hunter não se importava com o que ela achava dele. na maior parte do tempo, curtia ser odiado, pois era como um brinde: daquela forma, todos ficavam longe, evitando contatos indesejáveis. e mesmo assim eliza insistia em vir o irritar. ❛ eu também conseguiria fazer isso. olha só: as 10, irritar quem está quieto. as 11, ir ver se alguém está tendo paz para tira-la. e se eu estiver atoa, sempre tem mais pessoas para encher o saco. ❜ mimetiza as funções, indicando na tabela como se estivesse checando uma por uma. em outro momento, poderia até fingir que entendia o que ela fazia, mas não estava disposto a ser empático naquele instante. muitas coisas ocorriam para que seu humor se encontrasse péssimo. ❛ grupo de vigília? acordada a noite? não era como se conseguíssemos dormir com frio e fome antes da cabana. ❜ a sinceridade e amargura de sua voz é reflexo de seu âmago. a olha sem tanta emoção, pensando em como poderia expulsa-la daquele local. se a jogasse no lago, poderia ficar quieta? ❛ então porque não continuam tentando sobreviver sem mim? já que estão indo tão bem. ❜ a dúvida fica ao ar. não precisam dele ali e hunter preferia assim. quem sabe em algum momento poderia decretar sua independência e sair do meio de todos? ❛ buscar água? ❜ a risada é alta, quase humorística. ela acreditava que aquele show iria o convencer de verdade? ❛ e é você quem vai me obrigar a isso, eliza? ❜
Eliza fechou as mãos em punhos quando ele pegou sua tabela, contendo-se para não avançar em cima de Hunter e arrancar o papel das mãos dele. Provavelmente rasgaria tudo no processo e eles mal tinham conseguido recuperar papel o suficiente para que ela pudesse desperdiçar assim — mas que fique registrado que se não fosse o caso, estaria disposta a entrar na disputa física com o colega. "Talvez seja porque eu posso me lembrar das minhas próprias responsabilidades, Hunter! Você, nitidamente, não conseguiria fazer isso." Chegava a ser absurdo que ele estivesse sugerindo que poderia ficar com uma das tarefas de organização, quando não se importava com o coletivo. Liz tinha suas manias de controle, mas pensava em formas de ajudar todo mundo. Estava sempre tentando fazer o certo. "Para a sua informação, eu estou no grupo de vigília desde a primeira vez que começamos a nos organizar dessa forma, antes mesmo de virmos para a cabana." Não que devesse satisfações, mas a forma como ele a expôs a irritou profundamente. Liz levava o trabalho em grupo a sério e ser comparada a alguém que mal se levantava para ajudar era inaceitável. "Não somos todos igual você, encostados! Estamos tentando sobreviver aqui. Como espera sair desse lugar com vida sem organização?!" Diminuiu a distância entre os corpos e esticou o braço para pegar sua folha, puxando-a dele. "Você vai buscar água." Disse em tom de voz seco, sem deixar espaço para protestos. Já não estava mais disposta a discutir. "Mas posso até ir junto dessa vez, se quiser. Porque, sinceramente, estou começando a achar que até encher um balde você não sabe fazer. Colocavam a água direto na sua boca em casa, Hunter?"
