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Não Há Lugar Como O Lar - Blog Posts

1 year ago

NÃO HÁ LUGAR COMO O LAR - PERCY/NICO AU COLEGIAL - CAPÍTULO V

Ei, como vai? As coisas começam ficar mais serias e logo vamos entender o que realmente aconteceu no passado. Enquanto isso a relação dos garotos continua evoluindo. Já aviso que vai ser algo d/s, sabe? Dominador e submisso, mas de uma forma bem natural. Quer dizer, eu sempre escrevo sobre isso, então, não é nenhuma novidade, só que não vai ter nenhuma explicação extensa ou deslocada do enredo. Não vai ser nesse capítulo que isso vai acontecer, mas eu queria dar um aviso bem antecipado: para quem não gosta desses temas, não perca seu tempo. Também queria avisar que a real personalidade deles logo vai aparecer.

A verdade é que vou escrevendo conforme as ideias vão aparecendo, então, se você ver algo que não faz sentido ou ver um furo narrativo, me informe. Até porque depois que terminar essa primeira versão, vou revisar.

Obrigado pelo apoio e sejam bem-vindos quem está chegando agora. Todos me encontraram no tumblr ou vieram do Spirit? Vou adorar conversar com vocês nos comentários ou asks!

Boa leitura!

Capítulos anteriores: CAPÍTULO I / CAPÍTULO II / CAPÍTULO III / CAPÍTULO IV

CAPÍTULO V

Como previsto, era um novo dia. O sol brilhava forte pelas persianas, os pássaros cantavam e eles estavam atrasados. Entretanto, o que lhe preocupava não era o fato de ser quase sete horas da manhã e sim que alguém estava batendo na porta, e esse alguém ser sua irmã, Bianca, que geralmente estaria muito longe dali em sua primeira aula do dia, parada no lado de dentro do cômodo, os observando alegremente.

Aquilo era um pesadelo, essa devia ser a única explicação para justificar a cena em que Nico se encontrava. Percy contra suas costas, o abraçando apertado com apenas um lençol escondendo suas virilhas. Se Bianca decidisse puxar o lençol, veria tudo, as marcas nas costas de Percy e o cupão no meio de suas pernas, impossível de não reparar mesmo daquela distância. E ao contrário do que ele pensava, Bianca decidiu por ser bondosa. Ela deu um tchauzinho com um sorrisinho de canto e fechou a porta suavemente, embora ele conseguisse ouvir o som da risada dela enquanto se afastava pelo corredor. E de novo, ele se perguntava o que estava fazendo. Ele nem… nem tinha retribuído Percy na noite anterior. Ele era a pessoa mais mesquinha e egoísta desse mundo tod-- 

Nico teria continuado seu autoflagelo se não tivesse sentido uma risada silenciosa contra suas costas.

— Você está rindo de mim? — Nico disse, se virando nos braços de Percy. O garoto estava acordado e com um daqueles sorrisos que o enfurecia e excitava ao mesmo tempo.

— Você tem que admitir, é bem engraçado.

— Não é não!

— Qual a novidade? Não é a primeira vez que alguém pega a gente dormindo junto.

— É? Mas é a primeira vez que estamos pelados!

— Oh. — Percy diz, seu sorriso se suavizando. — É melhor ainda.

— Seu-- seu--!

Nico se levantou mais rápido que um foguete, pegou a primeira coisa que viu e jogou na cabeça de Percy. Quando viu que era um travesseiro, pegou o objeto de novo e bateu com ele na cabeça de Percy até que seus braços começaram a doer e ele foi obrigado a parar, se acomodando onde estava, e que ele percebia só agora ser o colo de Percy. O que mais o irritou foi o fato de Percy nem ter tentado se defender, rindo, estatelado na cama como se fosse o dia mais feliz de sua vida.

— Percy!

— Deuses! Acho que vou morrer. Eu voltei no tempo por acaso? Eu ainda me lembro--

— Não se atreva! Quantos anos você tem?

— Dez. Quer brincar de casinha como a gente costumava? Eu vou construir um forte com cadeiras e cobertores e a gente pode--

— O que deu em você hoje, hein?

— Eu estou feliz. Você não está?

Nico parou no meio de outra reclamação, percebendo que estava pelado e ainda sentado no colo de Percy, exatamente como em outras milhares de vezes, mas que dessa vez, significava muito mais.

— É claro que eu estou. Você não precisa voltar para o maternal.

— Por que não? Era mais divertido do que fingir ser um adulto responsável.

— A gente não está fingindo… está?

— Nico. — Foi o que Percy disse antes de se sentar e o abraçar forte pelo meio das costas. — Eu posso fingir muitas coisas, o que eu sinto por você não é uma delas.

— Eu não entendo porque logo agora. O que mudou?

— Tudo mudou. Você foi embora.

— Per… eu não sabia que você se importava tanto, pensei que… era melhor se você não tivesse uma sombra te seguindo pelos cantos.

— Nico. — Agora Percy parecia estar em dor. — Quem te disse isso? O que te faria pensar assim?

— Bem… é que… você sabe… ela disse aquelas coisas e eu me perguntei “e se for verdade?”. Pensei que um pouco de distância ia ser bom.

— Pra quem? Pra mim ou pra você?

Era uma boa pergunta. Ele só não queria se sentir tão mal a cada vez que via aquelas pessoas no corredor do colégio, murmurando em suas costas, coisas que ele nem queria saber o que era, mas que fundo já suspeitava o que poderia ser.

— Me responda. — Então, Percy segurou em seu rosto e o fez encará-lo. — Do que você estava fugindo?

— Faz diferença agora? O que você vai fazer? Ir atrás dessa pessoa e dizer como ela é horrível? Do que… do que adianta ficar olhando para o passado?

— Quando foi que você cresceu tanto? — Percy não parecia feliz com isso, no máximo resignado.

— Quando eu tive que deixar para trás a coisa que eu mais amava.

Isso finalmente fez Percy se calar, olhando para ele de forma tão triste que parecia que Percy cairia no choro a qualquer momento.

— Eu sei quem fez isso, eu precisava ouvir da sua boca. Não queria acreditar que ela faria algo assim.

Nico se pegou sorrindo, embora fosse um sorriso murcho e triste. Essa era a verdade, pessoas eram más e algumas delas fariam o impossível para conseguir o que queriam. O segredo era não ser inocente e se proteger, ou tentar ficar longe da ira delas. O que eles poderiam fazer além de tentar? Ele abraçou Percy bem apertado e colocou a cabeça sobre o ombro dele. Já que eles estavam atrasados, não tinha porque apressar as coisas.

***

Quando eles enfim desceram as escadas de banho tomado e cabelos penteados, o café da manhã já estava na mesa; ovos, bacon, café e suco. Algo simples, mas que eles raramente tinham tempo para fazer. Por que eles não tinham? Ah, agora ele lembrava. Ter que correr de Will ou explicar para o pai porque ele não queria passar tempo na empresa de fato tinha tomado todo o seu tempo e o de Bianca também, que corria de Hades tanto ou mais que ele. Mas, aqui? Na quietude sem pessoas os perseguindo era o paraíso, era um peso que finalmente tinha saído de suas costas. Provavelmente não ia durar muito, infelizmente. Era por isso que Nico queria ir devagar, e talvez assim, ele tivesse um tempo para organizar a mente e decidir o que fazer a partir daquele momento.

— Tudo bem? — Percy disse no corredor, assim que eles saíram do quarto, indo em direção às escadas para chegar no andar térreo. — Você está muito quieto desde que entramos no banho.

— Hm. — Ele era tão óbvio assim ou Percy apenas prestava atenção? — Eu estava pensando…

— No quê?

— Eu… eu só quero terminar o colégio sem drama, sabe? Me formar e tentar fazer algo útil da vida.

— Isso é sobre a gente?

— Falei sério quando disse que não queria um namorado.

— Tudo bem. — Percy acenou, todo sério, embora ele tivesse as mãos sobre os ombros de Nico enquanto eles desciam as escadas, perto demais para falar a verdade. Mas era um perto que Nico gostava, mesmo que soubesse que isso tornava as coisas mais complicadas. — Você vai parar de falar comigo ou é sobre o sexo?

— Eu… — Era outra boa questão. Ele queria se afastar de Percy?

— Então, não há motivo para colocar rótulos no que a gente é. É só um nome. Nunca vou pedir algo que você não está interessado em oferecer.

Nico sabia disso, Percy nunca tinha feito isso antes e não era agora que o amigo começaria a forçá-lo a algo. De fato, Percy tinha sido tão paciente que ele tinha confundido cuidado com desinteresse durante todos esses anos. Agora, ele entendia. Bem, ele entendia por causa do dia anterior. Era revelador. De verdade.

— Percy, olha--

— Eu entendo mais do que ninguém, mas isso não muda nada entre a gente. Não estou com pressa e não vou a lugar algum.

— Você promete?

— Eu prometo. Sou o mesmo velho Percy e você é o meu doce Nico. Nada vai mudar.

Nico piscou lentamente e se viu perdido nos olhos de Percy, preso em cada palavra e em cada sussurro proferido. Ele sabia de tudo isso e odiava como o apelido agora soava sexual, “Meu pequeno Nico” ou “Meu doce Nico”, saindo dos lábios de Percy num tom tão possessivo e quente que ele devia correr para bem longe enquanto ainda podia. Sabia que devia, e esse era o problema, a vontade e a compulsão de se aproximar de Percy eram maiores do que qualquer racionalização que ele pudesse ter. Quando percebeu o que acontecia, se viu prensado contra a parede ao pé das escadas, Percy colado a ele, mãos em sua bunda, quadris se roçando aos seus e os dedos de Percy o puxando pelos cabelos naquele tipo de beijo indicado para a privacidade de quatro paredes.

Ele não se lembrava de Percy ser assim, tão intenso. Tudo isso realmente era porque ele tinha ficado longe por dois anos? O garoto que ele conhecia era doce, gentil e bondoso. Agora, na maioria das vezes, ele mal conseguia se controlar quando Percy decidia que falar não era o que eles deviam fazer. Como nesse momento, sentindo o quadril de Percy se esfregando contra o seu, quase o fazendo gozar nas calças feito um adolescente à flor da pele, algo que ele nunca tinha sido.

Reunindo forças de onde ele nem sabia que tinha, Nico arrastou seus lábios para longe dos de Percy e respirou fundo para em seguida o empurrar para longe, apenas o suficiente para desgrudar seus corpos, segurando Percy pelos ombros numa distância segura.

— Você não pode fazer isso. Eu não consigo. Você disse que não me forçaria.

— Não estou te forçando. — Então, Percy pensou de novo e completou: — Me desculpa. Não vou fazer de novo.

Nico não sabia se acreditava. Aqueles olhos verdes sobre ele, tão intensos que pareciam queimá-lo onde quer que pousassem e o respirar rápido e arfado lhe diziam outra coisa, lhe diziam que se Percy pudesse decidir eles não estariam parados no meio das escadas.

— Percy, acho que isso não vai dar certo.

