menos sabia que também não cairia no mesmo erro que tentava fazer com que ela cometesse. “ ━━━ deveria começar a experimentar coisas novas como fazer algo sem estar no mood." retrucou, olhos claros esquadrinha o local em busca de algum movimento. nada. “ ━━━ não estou me escondendo, se você não está me vendo isso quer dizer que eu sei me camuflar bem." blefou. ainda nem tinha se mexido nos últimos minutos, escondido muito bem atrás de uma ruína. para seu desespero, porém, do nada, um ciclope desajeitado e brilhoso aparecia, uma simulação. uma simulação barulhenta que começava a dedurar onde ele estava. “ ━━━ maldito! puta que pariu!" reclamou em indignação, a arma de laser apontada para a criatura enquanto atirava contra ele para fazer com que explodisse em um pó holográfico amarelo e então era forçado a correr dali.
"Amor? Caramba, já está nesse nível?" Os olhos dela arregalaram-se de surpresa, já que não esperava que fosse ser trazida essa questão. Nem lembrava de vê-los juntos alguma vez e agora já estavam se amando. "Um segredo meu?" Ficou em silêncio por um segundo, pensativa. Como costumava ser alguém bem transparente tratando-se do que era e quem era, dificilmente guardava muitos segredos a respeito dela mesma, o que também traduzia na intensidade que Anastasia tratava tudo. Se gostava de alguém, não costumava disfarçar ou sequer pestanejar, já que faria de tudo para que a pessoa ficasse consigo; se não gostava de alguém, deixava bem claro nas palavras e atitudes. "O perfume que eu uso é o Mon Paris do Yves Saint Laurent." A revelação poderia não ser o que a outra esperava, mas o perfume que utilizava era sagrado para a mulher, que raramente revelava o que utilizava. Gostava de ter um cheiro mais único, mesmo que Yves Saint Laurent não fosse exatamente uma marca pouco conhecida. Acompanhou a mulher, mas então segurou o braço dela quando avistou a montanha-russa. "Venha, vamos na montanha-russa. Estou precisando de um pouco de emoção. "
Love abaixou a cabeça e deixou o arco bem longe de si, vendo o alvo sumir e tomar conta com outras figuras de outros campistas, sua atenção agora focada em Anastasia. Nem tinha como negar quando o jogo mostrou toda a situação. ❝ ― Ok, não tem explicações! Amor é amor, então é... Eu tô, mas... Não sei! ❞ — Deu de ombros ainda sentindo um certo rubor e as bochechas quentes por alguém ter descoberto aquilo tão facilmente. Love não tinha problema em falar sobre pessoas que gostava, mas se tratando de Josh e o problema dele no acampamento era um assunto muito mais complexo. ❝ ― Nada mais justo que você também me contar um segredo e assim ficamos no mesmo barco. ❞ — Provocou num riso sem graça, cruzando os braços enquanto procurava sair logo daquela barraquinha, mas agora acompanhada da filha de Afrodite. Ou esperava que sim já que sinalizou para que ela lhe acompanhasse.
"Você sabe o que quero dizer." Mesmo que ainda nutrissem uma relação amigável, nada se assemelhava ao que tiveram quando eram namorados. Não sabia exatamente o porquê continuavam conversando, principalmente depois do término que tinha sido em decorrência de um achismo de Anastasia que, desde o começo, estava controlando os sentimentos de Raynar por ela. Talvez por nunca se permitir ser verdadeiramente feliz, mas tinha colocado na cabeça, novamente, que os relacionamentos eram uma consequência de como se sentia e não uma forma deliberada que os outros escolhiam se sentir a respeito dela. "Não precisa pedir desculpas, ambos estávamos alcoolizados. Eu não estava no meu melhor estado." Naquela noite, tinha focado em se divertir como se o amanhã não existisse, assim como as responsabilidades. Tinha passado tanto tempo sendo instrutora de espada que, no mínimo sinal de liberdade, tinha se entregado. Uma escolha feita de forma tola, já que sabia que algo poderia acontecer. Não tinha hesitado em proteger os campistas, mas a visão e as decisões foram feitas de forma nada inteligente, o que também impactou em ser intoxicada pelo poder alheio, piorando ainda mais a situação que tinha sido colocado diante deles. Com a movimentação alheia, percebeu, finalmente, a situação que o outro se encontrava. O olhar passeou sem inibição pela pele exposta alheia, lembrando como costumava conhecer cada centímetro. Uma memória de desejo passou em sua cabeça, mas talvez sempre estivesse ali presente, mesmo que adormecida. Era melhor ignorar, de qualquer forma, já que poderia se tornar mais uma dor de cabeça do que algo que poderia lidar. Com os pensamentos efervecendo, pensava que talvez não estivesse sequer em decisões de falar a respeito de qualquer coisa que não envolvesse o que poderia fazer a respeito de ser destruída pelas consequências da sua tolice. O toque fez com que se sentisse um pouco acalentada, pensando que, mesmo com as complicações, Raynar era alguém que a conhecia quase por completo. Sabia o fardo que era para Anastasia carregar ferimentos e, acima de tudo, cicatrizes. O corpo, tão tenso, relaxou levemente e, enfim, pode soltar o ar que sequer sabia que estava prendendo.
