Uma expressão chateada apareceu no rosto de Anastasia, que não sabia o porquê do outro não ter gostado do nome. Ela, no entanto, ficou mais animada quando começou a pensar em outras possibilidades. Tinha uma teoria que, se não fosse tão medrosa a ponto de não querer sair do Acampamento Meio-Sangue, provavelmente seguiria na carreira de comunicação, talvez trabalhando com relações públicas ou publicidade. Havia o charme em planejar esse tipo de coisa. "Josephetes combina tanto, mas posso pensar em algo mais relacionado ao conceito, tipo no kpop, que tem uns nomes de fandom mais alternativos." Não que fosse uma grande fã, mas escutava principalmente grupos femininos mais bonitinhos e que combinavam com o seu gosto, como Girls Generation e Twice. Músicas mais fortes nunca foram muito seu gosto, não apreciando demasiadamente rock, por exemplo. "Que tal padeiros*? Você sabe, Barker, baker." Os olhos brilharam com a possibilidade, pensando se não tinha gostado mais de padeiros do que de josephetes. Realmente era uma grande dúvida.
Os olhos terminaram de analisar o outro e um sorriso tornou-se visível nas feições da filha de Afrodite, que tinha aprovado a roupa que a mãe tinha escolhido ao outro. "Você está bonito, todo galante. Parece que está pronto para quebrar um coração hoje." Piscou para ele, pensando que parecia um daqueles modelos de revista. Talvez fosse a benção temporária da mãe, mas todos pareciam incrivelmente belos naquela noite. A roupa de Joseph era de muito bom gosto, lembrando dos desfiles que tinha presenciado em Paris uma vez, quando saiu em uma missão. Lembrava de observar tudo com muito fascínio. "E destruir isso aqui?" Apontou para o vestido, como se ele falasse por si só. "Não, obrigada." Jamais cometeria de ofender Afrodite naquele nível. Sabia que muitos dos campistas tinham dificuldades com os deuses, mas Anastasia jamais tinha colocado uma grande expectativa em cima da deusa para que esperasse algo além do mínimo.
Era notável o nervosismo de Joseph naquela noite, afinal, quando topou entrar para o grupo não imaginou que, em tão pouco tempo, estariam se apresentando num baile patrocinado por Afrodite e Eros para todo o acampamento. Querendo ou não, sua ansiedade gritou assim que subiram no palco e a primeira música iniciou. Tentou ignorar a plateia no começo, pelo menos até sentir aquele suor frio desaparecendo e, todas as suas inseguranças, dando lugar a pensamentos mais positivos e um entusiasmo sem tamanho. De longe pode avistar Anastásia e, dada ao tempo da amizade de ambos, sabia que tinha um dedinho da semideusa no meio. O que particularmente agradeceu, não queria vacilar logo na sua estreia.
Quando ocorreu a pausa para tomarem uma água, Joseph não esperava ver a filha de Afrodite ali, mas não escondeu o quanto aquela visita foi agradável, tanto que não se importou quando foi puxado para o abraço que buscou retribuir com igual carinho, mas o riso só se fez presente quando ouviu aquelas perguntas. — Josephetes é um pouco demais, não? Não teria um nome mais... Bonito? — Com o afastamento alheio, o filho de Poseidon apenas afastou os braços do corpo para que a outra pudesse analisar melhor as roupas que havia ganhado para a ocasião. — Gostou? — Questionou por pura curiosidade. — Posso assinar o vestido, quer? — Claro que a resposta seria um belo não, mas não ia perder a chance de implicar. — Obrigado pelo presente, você não tem ideia do quanto me salvou ali. Achei que teria um infarto nos primeiros minutos. — Confessou enquanto pegava uma garrafa de água, tomando alguns goles antes de fechar a mesma.
