Era fisicamente desconfortável estar perto da outra, quase como se tivesse uma força que a puxasse para longe. Claro que tudo era apenas uma pressão psicológica pedindo para que fosse embora logo, mas estava decidida a não ficar intensificando o ódio que tinha pela outra. Estava tão cansada de ficar brigando por motivos que tinha na cabeça, mesmo que a sensação que Natalia escondia algo permanecesse vívida em sua mente. Os olhos analisaram a outra com certa indiferença, tentando compreender qual jogo a semideusa jogava. Não era uma pessoa que ficava correndo atrás dos outros, principalmente quando alguém não gostava dela. Ficar buscando aprovação de pessoas que não se importava não tinha um objetivo, na opinião dela. Apenas perderia ainda mais tempo da vida. "Certo. Melhoras para o seu estômago. Se não melhorar, deveria ir buscar alguma coisa na enfermaria." Não que se preocupasse, mas parecia uma boa coisa a ser falada. Dores não costumavam ser muito agradáveis e, mesmo que não gostasse de Natalia pessoalmente, não ficaria desejando mal para ela o tempo todo... Bem, só de vez em quando auxiliava a criar mais caráter, certo? Meio sem jeito, deixou a cesta em cima da mesa indicada. Estava cansada de levá-la de um lado para o outro. "Oh, é. Tem isso, mas acredito que logo isso acabará." Pelo menos, esperava que sim. Ronnie merecia um pouco de paz, assim como os demais campistas. Não aguentava mais sofrimento atrás de sofrimento, sem ter um tempo para aproveitar a vida como ansiava fazer. "Estou bem. Precisa de mais que uma deusa irritada para me tirar a paz." O que era uma mentira, mas não revelaria os verdadeiros sentimentos para a filha de Hécate. Mesmo que soubesse pelas expressões e falas sem emoção alheias que a presença não era bem-vinda, Anastasia gostava de incomodar aqueles que não possuía afeição alguma, ainda mais quando qualquer movimento parecia cansá-la devido a falta de sono. Sentou-se ao lado dela, tentando obter alguma informação da capa do livro que a outra parecia excessivamente focada. "O que está lendo?"
໋ O cansaço falava mais alto, então, a mente em torpor não a faria entrar em discussão. Ela também não desejava aquilo. O último encontro entre as duas havia rendido a Natalia emoções que não gostava de revisitar e, agora, em recuperação, ela não tinha nenhuma vontade de voltar a sentir aquilo. Era uma surpresa tê-la ali, depois de acreditar que o chalé de Hécate seria o último lugar que a filha de Afrodite quisesse estar. Porém, ao ouvi-la chamar pela irmã, Natalia virou para encará-la. Talvez, a expressão de poucos amigos tivesse causado alguma impressão, e ela tratou rapidamente de desmanchar a carranca, assumindo a calma no lugar. "Não, não quero, obrigada." Sorriu minimamente, balançando a cabeça em negação para intensificar ainda mais aquela afirmação. "Acredito em você, mas não, muito obrigada. Meu estômago ainda está fraco, então, acabo passando algumas coisas. Você pode deixar os bolinhos ali, em cima daquela mesa." Apontou para o móvel de madeira logo à frente das duas. "Eu não sei se a Veronica está no momento. Após a poção, estão todos mais dispostos a voltar à rotina normal. Não querem ficar mais presos por aqui, apesar de ainda sermos alvos de todo o acampamento." Natalia se manteve sentada da mesma forma que estava minutos antes de ela aparecer: preguiçosamente esticada sobre o sofá escuro, enrolada em um cobertor macio, com um livro qualquer em mãos. "Você está bem?" Não era interesse, mas educação. "Vejo que está, pelo menos pelo que eu vejo. Legal." Sorriu, tornando a atenção para o livro, mesmo que não tivesse intenção de ler de onde havia parado.