A mão dela encontrou a dele, entrelaçando suavemente os dedos e colocando entre eles. Mesmo que não se importasse com o toque, Anastasia não estava pronta para alguém ver o ferimento tão de perto, assim como tocá-lo com tanta intimidade. Independente do que o semideus falasse, continuava achando que estava monstruosa. Como poderia uma filha de Afrodite carregar uma cicatriz? "Você sabe que sempre gostei das suas." A voz saiu mais baixa, já que estava presa dentro dos próprios pensamentos. Será que a mãe falaria algo sobre aquilo? Talvez fosse algum tipo de maldição implícita ao ser incapaz de proteger Flynn, mesmo que sequer soubesse o que estivesse acontecendo. Também tinha destruído o vestido, que acabou com várias perfurações e manchas de sangue. Olhar para a roupa, depois de tudo que tinha acontecido, era mais uma memória trágica do que uma lembrança de algo que gostaria de manter. Os olhos, que antes estavam focados em ponto nenhum, viraram para o filho de Zeus, questionando-se a respeito da verdade nas palavras alheias. Dentre as possibilidades, poderia ser a que estava sendo apenas educado, uma vez que a filha de Afrodite tinha apenas invadido o quarto. De qualquer forma, precisava falar a respeito daquilo e alguém que tinha a conhecia profundamente seria capaz de entender as perturbações que a dilaceravam. Não hesitou novamente ao deitar ao lado dele, segurando a mão alheia. Era mais fácil ficar encarando os dedos e brincando com eles do que encarar o ex-namorado. "E se eu nunca mais for atraente de novo? Talvez nem eu mesma vá me reconhecer mais. Estou evitando me olhar no espelho, porque sinto que, assim que eu o fizer, a verdade vai ser jogada na minha cara." Mordeu o lábio inferior, batalhando contra as lágrimas que poderiam aparecer. "Quando comecei a ser instrutora, sabia que isso poderia acontecer, mas sempre me curei rápido. Agora... Tem algo diferente."
A hesitação aprofundou as expressões severas de seu rosto, que de fechadas ficavam um pouco mais acentuadas. O arrependimento do pedido não vindo quando tinha a maior das certezas de que estava certo. Era o maldito bom senso, ou outra coisa sem nome, que o permitia transitar em sociedade sem ser tão absurdamente alheio de tudo e todos. Raynar torceu os lábios e trincou o maxilar, os músculos proeminentes com o esforço imposto. Aquilo sim era sua culpa. Pesando a mão demais em provocações, navegando sem cuidado na linha cinzenta entre brincadeira e crueldade. “ 🗲 ━━ ◤ Complicadas. ◢ Repetiu devagar. Cada sílaba soando estranha e terminando com aquele tom suave de pergunta. O fim sim tinha sido complicado, mas Hornsby usava do pragmatismo para continuarem seguindo em frente. Pegar a rota menos complicada, de pensar demais sobre coisas que não deveriam ser colocadas sob a lente de um microscópio. “ 🗲 ━━ ◤ Podemos não ser mais namorados, Anastasia, mas eu me importo com você. E... Me desculpe... Pelo baile. Pelo o... O que eu falei. ◢ Em específico aquele momento que a perturbara tanto que anunciou a mágoa. Raynar puxou mais um pouco das cobertas ao redor da cintura, já prevendo que perderia alguns centímetros com o compartilhar da cama com Anastasia. Seus olhos a acompanharam sem piscar, preferindo estreitar ao máximo sem perder um segundo daquela decisão - que parecia ser muito difícil. E ele não estragaria sendo engraçadinho. A proximidade o fez atento, preocupado. Prescrutando cada ponto exposto da semideusa, cada imperfeição provocada pelo ataque. Imperfeição aos olhos dela, claro, porque ele carregava às próprias como marca de vida. De uma vida emprestada para quem não deveria durar muito. “ 🗲 ━━ ◤ Isso significa que sobreviveu, então, sim, eu gosto do que vejo. ◢ A