— Eu disse que sinto muito. Tive que esperar por muito tempo. É só isso. Não sou um monstro, não importa o que as pessoas digam.

— Ninguém disse nada. — Bem, não desde que ele foi para o exterior. Ele se lembrava de como Lou e Alabaster insinuaram que Percy estava esperando o momento certo para atacar. E tudo o que ele tinha pensado na época era “E daí se Percy estivesse? Eles estavam com inveja?” No fim, ele tinha ido embora com o coração partido e outro trauma para a coleção.

— Hm, lindo. — Percy sorriu e dessa vez Nico estava prestando atenção. Percy deu um passo para a frente e ao contrário do que ele esperava, Percy não tentou beijá-lo, quer dizer, não nos lábios. Percy segurou em suas mãos e as levou aos próprios lábios, beijando cada dedo separadamente. — Eu nunca faria qualquer coisa que pudesse te machucar. Espero que você saiba disso.

— Eu sei. — Nico achava que sabia, mas ele tinha descoberto que pessoas boas podiam fazer coisas ruins e depois de seu último relacionamento, ele não tinha certeza de nada. — Só… vamos devagar, sim?

— Claro, Nico.

Percy sorriu mais uma vez e deixou que ambas as mãos se separassem apenas para segurá-las em um aperto reconfortante, enquanto os dois olhavam para suas mãos entrelaçadas. Hm, era uma cena que ele nunca se deixou visualizar antes, ele e Percy, um lugar tranquilo, natureza ao redor deles, talvez algumas cadeiras estiradas ao sol e eles dois juntos, segurando um na mão do outro enquanto observavam o sol se pôr. Talvez… talvez se ele tivesse sorte o suficiente. Num futuro não muito distante. Talvez se eles conseguissem--

— Aqui estão vocês. Quanto tempo vão ficar sussurrando no escuro?

Era Bianca. Quem mais poderia ser?

***

Por algum motivo, Percy queria rir, embora a experiência estivesse sendo mais estranha do que ele tinha previsto. Ao invés de encontrar Hades que tinha dito para ele que chegaria naquela manhã, era Bianca que tinha os recebido noite passada e aberto a porta para eles; ela não havia perguntado nada e apenas dito: — O quarto do Nico está no mesmo lugar.

Dando de ombros, ele tinha pegado Nico no colo e subido as escadas nem um pouco desanimado pela presença de Bianca. Percy admitia que estava indo rápido demais, ansioso demais, porém, quem podia culpá-lo quando assim que entraram no quarto Nico tinha gemido suavemente e o beijado mais doce ainda, começando a tirar as próprias roupas e se deitando no meio da cama com as pernas abertas? Ele era humano, e como o ser fraco que era, fez o que Nico não tinha coragem de pedir, mas que dizia com o olhar e toda aquela pele exposta. Percy tinha se ajoelhado na cama, beijado desde as pernas de Nico até seu pescoço para enfim tocar onde ele mais queria. Talvez ele tenha se deixado levar um pouco, tocado muita força e quando viu Nico estava gozando em sua boca, em seu rosto, gemendo como se doesse e se contraindo tanto que por um momento achou que Nico fosse ter uma crise de epilepsia, o único motivo dele não se preocupar foi a expressão de puro êxtase no rosto moreno e delicado, o suspiro arfado quando Nico relaxou na cama e fechou os olhos, calmo e contente.

Ele nem tinha se importado com o resultado, ele excitado e frustrado, e Nico dormindo tranquilamente. Era sua culpa, além de que Nico não tinha nenhuma obrigação de retribuir, eles sendo namorados ou não. Respirando fundo, tudo o que Percy fez durante longos minutos foi observar Nico dormindo confortável na cama, braços estirados em cima da cabeça, agarrando os travesseiros, pernas abertas e membro agora flácido, pequeno e recolhido no caminho de pelos negros e ralos que iam desde a parte baixa de seu umbigo até sua virilha, ainda molhados por saliva e sêmen. Percy queria voltar a tocá-lo naquele mesmo instante, excitar Nico mais uma vez e ver quanto tempo ele demoraria para gozar de novo.

No fim, fazendo esforço para se afastar, Percy saiu da cama devagar para não acordar Nico, entrou no banheiro que ficava dentro da suíte e abaixou as calças, seria mais seguro se ele cuidasse das coisas longe de Nico, apenas para ter certeza que conseguiria se comportar o resto da noite; sabia como Nico era desconfiado quando se tratava de sexualidade e confiança, principalmente quando um ano atrás Nico tinha terminado com o namorado e não contado a ele qual o motivo. E mesmo que ele suspeitasse o que tinha acontecido, isso também não era de sua conta. Se Nico não queria contar a ele, Percy devia respeitar sua decisão. Por enquanto.

Dessa forma, ele tinha cuidado das coisas mecanicamente, encontrado uma tolha limpa, a umedecido com água morna e tinha limpado Nico para logo em seguida tirar as roupas e se deitar na cama com ele. Percy mal tinha deitado a cabeça no travesseiro quando Nico o abraçou pelo pescoço em seu sono, se acomodando contra ele. Pernas contra pernas e peito contra peito, praticamente o beijando, estirado contra seu corpo.

— Senti sua falta. — Nico tinha murmurado, suspirando contente e voltado a relaxar em seu sono que se aprofundava uma vez mais. 

Percy achava que aquele tinha sido um dos momentos mais felizes de sua vida, Nico depois de tanto tempo se deixava ficar vulnerável perto dele quando Percy pensava que essas cenas nunca mais se repetiriam.

Sentindo um aperto no coração como se ele fosse explodir a qualquer momento e querendo chorar, Percy enfim se permitiu fechar os olhos e aceitou seus sentimentos. Ele amava Nico, nem o tempo ou outras pessoas fariam com que essa mesma sensação de completude se instalasse; ninguém o fazia se sentir tão bem e tão poderoso como Nico fazia, ninguém o fazia rir ou chorar com tanta facilidade, ou gerava essa vontade louca nele de ser o melhor só para ter certeza que seria capaz de dar tudo o que Nico precisasse.

— Eu também senti sua falta. — Percy acabou murmurando de volta antes de cair no sono, puxando Nico para mais perto e enfim se deixando levar.

Agora eles estavam sentados à mesa da cozinha, Bianca sentada em frente a ele enquanto Nico se sentava a seu lado, enchendo um prato com comida e uma xícara com café puro e sem açúcar, entregando a ele.

— Você ainda se lembra. — Ele murmurou e pegou a xícara, tomando um gole e inalando a fragrância de café recém feito e recém-moído, não tão forte como ele gostava, mas era de qualidade exemplar. Era tudo tão familiar que Percy se pegou sorrindo, observando Bianca sorrir e Nico fingir que não estava encabulado pelo elogio. Nico nunca foi muito bom em recebê-los.

— Eu não fiz nada.

— Hm. — Ele murmurou, tentando não provocar Nico ainda mais. Porém ele não podia evitar, seguiu Nico com o olhar, o vendo finalmente se sentar e pegar um copo com suco de laranja, dando um longo gole antes de se concentrar em seu prato, quando Bianca o encarou e perguntou:

— Percy Jackson, o que te traz aqui?

— Nico. — Ele disse e sorriu para Bianca. Entre eles nunca houve espaço para nada além de sinceridade sem rodeios. Afinal, ela tinha permitido que Nico praticamente se mudasse para sua casa naqueles longos e magníficos anos e ele não faria nada que pudesse quebrar a confiança entre eles.

— É sério dessa vez?

— Sim.

— Tudo bem.

Bianca acenou, satisfeita. Ela se voltou para sua comida e levou uma garfada de ovos aos lábios.

— O que foi isso? — Nico perguntou, largando seu garfo. Ele cruzou os braços e os encarou.

— Eu queria saber. — Bianca deu de ombros. — Ontem vocês chegaram tarde.

— Não pode ser! — Nico cobriu o rosto e gemeu, ansioso. — Você viu a gente?

— Eu vi tudo.

O silêncio se fez, porém, não por muito tempo. Nico empurrou sua cadeira para trás e se levantou, cambaleando.

— Eu preciso… preciso pegar minha bolsa. 

O que era apenas um motivo para ele se esconder durante algum tempo ou até que o rubor sumisse. Percy observou Nico se arrastar para fora da cozinha e se virou para Bianca.

— E, então? — Ele perguntou. Sabia que Bianca queria falar algo, mas não queria que Nico escutasse.

— Você parece diferente.

— Como?

— Mais… decidido. 

— Algumas coisas aconteceram.

Quando Bianca não disse mais nada, ele deu de ombros e continuou:

— Nico foi embora e eu descobri algumas coisas.

— Sim?

— Nada demais. 

Bianca levantou as sobrancelhas e Percy se rendeu.

— Parece que eu era muito bonzinho e inocente. Então, decidi não ser mais.

— Não me diga.

— Ninguém me conta essas coisas! Pensei que Nico não pensava em… em…

— Sexo?

— Aparentemente, eu estava errado e ele pensou que eu não estava interessado.

— Hm… — Bianca olhou por mais alguns momentos para ele e teve misericórdia. — Não é sua culpa, era aquela garota loira que vivia atrás de você.

— Porra, eu nem gosto de mulher!

— É? Eu tomaria mais cuidado se fosse você.

Percy sabia que aquilo não era uma ameaça e sim um aviso, pois Bianca nunca faria nada para ficar no caminho da felicidade de Nico.

— Você acha que eu devia fazer algo mais drástico?

— Eu acho que o Nico faria algo drástico se ele pensar que está atrapalhando.

Percy parou de respirar por um momento e percebeu a gravidade do problema, só agora ele via que Bianca parecia preocupada. Ela não estaria em casa quando a responsabilidade sempre veio em primeiro lugar para os Di Angelo; ela não estaria perdendo aquele precioso tempo se Bianca não pensasse que fosse extremamente importante.

— Eu vou cuidar de tudo. Você não precisa se preocupar.

— É o que eu espero.

Com isso, ambos baixaram a cabeça e continuaram a comer até que Nico voltou, mais calmo e composto. Ambos terminam de comer o resto da comida, e apressado, Nico logo o puxou pela mão e em direção ao carro estacionado em frente a casa dos Di Ângelo.

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Obrigada por ler!


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1 year ago

NÃO HÁ LUGAR COMO O LAR - PERCY/NICO AU COLEGIAL - CAPÍTULO IV

Oii, como vai? Estou muito feliz com o que consegui escrever até aqui. Pensei que eu tinha desaprendido a escrever, sabe? Então é legal ver as coisas se desenvolvendo bem.

Nesse capítulo preciso dar alguns avisos. Pra quem me conhece sabe que sempre escrevo sobre sexo, seja no começo, meio, final ou durante a história inteira, mas como esse blog é novo achei bom avisar.

Outra coisa é que, como estou postando conforme escrevo algumas coisas podem mudar. Assim, se tiver algo novo e que mudou eu aviso nas notas finais ou aqui no começo. E tipo, quero dizer que eu não gosto de personagens muito... bonzinhos, então, a personalidade do Percy e do Nico vão começar a se mostrar, ok? Nada do tipo vilanesco, mas que pode gerar algum tipo de discussão, e sobre isso eu não aviso. De fato, raramente faço avisos, embora eu goste de conversar sobre a história. (Avisos são sobre coisas que eu não costumo abordar, assuntos taboo demais ou sobre algum tipo de non-con).

