The Early Diary of Anaïs Nin, 1920–1923
* aqui se encontram algumas curiosidades e pontos importantes de neslihan para melhor compreensão do seu todo !
além da causa animal e feminista , advoca por questões de raça , gênero e sexualidade, neurodivergência , refugiados e meio-ambiente !
por mais que deseje que o dia tenha 72 horas para conseguir realizar tudo o que precisa , ainda não descobriu o segredo para o tempo , e por isso é extremamente meticulosa com horários e compromissos !
é vegetariana desde tenros seis anos, quando presenciou cozinheiros abaterem inúmeros animais inofensivos em preparação para uma das muitas suntuosas festas que o pai promovia . desde então não ingeriu sequer uma lasanha que não fosse de vegetais . seu objetivo é se tornar vegana em algum momento da vida , mas é uma ávida consumidora de tiramisu !
voluntária na ong animal de khadel , já adotou após o resgate , 3 cachorros , 2 gatos e 4 cavalos de corrida que mantém muito bem acomodados na enorme propriedade herdada da mãe !
da herança , manteve em seu nome quase que somente o lar da infância materna , intocado pelo amargor paterno , a grande parte restante dividiu em doações para causas necessitadas e sustenta-se com a própria profissão !
recentemente foi contratada como consultora de compliance para a prefeitura de khadel !
apesar da paixão correr em seu sangue por tudo o que faz , a mera menção de laços afetivos para além dos de amizade , e os estritamente físicos , é capaz de causar intensa reação alérgica . metaforicamente , claro . literalmente… é capaz de agressão física !
não significa no entanto que tem frieza em suas veias , não . consegue ser extremamente calorosa quando... estimulada !
o diagnóstico de tpb não é um de fácil aceitação e ainda que tenha recebido tratamento formal antes de ingressar na faculdade , é relapsa e permite que pressões do passado , e presente , a consumam . é mais comum vê-la agindo de forma impulsiva do que não , ainda mais quando interligada aos seus ideais , e em constante estado de auto destruição !
lealdade é algo que construiu ao longo dos anos como um traço da personalidade além dos seus moldes , e quando afeiçoa-se , o improvável é o limite !
progressista em sua visão de mundo e senso social , em contrapartida , é incrivelmente inflexível após tomar decisões acerca do caráter alheio. dificilmente sua opinião é afetada e acha que suas convicções estão um pouco acima do que as de qualquer outra pessoa !
rancor é um sentimento estranho , postula a maioria de suas reações com certa efemeridade . procura guardar o pior de si aos seus oponentes profissionais e aos que verdadeiramente merecem a totalidade do seu lado negativo . volátil , não é difícil vê-la esbravejando com alguém próximo de si para dali duas horas estar se desmanchando em risos com o mesmo !
o desejo pela independência emocional foi tão grande , que hoje , fecha-se para a maioria dos sentimentos além da superfície . mas apesar de tal máscara , a parte de si que ainda necessita de constantes afirmações e validações é a sua parte que mais detesta , mais do que todas as outras juntas !
seu passado com um transtorno alimentar , ao contrário do tpb , a faz muito disciplinada em relação à alimentação , mas uma porção de lokum e dois , ou dez , pedaços de baklava são a sua ruína . o paladar doce é ao mesmo tempo uma benção e uma maldição !
consequência dos problemas com a imagem corporal , é assídua em seus treinos de tênis , o esporte uma excelente maneira de consumir toda a energia agressiva e caótica sobressalente de seu corpo e uma forma de manter o equilíbrio entre o físico e mental !
também resquício da infância e adolescência , traz o amor pelo hipismo , e cavalos , incorporado no seu dia a dia !
possui uma extensa coleção de miniaturas de cavalos nos mais diversos materiais , desde cristal à ouro e mármore . são presentes de amigos , de sua mãe , souvenirs de suas viagens e recordações de pessoas do mundo inteiro com quem se conectou por meio do ativismo !
acredita no espiritual mais do que no divino , cética quanto a esse , em vidas após a morte e energias !
o assunto maldição é um tanto sensível . não se apega à noção de que uma cidade tenha sido amaldiçoada a desamar , uma vez que a concepção de amor é tão cômica quanto a existência de magia . a justificativa de tamanha miséria em relações românticas , para si , é simples : a natureza humana é intrinsecamente cruel , não amar é a tarefa mais fácil que alguém pode exercer !
tem um dedo verde para a maioria das plantas , legumes e vegetais e é a responsável por cultivar a impressionante horta e jardins espalhados pelos afastados acres onde sua residência se localiza !
a tatuagem que leva logo abaixo da nuca foi realizada em uma noite particularmente difícil , após o abuso de substâncias lícitas e uma difícil discursão que trouxe à tona antigas , mas recorrentes , feridas quanto à sua relação com a mãe . a libélula com asas translúcidas e peroladas , uma verdadeira obra de arte , que adorna sua dorsal é homenagem à münevven . de beleza etérea , a recordou da mais velha , assim como a fragilidade resiliente , análoga à mesma . é símbolo também de liberdade , para recordá-la de que agora a mulher está eternamente livre !