mão pousou no lado da cabeça, os dedos entrando nos cabelos para afastá-los da bochecha machucada. Expondo, colocando em vista. “ 🗲 ━━ ◤ Se alguém considera isso uma falha, Anastasia... Essa pessoa carrega ainda mais, e piores. ◢ Raynar nutria uma aversão a relacionamentos, principalmente os duradouros. Rejeitava os mais efusivos, tolerava os mais calados. Era um raio de sol ambulante e muito simpático, para não dizer o contrário, e... Mesmo assim... Aprendia. No fundo, aprendia uma coisa ou outra sobre empatia. “ 🗲 ━━ ◤ Você não gosta do que vê. E vai querer me calar quando contar sobre as minhas, em todo o meu corpo, menos na cara porque sou alto demais. ◢ Tentou colocar um humor ali, uma gracinha, mas a seriedade ainda pesava em suas palavras. Na expressão que suavizava com preocupação, pura e simples. “ 🗲 ━━ ◤ Me conte, firecracker. Me conte o que vem guardando aí dentro. Por favor. ◢
O dry martini, tão típico de Anastasia, já estava em sua mão. Depois de beber um pouco de vinho, descobriu que precisava de alguma coisa mais forte se desejava esquecer aquela noite como desejava. Estava tomando um gole quando foi surpreendida pela figura do ex-namorado, que ainda era estranho ver por aí. Sempre o evitava pelo acampamento, mas, em um baile como aquele, sabia que eventualmente aconteceria. Não haviam tantas atrações quanto o Waterland, em que poderia simplesmente fingir que estava tão ocupada com a fila do carrossel ou do laser tag. As mãos dela seguraram a taça com um pouco mais de firmeza, quase como se tivesse medo que a mão fosse vacilar e derrubar o drink abruptamente. "Minha mãe sempre capricha em tudo." A voz saiu fria, indiferente, por mais que soubesse que não era o tom que desejava. Era estranho alguém tão especialista em emoções não saber lidar com as próprias, mesmo depois de anos tentando compreendê-las através das sessões que realizava periodicamente. Os olhos voltaram para a própria bebida, desviando a atenção dele. O coração batia um pouco mais acelerado, mas Anastasia culpava o álcool e a batida da música que tocava ao fundo. "Está se divertindo? Veio com alguém?" Tentou perguntar casualmente, como se tivesse puxando conversa com alguém que não se importava. Os olhos azuis da filha de Afrodite pareciam incrivelmente interessados na azeitona que ela mexia com a mão livre, mesmo que tenham escapado por um segundo para olhar para o semideus.
☠︎︎ starter with @ncstya
¸ BAILE: bar de dionísio.
⭑🕯️ʿ se aproximava do bar de dionísio para pegar uma bebida e só notou que uma das pessoas ali no balcão se tratava de anastasia quando já era tarde demais. até pensou em dar um passo para o lado e começar a ir para a mesa de delícias mas não iria desistir de pegar um drink por causa da ex-namorada, ainda mais tendo ficado logo de cara com ela, a garota entenderia que ele estava fugindo. não. podia lidar com isso, certo? talvez. a verdade é que geralmente a evitava porque as coisas ainda eram estranhas, ainda não sabia ao certo como tratá-la devido ao término abrupto e por ter sido o único relacionamento que mergulhou de cabeça sem ter receio de nada. anastasia conhecia todas as partes de si, todas as suas faces e inseguranças. então ainda era esquisito que uma pessoa que lhe conhecia tanto, tivesse se transformado em alguém tão distante ao longo dos anos. ignorando o susto que tomou e já pedindo um dos drinks coloridos de nome esquisito mas que não tinha tanto álcool já que não possuía uma resistência muito boa, sasha se apoiou no balcão, lançando um olhar para a semideusa. o sorriso foi meio tenso nas bordas, a atenção toda sobre ela. “ ━━━ sua mãe caprichou bem na festa. as cores são meio brega mas… está tudo muito bonito não é?”