Mesmo que tivesse percebido a movimentação alheia, quando tentou se movimentar, bloqueando o ataque, pensou lento demais, o que resultou no braço sendo imobilizado. Golpe baixo? Não, Anastasia adorava uma boa luta sem regras, já que era ciente de que, na vida real, coisas como honra e moral eram fantasiosas demais para contar com isso. Ao escutá-lo, um sorriso provocativo apareceu nos lábios dela, os olhos brilhando com o desafio proposto. Se havia algo que apreciava, era encontrar alguém que tratava cada treino como se fossem situações reais, levando-a a pensar em novas soluções. Mesmo que fosse uma instrutora, apreciava treinar com semideuses que compreendiam do assunto. Sabia que, independente do que fizesse com os braços ou as pernas, poderia não ser o suficiente para se desvencilhar do outro. "You're bold, flower boy." A voz continha humor, mas, ao mesmo tempo, animação por estar naquela situação. Poderia ser um pouco maluco demais dela, mas gostava da sensação do coração batendo acelerado contra o peito, a boca seca e os pensamentos que pareciam correr desenfreadamente, buscando soluções. Quando houve a condição alheia, no entanto, fingiu chateação. Não que pretendesse entrar na mente alheia, mas sempre havia aquela incitação do poder de realizá-lo constantemente. Perguntou-se, por um momento, como seriam as emoções alheias. "Sem poder mágico? Com eles é tão mais divertido, mas imagino que não seria uma visão muito agradável colocá-lo para chorar nessa situação." Imaginava o quão decepcionante seria ele, segurando ela e, no próximo segundo, as lágrimas escorrendo pelo rosto alheio. Mesmo que gostasse de se vangloriar, sabia que não seria algo que gostaria de fazer de forma tão voluntária. "Você acha que preciso das minhas pernas e dos meus braços para fazer você me soltar?" Deu um sorrisinho, que muitos achavam irritantes, em direção a ele. A expressão continha a arrogância inerte da filha de Afrodite, algo que, mesmo que não se orgulhasse, aparecia quando estava empunhando uma espada. Emanava confiança, fosse na linguagem corporal ou na forma com que encarava o rosto do filho de Deméter. Aproximou-se o suficiente da orelha alheia, mais estendendo o pescoço do que fazendo qualquer esforço com o tronco ou o braço que permanecia preso, esperando que ele não previsse o que estava prestes a fazer. "Oh, você me subestima. Não sei se você sabe, mas eu sei ser bem criativa." A voz não passou de um sussurro, sendo perceptível que o sorriso arrogante permanecesse imutável nos lábios dela.
Antes que ele pudesse pensar, os olhos dela desceram rapidamente e, em questão de milésimos de segundo, a boca encontrou a curva do braço que a segurava e do pescoço. A mordida fechou com muito mais força do que estava acostumada, os caninos afundando na pele sem nenhuma gentileza, sentindo a pele resistir e o gosto de suor invadir. Quando pôde sentir o metalizado tomar lugar, mesmo que suavemente (o que não era muito agradável, mas sequer estava pensando direito e esperava não ter deixado uma marca muito forte), imaginando que estava doendo o suficiente, o joelho encontrou o meio das pernas do Gutiérrez com força, conseguindo, enfim, a liberação da mão. "Talvez seja porque sou filha de Afrodite, mas sou particularmente uma grande fã de mordidas. Elas costumam ser mais leves que isso, no entanto." Misturava a brincadeira e a arrogância na voz, não tendo exatamente pena do outro. Afastou-se para pegar um pequeno saco de gelo, no entanto. Mesmo que não fosse exatamente o maior exemplo de empatia naquelas situações, sabia como provavelmente a mordida poderia estar doendo. A sensação gelada talvez melhorasse. "Aqui, você deve estar dolorido." Encostou o saco na região, esperando que ele não a odiasse tanto por aquilo. "Espero que você não fique com uma marca, mas pense pelo lado positivo... Tenho certeza de que vai fazer com que você pareça mais desejado." Piscou para o homem de forma brincalhona, olhando para a região enquanto levantava o saco para dar uma breve checada. É, talvez fosse necessário passar um pouco de bálsamo mais tarde.