@khdpontos
o prefeito de khadel se sente honrado em ter NESLIHAN ŞAHVERDI GÖKÇE como moradora de sua excêntrica cidadezinha. aos seus VINTE E NOVE anos , ela é bastante conhecida pelos vizinhos como A MILITANTE . dizem que ela se parece com HANDE ERÇEL , mas é apenas uma ADVOGADA DE DIREITOS HUMANOS & CONSULTORA DE COMPLIANCE . a ausência do amor em sua vida , deixou NES um pouco AUTODESTRUTIVA e CONDESCENDENTE , mas não lhe atormentou o suficiente para deixar de ser AUDACIOSA e EMPÁTICA . esperamos que ela encontre a sua alma gêmea, quebre a maldição da cidade e consiga ser feliz !
𝐂𝐇𝐀𝐑𝐀𝐂𝐓𝐄𝐑 𝐏𝐀𝐑𝐀𝐋𝐄𝐋𝐒 : vivian lau & dante russo ( king of wrath ) , monica geller ( friends ) , francesca rossi ( the kiss thief ) , lidia pöet ( la legge di lidia poët ) , ceylin erguvan & ilgaz kaya ( yargi ) , marissa cooper ( the o.c ) & amal alamuddin clooney !
apelidos : nesi , nes , hani ( para pouquíssimos muito próximos , ou que querem irritá-la , a sonoridade é bastante similar à de honey )
data de nascimento: 20 de novembro , 1995 !
orientação sexual : bisexual !
filiação : münevven şahverdi & kadir şahverdi !
altura : 1,75 cm !
cabelos : longos fios acastanhados que pendem em ondas naturais !
olhos : castanhos levemente avermelhados !
tatuagens : uma libélula logo abaixo da nuca , realizada em homenagem à münevven !
piercings : cinco perfurações adornam cada um dos lóbulos , sempre carregando delicadas joias prateadas !
animais de estimação: mark ruffalo ( cane corso resgatado de maus tratos ) , chaz bono & virginia woolf ( greyhounds resgatados de corridas ilegais ) , francis minor , henry blackwell & angela davis ( gatos srd resgatados de maus tratos ) , carmine , kırmızı & vermillion ( puros-sangues ingleses resgatados de corridas ) & gül ( um hanoveriano com o qual competia desde os quatorze anos ) !
educação: bacharelado em direito ( università degli studi di siena ) , mestrado em direitos humanos e direito internacional público ( oxford university ) & doutorado em ética e estudos legais ( wharton - distance learning , em andamento ) !
idiomas: italiano , inglês , turco , português , espanhol & francês !
❝ ela é uma tempestade em meio à calmaria da tradicional família rica em que cresceu. com uma postura firme e uma voz poderosa , ela defende suas crenças em um mundo que parece ignorá-las. vegetariana e feminista , não hesita em expor sua indignação contra o machismo e o preconceito que a cercam. sua coragem e determinação a tornam uma líder nata , embora isso a distancie dos familiares egoístas que só se importam com o dinheiro. com um coração generoso e uma mente crítica , ela é uma força da natureza , pronta para lutar por um mundo melhor , mesmo que isso signifique arrumar umas brigas por aí ! ❞
𝐓𝐖 - menção de distúrbios psicológicos e transtornos alimentares, menção de abuso e manipulação mental e emocional & negligência parental !
a poderosa família turca , uma fortuna proveniente da indústria têxtil de luxo datada de séculos e com fortes conexões italianas , um império de exportação de tecidos finos para finalidades da alta costura no mercado internacional . com alcance global às custas de práticas de exploração , evasão de impostos , corrupção , manipulação e crime organizado , há gerações os şahverdi utilizam khadel como esconderijo idílico . pilares da alta sociedade atemporal que apenas o dinheiro secular , e casamentos arranjados , são capazes de prover .
a par dos bastidores sórdidos do legado familiar , ainda na jovem infância foi despertado um senso de indignação , que só cresceria com o tempo . destacando-se pela inteligência brilhante , chegando a ser considerada um prodígio , o intelecto era visto como uma ameaça ao ideal da dama perfeita , constantemente pressionada a se moldar às expectativas centenárias de recatamento , etiqueta, submissão e requinte . a futura , e impecável , esposa quintessencial de algum herdeiro de família influente .
a pressão constante , aliada às manipulações e abusos mentais , não poderia deixar de gerar um profundo sentimento de inadequação. o desejo de ser a própria pessoa , conflitando com o peso das tradições , logo culminou em episódios severos de ansiedade e auto destruição , seguidos na adolescência por um diagnóstico preocupante de bulimia , e o que mais tarde , já quase em fase adulta , seria identificado como transtorno de personalidade limítrofe . tentativas falhas de retomar o controle de uma vida que a si nunca pertenceu .
a ruptura deu-se no ápice de insubordinação , quando — apresentada a um destino de perpetuação do vicioso ciclo de subserviência e menosprezo , sua mão prometida ao maior lance — ousou indagar sobre questões éticas ligadas aos negócios da família e recusar um destino de docilidade corrompida . a vergonha pública tamanha se tornou imperdoável , e as ruas de khadel foram apresentadas como única solução ao seu deserdamento . a figura materna , devastada, nada decisiva nas tentativas de reverter a situação .
a distância da presença vil e esmagadora provocou dependência de antigos laços de amizade, que se provaram verdadeiros . a ânsia por ser o que sempre sonhou maior do que a própria capacidade de lidar com as consequências . um intenso resvalo com a própria morte e a quase fatalidade de outrem em suas palmas , borderline como combustível e força motriz , levaram-na a um caminho , antes , completamente utópico . khadel já não era mais um refúgio , e no semblante afável e acolhedor de uma assistente social , encontrou passagem para um eu do futuro .