❛ você está com uma cara péssima. ❜ há uma tênue que separa as provocações de uma singela preocupação. anos atrás, teria levado um soco na cara por um simples comentário como aquele e teria sido muito merecido. não sabe o que mudou, quando mudo e o porquê. mas havia acontecido e, agora, de alguma maneira, hunter havia iniciado a se preocupar verdadeiramente com cassandra, ao ponto de mandar mensagens de textos (o que era de uma forma óbvia, função da sua agente e não sua). ❛ vim te buscar para um passeio. ou sequestro, o que achar melhor. ❜ tem que segurar a própria língua para não fazer piadas sobre cadeia, mas busca ser forte naquele momento. não quer parecer um idiota completo, mesmo ela sabendo que ele já era um. ❛ só para constar, você não tem escolhas. então entra no carro. se eu tenho que ficar de cárcere nessa cidade, vai ter que me aturar. ❜
@morgcncassie
❛ já amanheceu no hanover psiquiatria clube? não havia percebido. ❜ o sarcasmo que carrega em suas palavras é equivalente a vontade de estar ali. ninguém havia escolhido cair de um avião, mas sem duvidas ele era o que menos desejava isso e se esconder havia se tornado parte do seu dia a dia, bem melhor do que lidar com pessoas querendo acabar com sua paz . ❛ não estou medo de ficar com raiva. só se estivermos falando das doenças que esses animais podem passar. quando voltarmos para casa teremos que tomar no mínimo 5 vacinas diferentes. só de pensar nisso já é um saco. ❜ hunter tomba o corpo sobre a grama, fechando os olhos e aproveitando do pequeno tempo onde o silêncio lhe entrega paz. tempo que acaba com a voz dela entrando pelos seus ouvidos. ❛ e não estou sendo idiota, dessa vez. só é mais um dia comum no hanover psiquiatria clube, como disse. ❜ não se achava o grande idiota naquele momento, mas continuava achando que algumas pessoas estavam aproveitando do momento para fazer um show maior e ninguém havia lhe provado o contrário sobre isso. ❛ olha, você descobriu meu segredo, tenho uma pedra no lugar do coração. mas o que me faz macho não é isso, é outra coisa. ❜ solta ao ar, deixando implícito no ar o que queria dizer mas não o completa. hunter não precisava dizer palavras completas quando meias já o serviam. ❛ obrigada, angelina, por não votar em me colocar na fogueira e servir de comida. é isso que preciso agradecer? ❜
O céu ainda estava acinzentado, a floresta exalava aquela umidade constante, e o clima parecia conspirar para deixar todos mais cansados, mais no limite. Não era novidade. O que foi novidade mesmo foi ouvir a voz de Hunter vindo logo atrás dela. Ela virou o rosto devagar, como quem hesita entre responder ou simplesmente fingir que não ouviu. — Bom dia pra você também, Hunter. — Murmurou, meio irônica, sem sequer olhar pra ele. Angelina encostou o queixo na mão fechada, os olhos semicerrados. — Você tem raiva de quem tá com medo ou tem medo de ficar com raiva? — perguntou de repente, num tom calmo, curioso até. — E óbvio que não acredito nisso. — Ela virou o rosto pra ele, o olhar sério. — Eu acho que tem gente surtando, sim. Tem gente no limite, mas não precisa ser um idiota sobre isso. — Angelina não sabia exatamente o que se passava dentro dele e talvez nem quisesse saber, mas reconhecia um pavio curto quando via um. O dele parecia estar em chamas desde que nasceu. — Ter um coração vez ou outra não vai te fazer menos macho, Hunter. E você deveria agradecer que sou uma das únicas te tolerando aqui porque estão querendo te matar lá dentro.
hunter havia passado tanto tempo fora da cidade que havia quase esquecido dos antigos colegas de acidente de avião. mas por sorte ou azar, quase não era uma certeza. ❛ estou sentindo você obscura. ❜ ao se aproximar de pandora, não tem medo de voltar a ser o idiota que sempre havia sido. ela não iria mudar sua percepção de qualquer forma. ❛ parece até que viu alguém morrer na sua frente. ❜ hunter não mede esforços para deixar de ser babaca também. ele não conhecia o delegado, só estava achando um pé no saco ser testemunha para tudo aquilo. porém o vinculo emocional era inexistente, o que o deixava livre para as piadas. ❛ cedo demais? ❜
@thcroww
é claro que hunter poderia tentar ser menos insuportável, mas na maioria das vezes o que o falta é o querer. ser completamente irritante era uma das qualidades incomparáveis que ele tinha, provavelmente o motivo que havia conquistado adalind anteriormente. ❛ ser eu é tipo um charme. pensei que você ia concordar, docinho. ❜ usa um apelido brega com uma voz doce de propósito, provocando a garota enquanto a observa caçar. a ação faz até com que queira ajudar, mas o orgulho é maior, tal qual o medo de fracassar. se não fosse bom em algo simples, como lidaria com a vergonha? ❛ achei que você me beijava porque eu sou gostoso. você sabe que irritante sou um tempo todo. ❜ prefere levantar e entrar na água, observando os peixe enquanto tromba o ombro no dela, com cuidado para não machuca-la apesar de tudo. ❛ você fica uma graça tão concentrada. mas tenho certeza que os peixes daqui já desistiram de você. ❜ a voz é baixa como um sussurro, pegando abaixando-se para que pudesse a molhar com a água do riacho.