Dessa forma, vocês estão convidados a dar sua opinião sobre qualquer aspecto da história, seja em português, inglês ou espanhol. Sim, sou quase trilíngue ou seria poliglota? srsrsr De qualquer forma, espero que seja um boa leitura!

Capítulos anteriores: CAPÍTULO I / CAPÍTULO II / CAPÍTULO III

— Então me deixe decidir. Eu só preciso da sua permissão.

— Permissão para fazer o que?

Nico observou em câmera lenta a mão que estava em volta de seu ombro viajar para sua nuca, massageando o lugar, e o puxando suavemente para mais perto, inclinando sua cabeça até alcançar a posição certa para os lábios de Percy finalmente descerem contra os seus no beijo mais inocente e doce que ele já tinha provado, como se Percy estivesse determinado a recuperar tudo o que eles tinham perdido, começando por um beijo terno e casto, num leve roçar de lábios, jantares a luz de velas e… e muitos abraços?

O problema é que as coisas não ficariam castas por muito tempo. Gemendo e estremecendo, Nico sentiu uma das mãos de Percy descerem por suas costas numa carícia lenta e com vontade, entrando por dentro de sua camisa, o prensando contra seu peito bem no exato momento onde ele abriu a boca num arfar necessário para ter sua língua capturada e chupada, de forma tão gostosa que ele se viu fechando os olhos e gemendo novamente, se agarrando nos ombros de Percy com medo de sair voando.

— Tão bom assim, hm? — Percy murmurou algum momento depois, lábios ainda grudados aos dele, os mordiscando lentamente, mãos a salvo e longe de qualquer parte sensível. Por enquanto.

Isso era tão injusto! Tinha esperado tanto tempo por esse momento! E agora era difícil pensar, quanto mais devolver uma resposta aceitável. Ele tinha sentido falta dessa proximidade, e principalmente tinha sentido falta de beijar Percy, mesmo que tivesse o beijado apenas uma vez antes de ir para a Itália envergonhado e com o rabo entre as pernas.

— Bebê. — Percy sussurrou mais uma vez contra seus lábios e os lambeu, o pegando desprevenido mais uma vez, a língua dele se encontrando contra a sua, selando seus lábios juntos, as mãos de Percy se fincando em seus cabelos, os puxando um pouco, lhe fazendo gemer, enquanto a outra mão em sua cintura o arrastava pelo banco, o puxando para mais perto, quase o colocando em seu colo, isso é, quando um pigarro em algum lugar próximo a deles foi ouvido.

— Os senhores estão prontos para pedir?

O beijo foi quebrado com um barulho molhado e um choramingo necessitado que vinha dele mesmo. Nico voava, flutuando nas sensações que nem lembrava mais, e nem mesmo o garçom tentando chamar a atenção deles poderia impedi-lo. Então, suas costas foi colocada contra o assento do banco e as mãos de Percy voltaram a seus ombros, agora o massageando devagar como se isso pudesse acalmá-lo. Ele ouviu uma risada sem graça e então a voz de Percy soou no ambiente, rouca e lenta, pedindo um vinho e o prato do dia. Apenas um prato. De qualquer forma, não é como se eles fossem comer muito.

— Obrigado. — Percy disse depois de alguns minutos, Nico se sentindo contente em ficar quieto e ver o garçom se afastar todo encabulado.

— Garoto mal, constrangendo pobres serventes. O que eles vão dizer da gente?

— Quem é mal aqui? — Ele se viu dizendo, nenhum pouco arrependido, embora não tenha sido ele quem começou.

— Você tem razão, eu sou. Contanto que você seja bom pra mim.

Ele nem se deu ao trabalho de responder, apenas olhou para a expressão convencida no rosto de Percy, tão arrogante que ele teve o impulso de mostrar quem mandava ali. Então, como num passe de mágica, Percy sorriu e segurou em seu rosto perto de seu pescoço e encostou seus lábios contra os dele longamente num gesto afetuoso que esquentava sua pele da mesma forma que algo mais intenso faria. 

— Não fique bravo comigo.

— Você acha que pode resolver tudo com beijos?

— Nem tudo. Sexo e presentes também podem ajudar. Quem sabe uma massagem bem relaxante?

Nico sentia vontade de bater em Percy até que não pudesse mais. Felizmente a comida deles chegou e uma garrafa inteira com duas taças foi colocada na mesa.

— Você está tentando me deixar bêbado?

— É o seu preferido.

Realmente era o seu favorito, seco e tinto, forte. Uma boa safra também. Ele se perguntava se toda família italiana era assim, parecendo que tinha vinho nas veias no lugar de sangue. Isso não era importante, logo Percy abria a garrafa e enchia suas taças até o limite.

— A novos começos e velhos amigos.

Eles brindaram, dando algumas garfadas nos intervalos de beijos e risadas, e beberam mais um pouco até que a garrafa estava vazia, o céu lá fora há muito tempo escuro, perdido no breu da noite junto a qualquer inibição que eles poderiam ter.

***

E como ele tinha dito antes, sua vida era um grande clichê barato. Nico não se lembrava como tinha chegado em casa, quem tinha aberto a porta ou como eles tinham subido as escadas em direção a seu quarto. Eles tinham trancado a porta? Onde estava sua mochila? E seu violão? Eles tinham--

— Nico… bebê… — Ele jogou a cabeça para trás e gemeu, estava tão bêbado, suas pernas nos ombros de Percy e suas mãos agarrando qualquer coisa que ele pudesse se segurar. 

Não fazia muito tempo que Percy tinha lhe jogado na cama e arrancado seus sapatos e calças, cueca, jaqueta e camisa de uma vez só. Ele mal teve tempo de subir na cama até os travesseiros e Percy já estava lá, no meio de suas pernas, tocando, beijando, marcando com seus dentes onde quer que eles pousassem. Tudo estava indo tão rápido que quando menos percebeu, Percy lambia seu membro rapidamente, de cima até a base, para ir por suas bolas e então… então sua entrada, mordiscando e usando seus dedos e língua, ambos lutando contra a embriaguez e o caminho estreito, tão estreito… fazia muito tempo que ele tinha tentado alguma coisa, ainda que essa coisa não tenha tido sucesso.

— Nico, você tem que certeza que--

— Eu tenho! Eu tenho!

— Está tudo bem mesmo? Está tão apertado… hmm… — Mas Percy estava gemendo, como se fosse ele quem estivesse sendo tocado. — E cheira tão bem…

Nico estava tão feliz de ter se precavido!-- ele nem teve tempo de terminar o pensamento quando sentiu… sentiu os dedos de Percy sumirem de dentro dele, sendo substituídos pela língua de Percy, molhada e levemente áspera, roçando ao redor da área enrugada para se forçar para dentro, se movendo ritmicamente… ele não ia conseguir, fazia tanto tempo que ninguém tentava tocar ali, a sensação dessa vez foi bem melhor, tão gostoso que ele podia… sua coluna se curvou e ele gemeu, um som profundo vindo desde seu pulmão, escapando de seu lábios. E claro, a boca de Percy já estava lá, momentaneamente ajudando a prolongar seu orgasmo, os dedos de Percy voltando a penetrá-lo, agora deslizando com mais facilidade, o lubrificante enfim fazendo seu trabalho. Mas era tarde demais, os lábios de Percy sobre seu membro eram muito intensos, mais do que ele podia aguentar. Finalmente se sentiu gozando e gozando quando Percy o chupou com vontade, lambendo a cabecinha de seu membro, o fazendo doer tão gostoso que ele teve que puxar Percy pelos cabelos para empurrá-lo para longe seu membro, ainda pulsando com o sêmen que escapou dos lábios de Percy, escorrendo abaixo por seu pescoço.

— Tudo bem? — Percy perguntou, mas ele não sabia. Parecia que tinham arrancado sua calma através do orgasmo. Nico mal conseguia abrir os olhos ou respirar, ainda se sentindo pulsar e estremecer. — Eu te machuquei?

Nico conseguiu apenas negar com a cabeça, tentando controlar seu corpo. Tinha sido tão repentino que seus nervos ainda tentavam acompanhar os acontecimentos e ele… Nico não lembrava de alguém já ter feito isso por ele, tão… tão… minuciosamente.

— Nico.

Ele estava tentando, jurava que estava. Ele só estava tendo dificuldade em fazer sua cabeça parar de girar.

— Nico, olhe para mim. — Então, ele fez, porque parecia algo simples o suficiente.

— Aqui está você. Meu Nico mentiu para mim?

— Eu… menti? — Nico não entendeu a pergunta, por que ele mentiria? Ele piscou lentamente e viu que Percy não parecia bravo, ele se deitava entre suas pernas ainda completamente vestido. Percy segurava em seus cabelos e os acariciava com um sorriso bonito no rosto.

— Quando foi a última vez?

— Não sei. Nunca? Nunca cheguei a… você sabe. — Ele se viu suspirando, seus olhos ficando pesados por causa dos dedos de Percy em seu couro cabeludo o ninando devagar.

— Isso explica muita coisa.

— Hm?

— Por que você não descansa um pouco?

— Onde você vai? — Mas já era tarde demais, com outro suspiro seus olhos se fecharam mais uma vez, o fazendo dormir mais rápido do que nenhuma pílula jamais conseguiu.

***

Quando Nico abriu os olhos novamente ainda estava escuro e o relógio na parede marcava duas da manhã. Eles ainda estavam em sua cama e como sempre, Percy tinha cumprido sua promessa; eles dormiam de lado, o lençol os cobria, Percy atrás dele o abraçando pela cintura, com sua outra mão debaixo… debaixo de sua cabeça, se curvando ao redor de seu pescoço, peito contra costas, rosto contra nuca e talvez ele estivesse segurando nesse braço ao redor de seu pescoço como se estivesse abraçando um ursinho de pelúcia contra o peito. Estranhamente, ele não se sentia sufocado, igual aconteceria se fosse com qualquer outra pessoa, era como… como um lembrete físico de que eles estavam ali juntos e que dessa vez Percy não o deixaria fugir.