a mudança para siena não veio sem reveses , o sentimento de perseguição , e profunda angústia quase retomando os hábitos nocivos e a retornando aos braços de khadel . a familiaridade , ainda que tóxica , parecia reconfortante . lidia poët , no entanto não permitiria . a conexão com a figura histórica , fez do investimento de habilidades , valores e senso crítico , uma carreira estelar no direito , a ênfase em direitos humanos um complemento óbvio, e essencial .
a cidade natal não foi uma escolha imensamente desejada , ainda que o magnetismo fosse quase sufocante , mas necessária com a partida de münevven şahverdi . o legado materno maculado pelo segundo casamento paterno meros meses após as rosas serem dispostas sob o mogno selando o rosto , ainda jovem , marcado pela tortura psicológica decenal . o que restou de münevven — além de memórias oscilando entre afeto e mágoa — , uma herança exorbitante , os gökçe tão afluentes quanto os şahverdi , então repassada à herdeira de ambos . a fúria patriarcal era esperada , o senso de traição latente em uma face desalmada e cruel que teria reivindicado os últimos resquícios da falecida esposa , não fosse pelo retratado testamento .
a certeza de que vínculo romântico algum justificaria fim desonroso como o de münevven , antiga no consciente , se intensificou , enrijecendo ideias que se tornavam então um credo . reinvenção como chave , o sobrenome patriarcal já não era um que se identificava , adotou o gökçe materno como parte da sua nova identidade , e na posse de uma fortuna livre de amarras , o uso fez-se na construção do legado , e mudança , que gostaria de ver no mundo . ou ao menos em seu mundo .
a advocacia caiu como uma luva , encabeçando novas pesquisas e políticas , os dígitos imersos no pulso da transformação , tornando o epíteto “a militante” , para alguns derrogatório e para outros admirável , uma conotação pessoal para além da denotação . sinônimo de coragem , altruísmo e justiça , não apaga as cicatrizes , e sequelas , de um passado ainda presente . inflexível , reativa e condescendente , o exterior forte ainda apresenta fissuras sob o peso de tudo que perdeu , ou melhor , nunca teve . o pânico e impulsividade são batalhas diárias , exaustivas , incapazes de desfazer as amarras em uma psique incrivelmente vulnerável à rejeição , suscetível a dolorosa instabilidade , que luta por um mundo mais justo com o mesmo fervor que se destrói .
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o sobretudo cilhando aperto sob a cintura era o único sentimento reconfortante para neslihan naquele dia . os sussurros lhe arranhavam os tímpanos e arquejos esperançosos como sal em ferida aberta , um verdadeiro pandemônio para a morena , que , ali , mais do que nunca , desejava ver khadel pelo retrovisor do seu alfa romeo . exasperada , o trilhar dos saltos ecoavam como o pulso nas têmporas , a pressão por detrás dos olhos indicativos certeiros de uma enxaqueca , caso não se distraísse do circo de barbaridades que a cidade havia se tornado . ponderava se uma taça de vinho às nove da manhã seria tão mal vista assim , afinal em algum lugar do mundo já se passava das nove da noite , quando os longos fios escuros de graziella adentraram sua visão . um suspiro em alívio passou pelos lábios da gökçe , um breve sorriso desenhando as feições , quando captou as palavras da outra ao aproximar . ❝ madonna , grazi , até você ? ❞ o som que escapava a garganta era quase um rosnar . ❝ realmente acha que esse conto de horror tem algum fundamento lógico ? ❞ meneando a cabeça em incredulidade , voltou o olhar para o céu nublado de inverno , os ombros caindo ao soltar uma longa respiração. ❝ eu conheço esse sorriso… o que você poderia ganhar com toda essa insanidade , além , é claro , de uma enorme dor de cabeça pelas próximas semanas até uma nova traição ser descoberta e escandalizar todo mundo ao silêncio ? ❞ indicando com um olhar para a direção onde seguiam , envolveu o próprio braço no alheio .
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WHERE: PIAZZA MONTALDI WHO: Graziella & MUSE ( @khdpontos )
"Dios Mio." O murmúrio em tom de reclamação era evidente dos lábios de Graziella enquanto batia o salto alto no chão da praça. Em qualquer lugar que andava só sabiam dizer somente de uma coisa: os novos seres apaixonados. Até uma matéria no jornal como manchete principal podia ser vista nas mãos de quem lia no banco da praça. "Como o ser humano gosta de se prender na esperança né? Não se sabe falar de outra coisa agora. Se bem que.." A morena parou abruptamente, um sorriso malicioso aparecendo em seus lábios. "Isso pode ser interessantemente maravilhoso ao meu favor."
Ou comenta com um emoji para um starter fechado
✉️ : se você diz... mas meus olhos sabem exatamente o que viram ✉️ : bom , podia fazer como eu faço e sair dessa cidade vez ou outra ✉️ : iria te fazer um bem absurdo , garanto ✉️ : uhm , talvez porque você estava em um encontro e parecia estar aproveitando ? ✉️ : e eu também estava meio que ocupada tentando lidar com camilo ✉️ : roupas sociais ? absolutamente não . mas se não foi você que escolheu... ✉️ : e não fui eu que te ajudei... ✉️ : quem foi ? ✉️ : como assim que tipo de aposta ? apostas são apostas , ele tinha direito a escolher o que quisesse ✉️ : e felizmente escolheu apenas um jantar ✉️ : aplaudi-lo por qual motivo exatamente ? ✉️ : francamente , eu esperava mais da sua confiança em mim , aaron ✉️ : mas claro que você ficaria impressionado com ele , homens sempre apoiam homens afinal , não é mesmo ?