E ali estava o resultado que ele tanto buscava. Se antes ela havia demonstrado certa habilidade, agora Diego sentia uma energia ainda mais intensa fluindo entre os dois. Um sorriso travesso surgiu nos lábios avermelhados do semideus, que prontamente, com a katana em mãos, assumiu a mesma posição que a semideusa. Ele era mais lento, mas tinha astúcia e, de certo modo, mais experiência. Mas não podia subestimá-la. Jamais faria isso. Não tão cedo. Sem avisar, ele avançou, e a lâmina da katana encontrou a dela, produzindo o conhecido tintilar do metal. Antes que ela recuasse para um novo ataque — talvez apelando para um golpe baixo, seu habitual recurso infalível — Diego segurou a mão que empunhava a arma, aplicando força suficiente para fazê-la soltar a lâmina. Como não obteve uma resposta imediata, ele a agarrou pelo tronco, afastando o braço que ainda segurava a lâmina, mantendo-a fora de alcance. Se Anastasia conseguisse se desvencilhar, ele estaria em sérios apuros. "Antes que proteste, a luta nunca é justa. Você sabe disso; é habilidosa demais para se enganar," o filho de Deméter insistiu, apertando ainda mais a mão dela. "Vamos imaginar uma situação: um monstro, mais ou menos da sua estatura, mas milhões de anos mais experiente que você, conseguiu imobilizá-la... O que faria a seguir? E, antes que pense nisso, sem usar poderes mágicos." A outra mão que a segurava pelo tronco impedia movimentos mais bruscos. Diego queria uma reação racional, mas ao mesmo tempo espontânea. Monstros, deuses, grandes heróis... nunca lutavam com justiça. Era sobreviver ou perecer. Não havia outra opção. "Estou à sua mercê. Suas pernas estão livres, mas se tentar usá-las de uma vez, vai se arrepender. Se usar a mão livre, só vai desperdiçar energia. Vamos lá, bonitinha!" provocou, o sorriso crescendo ainda mais em seu rosto.
# ʚ♡ɞ STARTER para @maximeloi em chalé de afrodite .
Não era uma pessoa que expressava-se facilmente, principalmente porque acreditava que existia essa fachada que deveria manter: a Anastasia irreverente e durona. Tinham a subestimado, inclusive ela mesma, desde que tinha sido reclamada filha de Afrodite e, por conta disso, demorou até que conquistasse o cargo que almejava. Haviam poucas pessoas para quais se abria e os irmãos eram uma delas. Bateu duas vezes na porta do irmão e, quando não obteve resposta, não hesitou em abrir a porta. Se não pudesse entrar, ele responderia, certo? Desde que vivenciaram os seus piores medos, Maxime estava... Sumido. Não que pudesse culpá-lo, já que ela mesma começou a dedicar-se quase exclusivamente no treinamento com a espada e a corrente, acreditando que poderia aliviar os próprios pensamentos com suor, assim como faziam os filhos de Ares. No entanto, não funcionava muito bem para si, já que ficar em silêncio fazia com que ficasse ainda pior. "Ei, quer conversar?" As palavras saíram baixas, deitando-se ao lado do irmão sem hesitação. Não tinha problema em demonstrar afeto e carinho por ele, já que, mesmo sendo competitivos, sempre estiveram um ao lado do outro. A mão dela foi até as madeixas dele, acariciando como uma forma de garantir que Max entendesse que, independente do que acontecesse, Anastasia estava ali por ele. O irmão era uma das pessoas que mais amava no mundo inteiro. "Porque acho que ambos estamos precisando."
@silencehq
A risada dele fez com que os olhos de Anastasia brilhassem, cheios de curiosidade e alegria genuína. A filha de Afrodite sentiu como se pequenos raios de sol atravessassem o coração dela. A felicidade dele era contagiante, e ela não pôde deixar de se sentir animada pela notícia. Com um olhar cúmplice e um sorriso largo nos lábios, sentiu o peito esquentar com o sentimento que a atravessava. Talvez por ser filha de Afrodite, mas notícias como aquelas pareciam fazer com que o dia dela ficasse melhor. Quase conseguia escutar os passarinhos cantando mais perto. "Que maravilhoso ouvir isso!" Anastasia exclamou com sinceridade, sua voz melodiosa transmitindo o entusiasmo genuíno que ela sentia. Não hesitou em aproximar-se ainda mais do amigo, os braços envolvendo o corpo dele automaticamente em um abraço apertado e animado. "É ótimo ver você tão feliz. Já estava me perguntando qual era o problema de vocês dois." Não deixou de brincar, uma vez que já tinha tocado naquele assunto mais de uma vez. A semideusa pausou por um instante, olhando para o horizonte antes de encarar novamente o amigo. Os pensamentos voaram por um segundo, pensando se havia algo incrível assim para contar para ele. Mesmo que quisesse falar sobre o que tinha acontecido, não era o momento para estragar a felicidade alheia. Por conta disso, manteve o sorriso animado nos lábios. "Como para mim, tenho novidades sim, mas nada tão formal quanto um namoro." Riu levemente, com um brilho travesso nos olhos. "Mas posso te contar que a coisa mais emocionante que aconteceu recentemente foi uma nova coleção de vestidos que comprei." Amava moda, então novas compras realmente faziam o coração dela bater mais forte. "Agora você vai sentar aqui e me falar como você pediu ela em namoro."