O que ele estava fazendo? Há poucas horas estava dizendo que não estava preparado e que não queria um relacionamento e agora… o quê? Estava confortável em permanecer naquela posição, preso naquele agarre mais do que possessivo e ainda… ainda gostando disso? Aprovando a atitude de Percy? Ele tinha jurado que nunca deixaria ninguém se aproximar tanto assim de novo, dessa forma afetiva, mas esse era Percy, não? Sabia que podia confiar nele. Certo? E além de tudo, era apenas sexo. Que mal tinha nisso? Mesmo que ele estivesse falando de Percy, a pessoa que mais o conhecia nesse mundo…

Quer dizer, ele tinha voltado porque sentia falta de Percy, mas não esperava ser correspondido e muito menos tão rápido, até porque eles tiveram tanto tempo juntos e nada havia acontecido no passado, então, por que aconteceria assim? Do nada? Ele sabia que Percy tentava ser a melhor versão de si mesmo, porém, conhecendo Percy como ele o conhecia?... Bem, Percy não era o tipo de pessoa que perdoava fácil; característica que ambos compartilhavam. Então, ninguém poderia culpá-lo se ele estivesse esperando passar um tempo com o amigo para enfim se conformar que as coisas entre eles não iriam funcionar. Agora, ele se pegava nesse beco sem saída, de fato, sendo correspondido. A verdade é que Nico não tinha se preparado para nada disso, não tinha planejado ou pensado no que Percy o corresponder realmente significava para seu futuro. Ele provavelmente teria voltado para a Itália depois de se formar em alguns anos, ficando o suficiente para resolver o que precisasse e depois… depois ele iria fazer o que o pai vinha pedindo há anos.

O que ele devia fazer agora? Isso não podia ser uma boa ideia, tinha certeza que algo iria acontecer e destruir tudo, porque era o que acontecia com ele, e quem teria que lidar com as consequências era ele. Então, por que se deixou levar? Foi por causa do vinho? Qual desculpa ele usaria agora que não estava mais bêbado? Por que continuava na mesma posição, tão contente como nunca esteve, se deixando ser abraçado daquela forma e sentindo Percy praticamente o prensar contra a cama em seu sono? E se ele--

— Nico? — Percy disse rouco, sua voz sonolenta chamando sua atenção.

— Eu te acordei?

— Seu coração. Está disparado.

Para provar seu ponto, Percy levou a mão para o meio do peito de Nico e massageou o local, subindo e descendo as mãos, piorando as coisas com isso. Ele queria chorar e queria se debater, queria fugir de volta para a Itália e se esconder onde ninguém nunca mais o encontraria. No fim tudo o que fez foi ficar quieto, quase sem respirar, sentindo Percy se mover contra ele, enfiar uma das pernas entre as dele, o fazendo arfar quando Percy roçou os lábios contra sua nuca, virando sua cabeça devagar em direção a ele até que Percy juntou seus lábios devagar, num gesto afetuoso.

— O que aconteceu, hm? Qual o problema? — Percy disse, parecendo mais estar dormindo do que acordado, se roçando contra ele, devagar e calmo, no controle.

Nico não sabia o que estava acontecendo exatamente, apenas sabia que estava funcionando. Sentindo pele na pele e tão seguro, deixou o ar sair e abriu a boca, encontrando Percy bem ali pronto para recebê-lo docemente, voltando a abraçá-lo com força, deslizando suas línguas juntas, fácil e gostoso, como se eles sempre tivessem feito isso, tão descomplicado feito respirar.

— Você não vai me dizer? — Percy se afastou por um momento e piscou lentamente para ele, um pouco mais acordado.

Nico apenas olhou para Percy, cabelos bagunçados e lábios inchados, olhos quase se fechando de cansaço. Foi quando a realidade o acertou em cheio feito um soco no estômago. Ele o amava, realmente o amava. Nico não gostava de Percy porque ninguém mais quis ser seu amigo em seu pior momento ou porque Percy o defendeu durante a infância, nem mesmo era porque Percy sempre foi seu melhor amigo e sempre seria. Agora, observando aqueles olhos verdes, enfim se dava conta da verdade. Como ele não poderia amar alguém tão gentil e preocupado, alguém tão bondoso? Tão prestativo, sempre disposto a resolver seus problemas sem ele nem ter que pedir ajuda?

— Eu te amo. — Nico disse sem pensar, distraído pela forma que Percy se inclinou em direção a ele mais uma vez, prestes a lhe dar mais um beijo. Isso fez Percy parar no meio do caminho, franzir o nariz numa expressão confusa e depois sorrir, se aproximando o resto da distância, encostando seus lábios num leve roçar.

— Eu te amo mais. Muito. Muito mais.

Era estranho, ele não se sentia mais diferente do que há cinco minutos, mas fazia bem para seu coração, permitindo que ele tirasse um peso das costas que Nico nem sabia estar lá. Percy dizendo que o amava também não o fazia sentir melhor ou pior, era um fato bem óbvio, principalmente depois de ver tudo o que aconteceu nesses últimos anos. O único efeito aparente era aquecer seu coração, como as ligações faziam, como olhar para o rosto de Percy e ver o sorriso caloroso ali, sempre disponível para ele ou como os braços de Percy sempre estavam abertos para lhe receber.

— Não precisa se preocupar com isso. — Percy disse, voltando a acariciar o meio de seu peito, o virando de frente e o abraçando de novo, sem um centímetro de distância entre eles, as mãos de Percy deslizando por suas costas, uma delas se fincando nos cabelos de sua nuca, o lugar preferido de Percy o tocar, agora, e no passado quando ele não sabia o que esse gesto significava. Ou escolhia ignorar o fato.

— Me preocupar com o quê?

— Eu consigo ver no seu rosto.

— Eu não fiz nada.

— Mas quer fazer. Então, antes de você criar essas histórias e agir impulsivamente, fale comigo. 

— Per.

— Você prometeu que não ia fugir.

— Quando foi isso?

— Quando você disse que tinha voltado pra ficar.

Nico não prometeu nada, mas era como se tivesse. 

No fim, Percy tinha razão. Ele devia se preocupar menos. O que adiantava antecipar o que poderia acontecer se o futuro tinha tantas possibilidades? Ou esses pensamentos positivos e felizes podiam ser a influência de Percy sobre ele. Nico suspeitava que assim que Percy parasse de tocá-lo, essas preocupações voltariam feito uma bigorna jogada em sua cabeça. Porém, naquele momento, ele se deixaria ser consolado e abraçado, deixaria que o sorriso de Percy iluminasse a escuridão ao redor dele e deixaria que mais um beijo o fizesse suspirar e esquecer que amanhã era um novo dia e que com ele, mais problemas apareceriam para lhe preocupar.

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Obrigada por ler e por todo o apoio^^


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1 year ago

NÃO HÁ LUGAR COMO O LAR - PERCY/NICO AU COLEGIAL - CAPÍTULO III

Oii, como vai? Capítulo na hora prometida. Nesse capitulo vamos entender mais um pouco sobre a relação deles. Devagar vai chegar lá, e desde já obrigada pela presença e apoio^^

Capítulos anteriores: CAPÍTULO I / CAPÍTULO II

O sinal bateu bem na hora em que Nico bocejou, levando a mão à boca. 

— Você quer ir pra casa? — Percy perguntou, parando de escrever na folha de questões sobre física, momentaneamente, parecendo pensar seriamente sobre alguma coisa para voltar a escrever apressadamente, sem desviar sua atenção da tarefa, tudo isso enquanto segurava em uma de suas mãos, como se Nico fosse sair correndo no caso de Percy não estar lá para impedi-lo. Era quase engraçado, eles sentados em uma roda de seis ou sete pessoas no chão da biblioteca enquanto ele observava Percy fazer todo o trabalho pesado.

Ele queria dizer para Percy que não estava cansado, que era só o fuso horário. Mesmo que ele tenha chegado há dois ou três dias, ainda não tinha se acostumado e mal tinha conseguido dormir nas noites anteriores, sem mencionar o clima que era bem mais ameno do que na Itália, o clima frio o fazendo ficar com sono facilmente. O problema era que Percy disse que seriam dez minutos que viraram trinta e agora, uma hora e meia depois, sentado no meio dos colegas de classe, eles resolviam as questões que o professor tinha entregado, valendo nota. Ele sabia que devia estar ajudando Percy com a tarefa, igual os outros estavam fazendo, trabalhando em pares, mas como Percy parecia feliz em escrever sozinho, Nico deixou que Percy se divertisse, observando a expressão séria e concentrada no rosto do amigo, que enfim, levantou o rosto e o encarou, sorrindo, como se apenas naquele momento tivesse lembrado da presença de Nico.

— Desculpa. Eu sempre acabo fazendo essas coisas sozinho. Não tenho paciência para ficar enrolando.

Percy estava certo. As pessoas ao redor estavam escrevendo, mas elas também conversavam em voz baixa, discretas, porém óbvias.

— Eu prometi. Vamos.

— Você pode terminar, eu não me importo.

— Eu terminei.

Percy estava certo mais uma vez, Nico espiou a folha no colo de Percy e viu que todas as questões estavam preenchidas com respostas completas.

— Você quer levar para casa e estudar?

— Não, não precisa.

Então, ele estava se levantando, Percy atrás dele, o apoiando pelas costas e guardando a folha dentro da bolsa. Ninguém pareceu vê-los sair, apenas a bibliotecária os cumprimentou na saída e finalmente eles estavam livres, o sol de fim de tarde ainda brilhava, trazendo um pouco da umidade e calor que ele tanto sentia falta. Contente, Nico deu alguns passos para fora dos corredores, indo em direção ao pátio descoberto e fechou os olhos, deixando que os raios de sol o esquentassem suavemente. É claro que logo Percy estava a seu lado, segurando sua mão, como sempre havia sido. A presença de Percy sempre acalentadora, ele até podia sentir o olhar do amigo sobre ele.

— O que foi? — Ele teve que perguntar, ainda de olhos fechados.

— Eu te mantive em cárcere privado, não foi?

— Não seja ridículo. — Nico quase revirou os olhos de impaciência, querendo sair logo dali, se contentando em passar mais alguns minutos sobre o sol.

— Não fica bravo comigo.

— Não estou bravo. — Ele quase não deu importância ao que Percy falava, Nico conseguia sentir o tom brincalhão retornando com força. Porque, no fim, o que Percy queria era atenção.

— Hmm, não. Isso não pode ficar assim.

Nico abriu os olhos e viu que sem perceber, já estavam no estacionamento do colégio. Esse tinha sido seu maior erro, porque enquanto ele estava distraído com o céu limpo e o clima agradável, perdeu o momento em que Percy o encurralou contra a parede do estacionamento e levantou as próprias mãos e… e as enfiou contra sua barriga e abdome, começando uma guerra de cócegas. Ele não se lembrava da última vez que alguém tinha tido a coragem de fazer aquilo com ele. De fato, Percy tinha sido o último, dois anos atrás, antes dele viajar para longe. Naquela época quando Nico ficava quieto por muito tempo essa era a tática favorita que Percy tinha para fazê-lo falar ou reagir; ele tinha que admitir, não sentia saudade dessa tortura humilhante, mas o contato era bem-vindo. Contraditório, não? Parecia que qualquer coisa que Percy fizesse naquele momento seria recebido de boa vontade.

— Percy Jackson! — Ele guinchou e se desenrolou das mãos de Percy, correndo para longe daqueles longos dedos incansáveis. É claro que ele não teria paz! Percy veio correndo atrás dele, gargalhando feito um maníaco e com pernas medindo o dobro das suas, Percy em meros minutos o alcançou, o segurando pela cintura.

— Ni-coo… — E tudo bem, agora que ele analisava as coisas… eles não tinham as brincadeiras mais inocentes, porque a forma que Percy o segurava apertado, costas contra peito e boca bem perto de seu ouvido… era exatamente como as coisas costumavam acontecer no passado.