📲 [aaron]: primeiro de tudo, sem exagero. eu não estava sorrindo abertamente.
📲 [aaron]: eu só não posso fazer nada se quase nunca tem gente nova nessa cidade.
📲 [aaron]: até pq, não sei se você se lembra, mas eu trabalho em um bar. é minha obrigação saber as coisas.
📲 [aaron]: segundo, se você me viu, por que diabos não falou nada?
📲 [aaron]: e "incrível em roupas sociais"? agora eu tô ofendido. você não acha que eu consigo escolher uma boa roupa sozinho?
📲 [aaron]: nes, nes, nes...
📲 [aaron]: eu percebi aqui o q você está fazendo. não tente mudar de assunto. Ricci ganhou uma aposta? que tipo de aposta? e por que você aceitou isso?
📲 [aaron]: sério, nes. não acredito que você caiu em uma do Milo...infelizmente, vou ter que aplaudir ele por isso
sob a penumbra das luzes fluorescentes , o coração de neslihan pulsava com uma intensidade incomum , como se buscasse , em seu próprio ritmo , uma fuga para o labirinto em que ela o aprisionara , amordaçado e vendado . seu olhar vagueava pelas feições que surgiam e desapareciam , tão volúveis quanto o bruxulear das velas , dançando ao sabor de um vento suave que acariciava o ambiente como um toque de afeição . a gökçe proferia as palavras por obrigação , a mente ainda presa nas sombras do que enfrentara por dias para conseguir o broche nas mãos de pasqualina . a entonação era tênue , como a convicção de que algo ali fosse verdadeiro , mesmo que o porta-retratos , com a fotografia de uma infância há muito vivida , parecesse irradiar calor para a palma única , ainda em cicatrização , que o mantinha em um firme aperto .
e então , a mesma sensação que a envolvera ao tocar o objeto guardado pelo gelo e pela neve ressurgiu em seu corpo , um peso ancestral sobre seus ombros e a atmosfera quase tangível que arrepiava sua pele , como se ela estivesse de volta às temperaturas glaciais . vozes , estranhas e desconexas , ecoavam em seus ouvidos , os timbres e falas imprecisos demais para fazer qualquer sentido — reverberando dolorosamente nos ossos femininos , simultaneamente misteriosamente familiares e estranhamente distantes . as íris que pouco antes haviam revirado diante da teatralidade de zafira , agora tremulavam por um motivo completamente diferente . a angústia por algo inexplicável substituía o oxigênio nos pulmões da turca , restringindo suas respirações com uma apreensão sufocante e desespero . os sentimentos não lhe eram estranhos , mas ali não havia razão aparente para existirem , bem como a sensação lancinante que se espalhava por seus nervos , fazendo as cicatrizes em sua palma vibrarem junto ao ombro deslocado em aflição aguda .
por uma eternidade que se estendeu pelo que pareceu ser um século , seu corpo se tensionava sob o vigor das emoções à deriva , até o cintilar muto de nove das velas se extinguir e cessar qualquer noção . para a única chama ainda acesa , alívio fisgou neslihan . com uma respiração profunda — a primeira talvez desde que tomara a posse de serena — , assentiu para si mesma , irritação retornando ao resvalar o olhar com o de camilo . mesmo que não acreditasse na encenação que se desenrolava , não era de seu feitio exalar ao universo o que não esperava que se concretizasse . ter os dois unidos , mesmo que por objetos pertencentes a um casal trágico do passado , era uma ideia desastrosa — especialmente considerando as reações que a simples presença dele vinha suscitando nela desde o jantar . não importava que um aperto se formara instantaneamente na base de sua espinha ao ver o brilho alaranjado da chama oscilando sobre a parafina de uma única vela . o que à turca realmente importava era que , mais uma vez , seu ceticismo havia sido validado , embora , dessa vez , às custas de olhares melancólicos e expressões abaladas de alguns .
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àquela altura , com a intervenção constante do que parecia ser cada um dos milhares de habitantes de khadel em sua vida , neslihan já havia internalizado que a melhor forma de atravessar aquela maré de acontecimentos , da maneira mais indolor possível — e sem estilhaçar a esperança que poderia ver refletida em cada um dos olhares curiosos que a seguiam com crescente atenção desde o anúncio de olivia — , era apenas acenar em cordialidade , e aquiescer , sem protestos ou a usual argumentação incansável , cada encontro que se apresentasse . era quase cômica a maneira como insistiam em formar pares completamente improváveis , apesar da clara colocação da boscharino de que apenas os dez nomes citados estavam , teoricamente , ligados àquele desamor secular que pairava sobre a cidade como um manto invisível . e por cômico , em realidade , ousaria dizer frustrante , mas em mais um dia em meio à tempestade , ela tentava , com alguma determinação , focar nos aspectos positivos , se esquivando daquela voz assombrosa ainda ecoando em sua mente . ainda que pudesse sentir os tentáculos da irracionalidade se esforçando para se apoderar da sua razão , ela , com fervor , atinha-se à noção de que , sim , poderia enfrentar o maior número de encontros possíveis , até um próximo evento roubar a atenção de todos e os livrar daquele redemoinho de insanidade .