Quando não estava enfiado embaixo d’água por aí, um dos poucos lugares que sempre ia para comer alguma coisa enquanto observava a bela vista do lugar era o terraço. Estava escorado no batente, com um lanche natural já pela metade em mãos, quando ouviu a voz familiar que rapidamente chamou sua atenção. — Ei, Nasty! — Acenou para a filha de Afrodite que, por sinal, estava bem mais radiante e bonita naquela manhã. Não que ela já não fosse, mas sabia que o local e toda a aura que o envolvia contribuíam para tirar das feições de cada um o cansado da dura realidade que enfrentavam todos os dias. A pergunta o deixou confuso por um momento, tanto que mordeu mais uma vez o sanduiche enquanto olhava o movimento lá embaixo, próximo a praia. Quando a ficha finalmente caiu, não conteve o riso divertido e até mesmo bobo. — Caramba, não tem mesmo como esconder algo de você. — O tom era animado e até mesmo brincalhão. Virou-se de lado, com o braço ainda apoiado no mármore apenas para encarar melhor a irmã de consideração. — Bom, Yasemin e eu estamos oficialmente namorando. — Dessa vez não conteve o orgulho depositado nas palavras, muito menos o sorriso que teimava em formar no rosto. — Mas e você? Tem alguma coisa para me contar ou ainda na mesma de sempre?
[ 📩 sms to zev ] : calma, calma, não vamos nos precipitar em nos estressarmos por conta disso
[ 📩 sms to zev ] : o que ela falou?
[ 📩 sms to zev ] : e o que você falou?
📩 ZEV para TASSIA: desculpa a demora, eu tava meio ocupada, mas cheguei
📩 ZEV para TASSIA: então... O que rolou é que eu e a Vik nos desentendemos. Eu desconfiei dos poderes dela, aquele lance todo de manipular névoa, e em troca ela falou algumas coisas absurdas, principalmente sobre o Max, e isso me pegou um pouquinho
📩 ZEV para TASSIA: por isso mandei aquelas mensagens desesperadas ontem à tarde, eu tava bem, só tava me sentindo mal porque ela veio me chamar pra conversar e as coisas desandaram mais
📩 ZEV para TASSIA: agora eu tô me sentindo mal porque falei coisas horríveis pro Max porque a Vik enfiou um monte de coisa na minha cabeça. Meu cérebro vai EXPLODIR
@ncstya
Uma mensagem de Íris para você: "O que você sabe sobre as criaturas e os perigos que vivem no submundo? Como você se prepararia para enfrentá-los?"
Pensou por um momento, tentando se lembrar de todos os ensinamentos que teve quando era mais nova. É claro que, recentemente, também tiveram o pequeno acidente (se é que poderia chamar assim) envolvendo o Cão Infernal, o que fazia com que os diversos monstros viessem em sua mente. "O submundo é um lugar cheio de sombras, onde criaturas nascidas do medo e do desespero reinam. As ameaças podem ser inúmeras, desde cães infernais até espíritos vingativos, cada um mais perigoso que o outro. Esses seres são movidos pelo medo." Para ela, o cuidado em enfrentar cada criatura era onde estava a sabedoria que tanto pedia para Atena quando sabia que algo aconteceria. Mais do que habilidade em combate, era necessário também ter conhecimento do que poderia esperar por ela no Submundo. "Para combatê-los corretamente, conhecer bem o inimigo e antecipar seus movimentos é essencial. Toda criatura viva segue um padrão de ataque, até mesmo nós." Mesmo que tentasse ser imprevisível em um campo de batalha, todos possuíam padrões. Os movimentos poderiam ser espaçados e bem pensados, mas, eventualmente, acabaria imitando algo que tinha visto ou treinado. O mesmo servia para as criaturas infernais. "E, claro, enfrentaria cada perigo com coragem e confiança. O importante é sempre ter um plano em mente do que fazer, não apenas sair atacando sem motivo. Cada passo conta, cada movimento conta."