“ por cinco minutos! você poderia não ser você só por cinco minutos?! ” praticamente implorou em tom alto, a linguagem corporal dizendo o necessário — bateria nele e em quem mais inventasse de perturbá-la enquanto ela tentava acertar um peixe com a lança improvisada. seus pés congelavam por estar dentro da água gelada, mas adalind ainda estava ali de bom grado tentando pescar o suficiente para alimentar todos. os olhos se estreitaram na direção do rapaz, mas não pôde manter a pose por muito tempo, o rosto sério se desmanchando em uma risada frouxa. em parte por estar estressada e desacreditada que @qualleyh parecia estar ali apenas para tirar sua paz. “ meu deus você é inacreditável. mereço um prêmio por ter conseguido achar um momento em que você não estava sendo irritante pra te beijar. ” ela tentou se concentrar novamente, mas ainda tinha um ar de divertimento.
embora finja esconder bem, existe uma coisa que hunter tem igual ou até mais que os outros rondando pelo seu corpo. o medo. uma sensação forte e paralisante, o qual fazia ser um pouco mais otário que o normal. não queria parecer fraco ou indefeso. não queria deixar que achasse que cairia para qualquer merda. mesmo assim, a imagem de mila aparecia em sua mente a cada fechar das pálpebras. não conseguia esquecer, não conseguiria esquecer nunca. não importaria quantos anos passassem. sabe que soa suspeito quando admite, mesmo que em silêncio, seus próprios surtos. mas não há o que fazer além disso. ❛ só estou dizendo que não sou culpado de merda alguma. ❜ até mesmo a falta de ar faz parte do seu eu, repleto de pensamentos que consideravam: e se for o próximo. ❛ ela deve ter feito isso. não tinha uma visão tão boa. ❜ deixa no ar como se a conhecesse, mas no fim, nenhum deles enxergava bem nas noites escuras e com a mente chapada com chá. ❛ se você contar pra alguém disso eu acabo com você. ❜ não se trata de uma ameaça vazia, mas ao mesmo tempo é domado pelo medo de ser culpado. se o tratassem como tal, qual seria o próprio fim? ❛ não sou de contar meus segredos. ❜
⊱ é incapaz de mensurar uma realidade onde a morte não carregue um peso esmagador, ainda mais quando era tão… trágica e inesperada — claro que ali cada dia mais a certeza do resgate era engolida pela perspectiva de um desfecho sepulcral, mas ainda assim se tratava de um impacto significativo. se pega pensando se… poderia ser evitado, e então suas mãos tremem porque, se a resposta fosse positiva, ele havia deixado a chance de poupar uma vida em prol da luxúria, cara, relaxa. nem disse nada. talvez outra pessoa além deles havia murmurado — havia aprendido a sua lição sobre sussurros na semana anterior —, mas certamente não é de si que parte o julgamento. acho que ela tentou correr da porra do urso. o que em si só já é caricato ‘pra caralho — uma morte sangrenta que ninguém notou e um ataque de urso no curto espaço de tempo do amanhecer. ah, falou como um assassino, mas sorte que eu não sou juiz de nada. tenta resgatar estatísticas, relatos que já havia lido sobre assassinos voltando para cenas de crimes, mas sua mente está ocupada demais com a ideia insistente de que não precisava ter sido daquele jeito. quem? indaga em curiosidade genuína.
hunter pouco ligava para o que os outros faziam para sobreviver, desde que fizessem algo. era o tipo de pessoa que apenas desejava que tudo fosse resolvido e que, preferencialmente, não precisasse sujar suas mãos para isso. desde o acidente, pouco havia feito pelo grupo e carregava certo orgulho disso. era melhor do que gastar sua preciosa energia ou acabar ferindo seu caro corpo. ❛ mas parece decente. está de parabéns por isso, até que você conseguiu fazer algo útil. ❜ há acidez na fala que escapa pelos seus lábios e estala de uma forma ríspida. hunter mantém o sorriso ordinário em sua própria boca, sem temer a possibilidade de machucar ao próximo.