— Eu te perdoo! Te perdoo.

— De verdade? Você não está falando isso para depois se vingar de mim de formas lentas e cruéis?

— Eu nunca faria isso!

— Mentiroso. — Percy disse na mesma forma doce e baixinha contra sua pele, parecendo que não iria soltá-lo tão cedo.

— Percy! A gente não é mais criança!

— Não é mesmo. — Percy voltou a murmurar e deu uma risadinha seca que fez os cabelos em sua nuca se arrepiarem. Isso é, antes de Percy o virar de frente e se aproximar mais ainda dele, encostando sua testa a dele. E talvez, esse gesto seria algo comum quando eles estavam longe de olhares curiosos, debaixo das cobertas, nas milhares de vezes que ele dormia na casa de Percy já que apenas as empregadas e Bianca estariam o esperando em casa. Quando eles eram pequenos parecia algo afetuoso e inocente, mas agora… bem… ainda parecia afetuoso. — Você quer jantar? O restaurante ainda está aberto.

Mas como ele podia pensar em comida quando eles estavam tão próximos, respirando o ar do outro? Quando as mãos de Percy estavam em sua cintura e em seus cabelos, não permitindo que ele desviasse o olhar? Quando ele o abraçava de volta? Seus corpos prensados juntos e mesmo através das roupas ele podia sentir o calor de Percy.

— Nico… Niccolas… — Por que Percy tinha que sussurrar seu nome daquele jeito? Porque ele tinha que tocá-lo daquele jeito? Tão forte e firme, como se temesse que ele fosse desaparecer a qualquer momento. Ele… ele não sabia se estava pronto.

Tão perto agora… a cabeça de Percy veio em direção a sua e… e… e ele deixou o ar sair, fechando os olhos.

— Comida. Comida é uma boa ideia. Certo? — Ele engoliu em seco por um momento, mas quando Percy não fez nada além continuar o abraçando sem se aproximar mais, Nico abriu os olhos, vendo seus olhos intensos sobre ele, queimando feito labaredas.

— Você está com medo de mim. — Tinha sido uma afirmação, a luz nos olhos de Percy parecendo sumir junto com seu sorriso brincalhão.

— Não… eu não… eu só… não estou pronto?

— É isso mesmo? Ou é outra coisa? Eu não quero ser uma dessas pessoas…

Ele entendia o que Percy queria dizer. Percy nunca faria algo para abusar de sua confiança mesmo que tentasse. Ele confiava em Percy, era em si mesmo que Nico não confiava. Se ele já estava assim em menos de vinte e quatro horas perto de Percy, o que aconteceria se ele se deixasse levar? Temia que… que a obsessão retornaria ainda mais intensa do que antes.

— A gente pode ir devagar? — Nico enfim conseguiu cuspir para fora, se sentindo estremecer.

— É claro. Tudo o que você quiser. — E Percy parecia falar sério. Percy o observou por mais uns momentos, como se decidisse algo importante e deu um passo para trás, apenas o suficiente para segurar em sua cintura e o guiar até o carro que estava parado perto da saída do estacionamento.

Percy abriu a porta para ele, pegou ambas suas mochilas e as colocou no banco de trás, dando a volta rapidamente para se sentar a seu lado, parecendo ansioso. Não era aquela ansiedade do tipo de quem estava bravo ou irritado, era mais… alguém cheio de energia e que não sabia o que fazer com isso. Restou a Nico relaxar contra o assento do carro e encostar a cabeça no apoio, quem sabe quando eles chegassem no restaurante a tensão que ele sentia teria se dissipado.

***  

— O que você acha?

Era um lugar bem aconchegante e acolhedor, a decoração era feita de forma simples e em confortáveis tons vermelhos, como algo que ele veria na casa de sua avó já falecida há alguns anos. Ele sentia vontade de sentar em uma das poltronas perto da recepção, fazer um chocolate quente e se sentar perto da lareira com um cobertor sobre seus ombros.

— Eu gostei.

— Tenho uma reserva. — Percy disse todo orgulhoso. Eram seis horas da tarde em ponto, o que significava que Percy tinha planejado tudo aquilo, matar tempo na escola para trazê-lo ali na hora certa.

— O que eu faço com você, hein?

— Que tal dizer “Obrigado, Percy. Você é tão atencioso”.

— É assim que você dá em cima das pessoas?

— Está funcionando?

Nico suspirou e aceitou a mão que Percy oferecia, o guiando em direção ao maitre. O lugar era específico demais. Provavelmente outras pessoas da idade deles não gostariam do lugar tanto quanto Nico tinha gostado. O pior era que ele não odiava nenhum pouco isso, Nico apreciava o esforço que Percy tinha feito para encontrar algo tão… tão a sua cara, como se tivesse encontrado um pedacinho da Itália apenas para que ele se sentisse melhor.

— Você não precisava.

— Eu quis que você se sentisse bem vindo. — Ele não precisava olhar para Percy para entender o que aquelas palavras realmente significavam, porque o que Percy realmente queria dizer era “Eu quero que você se sinta em casa para nunca mais precisar ir embora”. 

Ele não sabia desde quando tudo era tão óbvio. Cada palavra e cada gesto. Era como se eles estivessem dançando, como se soubessem cada passo e só estavam esperando a música acabar para enfim… certo. Ele, então, levantou a cabeça e encarou Percy que naquele momento parecia como o homem mais perfeito do mundo, aquele que Nico sempre havia sonhado em ter; gentil, compreensivo, bonito, bem vestido, tão alto e forte que ele sabia que nunca precisaria se preocupar em se defender. Mas Percy sempre tinha sido assim, o perfeito príncipe. No fim realmente era óbvio, não era? Esse era o motivo de seu problema. Não importava por quem ele procurasse, Nico sempre acabaria nesse mesmo lugar, buscando por Percy em todos os rostos. Talvez ele apenas devesse… parar de procurar em outros lugares.

— A gente pode ir pra casa se você quiser. — Percy disse a ele, agora parando a sua frente. Ele devia estar fazendo papel de bobo de novo, olhando para Percy sem dizer nada.

— Não, a gente pode comer. — Quando o sorriso voltou para o rosto de Percy, ele soube que tinha feito a escolha certa.

Eles seguiram o maitre pela fila de mesas até que subiram um par de escadas e então entraram em um salão que era maior que o andar de baixo, mas que estava mais vazio, cheio de mesas redondas e pequenas e outras com mais privacidade ao fundo do cômodo ao lado de grandes janelas que deixavam a luz do dia entrar, mas como a noite começava a cair, velas aromáticas já estavam acesas.

— Espero que os senhores aprovem os acentos? — Eles acenaram e logo lhes foi oferecido o menu.

A verdade é que Nico não estava interessado em comida, não era por isso que estavam ali. Ou era? Por isso tinha decidido, deixaria que Percy lhe dissesse.

— O que você quer comer? — Percy perguntou, mãos segurando o cardápio, mas seus olhos estavam sobre os dele, olhos que pareciam mais verdes do que nunca sobre a luz das velas naquele restaurante, a penumbra da noite deixando o ambiente ainda mais intimista e pessoal.

— Não sei, um vinho? Você escolhe.

Percy o encarou por um momento, parecendo refletir sobre a resposta e se aproximou mais um pouco, colocando o braço sobre seu ombro e desfazendo o resto da distância entre eles.

— Eu queria conversar sobre a gente.

— Eu sei disso.

— Eu só… preciso saber.

— Eu sei.

— São dez anos nisso. Eu preciso saber.

E Percy estava certo. Eles eram tão pequenos e inocentes naquela época, e depois… depois eles ainda eram pequenos, mas não tão inocentes até que… até que ele surtou e depois Percy surtou e ele foi embora sem avisar ninguém. Assim, do nada, e tão do nada quanto ele tinha partido, Percy tinha ligado para ele, tão diferente do que Nico conhecia e tão familiar ao mesmo tempo que o deixou confuso por um longo tempo. Ele se lembrava que durante longos meses ele só teve energia para cumprir suas obrigações e se apegar a essas ligações diárias até que ele soubesse o que fazer. E ali estavam eles, praticamente no mesmo lugar, a diferença era que agora eles entendiam quais seriam as consequências, não importava qual fosse a decisão no final.

— Eu gosto de você. — Nico se decidiu pelo mais simples. Admitia que não era a pessoa mais assertiva ou que sequer fazia boas escolhas.

— Não foi o que eu perguntei.

— Eu não sei. Sinto sua falta. É o suficiente?

— Não. — Percy dizia tudo aquilo tão sério que ele meio que… queria rir. Talvez já estivesse um pouquinho. Ninguém podia culpá-lo por isso.

— Então, você decide.

— Nico! Você disse que não estava pronto!

— Não estou. Nunca vou estar. Não quero destruir o que a gente tem. Na verdade, não quero um relacionamento.

— Porque você tem que ser tão confuso!

— Não é sobre sexo. Essa é a parte fácil.

— Nico, eu sei. O que posso fazer para você--

— Deuses, Percy! Eu sou o problema. Sou muito instável. Você não quer andar com uma bomba relógio no bolso, quer?

— Bebê, você pode explodir quando quiser, contanto que exploda comigo.

Nico gemeu e levou as mãos ao rosto, isso era ridículo! Ambos sabiam porque ele tinha ido embora e sabiam perfeitamente porque ele tinha voltado. Nico ainda estava se acostumando com a ideia de que dessa vez ele não tinha para onde correr quando seus sentimentos irrompessem por todos os cantos, obrigando Percy a catar os pedaços.

— Será que você pode falar sério por cinco minutos?

— Eu sei de tudo isso, querido. Cada coisinha que você acha que consegue esconder de mim.

— Vai ser pior do que antes!

— Você disse que eu podia decidir.

— Sim, mas-- quero ir devagar.

— Então me deixe decidir. Eu só preciso da sua permissão.

— Permissão para fazer o quê?

Nico observou em câmera lenta a mão que estava em volta de seu ombro viajar para sua nuca, massageando o lugar, e o puxando suavemente para mais perto, inclinando sua cabeça até alcançar a posição certa para os lábios de Percy finalmente descerem contra os seus no beijo mais inocente e doce que ele já tinha provado.

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Obrigada por ler! Comentários são sempre bem vindos^^


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1 year ago

NÃO HÁ LUGAR COMO O LAR - PERCY/NICO AU COLEGIAL - CAPÍTULO II

Mais um capítulo como prometido. O fato é que eu pretendia fazer algo curto e sexy e agora sentimentos foram envolvidos, e eu sempre coloco uma partezinha de mim no texto embora eu nunca tenha tido um crush no garoto popular capitão de basquete.... ou eu tive? srsrss

Boa leitura!

Capítulos anteriores: CAPÍTULO I

Capítulo II

— O que você achou das primeiras aulas? — Percy teve que perguntar, apenas para ver a expressão de irritação se formar no rosto de Nico, algo bonitinho entre uma careta e um franzir de lábios. Ele sabia qual seria a resposta, mas nada podia se comparar em ver tudo pessoalmente. Ninguém poderia culpá-lo se Nico tinha se tornado bem mais expressivo nos últimos anos, como se o garoto tivesse se dado o direito de sentir e se expressar como bem quisesse, sem qualquer tipo de medo ou hesitação.