FLASHBACK . "Com certeza, Yas. É a coisa certa. Não fique pensando nisso." Joseph era como um irmão para Anastasia, então era de se esperar que, inicialmente, tenha demonstrado certa resistência naquela enrolação dos dois. Como tudo na vida, no entanto, aos poucos o relacionamento dos dois foi ganhando um grande espaço em seu coração e começou a perceber como havia muito carinho entre os dois nos pequenos gestos. Como uma boa intrometida, uma vez ou outra olhava os sentimentos de ambos e pareciam genuínos o suficiente para que não duvidasse sequer um momento que desse certo. Anastasia, mesmo sendo uma romântica incorrigível por conta da mãe que tinha, acreditava que um bom amor era construído a partir de confiança e vontade de ambas as partes. Na sua percepção, aquele parecia o caso deles. "Não pense nisso!" Quase saiu em forma de repreensão, mesmo que não fosse sua intenção. "Pense que é bom viver todos os dias com alguém que te ama e te deseja o melhor. Tempo é apenas uma percepção. Pessoas diferentes têm percepções diferentes. Ao mesmo tempo que dois meses pode parecer um tempo gigantesco para mim, para outros dois meses é nada." Deu de ombros, já que, para ela, amores não eram para serem vividos como se tivessem data para finalizar. Não era assim que funcionava, mesmo quando eram semideuses. Deuses, quase sentia saudades de se apaixonar de forma avassaladora. "É isso que importa. No mundo que estamos, sendo feliz você já tem mais do que a maioria." Uma risada escapou dela, já que era uma verdade.
Já imaginava que fosse ouvir alguma coisa a respeito de Joseph e sua felicidade afinal conseguia ver isso nas expressões dele sem precisar de um poder para sentir emoções. Não que ela estivesse diferente, mas sempre foi muito contida, fria e regrada a respeito de emoções. Ela precisava ser assim para manter seu poder sob controle e também porque possuía mais desafetos do que afetos durante sua longa jornada de vida. ❝ ― Só... Aconteceu. Ainda não sei se fiz a coisa certa, mas a vida é muito curta para se pensar demais, não é? ❞ — Perguntou para a garota buscando por alguma segurança de que estava tudo bem. Estavam enfrentando momentos difíceis no acampamento e parecia que se tornaria ainda pior, então era comum que pensasse que a qualquer momento acabasse morta. Com Flynn foi assim. ❝ ― Então só vou tentar aproveitar enquanto ainda temos tempo afinal semideuses não vivem tanto assim. ❞ — Não queria pesar o clima, mas a frase saiu de maneira inevitável. ❝ ― Desculpa. Péssimo momento, mas... Enfim. Tô feliz e bastante, e isso me basta por agora. ❞
"Sempre tem uma primeira vez, não acha?" A estratégia da Anastasia sempre era mais ofensiva, fosse nas palavras ou durante um combate verdadeiro. Não era uma pessoa que permanecia no seu canto, até mesmo quando escolheu a arma favorita. Tinha uma teoria que combatentes que utilizavam espada eram geralmente arrogantes demais para esperarem, confiando que as habilidades seriam necessárias. Mesmo que não fosse boa como uma filha de Ares, acreditava que Sharp Beauty lhe dava o perfeito equilíbrio naquelas situações. "Isso, mas eu não me entregaria. Sabe, não estou muito no mood." Um sorrisinho debochado apareceu nos lábios da filha de Afrodite, ainda caminhando tentando não produzir um barulho de passos. Abaixou-se o suficiente para que conseguisse pensar se estava escutando alguma coisa, mas não estava dando muita sorte. "Está com medo, irmão? Não sabia que gostava de ficar se escondendo ao invés de vir me atacar." A provocação saiu dos lábios da mulher naturalmente, mesmo que, no momento, também estivesse escondida. A voz era alta o suficiente para que ecoasse pelo ambiente, o que esperava que impedisse a identificação do local exato em que estava.
⭒ ๋࣭ 𖹭 ๋࣭ ⭑ as ruínas antigas eram incríveis para se esconder, o cenário proposto pelo jogo fazia com que se tornasse mais incessante pois as rochas eram grandes o suficiente para lhe ocultar ali no campo. a arma estava a postos, maxime tinha as costas contra uma plataforma rochosa firme que o mantinha seguro da mira da irmã. se havia uma coisa que aprendera ali era que o espírito competitivo dos filhos de afrodite era imenso. já sabia que tinha esse problema, mas isso aumentou quando se viu diante da perspectiva de ter que disputar contra anastasia. “ ━━━ desista você, mon cher. desistir não é uma palavra que eu conheço." declarou logo, os ouvidos bem atentos tentando identificar de onde vinha a voz dela. “ ━━━ pelas minhas contas cada um de nós tem mais uma chance, não é? uma vida cada. por que você não acaba logo com isso e se entrega?"