❛Just keep looking at me. No one else matters.❜
FLASHBACK . As noites sempre eram piores. Quando fechava os olhos, parecia sempre estar sendo engolida novamente para a escuridão que envolvia os pesadelos que teve. Mesmo que possuísse agora a bênção para protegê-la, Anastasia não acreditava que era o suficiente. Os sonhos ruins jamais paravam e era por isso que, na maioria das noites, sempre entrava silenciosamente no chalé de Bóreas para dormir com Santiago. Havia algo sobre a presença do amigo que tornava os pesadelos mais suportáveis, mesmo que temesse que jamais fossem a abandonar. Novamente, tinha acordado sem ter certeza de onde estava. A respiração estava ofegante, levantando-se da cama como se ela estivesse infestada com as cobras com as quais estava sonhando. Podia praticamente senti-las deslizando pelas pernas e pelos braços, desejando ter um pouco de Anastasia para si, infestando e provando. Escutava os chocalhos e os chiados das serpentes, que tinham se tornado parte intrínseca das noites dela. Mal tinha notado que estava chorando encolhida em um canto do quarto até notar a aproximação do amigo, tirando-a das lembranças que pareciam dilacerar o peito de dentro para fora. Subiu o olhar e focou no rosto de Santiago. Ali, encontrou um pouco da calmaria de que tanto precisava e esqueceu dos pensamentos que a levavam para a caverna novamente. Em um gesto familiar e natural para a filha de Afrodite, permitiu se afundar no abraço dele para que se lembrasse de onde estava. Com quem estava. Afundou os dedos nas costas alheias, a cabeça apoiada como se tivesse medo de soltá-lo e ser transportada para o pesadelo novamente. Ele era real. Ela era real. Agarrou-se ao aroma dele, à sensação dos braços ao seu redor e à voz que parecia carregada de preocupação. As lágrimas não escorriam mais pelo rosto e os chiados não eram mais tão altos a ponto de sequer conseguir pensar. Quando finalmente se afastou, deu um suspiro e um pequeno sorriso apareceu nos lábios dela. "Eu estou bem."
Estava despreparada e cansada, fruto dos dias que não foi permitido que instruísse. Mesmo que os anseios permanecessem, o corpo enfaixado e os hematomas impossibilitavam que empunhasse a espada e, agora, também a corrente. Os pensamentos flutuavam em sua cabeça, a noite comandada pela fraqueza a atormentando sempre que ficava em silêncio. Talvez fosse esse um dos motivos que tinha tornado as oferendas mais frequentes, rogando por mais sabedoria e clareza para Atena. Esperava que não cometesse tolices estratégias novamente, principalmente quando tinha certeza que haveria mais combates para frente. Lutaria dia e noite até que estivesse afiada novamente e se tornasse a melhor naquilo. Sequer tinha percebido a presença da semideusa quando escutou as palavras da outra, os pelos do braço eriçando levemente pelo instinto que é trazido pelos reflexos. "Sempre estou com raiva de alguém." Uma risada saiu dos lábios dela, já que, muitas vezes, usava a raiva como motivo de treino. Naquele momento, no entanto, era bem mais complexo do que uma emoção simples como a raiva. Havia bem mais que estava em jogo além de alguém falando mal de si ou de algum desentendimento que tivera. "Mas não é por isso. Acho que, nesse meio tempo que fiquei na enfermaria, desacostumei. Poderia ter sido mais rápida e mais precisa." A espada estava um pouco mais pesada conforme segurava, então a transformou em pulseira novamente. A respiração estava pesada e o corpo coberto de suor, então achou que fazer uma pausa não seria de todo mal. "Mas obrigada pela preocupação. Vou usar esse seu espírito quando precisar brigar realmente com alguém." Um sorriso alargou-se na expressão dela, mantendo uma leveza nas palavras. Não desejava brigar fisicamente com alguém tão cedo. "Quer treinar um pouco? Posso te ajudar."