timeline passada
Muitos ficaram admirados quando Theresa se voluntariou para ajudar nas janelas, mas ela sabia algumas coisas que os outros não sabiam. Por ter ajudado imenso na catequese e feito peças de teatros para as crianças, ela sabia alguns segredos artisticos que poderiam ajudar mesmo com os poucos materiais disponiveis. Ela sabia que as janelas poderiam precisar de mais cobertura do que as tábuas, então criou um tipo de lama em que iria proteger e com cuidado, tapava os buracos que poderiam fazer entrar o frio "Infelizmente isto é temporário, vou ter que fazer isto novamente mais para a frente."
timeline passada.
existe um sentimento que percorre todo o corpo e o atormenta. hunter nunca sentiu medo antes, sempre teve conforto o bastante para não sofrer com isso. mas depois da forma que encontrou mila, algo mudou. ele não tinha o objetivo de procura-la, muito menos se importaria com a falta da presença da garota. o problema foi a forma em que tudo aconteceu. como mila havia chegou ali? quem, ou o que, tinha feito aquilo com ela? hunter não deixa transparecer, por fora continua o mesmo idiota de sempre, mas por dentro... ❛ é claro que eu não tive nada haver com a morte dela só porque a achei. lá tenho cara de assassino? ❜ hunter deixa com que um suspiro pesado escape, resultado de sua própria indignação. era um completo babaca, mas não um matador de aluguel. ❛ melhor não responder. eu não tive nada haver com isso. se fosse matar alguém, com certeza não seria ela. ❜
deveria haver algum motivo para que, de tantos locais existentes no mundo, hunter houvesse decidido parar naquela casa no meio de um surto coletivo da cidade. poderia dizer que considerava o hotel inóspito em meio a uma queda de luz, mas só isso não justificaria. caberia então admitir que apenas queria a sensação de estar envolta de outros que compreendiam seus traumas. e ali haviam duas pessoas, o que numa contagem os deixava em três contra dezenas de pessoas loucas. as chances eram poucas mas eram boas. era o que achava antes da recepção calorosa de basil. ❛ isso é jeito de dar boas vindas a visitas? boa noite para você também, basil. ❜ a voz é a primeira a sair, olhando-o de cima para baixo, esperando que a noção retorne ao homem e perceba que não é uma ameaça. ❛ as vezes me dar um tiro é misericordioso de sua parte. melhor do que lidar com esse manicômio que chamam de cidade. ❜ o sarcasmo é uma lembrança da própria personalidade. adentra a casa howl-morgan com paciência, demonstrando um sorriso performático o bastante para basil e @morgcncassie, o qual reflete o próprio humor momentâneo. hunter ainda cumprimenta a mulher ao se aproximar, evitando segurar a própria língua ao recitar. ❛ seu marido está muito estressado, cassie. até parece que estamos sendo caçados ali fora. ❜ de volta a floresta, queria completar. mas se censura apenas para que possa se dirigir ao meio da sala dos companheiros de acidente. está preste a completar sua chegada com mais uma piada quando se vira para a porta a abrir.
não espera que a pessoa que veria fosse adalind, o que de fato parece fazer sentido diante a conjuntura atual da situação. os quatro novamente juntos? pelo menos as chances aumentaram para a batalha contra pessoas loucas. ❛ também é um prazer te ver novamente, querida. ❜ é dado um acenar a mulher, sentando-se ao sofá confortável que se encontrava naquela sala. os chamados amigos pelo menos haviam escolhido uma boa decoração. ❛ entre ser espetado e queimado, sinto que prefiro aquele tiro certeiro que conversamos antes, bash. ❜ é a primeira vez que realmente ri. não passam de um grupo traumatizado, desestruturado e completamente insanos. mas pelo menos, estavam juntos e isso ser o ápice do seu dia parecia um tipo de brincadeira do destino. ❛ vim fazer o mesmo que você, meu bem. atrapalhar a foda satânica de fim de mundo dos nossos casados favoritos. ❜ e é com o toque e ada em seu ombro, que observa a situação com que se encontram. eram incompatíveis quando olhados em um todo, mas permaneciam juntos e isso parecia a única coisa certa nos seus últimos dias de loucura. hunter realmente precisava voltar logo para casa. ❛ eu vou fazer as honras. não sei vocês, mas tudo que preciso agora é beber. ❜ é o primeiro a pegar a garrafa do centro, tomando-a para si. não se envergonha em procurar um abridor para ingerir o liquido translucido. a cada dia que passava, parecia que tudo se tornava ainda mais terrível a sua volta. ❛ agora, alguém sabe que tipo de merda está realmente acontecendo lá fora? ❜
residência dos howl-morgan. aproximadamente 23h30.