"Vocês, filhos de Zeus, são todos iguais mesmo." As palavras saíram como um resmungo, já que, quanto mais passava tempo com Ian, mais percebia as semelhanças de personalidade com Raynar. Compartilhavam o jeito mal-humorado, como se o mundo tivesse um grande problema com eles, o que fazia com que ficasse mais facilmente irritados. "Eu não estou te desmotivando! Só confio na sua capacidade de fazer ainda melhor. Pense dessa forma." Enquanto isso, Anastasia fazia o próprio cartão, para ninguém em específico. Gostava de utilizar as canetas com glitter, que a filha de Afrodite continha em um nível quase assustador. Sempre apreciou presentar os amigos ou namorados com gestos voltados a presentes e palavras de afirmação, o que era bem previsível para alguém como ela. "E eu não te obriguei, seu mentiroso. Você está de algemas aqui? Estou te amarrando de alguma forma?" Era verdade que a semideusa sabia ser bem convincente quando queria, o que incluía pesquisar os olhos brilhantes em direção ao outro e pedir por favor com a voz mais doce já vista. Em momentos como aquele, agradecia as características que a mãe lhe ofereceu, já que não era sequer necessário utilizar o poder de mudar as emoções alheias. "Duvido muito disso. Tenho certeza que a pessoa entenderia que você fez algo para ela, ao invés de comprar um pronto. Você subestima um gesto feito de coração, Ian, mas, acima de tudo, subestima minha capacidade em ser uma professora muito boa." Uma risada escapou dela, cheia de convencimento. Era instrutora de espada, no final das contas, então sabia lidar com alunos birrentos que acreditavam que o mundo estava conspirando contra eles. Deu de ombros com a ofensa alheia, não fazendo questão de contradizer o que falava a respeito dela, já que sabia que a personalidade de Anastasia poderia ser difícil quando queria. Para a semideusa, esse era um dos seus charmes. "Eu não preciso ter uma personalidade incrível para conseguir o que eu quero. Cinco segundos dando em cima de qualquer um, independente da sexualidade, e a pessoa já está na minha mão." A honestidade dela transbordava das palavras. Mesmo que soubesse que fosse uma visão superficial, era a verdade: a grande maioria de todos eram superficiais e não cabia ela negar o óbvio. "As pessoas fazem qualquer coisa pela atenção de uma pessoa bonita." Cruzou os braços contra o peito, olhando para ele em expectativa, esperando que percebesse que era necessário fazer mais um cartão. "Então, quer tentar de novo ou vai ficar fazendo birra?"
Ian ergueu as mãos para o ar, largando o cartão recém terminado no chão, sem saber o que tinha feito de errado dessa vez. "O que foi agora?" O questionamento era genuíno, visto que ao seu ver, o cartão feito por ele seguia todos os passos que ela havia dito, salvo alguns toque pessoais acrescentados pelo filho de Zeus. "É claro que eu nunca te escuto, eu não costumo fazer essas coisas, estranho seria eu ter ouvido." Ele esticou os braços de modo a apontar para o cartão. "Isso é o melhor que uma pessoa que nunca fez nada de artesanato na vida consegue, e você tá sendo uma professora péssima desmotivando o aluno que você OBRIGOU" a palavra foi pronunciada com uma ênfase maior do que o restante da fala "a estar aqui." Terminou sua defesa cruzando os braços em frente ao corpo enquanto observava as modificações feitas por ela, tentado esconder o olhar entediado que a própria parecia impulsiona-lo a dar. "A minha letra é péssima, se eu escrevesse alguma coisa assim em um cartão como esse, quem recebesse ia ter a impressão de estar sendo ofendido." Disse com extrema sinceridade. Sua caligrafia era realmente péssima mas seus desenhos não, e essa era uma informação que ele seguiria guardando a sete chaves; com todo aquele papel e cartolina coloridas, glitter e canetas de cores diferentes, ela era poderosa demais. Ergueu as sobrancelhas enquanto a ouvia, mas logo seu rosto assumiu uma expressão confusa. "Porra de namoradinho, Anastácia. Já te falei que a letra que representa minha sexualidade não está naquela sigla." Estreitou os olhos na direção dela e os revirou em seguida. Aproveitou que uma cartolina enrolada estava por perto e a pegou, batendo com o papela na cabeça da mulher. "Quem que tem personalidade chata aqui? Minha personalidade é incrível, você que é chata."