— Foi normal. Eu acho. Estou um pouco atrasado, mas nada que algumas leituras não resolvam. — Nico deu de ombros e continuou andando a seu lado, passando as mãos pelos próprios cabelos e os jogando para trás, evitando que eles caíssem em seus olhos; longos cabelos que pareciam brilhar no sol, longos e negros, porém, não como ele faria no passado, era um gesto mais expansivo e relaxado que Percy não sabia dizer como conseguia diferenciar. No fim, Grover devia estar certo. Ele estava obcecado.

— Com fome?

— Não muita. 

Mas mesmo assim eles andaram pelo refeitório lado a lado, caminhando entre as mesas e bancos até chegar ao balcão da cantina. Percy não poderia deixar de notar, sentia como se estivessem desfilando se fosse pelo jeito que as pessoas olhavam para eles; se eram olhares de admiração, inveja ou desgosto era difícil diferenciá-los, estava ocupado demais encarando o perfil do rosto de Nico, principalmente quando Nico levou os dedos a boca e os mordeu levemente, parecendo indeciso.

— O que você vai pedir? — Nico perguntou a ele, enfim o encarando.

— Um suco está bom. Que tal dividir uma torta? — Ele sabia que a de legumes com queijo era a preferida de Nico.

E só para provar seu ponto, Nico sorriu e acenou, pedindo um milkshake para si próprio. 

Era tudo tão familiar que Percy sentiu um aperto no coração. Por que aquilo doía tanto? Ele não devia estar feliz por ter seu melhor amigo de volta? Bem, Nico parecia estar muito feliz com seu milkshake e metade da torta de legumes agora que eles tinham achado um lugar desocupado para sentar, um leve rubor de felicidade se espalhou pelo rosto moreno, se intensificando a cada momento que ele continuava observando Nico mastigar.

— Você não vai comer? Está tão gostoso quanto eu me lembrava.

— Nico. — Percy reclamou, frustrado.

— O que foi?

— Será que você pode comer com menos prazer?

Certas coisas nunca mudavam. Nico olhou para ele com a boca em volta do canudo e sorriu, sugando o sorvete com vontade. Percy apenas balançou a cabeça e desviou o olhar, dando a primeira mordida. E Nico tinha razão, a torta ainda tinha o mesmo gosto, a massa suave e macia, o queijo que derretia na boca e o gratinado crocante por cima. Desde que Nico tinha ido embora ele não tinha tido coragem de comer essa torta, ela lhe trazia lembranças que ele preferia deixar para trás.

— Per-cy. — Nico o chamou, praticamente cantarolando, sorrindo, apoiando a cabeça nas mãos e piscando devagar para ele, seus olhos negros e brilhantes o distraindo por um momento.

— Hm.

— Você não devia comer com seus amigos?

— Por quê?

— Eles estão olhando para a nossa mesa.

Talvez fosse verdade. 

Percy desviou o olhar em direção a eles rapidamente e voltou a se concentrar em Nico. Eles não eram importantes, mesmo que sentisse os problemas se aproximando pelo simples motivo de Annabeth estar entre eles. Annabeth, Thalia, Luke, Grover, Chris e Clarice. Todos velhos amigos dele e de Nico. E tudo bem, talvez não fosse certo manter Nico só para ele quando ele não era o único que tinha sentido saudade.

— Você quer falar com eles?

— Nah. Depois. O que eu quero saber é, com quem você está saindo?

— O quê? Eu não--

— Annabeth ou Luke?

— Eu nunca! — Quando Nico fez uma careta nada impressionada, Percy confessou: — Tá bom! A gente teve um rolo, mas é coisa do passado. Estou livre feito um pássaro.

— Você tem certeza?

— Eu prometo.

— Porque eu não acredito em você? — Então, Nico se encostou no apoio do banco e cruzou os braços. — Eu não vou ganhar uma surpresinha dos seus ex-namorados, não, vou?

— Por que isso aconteceria?

— Pelo jeito que as coisas andam…

Percy não conseguiu fingir por mais tempo, sorriu para Nico e se inclinou em direção ao garoto, segurando em suas mãos, as levando em direção aos próprios lábios, as beijando longamente: — Eu prometo que nada vai acontecer. Eu não sou desse tipo de homem.

— Hm, sei bem. Será que eu devo saber de mais alguma coisa?

— Eu só tenho olhos para você, querido.

Isso fez o rubor no rosto de Nico voltar com força total. Talvez fosse porque ele ainda segurava nas mãos de Nico ou talvez porque eles estavam sentados lado a lado no meio de toda aquela gente. Depois disso nenhum dos dois voltou a falar e ninguém se aproximou deles, o que não os afetou em nada. Eles continuaram a comer e segurar nas mãos um do outro até que o sinal bateu e eles tiveram que se separar; Nico iria para a aula de história e Percy para a de matemática avançada, e Percy como o perfeito cavaleiro que era, levou Nico até a sala de aula correta, por um momento pensando em agir como o clichê que Nico tinha lhe acusado de ser e o beijar bem ali, onde qualquer um podia ver. No fim, ele se decidiu por abraçá-lo longamente e bem apertado antes de deixar Nico entrar na sala de aula. A boa notícia é que eles teriam a última aula juntos, física avançada. 

***

Percy mal colocou o pé dentro da sala quando uma enxurrada de vozes o cercaram. Parecia que todo mundo tinha algo a dizer sobre o garoto italiano recém-transferido, pois, aparentemente, ele era o único que sabia da volta de Nico.

— Eu te disse! — Um deles falou.

— Quem diria. — Outro comentou com bem menos entusiasmo.

E Percy? Bem, ele não ligava para o que eles tinham a dizer. Ele andou calmamente até sua mesa, tirou seus livros da bolsa e olhou para frente, feito o aluno modelo que ele nunca foi. O que Percy podia dizer? Sonhar acordado com Nico era bem mais agradável do que alimentar mais fofocas.

— Cara! Você não pode fazer isso comigo. — Era Grover, mais uma vez, que agora se sentava a seu lado e colocava a mão em seu ombro, o apertando e parecendo orgulhoso por algum motivo. Não era as palavras de Grover que o irritava, era seu tom de voz; era a pura zombaria. — Você tem que me contar tudo.

— E eu pensando que as líderes de torcida eram fofoqueiras. — Percy devolveu.

— Percy!

— Tá bom.

— Tá bom? Você não está se esquecendo de nada?

— Como o quê?

— Desde quando você e Nico são tão próximos?

— A gente sempre foi. Desde os nove anos de idade.

— Mas… como! Ele não estava na Itália?

— E daí?

— Cara. — Dessa vez quem falou foi Luke que estava por perto apenas escutando. — Eu me sinto usado.

Isso era uma piada! O garoto mais galinha e com o maior recorde de traições que ele já tinha conhecido, se sentindo usado! E só porque eles tiveram algo rápido durante a ausência de Nico?

— Eu pensei que a gente tinha algo especial. — Mas quando Percy se virou para Luke o amigo tinha um brilho estranho no olhar e um sorriso de quem estava prestes a aprontar algo. — Sabe quem não vai gostar de saber disso?

— Annabeth. — Grover completou por ele, agora bem mais baixo para que somente ele e Luke pudessem escutar.

— O que eu tenho a ver com isso? Ela não é minha namorada.

— Você tem certeza disso? Annabeth não parece pensar o mesmo. 

— Isso é problema dela e não meu.

— Cara, isso vai dar problema. Depois não diz que eu não avisei. — Luke disse e tocou em seu braço, fingindo ser compreensivo.

— Que tal você cuidar da própria vida?

— Se eu fosse você tomava cuidado. Eu lembro como o pequeno Nico costumava ser indefeso. E ninguém quer que isso aconteça de novo.

Percy olhou bem para Luke, tentando decidir se isso era uma ameaça ou se era um lembrete do que Annabeth era capaz de fazer para conseguir o que queria. No fim, ele decidiu ser apenas um aviso, já que no passado Luke tinha sido um dos poucos a defender Nico quando ele não pôde. Ele só esperava que o passado não voltasse a se repetir.

***

Nico sentia que deveria ter feito a coisa mais racional e ter ido embora depois do clube de música, como qualquer pessoa normal faria. Mas ali ele estava, andando pelos corredores agora vazios com seu violão e mochila nas mãos, indo em direção à quadra descoberta que ficava mais ao fundo da propriedade da escola. Ele não era o perfeito clichê? O garoto novo indo encontrar o garoto bonito e popular depois da aula só porque esse mesmo garoto bonito tinha pedido. Agora era tarde demais, ele já tinha atravessado o colégio inteiro e se sentava nas arquibancadas, colocando o violão em seu colo enquanto dedilhava algumas notas soltas. Ele era um idiota, tinha evitado por tanto tempo esse tipo de gesto só para cair na própria armadilha sem nem perceber.

O que ele poderia fazer além de deixar as coisas rolarem e ver onde elas dariam? Ele deu de ombros e tirou uma caneta e seu caderno dentro da bolsa, anotando as notas e possíveis melodias. Não demorou muito, logo ele ouviu o barulho de uma bola batendo no chão e passos correndo para perto de onde ele estava sentado. Levantou a cabeça e lá estava Percy, batendo a bola no chão e olhando para ele, seu sorriso quase se estendendo a suas orelhas, como se a coisa mais maravilhosa estivesse acontecendo apenas porque Nico estava ali. Era por isso que ele não conseguia dizer não para Percy, como ele poderia quando alguém sorria assim para ele?

— Nico. — Percy disse, como se saboreasse o nome nos lábios, feito o doce mais saboroso. — Mais dez minutos? Vai ser rápido.

Nico deu de ombros e tentou não encarar os olhos de Percy, sabendo que seu rosto devia estar mais quente que uma pimenta, preferindo apreciar os ombros e braços definidos e descobertos.

— Tudo bem, não estou com pressa.

— Eu posso ver.

Então, Nico teve que enfim encarar Percy, tinha algo na voz dele que o fazia querer prestar uma atenção mais cuidadosa.

— Hm?

— Você está escrevendo uma música?

— Acho que sim. — Sem perceber, ele até tinha escrito algumas palavras para acompanhar a melodia.

— É sobre mim?

— Poderia ser.

Que sincero da parte dele. Isso só podia ser costume, era tão normal para Nico dizer o que viesse à mente sem precisar se policiar perto de Percy que essas verdades saiam sem permissão.

— Lindo. — Agora Nico tinha ficado confuso. O que era lindo? A música ou… outra coisa? 

Percy sorriu mais uma vez e a dúvida logo se desfez. Ele se perguntava desde quando os sorrisos de Percy expressavam tantas coisas e como cada uma delas era tão claro para ele, como uma linguagem perfeita, completa e sem erros.

— Então… depois?

— Eu conheço um lugarzinho que você vai amar.

— Você me conhece tão bem assim? — Mais um sorriso e um inclinar de cabeça, como se Percy dissesse “É óbvio, bobinho”. 