quando as luzes do hotel se apagaram de vez adalind estava finalizando a primeira garrafa de vinho, a impaciência a consumindo dia após dia e a bebida sendo uma das poucas coisas que a mantinha em um breve torpor. esperou a luz voltar — um minuto, cinco, dez, quinze . . . foi quando ouviu os funcionários do hotel falando sobre o blecaute e como poderia demorar para ser resolvido. rodeava o quarto entediada e ao mesmo tempo assustada. as coisas não estavam muito amigáveis para aqueles que passaram pelo o mesmo que ela e uma parte sua acreditava naquelas histórias que começavam a rondar pela cidade; maldição, destino, cobrança… o que fosse, era curioso pensar que apenas os sobreviventes basicamente estavam sofrendo. seu instinto de sobrevivência gritava para ela sair dali. e ela obedeceu. em poucos minutos conseguiu dirigir até a casa dos howl-morgan, batendo na porta e mal esperando ela ser totalmente aberta para entrar retirando o casaco. “ espero não estar interrompendo a foda de vocês, mas no momento descobri que posso ter medo de escuro. ” ironizou, virando-se para abraçar o casal individualmente e de maneira rápida. o gesto sendo reservado apenas para aqueles os quais se sentia mais próxima.
“ tá um breu lá fora, ninguém sabe o que aconteceu e meia cidade, sendo otimista, está querendo nos caçar com tochas e foices. nada mais justo que vocês me adotarem essa noite. e… ” ela tirou uma garrafa de vinho cheia de dentro da bolsa, sacudindo o recipiente. “ eu trouxe vinho como agradecimento. ” foi quando escutou a movimentação ao lado, virando-se para automaticamente revirar os olhos — mais pelo divertimento da costumeira briga que tinham há anos. “ nossa, mas vocês tão fazendo caridade agora?! ou é uma festa do pijama só para traumatizados? ” segurou a vontade de beber diretamente da garrafa, sabendo que o que já não seria simples poderia ser ainda mais complicado. planejava apenas sentar, beber e conversar até dormir no sofá se pudesse, mas vendo seu grupo ali… era como estar na floresta de novo. em parte era reconfortante, porque gostava da sensação de estar perto deles. se aproximou de hunter, apoiando a canhota em seu ombro num gesto solidário. “ brincadeira, mas e ai, está perdido, docinho? ”
@morgcncassie @bashfvll @qualleyh
❛ tão agradável como na noite em que você me deu um soco. ❜ pode dizer que não ousa deixar que a piada se escape de seus lábios. anos atrás viviam a ponto de um assassinato. como traumas poderiam mudar as coisas assim? hunter recusa a sair de perto do próprio carro, permanecendo encostado enquanto a avalia, garantindo que está inteira após todo o caos ocorrido nos dias anteriores. ❛ me inspirar? só se foi para um filme de terror. mortes, falta de luz e ataques? ❜ os últimos dias da cidade haviam sido... estranhos para dizer o mínimo. ❛ infelizmente para você, continuo bem vivo e saudável. ❜ se aproxima, fingindo não ligar para a mulher a sua frente. mesmo assim, quando ela o abraça, hunter retribui, sentindo certo alivio de cassandra continuar a mesma. ❛ eu não ia tocar no assunto mas... isso é uma confissão de assassinato? porra, deveria ter trago meu gravador. ❜ a belisca de uma forma leve, como uma criança travessa. sabia que ela não havia feito aquilo. mas também se recusava a ser uma pessoa totalmente agradável, aquilo poderia prejudicar sua imagem. ❛ se tivéssemos luz, eu iria te levar para um café. mas sabe, você que é moradora desse fim de mundo. alguma recomendação? só quero um lugar para esquecer que além de reféns, estamos sem água quente. ❜
sempre tão agradável , qualley . a modulação do timbre é reconhecível — embora esteja longe de ser palatável . é cômico como uma presença displicente inebria a ambiência e , sejamos sinceros , o homem não é a personificação da bonança . veio ' pra cá para se inspirar ? não é novidade que ele parece sorver , verossímil a um buraco negro , o resquício de boa ventura que tem . pensei que o seu próximo filme seria uma bibliografia póstuma . desta vez , porém , esboçou um sorriso jocoso e legítimo ao examiná-lo com atenção . não se retém a observar o cenário a volta , quiçá a presença célebre de um ator — não é uma opinião particular ; apenas reflexo do que lê nas manchetes — cative atenção da mídia . vai pegar bem ' pra você , qualley ? nosso herói com uma assassina . sibilou , o riso soturno , quando quebra a distância em um abraço firme . quando mais nova não hesitaria em esganá-lo , ceifar aquele sorriso oblíquo e libertino . ' pra onde a gente vai ? afastou-se , tão logo quanto se aproxima , para abrir a porta do carro .