O barulho distante das risadas e da música ecoava pela praia, se misturando ao quebrar suave das ondas. As tochas que decoravam o luau lançavam sombras trêmulas na areia, mas a fumaça das fogueiras carregava um cheiro de cinzas e algo agridoce que me lembrava dos rituais antigos. Todos tentavam fingir normalidade — dançando, conversando, trocando sorrisos fáceis — como se a fenda tivesse fechado todos os problemas também. Anastasia sabia que, mesmo com todos esses disfarces de normalidade ao nosso redor, ela enxergava a situação pelo que era: uma bagunça colossal. Alguns dos campistas realmente pareciam felizes, e por um momento, quase entendeu o porquê. Quando viu os caídos retornarem, tinha ficado feliz, aliviada, mas a sensação não durou muito tempo. Havia uma tensão no ar, algo que deixava a celebração com um gosto amargo. Era como se tivessem segurando uma bomba, fingindo que tudo estava normal, mesmo que soubessem que, em algum momento, explodiria. A verdade é que eram semideuses, no final, nada era fácil. As palavras da outra fizeram com que um pequeno sorriso aparecesse nos lábios dela, virando o rosto para encarar a dona dos fios ruivos. "Você sabe..." Começou, voltando o olhar para o horizonte. "Acho que ninguém aqui sabe muito bem o que fazer. Fingir que tá tudo bem é uma saída fácil. E quem sou eu pra julgar? Eu mesma sou ótima em fingir." Deu de ombros, tomando um gole do drink que estava em sua mão. "Sinto falta de quando tudo era só… simples. Nunca foi completamente sem perigos, é claro, mas antigamente tinha uma sensação de mais certeza." Os olhos voltaram-se para os corpos dos campistas, que pareciam imersos na comemoração propiciada pelos deuses. "Às vezes, o melhor jeito de lidar com o caos é não lidar." Um suspiro escapou dos lábios dela, enquanto tentava não se entregar aquele sentimento pessimista que flutuava por ela.
❪ this is a closed starter for @ncstya. ❫ * durante o luau, na beira da praia.
Yasemin não estava confortável e isso era nítido em sua feição. Sempre foi alguém muito expressiva e até tentava disfarçar sua paranoia e desconforto com um sorriso ou outro, mas para alguém que nunca foi boa com interações sociais e muito menos disfarçar algo, estava sendo uma tarefa árdua. Não conseguia se sentir bem vendo todos felizes quando tudo ao redor ainda parecia de cabeça pra baixo. Como conseguiam agir com tanta normalidade? Aquilo não estava certo. Claro, estava sim contente pelo retorno de seus amigos do submundo, mas não era porque a fenda estava fechada e eles voltado que tudo estava bem novamente. Ainda estavam presos e o mundo parecia um caos. Querendo sair um pouco do meio daquela comoção, ela caminhou para um canto mais afastado da praia onde avistou por Anastasia e acabou se sentando ao lado da garota ali mesmo na areia. ❝ ― Tentando apreciar a paisagem ou apenas pensando? ❞ — Indagou num suspiro longo, se jogando na areia de uma vez e olhando para o céu ainda nublado. Sentia falta das estrelas. ❝ ― Acho que nenhuma das duas opções sejam boas. Não temos paisagem e pensar é... Complicado. ❞
JESSICA ALEXANDER behind the scenes for Tiffany & Co.
"Meus pêsames. Tenho certeza que deve ser difícil perder algum amigo." Mesmo que não conhecesse ele, se compadecia pela perda de Kitty. É claro que, constantemente, tinham suas diferenças, principalmente pelo incômodo que sentia na própria mente quando estava perto dela. Era estranho que, ao mesmo tempo que sentia-se tão desgostosa e com raiva dela, havia aquela parte também que desejava abraçá-la e consolá-la pela perda que tivera. A filha de Hades tinha aquele tipo de energia que fazia você desejar proteger e manter, talvez a mesma que tenha feito pular na frente das pelúcias para salvá-la do destino. Não tinha arrependimentos, porém permanecia curiosa sobre o porquê as sombras que protegiam a outra pareciam flertar com a conexão que Anastasia mantinha com as outras mentes. Na menção da queda, os olhos buscaram no rosto dela os hematomas, que já estavam bem melhores. Por um momento, a invejou por aquilo; desejava mais que tudo estar naquele nível. Apenas alguns machucados que melhorariam em questão de horas ou, no máximo, dois dias. Desejou, por um momento, apertar a região para verificar se doíam e, confusa na própria mente, quase levantou a mão para seguir as ordens automáticas que a cabeça proferia. Segurou o impulso, no entanto. "Deve ter doído bastante." Não sabia ao certo o que dizer. De repente, parecia desajeitada com as palavras, culpando as poções e magias para aliviar a dor. "Você não precisa ficar aqui se não quiser. Não é como se o que aconteceu comigo importasse para você."