o rendezvous daquele dia , por sua vez , era orquestrado por uma pessoa querida , uma antiga funcionária dos şahverdi , cuja doçura e luminosidade fazia impossível dirigir negativa qualquer . o entusiasmo de signora gioconda era palpável , e a descrição feita era de alguém que , embora ela não tivesse qualquer intenção de cultivar uma conexão emocional , poderia ser uma alma companheira com tantas similaridades postas . as íris acendiam com humor e vivacidade ao recordar o ânimo da mulher , enquanto dirigia pelo caminho entre a villa gökçe e o centro de khadel . os cumprimentos se sucederam desde o momento em que saía do veículo , em uma das ruas laterais , pitoresca e charmosa , com os cachos de rosas pendendo das janelas , e bouganvilles adornando cada passo equilibrado nos saltos . as bochechas doíam , forçadas a manter uma expressão afável , embora não fosse totalmente infundada , e os bíceps , ainda doloridos pela queda , permaneciam dormentes em acenos infinitos , mas genuínos o suficiente para serem mantidos .
virando a esquina , o coreto surgia à sua frente , a estrutura encantadora cativando olhares com a miríade de cores e aromas que se fundiam harmoniosamente . embora a ideia do amor fosse algo inconcebível para si , o conceito de romance era um que cortejava as partes mais íntimas de seu ser . era impressionante como gestos simples podiam carregar uma dedicação tão imensa , declarando um compromisso profundo e um apreço pelo outro , embora ela mesma não fosse de apreciá-los da mesma forma . não , neslihan possuía um modo único , e quase patenteado , de demonstrar a sua lealdade e não era através de flores mortas e palavras derramadas em excessividade . porém , era inegável a beleza do quadro pintado diante de si .
ao contornar o gazebo com certa lentidão , o olhar percorria cada detalhe , até encontrar com o de quem recordava ser um dos funcionários do la bottega . dele , aceitou uma peônia vermelha , sua flor preferida , na cor favorita — embora a mulher a teria apreciado muito mais se ainda estivesse ligada aos seus rizomas . segurando-a delicadamente em uma das palmas , levou a outra até os óculos escuros , que a protegiam da intensidade do céu límpido . com um repuxar sincero dos lábios , subia os poucos degraus até o interior , mantendo a atenção em agradecimento ao mais jovem , quando a voz dolorosamente reconhecível a fez parar instantaneamente . virando-se com rapidez suficiente para açoitar alguém com os fios castanhos soltos , engoliu um grunhido , amassando a pobre flor no aperto . por sorte , o caule era desprovido de espinhos , ou os mesmos já estariam cravados na pele .
o que precisamente gioconda estava pensando , foi o primeiro de seus questionamentos , seguido por , como ela havia conseguido convencer o loiro daquela farsa fadada ao fracasso . tomando uma respiração profunda e retesando os ombros como forma de armar-se para o que certamente seguiria , cruzou a distância até o estofado luxuoso que parecia ter sido colocado ali unicamente para eles . a mesa impecavelmente posta com comidas cuidadosamente selecionadas e que evocavam memórias de sua infância , fez com que ela parasse por milésimos , antes de retornar as orbes para christopher . ❝ seja pegadinha ou não , o que , isso aqui , sinceramente , ultrapassa , eu tenho uma promessa a cumprir . ❞ conferiu , o tom baixo para que somente ele pudesse ouvir . depositando a peônia no assento de veludo , o contornou , antes de sentar-se com leve hesitação . ❝ e eu sugeriria que parasse com isso , fica parecendo um idiota , embora não precise de ajuda para tal . ❞ referindo ao gesto quase teatral que ele seguia com a cabeça , o sorriso retornou para as feições , agora milimetricamente fabricado e tenso . ❝ mesmo que não haja câmera alguma para registrar esse acidente em percurso , posso sentir pelo menos cinco pares de olhos me observando de todos os lados . ❞ a perspectiva de ter que interpretar mais uma cena com o homem , agora com a adição dos sussurros que já podia sentir circulando , deixava um toque amargo na língua . ❝ e não sei você , mas eu não quero ser reportada como a responsável por manter essa ridícula maldição . ❞ cruzando uma perna sobre a outra , solevou uma das sobrancelhas em questionamento , no mesmo instante em que captou o cheiro de mücver . e aquele prato branco... era cacık , bem ao lado dos gözlemlere ? ou seria çılbır . elevando a canhota ao estômago , tentando disfarçar o fato de que não havia tomado nem mesmo uma xícara de café em preparação ao brunch , esperou em suspense uma resposta . independentemente , neslihan não permitira que os pratos , que agora tinha a certeza deterem sido preparados pelas mãos de gioconda , fossem desperdiçados .
with @neslihvns, at Coreto de Rose.