"Vocês, filhos de Zeus, são todos iguais mesmo." As palavras saíram como um resmungo, já que, quanto mais passava tempo com Ian, mais percebia as semelhanças de personalidade com Raynar. Compartilhavam o jeito mal-humorado, como se o mundo tivesse um grande problema com eles, o que fazia com que ficasse mais facilmente irritados. "Eu não estou te desmotivando! Só confio na sua capacidade de fazer ainda melhor. Pense dessa forma." Enquanto isso, Anastasia fazia o próprio cartão, para ninguém em específico. Gostava de utilizar as canetas com glitter, que a filha de Afrodite continha em um nível quase assustador. Sempre apreciou presentar os amigos ou namorados com gestos voltados a presentes e palavras de afirmação, o que era bem previsível para alguém como ela. "E eu não te obriguei, seu mentiroso. Você está de algemas aqui? Estou te amarrando de alguma forma?" Era verdade que a semideusa sabia ser bem convincente quando queria, o que incluía pesquisar os olhos brilhantes em direção ao outro e pedir por favor com a voz mais doce já vista. Em momentos como aquele, agradecia as características que a mãe lhe ofereceu, já que não era sequer necessário utilizar o poder de mudar as emoções alheias. "Duvido muito disso. Tenho certeza que a pessoa entenderia que você fez algo para ela, ao invés de comprar um pronto. Você subestima um gesto feito de coração, Ian, mas, acima de tudo, subestima minha capacidade em ser uma professora muito boa." Uma risada escapou dela, cheia de convencimento. Era instrutora de espada, no final das contas, então sabia lidar com alunos birrentos que acreditavam que o mundo estava conspirando contra eles. Deu de ombros com a ofensa alheia, não fazendo questão de contradizer o que falava a respeito dela, já que sabia que a personalidade de Anastasia poderia ser difícil quando queria. Para a semideusa, esse era um dos seus charmes. "Eu não preciso ter uma personalidade incrível para conseguir o que eu quero. Cinco segundos dando em cima de qualquer um, independente da sexualidade, e a pessoa já está na minha mão." A honestidade dela transbordava das palavras. Mesmo que soubesse que fosse uma visão superficial, era a verdade: a grande maioria de todos eram superficiais e não cabia ela negar o óbvio. "As pessoas fazem qualquer coisa pela atenção de uma pessoa bonita." Cruzou os braços contra o peito, olhando para ele em expectativa, esperando que percebesse que era necessário fazer mais um cartão. "Então, quer tentar de novo ou vai ficar fazendo birra?"
Ian ergueu as mãos para o ar, largando o cartão recém terminado no chão, sem saber o que tinha feito de errado dessa vez. "O que foi agora?" O questionamento era genuíno, visto que ao seu ver, o cartão feito por ele seguia todos os passos que ela havia dito, salvo alguns toque pessoais acrescentados pelo filho de Zeus. "É claro que eu nunca te escuto, eu não costumo fazer essas coisas, estranho seria eu ter ouvido." Ele esticou os braços de modo a apontar para o cartão. "Isso é o melhor que uma pessoa que nunca fez nada de artesanato na vida consegue, e você tá sendo uma professora péssima desmotivando o aluno que você OBRIGOU" a palavra foi pronunciada com uma ênfase maior do que o restante da fala "a estar aqui." Terminou sua defesa cruzando os braços em frente ao corpo enquanto observava as modificações feitas por ela, tentado esconder o olhar entediado que a própria parecia impulsiona-lo a dar. "A minha letra é péssima, se eu escrevesse alguma coisa assim em um cartão como esse, quem recebesse ia ter a impressão de estar sendo ofendido." Disse com extrema sinceridade. Sua caligrafia era realmente péssima mas seus desenhos não, e essa era uma informação que ele seguiria guardando a sete chaves; com todo aquele papel e cartolina coloridas, glitter e canetas de cores diferentes, ela era poderosa demais. Ergueu as sobrancelhas enquanto a ouvia, mas logo seu rosto assumiu uma expressão confusa. "Porra de namoradinho, Anastácia. Já te falei que a letra que representa minha sexualidade não está naquela sigla." Estreitou os olhos na direção dela e os revirou em seguida. Aproveitou que uma cartolina enrolada estava por perto e a pegou, batendo com o papela na cabeça da mulher. "Quem que tem personalidade chata aqui? Minha personalidade é incrível, você que é chata."