O não de Anastasia deixou Kitty meio desconcertada. O que deveria fazer então? Parecia não haver muitos motivos para ficar ali do lado dela, visto que sequer se davam bem. No entanto, havia algo que a compelia a permanecer, os pés firmes no chão enquanto sentia o silencio amistoso da outra pinicar sua pele. Baixou os olhos para os próprios dedos, cheios de pequenos ferimentos proporcionados pelos ursos. Deveria ir embora. Não gostava da enfermaria. Kitty abriu a boca para se despedir quando a pergunta veio, fazendo com que fechasse e abrisse novamente os lábios. "Estou." A mentira saiu alta e clara, como muitas vezes tinha repetido durante o dia. Contudo era uma péssima mentirosa, portanto suspirou, se rendendo a verdade. "Mais ou menos. O inicio do e o final do dia parecem pertencer a dois dias diferentes, tantas coisas aconteceram, boas e ruins. Acima de tudo, perdi um amigo." Parecia esquisito ressentir-se da morte quando era uma filha de Hades, mas havia um egoísmo pequeno e presente em seu peito. Flynn era seu instrutor de necromancia, algo que deveria ser natural, mas que Kitty não dominava. E agora ele havia partido sem ensinar seus segredos. Kitty não poderia mais vê-lo por causa disso, porque sem seu instrutor, não sabia invocar espíritos. Flynn, o filho de Thanatos, estava para sempre fora do alcance de Kitty. Ela, que sempre gostou de pensar em mortes gloriosas, odiou o fato de perder um amigo. "Uma estrela caiu em minha cabeça, acredita? Em algum momento eu caí também." Tocou o próprio rosto, onde sabia que os hematomas estavam clareando. "Também fiquei aqui na enfermaria, mas foram apenas algumas horas." O tom deixava explícito quão pouco apreciava o local.
ʚ♡ɞ 𝐍𝐀𝐒𝐓𝐘𝐍𝐀𝐒𝐓𝐘𝐀 : anastasia's instagram feed .
A conta de Anastasia é privada, principalmente depois de ser seguida por alguns campistas meio duvidosos. Raramente posta foto mostrando o rosto, preferindo fotos do dia-a-dia que demonstrem em pequenos gestos um pouco da sua vida. Também raramente marca outras pessoas na foto, já que considera que fazem parte da vida privada e ninguém precisa ficar se intrometendo.
Confira as últimas postagens .
ʚ♡ɞ story .
bem preparada para um simples mergulho // @zeusraynar .
ʚ♡ɞ feed .
aproveitando cada segundo // @aguillar .
me sentindo adorável // @misshcrror .
protegendo ela de todos esses fantasmas esquisitos // @melisezgin .
sempre aproveitando uma chance de tomar um drink // @kittybt .
comemorando que finalmente aconteceu // @d4rkwater .
espero que a marquinha venha // @mcronnie .
and haters gonna hate // @maximeloi .
finalmente saiu a praiazinha
chegamos, galera!
[ 📩 sms to zev ] : e você está certa! quem essa garota pensa que é para falar do nosso irmão assim?
[ 📩 sms to zev ] : mais uma mal amada para encher o saco? não, obrigada
[ 📩 sms to zev ] : e eu sei que se você conversar com o max ele vai entender, zev!!!