Ele revirou os olhos e voltou sua atenção para seu violão.

— Você não tem que praticar?

— Nada é mais importante que você.

Nico gostaria de dizer que eram palavras amigáveis e que Percy estava brincando, mas ele tinha falado com tanta firmeza e confiança que Nico acreditou. Sabe, às vezes os sorrisos sumiam, como se Percy quisesse que não houvessem mal entendidos. Era nesses momentos que Nico preferia fingir que não tinha escutado, que não tinha entendido ou que nada tinha acontecido. Era mais fácil quando essas coisas aconteciam por ligações onde milhares de quilômetros os separava, mas ali, a menos de cinco metros? Fazia seu coração acelerar e suas mãos suarem.

— Vai logo. — Ele murmurou de volta, tentando ignorar as palavras de Percy. — Está ficando tarde.

— Me espere.

Então, Nico esperou, ouvindo os passos de Percy se afastarem pela quadra.

O que mais lhe restava? Além de esperar e se comportar, aguardando pelo momento que Percy teria algum tempo para dedicar a ele? Nico continuou dedilhando as cordas de seu violão e não voltou a levantar a cabeça por longos minutos, isso é, até que alguém sentou a seu lado, permanecendo em silêncio até que ele se deu por vencido e a encarou. Era Annabeth, é claro, com seus intensos olhos azuis acinzentados e longos cabelos dourados, esbelta e alta, o olhando de cima, exatamente como ele se lembrava, o fazendo sentir como se ele fosse um inseto que ela não mataria por pena.

— Nico, é prazer te ver de novo. Como vai Bianca?

— Bem. — Foi tudo o que ele disse. Talvez ela ainda o intimidasse, talvez ela ainda tivesse o poder de fazê-lo chorar feito um bebê sem amparo.

— O que te traz aqui?

E de novo, ele era o mesmo garoto solitário e excluído, o garoto indefeso que qualquer um podia abusar. Nico estava tão cansado disso. Ele não daria esse poder para Annabeth ou para esse tipo de pessoa que quando não tinha algo, tomava a força.

— Não é da sua conta. Isso é dor de cotovelo? Doeu muito quando ele te chutou?

Annabeth meramente sorriu, o estudando, fingindo que estava por cima quando ambos sabiam que isso passava longe da verdade.

— Ah, parece que algumas coisas mudaram, então. 

— Parece.

— Você sabe que não vai ganhar, não sabe?

— Isso não é um jogo.

— Olha, eu não fui muito legal com você. Por isso, vou te dar uma chance. Se você se afastar, prometo que não vou ficar no seu caminho. As coisas são assim…

Que bondoso da parte dela, não? Será que ela sabia do que aconteceu todos esses anos em que ele esteve no exterior? Como Percy tinha sido o primeiro a retomar contato menos de uma semana depois dele ir para a Itália? E que no fim, não tinha nada a ser ganhado ou perdido? Foi por esse exato motivo que Nico preferiu ficar calado, observando Annabeth jogar o cabelo platinado para trás enquanto ela continuava a falar.

— .. cê vai se dar muito bem por aqui se seguir esses conselhos.

— Anne? — Alguém atrás deles a chamou. Era Silena e Grover, eles estavam vestidos ambos com roupas de líderes de torcida. Grover com uma calça de lycra e Silena com saia, mini-blusa e pompons na mão. — Drew está te chamando.

— Ela sempre está. — Foi a vez de Annabeth revirar os olhos e se levantar. — Acho que é isso. Faça um favor para nós dois, sim? Vai ser melhor assim.

Desse jeito, arrumando a saia e subindo os degraus da arquibancada, ele, Grover e Silena observaram Annabeth desfilar para longe, levando junto com ela a tensão que Nico nem tinha percebido que tinha se instalado. Bem, agora ele se lembrava de um dos principais motivos dele ter ido para bem longe dali.

— A gente sente muito. — Grover foi o primeiro a quebrar o silêncio, se sentando a seu lado.

— Ela não faz de propósito. — Silena se sentou do outro. — Não é pessoal.

— Nunca é com ela. — Nico murmurou de volta.

Ele nem sabia porque tentava. Agora, olhando as coisas bem de perto… talvez ele devesse ter continuado na Itália. A situação por lá era caótica, mas pelo menos era gerenciável. Ter que voltar e enfrentar as mesmas coisas traumáticas pode não ter sido a melhor das ideias.

— Não liga para ela. — Grover disse mais uma vez, enquanto os três observavam o time de basquete praticar bem no momento em que Percy fazia uma cesta e olhava em direção a ele, sorrindo vitorioso.

Talvez, no fim, todo esse drama valesse a pena se a recompensa fosse o sorriso iluminando o rosto de Percy Jackson.

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Obrigada por ler! Sua presença é sempre bem-vinda e se você tiver um comentário ou feedback para me motivar, mais ainda. Até Sábado!


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1 year ago

Não há lugar como o lar - Percy/Nico AU Colegial - Capítulo I

Oii, como vai? Vi que ficar reblogando vai deixar as coisas muito confusas, então, vou separar cada post por capítulo. Esse é o primeiro, porém ele foi postado em partes anteriormente. Nada mudou, estou colocando aqui para ficar mais organizado. Ainda hoje tem mais um!

Felizmente decidi a agenda de escrita, vou tentar postar a cada três dias, se eu postar antes é porque tem um feriado no meio e se eu não postar até a data é porque não consegui escrever, o que significa que vou atualizar o blog assim que eu conseguir. Cada capítulo terá entre 2 mil e 3 mil palavras. E já para deixar claro, Percy e Annabeth nunca namoraram, é só o que o Nico pensa, ok?

Agora, para quem não sabe sobre o que é a história, aqui vai um resumo improvisado:  Nico está voltando da Itália depois de passar dois anos por lá e encontra Percy, o melhor amigo que ele deixou para trás, mas que manteve contato nesse tempo afastado. O resto se desenvolve a partir desse reencontro e bem rápido! Nessa história vou tentar ser mais direta.

Obrigada pelo apoio! E boa leitura.

Capítulo I

— Olha quem voltou! O garoto italiano. — Nico apenas teve tempo de se virar antes de ser prensado contra ombros largos e braços fortes que o abraçaram com tanta força que o levantaram no ar, o deixando sem fôlego e fazendo com que seus livros e bolsa caíssem ao chão, a porta de seu armário sendo fechada com um estrondo barulhento.

— Perseu Jackson!

— Só a minha mãe me chama assim.

Mas Percy estava rindo, o girando no ar enquanto as pessoas ao redor olhavam para eles. Também, não era para menos. Eles estavam bem no meio do corredor onde havia vários armários, dando para a entrada das classes de aula. Nico não resistiu, envolveu os braços ao redor do pescoço de Percy e o abraçou tão forte quanto Percy tinha feito, enterrando o rosto contra o pescoço de Percy.

— Eu senti sua falta. 

— Eu também senti a sua. — Nico murmurou de volta e se afastou, finalmente conseguindo ver o rosto de Percy. 

Olhos tão verdes quanto ele se lembrava, nariz reto e empinado, lábios finos e largos sempre em um sorriso bonito. O que tinha mudado era a altura, quase dois metros, e músculos. Onde ele se lembrava de um garoto tímido e um pouco triste tinha se transformado nesse… nesse homem feliz e cheio de vida. Confiante. Embora ele ainda pudesse ver a bondade e a amizade que eles costumavam ter, mas essa coisa entre eles… esses abraços todos eram algo novo. Ele não podia evitar a comparação com o passado, onde ele era jovem demais e Percy era… Percy era Percy, abrindo a porta de sua casa para um garotinho triste e solitário.

— Dois anos, hein? Eu pensei que você nunca ia voltar.

— Hm.

— Me deixe te ver melhor. — E o que ele nunca esperaria do garoto mais hétero e tímido que ele já tinha conhecido aconteceu, Percy levou uma de suas mãos a seu rosto e penteou seus cabelos para trás, expondo sua face por completo. E ele? Bem, Nico apenas encarou Percy de volta, tão focado no garoto quanto Percy se focava nele. Todas as ligações e vídeo-chamadas não se comparavam ao que a realidade lhe mostrava, o fazendo se questionar o que tinha acontecido nesse tempo todo para fazer Percy agir assim, tão… tão afetuoso, tão atencioso. Ele ainda namorava Annabeth, não? Ainda era o capitão do time de basquete? Esse devia ser o caso, pois Percy vestia a jaqueta do time.

— Hm… Percy? Me põe no chão, sim? — Nico fez o seu melhor para ficar sério.

— Por quê?

— Você não tem uma namorada?

— Eu tenho?

Então, Percy sorriu ainda mais e enfim o colocou no chão para em seguida afrouxar o agarre em seu rosto e em sua cintura, sem se afastar, porém se inclinando um pouco sobre ele, como se tivesse algo em seu rosto que ele precisava ver mais de perto.

— Como você tem estado? Por que você não me disse que chegava essa semana?

— Por quê? Você ia me buscar no aeroporto?

— É claro, meus amigos merecem o melhor.

— E o que seria esse melhor?

— Eu, é claro.

Nico jurava que estava tentando ficar sério. Pelo jeito que as coisas iam, Percy queria algo a mais e no momento ele não estava interessado. Mas não adiantou, Nico se segurou nos ombros de Percy e gargalhou; ele achava que essa era uma das piores cantadas que ele já tinha ouvido.

— Ei, não ri da minha cara. Eu sou um cara legal.

— E muito humilde, também. 

— Muito. — Percy disse e enfim o soltou, se encostando a seu lado em frente aos armários e Nico suspirou em alívio, pegando suas coisas do chão e as guardando no armário. Às vezes Percy era um pouco demais para ele; era o que Nico tinha descoberto durante os anos nas milhares de conversas que eles tiveram nesse tempo todo. Ele não sabia quando Percy tinha mudado do garoto introvertido para essa pessoa esfuziante, mas ele gostava. E odiava ao mesmo tempo, fazendo seu estômago se revirar de nervosismo.

— Agora, de verdade, como as coisas têm estado?

— Você sabe, sempre iguais. — Nico deu de ombros e fechou o armário, tirando os livros que usaria naquele dia, os guardando na bolsa. — Bianca veio comigo.

— Faculdade? — Percy perguntou. — E você?

Nico deu de ombros mais uma vez e se encostou ao lado de Percy, voltando a encará-lo de perto, o olhando sobre os cílios, tentando não demonstrar como realmente se sentia. Achava que nunca se conformaria com a beleza do amigo, agora duplicada conforme os traços suaves da adolescência davam lugar a músculos definidos e um rosto angular e forte, o sorriso de canto, o olhar intenso, a atitude confiante… e… bem, tudo isso e muito mais.

— O que tem isso?

— O que te traz de volta?

— Eu senti falta de casa. — Nico acenou para si mesmo. — Por um tempo pensei que fosse em Verona, mas… eu sempre ficava me perguntando o que estava acontecendo por aqui.

— Então, você decidiu voltar? Simples assim?