hunter tem uma capacidade gigante de despertar sensações ruins nas pessoas, fosse por sua personalidade ou pela capacidade de criar brigas facilmente. e isso não seria diferente com nicholas, que parecia ter aprendido a responder às pessoas um pouco melhor após longos anos. ❛ tenho cara de quem tem tempo para isso? ❜ não deixa que as provocações alheias ousem o tirar do sério. hunter teria mais o que se preocupar do que com isso. ❛ também vivi tudo aquilo, cada parte. mas não fico chorando por aí até hoje, já passei dessa época. ❜ hunter é tratado como uma figura de superação, não usa sua história na internet com fundos de músicas tristes, ameaçando contar terrores obscuros, isso é passado. hoje, ele se mostra como um sobrevivente. ele fez do limão, uma limonada. não é sua culpa se os outros não conseguiram fazer isso, se os pesadelos que possuíam a noite eram o bastante para os impedirem de seguir em frente. ❛ tão rápido? isso é fácil desde que você não seja um estranho grau 1, nicholas. ❜ poderia ter poupado a provocação, mas não consegue segurar. o olhar o observa de cima abaixo, como se pudesse ler por dentro de nicholas. ❛ não preciso esquecer para agir como uma pessoa normal. ❜ e não daria o gosto a ele de saber que hunter se lembra de tudo perfeitamente, cada uma das atrocidades feitas, tudo que fizeram para sobreviver. ainda sente o gosto do que fizeram em sua boca, como algo residual que nunca vai embora. ainda sonha com as imagens, ainda mais naquela cidade amaldiçoada. ❛ bom samaritano? você quer chamar dois mortos de outra coisa, nicholas? uau, quer que eu peça para o investigador vir aqui? sinto que você está pronto para confessar os seus pecados. ❜
Nicholas apertou os dedos em punhos ao lado do corpo. O som da risada de Hunter pairou no ar como uma nota dissonante, debochada e fora de lugar. Estavam no mesmo ambiente, mas pareciam de mundos completamente diferentes. — Vai me ensinar por acaso? — Nick estreitou o olhar quase em desafio. Um músculo pulsava em sua mandíbula. — Eu vivi aquela merda, Hunter. Não li num fórum esquisito da internet. — Seus olhos fixos, firmes. Observou Hunter com olhos pesados, como se procurasse algo sob a máscara bem polida. Talvez ainda houvesse um resquício de humanidade ali. Ou talvez não. Talvez Hunter fosse mesmo feito de papel dourado por fora e pedra por dentro. Nicholas não se via como ator, mas era bom em esconder. Sempre foi. Melhor do que gostaria de admitir. — Eu só acho engraçado como você se livrou dessa tão rápido. — Respondeu, a voz baixa, quase ácida. — Como se tivesse esquecido. — Por fora, estava firme. Por dentro, a velha náusea subia devagar, aquela sensação de que ninguém ali era inocente. Nem ele. Nicholas desviou o olhar, um sorrisinho cínico aparecendo. — Boas pessoas? Virou bom samaritano depois de todos esses anos?
𝑤𝘩𝑦 𝑑𝑜 𝑤𝑒 𝐚𝐥𝐰𝐚𝐲𝐬 𝑔𝑜𝑡𝑡𝑎 𝑟𝑢𝑛 𝑎𝑤𝑎𝑦.ᐣ 𝐡𝐮𝐧𝐭𝐞𝐫 𝐪𝐮𝐚𝐥𝐥𝐞𝐲 , 𝑡𝘩𝑖𝑟𝑡𝑦-𝑠𝑖𝑥⠀,⠀ 𝐟𝐨𝐱⠀.
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