[ 📩 sms to zev ] : é o max, mesmo que ele tenha passado por bastante coisa
📩 ZEV para TASSIA: tem razão, eu já chorei, agora eu tô bem
📩 ZEV para TASSIA: ela disse que eu só queria procurar culpados quando tava nítido que era o Max e que ele só não tinha me envolvido na coisa toda porque eu não sou nada pra ele, basicamente
📩 ZEV para TASSIA: isso me deu nos nervos e eu posso ter dado a entender que odiava o Elói 🥲 em minha defesa, foi quando jogaram lixo no nosso chalé e picharam tudo, meu sangue tava quente demais
Encontrou os olhos escuros alheios, pensativa a questão do que poderia ser perguntado. Tantas opções e nenhuma parecia ser suficiente. Um suspiro exasperado escapou dela, que sentia-se frustrada pelos pensamentos estarem tão enevoados em decorrência do álcool. Perdeu-se, por um segundo, nas orbes escuras e naquelas sombras que a chamavam para aceitá-las constantemente. Piscou como se tentasse recobrar a consciência, afastando-se um pouco mais da outra. Ela era perigosa, muito perigosa. "Nah, mal nos conhecemos. Nem teria por onde começar. Quando eu souber dos seus segredos, vou querer conhecer os mais profundos e não qual é o nome do esmalte que você usa." Revirou os olhos, como se fosse algo absurdo de ser perguntado. Se fosse outra pessoa, Anastasia provavelmente se satisfaria com o básico, sabendo apenas apenas aspectos superficiais da vida de Kitty. No entanto, sempre ficava intrigada com a barreira que parecia afastá-la toda vez, então queria saber mais, muito mais. Talvez esse fosse um dos motivos que estava permitindo que aquela conversa durasse tanto sem as suas frases ríspidas e desinteressadas pela irmã do ex-namorado. "Vamos começar por algo básico, então, o que me diz?" Apertou os lábios, refletindo sobre qual das perguntas mais básicas deveria começar. "Já sei: o que mais te interessa em uma pessoa? Não só romanticamente ou sexualmente, mas o que faz com que queira conversar com alguém novamente." Como uma filha de Afrodite, era viciada em saber mais sobre interesses e amores, platônicos ou não. Já tinha visto a filha de Hades conversando com vários campistas, que apreciavam a companhia alheia, mas não sabia se ela verdadeiramente apreciava estar com aquelas pessoas. Tsc, odiava não saber de algo.
"Você é esse tipo de bêbada, então. Essa noite, no entanto, é propícia de tomar decisões imprudentes, você não acha? Você deveria se entregar à sensação." Realmente ansiava em ver um novo lado de Kitty que não tinha encontrado ainda, por isso continuava a incentivando a tomar mais um gole da bebida. Anastasia sabia que, no final do seu drink, encontraria ainda mais felicidade do que estava sentindo. "Por favor, não se comporte, Kitty. Se não, serei a única fazendo escolhas ruins." Um sorriso apareceu nos lábios dela, convidativos, e o olhar deslizou para o copo dela que tinha sido recusado pela morena. "Oh, eu, ao contrário de você, fico mais leve. As coisas param de importar tanto assim. Sinto como se fosse capaz de fazer qualquer coisa que eu anseie." Não era uma pessoa comedida, mas, com certeza, desejava constantemente a aprovação dos outros, o que impedia que não fizesse absolutamente tudo o que ansiava. Pela sua imagem como instrutora, geralmente impedia-se de cometer alguns absurdos que passavam pela sua cabeça. Se Kitty também se entregasse à bebida, talvez pudesse cometer alguns deles juntas, o que seria muito divertido. "Uma sensação que pode ser tanto boa quanto ruim. Depende do que eu vá querer." Uma pequena risada saiu de Anastasia, que bebericou mais um gole da bebida.
Nunca tinha se dedicado a pensar demais nas diferenças de emoções, embora Kitty sempre tenha pensado muito em si mesma e em suas maneiras de sentir. Se conhecia bem o suficiente quanto a isso, afinal, no entanto, as palavras de Anastasia acenderam uma nova curiosidade, algo no que pensar e mantê-la acordada antes de dormir. "Não sei se entendo, mas obrigada por me falar isso. Algo novo no que pensar." Contou, dando uma rápida espiada no corpo deixado de lado. Agora que os lábios haviam se acostumado com o gosto, sentia-se tentada a provar novamente. No entanto não fez nenhum gesto para pegá-lo, mantendo sua atenção concentrada na loira à sua frente. "Você pode me perguntar, é sério." Deixou de lado a parte dos segredos, porque é claro que tinha, mas ousaria Nastya tocar em temas tão sombrios quando a noite estava tão bonita? Quando elas próprias estavam etéreas? No entanto, ao ser questionada sobre o seu estado bêbada, Kitty riu e colocou uma das mãos no rosto, como se envergonhada. "Fiquei bêbada poucas vezes, quando ainda era uma adolescente que vez ou outra queria sair do acampamento. Acho que foram duas ou três vezes?" Por fim tirou a mão do rosto, encarando os olhos claros de Nastya. "De qualquer forma, esse vestido é muito bonito para que eu queira arrancá-lo em cima de uma mesa qualquer. Afrodite me mataria por estragar o baile, não é? Eu me transformo, Anastasia. Não sou tão tímida, mas me torno mais desinibida. Pretendo me comportar essa noite." Por isso, apesar do convite saboroso que a bebida oferecia, ainda a deixou de lado. "E você? Não é afetada pelo álcool?"