Desde o dia em que Olívia, em um ato deliberado, decidiu expor publicamente na praça a existência da maldição e declarou Christopher como sua possível alma gêmea, sua vida se transformou em uma constante fuga de encontros arranjados. A situação era frustrante ao extremo, especialmente porque ele sequer acreditava na possibilidade de aquilo ser real, algo que fazia questão de deixar claro sempre que podia. No entanto, suas palavras pareciam cair em ouvidos surdos. Ignorando suas objeções, as pessoas continuavam marcando encontros em seu nome ou lhe dando longas palestras sobre o porquê ele deveria se dedicar mais a encontrar sua suposta alma gêmea. Christopher já não tinha mais forças para argumentar ou tentar convencer ninguém de que toda aquela história era absurda. Ele estava cansado das discussões, e sua paciência parecia se esgotar cada vez mais rápido. Depois do episódio na cachoeira, algo dentro dele vacilou. Embora se recusasse a admitir em voz alta, uma pequena parte de sua mente começou a ponderar se talvez houvesse algum fundo de verdade naquela loucura. Mas esse pensamento permaneceu trancado dentro dele, enterrado sob uma fachada de descrença teimosa. Sem energia para continuar resistindo, ele começou a adotar uma estratégia de sobrevivência: simplesmente concordava. Afinal, o pior que poderia acontecer era ele não aparecer, dependendo de quem estivesse esperando por ele. No entanto, naquele dia específico, fugir não era uma opção. O organizador da vez tinha recorrido a um método infalível para garantir sua presença: envolver a mãe de Christopher na situação. E, bem, dizer "não" para ela era algo que ele jamais conseguiria fazer, dada sua condição.
O dia estava particularmente belo, com o sol iluminando tudo ao redor em sua plena intensidade, mas sem o incômodo de um calor abrasivo. Uma brisa suave serpenteava pelo ar, trazendo um frescor sutil que tornava o clima ainda mais agradável. O céu, de um azul profundo, era pontilhado por poucas nuvens, como pinceladas leves em uma tela. Acompanhado por uma das pessoas responsáveis por organizar o encontro, Christopher seguia em direção ao interior do Coreto, caminhando com passos calmos enquanto seus olhos captavam os detalhes ao redor. Os olhos percorriam as oferendas que agora preenchiam o local com uma abundância ainda maior desde que a quebra da maldição se tornara uma realidade em Khadel. Mesmo que uma parte cínica de sua mente considerasse o motivo dos tributos um tanto trivial, ele não podia ignorar a beleza que cada detalhe carregava.
As flores, em um festival de cores e formas, estavam dispostas de maneira quase poética. Algumas eram selvagens, outras cuidadosamente escolhidas, mas todas exalavam uma energia vibrante. Entre elas, pequenos objetos pessoais chamavam sua atenção – talismãs, fotos e pequenos itens cuidadosamente deixados ali, como se carregassem o peso de sentimentos profundos. Cartas escritas à mão, com caligrafias tão distintas quanto os autores, estavam presas com fitas coloridas que tremulavam suavemente ao toque da brisa, acrescentando um movimento delicado àquela cena já tão viva. Ele parou por um momento, deixando os olhos vagarem por tudo ao redor. Havia algo inegavelmente encantador naquela simplicidade cheia de significado. Pela primeira vez, Christopher sentiu que entendia o apelo romântico do lugar.
Agradeceu a pessoa que o havia levado até a mesa e passou a observar as comidas espalhadas sobre ela enquanto se acomodava no sofá. Reconheceu ali alguns dos pratos que havia dado como referência quando perguntado anteriormente sobre suas comidas favoritas, no entanto, era os que não haviam sido mencionados que chamavam sua atenção. Aquele treco branco é tofu? Quem que come essa porcaria? Me arrumaram um encontro as cegas com uma vegetariana? pensava enquanto encarava alguns dos pratos com o cenho franzido. No entanto, o barulho de passos fez com que sua atenção fosse redirecionada, e foi só então que entendeu. Claro que seria ela. "Isso só pode ser uma pegadinha." Disse, totalmente incrédulo que alguém havia achado um encontro entre eles uma boa coisa. "Onde estão as câmeras?" Perguntou, olhando para os lados enquanto aos poucos a compreensão do motivo do encontro ser as cegas o atingia como um soco.
o frisson , habitual nos diálogos em que antecediam os fugazes encontros de atração carnal que escolhia compartilhar , parecia percorrer cada recanto do ambiente , exceto entre neslihan e matteo. a figura loira destoava de suas predileções habituais ; preferia os cabelos mais escuros e íris cálidas em tons de âmbar ou ébano , distantes do olhar glacial , quase translúcido , que comparava ao de um peixe recém abatido. tampouco a idade lhe era favorável , com dois anos a menos que seus próprios vinte e nove , ele possuía ao menos sete ou oito anos de experiência abaixo do que costumava considerar atraente — em homens , é claro , as expectativas para mulheres eram muito mais fáceis de serem alcançadas. as únicas ressalvas alheias que harmonizavam com os seus desejos se resumiam ao porte impressionante que a subjugava por mera presença , o timbre sólido e , sobretudo , o fato de ser um completo desconhecido. relacionar-se com estranhos era um hábito cultivado há muito , uma escolha imprudente que continuava a alimentar sua ânsia por adrenalina e pelo inesperado , pela surpresa oculta no inexplorado. era essa mistura de imprevisibilidade e intriga que sustentava o sorriso enigmático e os olhares sugestivos que lançava ao homem. restava aceitar aquele desleixo do destino — a menos que uma intervenção mística viesse a conspirar em seu favor.