Encostada na parede, Melis observava de longe como Nastya se portava em seu treinamento. A semideusa até tentava memorizar o que ela estava fazendo para poder reproduzir quando estivesse em seu horário. Provavelmente não iria conseguir fazê-lo com a mesma perfeição, mas talvez até pudesse surpreender seus instrutores. Quando a amiga terminou seu treinamento, Melis esperou até que saísse da arena para poder se aproximar. "Dez de dez, Nastya! Maravilhosa, rainha, divônica, kinga, lendária!" Começou a bater palmas para a amiga, fazendo movimentos engraçados conforme a elogia. "Você acabou com tudo ali!" Parou ao lado dela com um sorriso animado. O que Melis fazia de melhor era apoiar seus amigos e também demonstrar o quanto os admirava. "E fez isso tão rápido! Cheguei quando você estava começando e você já está aqui, perfeita! Depois você precisa me ensinar como..." Parou por um momento e tirou aquele segundo para pensar. Realmente ela havia derrotado todos com muita rapidez. Será que havia perdido alguma coisa importante? "Nastya, você está com raiva de alguém?" No mesmo momento, Melis mudou a postura. O que é que tenha acontecido, a semideusa estaria preparada para ajudar. Anastasia sempre fazia o mesmo por ela. "Quer que eu te defenda? Quem foi? Quem foi? Me diz que eu vou lá fazer barraco! Não tenho medo de falar não!" | @ncstya
Escutou pacientemente a outra dizer como se sentia em relação ao que tinha acontecido. Mesmo que não fosse do seu feitio, compadeceu-se pela dor alheia, ignorando as dores que havia no próprio corpo. Sabia que Yasemin não merecia aquilo, principalmente após ser nomeada realeza. Tinha sido tão abruptamente que nem mesmo Anastasia tivera a oportunidade de absorver tudo que tinha acontecido com ela naquela noite. "Deve ser a perda de sangue, mas logo você estará como nova." A voz dela soou positiva, mesmo que não se sentisse daquela forma. Parecia estar na beira de um precipício, à deriva de um forte vento. Por mais que tentasse segurar na borda, estava cada vez mais prestes a ter uma queda violenta. Não costumava ser uma pessoa pessimista, mas, com os acontecimentos recentes, estava tornando-se aos poucos. Por um tempo, tinha acreditado realmente que poderia ter um final feliz. "Eu fui meio tola e quis bancar a Mulher Maravilha." Uma risada fraca saiu dela, tentando não pensar muito nisso. Sentia que, quanto mais pensava, mais defeitos achava na forma como se comportou. Até mesmo a forma como empunhou a espada estava errada. "Lutei com algumas pelúcias e, bem, quase perdi, por isso estou aqui." A voz foi baixa, carregada de pesar. Quando acordou, ficou aliviada por não ter morrido, ao contrário do que presumira antes de fechar os olhos. Ainda sim, permanecia tão cansada, tão exausta. Tinha certeza que dormiria mais algumas horas.
Yasemin avaliou com calma todos os ferimentos de Anastasia. A cicatriz semelhante a sua no rosto da garota, com a diferença que a sua pegava do olho até a boca. Considerava um charme na garota, mas duvidava que a outra iria pensar o mesmo. A pergunta a fez rir sem humor. Não seria tão ruim assim. Não naquele momento. Se pudesse, trocaria de lugar com Flynn porque a turca se sentia tremendamente cansada e exausta. Não tinha nem forças para falar muito bem, não pela dor em sua cabeça, mas por toda dor emocional que veio a tona com toda aquela situação no baile. ❝ ― Não... ❞ — Sussurrou, levando a mão para o curativo na cabeça. ❝ ― Me sinto um pouco tonta e enjoada, mas a ambrosia ajudou bastante... Creio que se eu for para a praia, a cura será mais rápida. ❞ — Mas ela não iria naquela madrugada, talvez porque sentia que merecia passar por aquilo por alguma razão em seu âmago. ❝ ― Como você se sente? A última vez que te vi, estávamos dividindo batatas fritas. ❞ — Brincou mesmo que sem humor algum, apontando para os ferimentos da garota.