com os lábios alheios moldando palavras que não passavam de ruído , seus pensamentos deslizavam para o estado de histeria que dominava a cidade. entre acenos estrategicamente calculados e murmúrios de concordância que preenchiam as lacunas , ela podia sempre confiar no ego masculino para sustentar uma conversa inteira com nada além do som da própria voz. o martini aguardado tornava-se sua verdadeira ambição naquela noite , muito mais do que a promessa de um desfecho que seria , sem dúvidas , insatisfatório. com a taça translúcida em mãos , o primeiro gole mal atiçava o paladar , quando sentiu a presença de camilo antes mesmo da familiar voz ecoar. a irritação emergiu automática , traduzida em um revirar de olhos exasperado e no ceder breve dos ombros a um suspiro fatigado. não era exatamente aquela intervenção mística que havia imaginado.
embora fosse indiscutivelmente grosseiro de sua parte , entre matteo e o ricci , os olhos escuros de neslihan , incendiados pela impaciência , seguiam meticulosamente os movimentos do mais velho. e antes mesmo de conseguir estabelecer conexão lógica entre a fala e o jogo de olhares alheio , camilo conseguia arrancar um impulso competitivo e o desejo de antagonizá-lo , tudo em uma única frase. com uma sobrancelha levemente arqueada, aguardou em silêncio tenso , capturando , de relance , a expressão de horror em seu encontro , antes de dignar a interrupção com uma resposta. ❝ se for para manter a sua boca fechada , aposto muito mais do que uma música. ❞ sabia que suas palavras seriam distorcidas antes mesmo de deixarem seus lábios , mas já era tarde demais. com um sorriso exageradamente enfatuado destinado a sua companhia perplexa , levantou-se , alinhando o vestido que escolhera com intenção e empurrando os fios para trás dos ombros , antes de voltar sua atenção para o moreno. ❝ no espírito de um jogo limpo , você pode até escolher a música que deseja que eu dedique ao seu fracasso , caro. ❞ pendendo o quadril ligeiramente para o lado , encaixou a destra na curva da cintura. estava mais do que disposta a cumprir sua promessa , calá-lo , nem que de maneira física… com a própria palma e um estalo seco contra a pele.
🎱 uma aposta com @neslihvns
“eu tô falando sério!” reforçou, com a expressão menos jocosa que ele conseguia. “opa, da uma licencinha aqui, campeão” disse, folgado como sempre, puxando uma cadeira para se sentar entre a jovem e seu encontro. sabia lá qual era o nome do rapaz que originalmente estivera na posição de acompanhante de neslihan e agora parecia confuso e devidamente ofendido por ter sido jogado para escanteio, e também não queria saber. o que importava era que agora os olhos grandes e bonitos da turca estavam em sua direção, brilhantes e escurecidos pela irritação, como ele bem gostava. camilo era mesmo um grande sem noção, mas era inegável que sabia chamar atenção. até mesmo alguém como neslihan, que certamente não tinha a menor intenção de ofender o loiro sem sal que observava a conversa alheia de braços cruzados, poderia encontrar dificuldades para ignorar a presença do ricci. não porque ele era exatamente irresistível; era só que ele era terrível e irremediavelmente insistente, mesmo. “é tudo sobre carisma e um grande espetáculo. qualquer um com uma voz meia boca pode ser famoso, se tiver personalidade o suficiente” piscou-lhe um dos olhos, dando a entender que ele tinha certeza de que, se quisesse, poderia ser uma celebridade. não havia começado aquele assunto por nenhum propósito específico, mas sorriu sozinho ao perceber que poderia usar o instinto da mais jovem de contraria-lo a todo custo a seu favor. “então vamos fazer uma aposta” disse, as mãos batendo na mesa e tremendo um pouco os copos que ali estavam. “quem conseguir mais aplausos, vence” apontou para o palco onde uma senhora cantava muito desafinadamente a música ‘dancing queen’, acompanhando a letra no telão do karaokê. “a não ser que tenha medo de perder, claro” e pegou o copo do rapaz, bebendo todo o restante do uísque que continha ali, dando uns tapinhas de agradecimento no ombro do homem embasbacado.
os corredores da prefeitura não eram estranhos à presença de neslihan , ainda menos desde que aceitara a proposta do prefeito . no entanto , raramente se demorava ali , a mente sempre em ebulição , projetada a centenas de quilômetros na solução de problemas , enquanto seu tempo era meticulosamente cronometrado . pouco lhe importava que até mesmo seus clientes externos parecessem ter recebido o memorando sobre sua suposta identidade como uma das encarnações históricas de khadel , ou que seu cotidiano estivesse , cada vez mais , entrelaçado ao absurdo daquela maldição .
havia finalizado uma rodada de reuniões com antecedência e acelerado a entrega dos relatórios iniciais sobre as medidas a serem implementadas pelo município , tudo para liberar os dias seguintes para a viagem que aaron a arrastava , sob a demanda insana de zafira . retornava agora com um imenso copo de americano em uma das mãos , enquanto a bolsa e a pasta repousavam firmemente na outra . foi ao acessar a entrada lateral , exclusiva aos funcionários , que avistou a silhueta vagamente familiar de catarina no saguão , debruçada sobre o mapa exposto . naquele instante , não estava particularmente inclinada a interagir com mais um dos nove envolvidos no incessante drama que a atordoava e , por isso , optou pelo caminho mais longo até o salão de conferências .
seus saltos ecoavam pelo mármore no compasso da inquietação enquanto levava um gole profundo do café , concentrando-se no amargor revigorante da bebida , quando , ao dobrar um dos corredores , foi subitamente surpreendida por ninguém menos que a própria catarina , surgindo como uma aparição . não fosse pelos reflexos aguçados por anos de tênis e hipismo , o café teria banhado ambas dos pés à cabeça .
refletindo o passo que a outra dera para trás , neslihan curvou levemente os lábios em um sorriso polido , ainda que ligeiramente insincero . ❝ sei scusata . ❞ aquiesceu . sua natureza sempre fora inclinada à desconfiança , e algo na presença da marino despertava uma cautela instintiva . rápido demais a morena havia se infiltrado sob as defesas do seu melhor amigo — algo que , além dela própria e olivia , ninguém jamais conseguira — e , embora tivesse testemunhado o brilho singular no olhar de aaron ao lado da outra no giardino , neslihan precisava tirar suas próprias conclusões antes de aceitá-la como alguém importante , ou influente , ao lado de , e decente o suficiente para , o blackwell .
o arqueamento discreto das sobrancelhas denunciava a breve diversão diante da justificativa de catarina . minutos antes , vira-a analisando a disposição do edifício , e embora soubesse que nem todos tinham sua capacidade de memorizar um mapa com um único olhar , uma faísca nos olhos castanhos alheios indicava o contrário . de todo modo , não era exatamente estratégico iniciar um jogo de hostilidade logo na primeira interação — principalmente quando se desejava conhecer alguém antes de definir uma postura definitiva . e bem , talvez aquela fosse uma oportunidade para desvendar o enigma , ou ameaça , que a outra representava .
❝ catarina , certo ? prazer , neslihan . ❞ desta vez , o sorriso ganhava um tom calculadamente mais amplo , ainda carregado de um divertimento . ❝ claro , posso acompanhá-la até lá . e se me disser o que procura , posso indicar por qual sessão começar . ❞ fez um gesto sutil na direção do corredor de onde viera , quando na mente surgiu uma provocação . interrompendo o próprio passo , virou-se ligeiramente e , apontando com o copo fumegante para a direção oposta à que daria acesso aos arquivos . ❝ por aqui . ❞ declarou , sem alterar o tom .
antes das missões com @neslihvns
prefeitura de khadel
Curiosidade e criatividade é inteligência se divertindo, Catarina havia lido uma vez e as palavras haviam ficado com ela. Não apenas por sua memória eidética, mas porque ela sempre foi uma criança curiosa, criativa e inteligente, e isso não apenas virou um trunfo e uma profissão no seu futuro, como foi responsável por muitas das suas confusões. Por isso, independente do conto da carrochinha que a cidade alimentava sobre os reencarnados, Cat estava legitimamente curiosa sobre quem eram aquelas pessoas que alguns realmente acreditavam que podiam ser e tinha quase certeza que isso a levaria a muitas confusões. Como uma boa investigadora, ela estava disposta a ir fundo no assunto, independente do caos que causaria.
Havia começado um arquivo com cada um daqueles desconhecidos que agora pareciam fazer parte da sua vida de alguma forma, mas precisava também de um sobre o passado, sobre a história, sobre aquelas pessoas que um dia existiram. Não sabia o quanto os outros sabiam, mas ela não gostava de se sentir como a única que não estava por dentro de uma piada interna. Ela sempre precisava saber. Não havia um mistério que Catarina não pudesse resolver (talvez apenas o da sua própria família).
Na pensione, Cat havia tirado tudo sobre da parede e começado a pregar algumas informações. Fotos achadas online, informaçõe passadas por terceiros. Tudo — tudo — deveria estar interconectado de alguma forma. Não era simplesmente estranho que alguém havia lhe contratado para Khadel e, do nada, ela estava na cachoeira com um grupo de estranhos? Que seu cordão parecia fazer referência a Khadel? La città senza amore. Bateu um marcador nos lábios, olhando os post-its presos na parede, antes de decidir que ela precisava de mais informações. Nem tudo estava na internet, então ela iria old school.
Cat entrou na prefeitura, procurando onde eles mantinha os arquivos. Acreditava que podia convencer na lábia alguma senhorinha que trabalha lá, mas não iria dispensar completamente a ideia de furtar os documentos se necessário. Deixaria o plano aberto a adaptações.
"Ops, scusa," disse dando um passo para trás ao quase dar de cara com outra pessoa enquanto virava uma curva. Lembrava da morena da cachoeira, mas também lembrava dela por alguns olhares atravessados quando ela estava com Aaron. Não sabia se era algum sentimento de possessão que a outra tinha com o homem, ou se a posessão na verdade era uma obsessão, e talvez ela fosse apaixonada pelo outro. Neslihan. Havia achado o nome na legenda da foto de um jornal, com um homem que ela imaginou ser o pai da outra. Catarina não era boba. Era o momento perfeito para fazer a forrasteira perdida, a donzela indefesa, e ganhar o favor da morena. "Você sabe onde ficam os arquivos? Acho que me perdi." Catarina sabia exatamente para onde estava indo. Havia memorizado o mapa que ficava no saguão, mas podia utilizar do tempo juntas para entender quem era a mulher.
( @khdpontos )
𝒕𝒉𝒆 𝒂𝒄𝒕𝒊𝒗𝒊𝒔𝒕 ! neslihan gökçe , 29 , human rights lawyer . can you hear my heart beating like a hammer ?
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