— Por que não? Eu vou fazer dezoito em alguns meses. Queria aproveitar esse último ano e rever o pessoal.

Bem… ele queria rever algumas poucas pessoas e uma delas estava bem em sua frente, olhando para ele como se quisesse… como se quiser ver o que tinha dentro de sua mente. E como costumava acontecer, ele foi o primeiro a perder nesse joguinho para ver quem desviava o olhar primeiro.

— Então… você sentiu saudade e veio para ficar ou… 

— Vim para ficar. Hades vai vir depois.

— Fico feliz. — Percy disse, ainda sorrindo, algo mais sincero e bonito, como se tivesse se cansado de flertar. — Quem sabe a gente pode se ver mais tarde. Comer alguma coisa?

— Mais tarde quando?

— Hoje. Depois da prática de basquete. Quer me ver jogar?

— Oh, não! Era isso o que eu temia! O clichê colegial! — Mas ele ria e Percy ria junto, o fazendo lembrar dos velhos tempos.

— Sabe, você não pode falar de mim. Você era todo bonitinho e tímido e voltou parecendo sair de um filme dos anos oitenta. Jaqueta de couro, calça rasgada e isso… é delineador? — Percy se aproximou mais uma vez dele e segurou suavemente em seu queixo, apenas mais uma desculpa para tocá-lo, disso Nico tinha certeza; não que estivesse reclamando. Percy podia fazer isso e muito mais. — Você é o perfeito garoto bonzinho que ficou rebelde.

— Eu ainda sou um bom garoto.

Isso fez Percy parar por um momento, ainda com as mãos sobre o rosto de Nico, e o encarar longamente apenas para um sorriso de canto aparecer junto a covinhas.

— É mesmo? O quanto você é um bom garoto?

— Acho que você nunca vai descobrir.

Mais um silêncio e mais um olhar que no passado o faria correr em busca de abrigo mais rápido que um foguete. Entretanto, esse Nico tinha ficado para trás junto com sua inocência.

— Hm. — Foi tudo o que Percy disse durante alguns momentos, e Nico jurava que ele estava se aproximando em direção a seu rosto quando o sinal tocou, os interrompendo.

— Certo. — Nico pigarreou, endireitando a coluna e olhando ao redor. — Acho que eu tenho que ir.

— Qual seu primeiro horário?

— Língua portuguesa. Preciso passar na secretaria primeiro.

— Eu vou com você.

Nico nem tentou negar, ele tinha sentido tanta falta de Percy que estender um pouco mais as coisas não faria mal. Ele se desencostou do armário e, de novo, aconteceu algo que ele não esperava. Percy pegou a mochila de seu ombro, a carregando para ele e com a outra mão, entrelaçou os dedos com os seus, o puxando suavemente pelo corredor quase vazio em direção à administração do colégio.

***

Era estranho estar ali depois de tanto tempo. As paredes cor creme ainda eram as mesmas, ali estavam os mesmo bancos azuis e as mesmas mesas pretas, os mesmos corredores largos e a mesma cantina, pintada da mesma cor pastel. Ele até conseguia reconhecer alguns rostos familiares no meio de outros mais jovens. Era um dejavú, só que agora ele via as coisas do alto, numa perspectiva distante, quase deslocada, onde antes seus dias eram permeados por ansiedade e incerteza agora tudo parecia mais fácil e incolor, ainda que um pouco doloroso, mas sem importância e talvez até confortável. Talvez fosse pelo fato de Percy ainda estar segurando em sua mão, conversando com a mesma secretária de dois anos atrás, uma senhora de cinquenta anos, sempre sorridente e solícita.

No fim, não demorou muito para ele conseguir seus papéis de admissão que precisaria mostrar para seus professores.

— E então, língua portuguesa? Aula dupla? Eu também tenho. Deixa eu ver seu horário.

Nico deu de ombros e tirou de dentro da bolsa sua grade horária de aulas. Ele observou Percy pegar o papel de suas mãos, franzir a testa em concentração e entregar de volta o papel para ele: — Temos a maioria das aulas juntos. Você está nos clubes de artes e de música? Eu estou no de música também.

— Pareceu ser os mais fáceis.

— Eu aposto.

— Cala a boca. — Nico empurrou Percy pelos ombros e andou para fora da secretaria. Poucas pessoas sabiam que ele tinha facilidade para coisas criativas e talvez ele tenha tocado algo para Percy durante os anos. Bem, isso não era da conta de outras pessoas.

— Nico, as salas mudaram! Estamos usando os auditórios.

— Tá bom. — Nico revirou os olhos e dessa vez nem se surpreendeu quando Percy o alcançou e tocou em seu ombro, suas mãos grandes deslizando por suas costas até chegar em sua cintura, o guiando suavemente na direção correta. Na verdade, ele não se lembrava dessa escola ter um auditório, então, se deixou ser guiado por Percy, uma presença confortável e calorosa a seu lado.

***

Quando eles chegaram no auditório a aula já tinha começado. A professora Johnson não era do tipo que se importava com atrasos se a aula não fosse atrapalhada, pois isso Percy ficou parado na entrada principal da sala, longe do olhar da professora, preferindo ver Nico descer até o palanque onde a professora estava e entregar o papel para ela assinar. O que Percy podia dizer? Nico era uma visão bem mais interessante naquele momento, longas pernas encobertas por um jeans justo, bunda empinada, cintura fina, ombros largos, profundos olhos negros e uma boquinha que parecia estar sempre mordida e avermelhada, pele negra e bronzeada, parecendo ser tão macia que ele não resistiu a vontade de tocar nele assim que pôde, só para testar a teoria. Ele admitia, estava indo rápido demais, porém dois anos era tempo suficiente para saber se você gosta de alguém, não? Sem contar os sete anos antes disso. Talvez ele devesse ter ido para a Itália com Nico quando Hades ofereceu, sempre generoso mesmo que ausente na maioria das vezes.

Ele foi tirado de seus devaneios quando Nico terminou de falar com a professora e veio em sua direção, despreocupado e lento, como se tivesse todo o tempo do mundo, desfilando com suas roupas punk e atitude despretensiosa. Por que evitar algo que ele sabia que aconteceria cedo ou tarde? Se Percy pudesse, ele beijaria Nico ali e agora, para acabar com aquela tortura que se estendia por tantos anos. Mas ele podia se controlar, se tinha esperado por mais dois anos, podia esperar mais alguns dias.

— Tudo certo?

Nico apenas acenou e pegou em sua mão, o levando em direção ao meio do auditório onde eles podiam ter uma boa visão da professora e do que ela estava falando. Percy nem teve tempo de apreciar Nico tomando a iniciativa e tocando nele por vontade própria, embora sentisse que deveria se preocupar mais com a reação das pessoas ao redor deles, os olhares nada discretos e murmúrios feito zumbidos a seu ouvido, ele não costumava exatamente namorar garotos em público, principalmente porque Annabeth sempre estava por perto para fazer com que todos pensarem que ele estava com ela. Era o que era, ele só esperava não ter que socar alguns rostos. Porque ele faria, e com muito prazer.

— Per? — Ele escutou alguém o chamar e só tinha uma pessoa que ainda o chamava assim. — Em que capítulo a gente está?

— Sete.

— Obrigado. — Nico murmurou mais baixo do que antes e se pôs a ler, completamente concentrado no livro e no que a professora dizia. Restou a Percy se perguntar como alguém podia ser tão bonitinho? Tão adorável? Observando um pequeno vinco aparecer entre as sobrancelhas de Nico, em seus lábios se formarem um biquinho frustrado até que ele pareceu encontrar o que procurava no livro, relaxando contra o acento e se colocando a fazer a anotações rápidas conforme a professora discutia o assunto.

Então, um barulho veio da fileira de cadeiras acima da sua, alguém o tocando no ombro. Ele se virou e lá estava Grover, seu mais antigo amigo de infância.

— Quem é o garoto novo?

— Nico.

— Aquele garoto quieto e triste que Sally tinha praticamente adotado? O seu garoto italiano? Agora eu entendo a obsessão.

— Cara! — Percy sussurrou furiosamente. Ele não era tão obcecado assim… era? Percy olhou para o lado, só para ter certeza que Nico não tinha escutado, vendo que o garoto continuava concentrado na aula e voltou a se virar para Grover: — Depois a gente conversa.

— Como você quiser, Don Juan.

— Tanto faz.

Percy se virou para a frente, se inclinou sobre Nico, vendo onde eles estavam no livro e ignorou todo o resto. Quando Nico empurrou o livro em direção a ele para que os dois pudessem ler, Percy não hesitou. Colocou o braço ao redor do ombro de Nico, juntou suas cabeças e começou a ler. Quem sabe se ele pudesse se concentrar, a vozinha no fundo de sua mente pararia de lembrá-lo de que isso daria em mais confusão do que ele estava disposto a lidar.


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2 years ago

Não há lugar como o lar - Percy/Nico AU Colegial, Parte II

Oi, como vai? Mais pedacinho da história. Conforme eu for escrevendo, vou colocando aqui. Todo feedback ou comentário é bem-vindo. E claro se você ver algo estranho me avise, às vezes eu acho que escrevi algumas coisas só que na hora a informação falta.

Boa leitura^^

Era estranho estar ali depois de tanto tempo. As paredes cor creme ainda eram as mesmas, ali estavam os mesmo bancos azuis e as mesmas mesas pretas, os mesmos corredores largos e a mesma cantina, pintada da mesma cor pastel. Ele até conseguia reconhecer alguns rostos familiares no meio de outros mais jovens. Era um dejavú, só que agora ele via as coisas do alto, numa perspectiva distante, quase deslocada, onde antes seus dias eram permeados por ansiedade e incerteza agora tudo parecia mais fácil e indolor, ainda que um pouco doloroso, mas sem importância e talvez até confortável. Talvez fosse pelo fato de Percy ainda estar segurando em sua mão, conversando com a mesma secretária de dois anos atrás, uma senhora de cinquenta anos, sempre sorridente e solícita.

No fim, não demorou muito para ele conseguir seus papéis de admissão que precisaria mostrar para seus professores.

— E então, língua portuguesa? Aula dupla? Eu também tenho. Deixa eu ver seu horário.

Nico deu de ombros e tirou de dentro da bolsa sua grade horária de aulas. Ele observou Percy pegar o papel de suas mãos, franzir a testa em concentração e entregar de volta o papel para ele: — Temos a maioria das aulas juntos. Você está nos clubes de artes e de música? Eu estou no de música também.

— Pareceu ser os mais fáceis.

— Eu aposto.

— Cala a boca. — Nico empurrou Percy pelos ombros e andou para fora da secretaria. Poucas pessoas sabiam que ele tinha facilidade para coisas criativas e talvez ele tenha tocado algo para Percy durante os anos. Bem, isso não era da conta de outras pessoas.

— Nico, as salas mudaram! Estamos usando os auditórios.

— Tá bom. — Nico revirou os olhos e dessa vez nem se surpreendeu quando Percy o alcançou e tocou em seu ombro, suas mãos grandes deslizando por suas costas até chegar em sua cintura, o guiando suavemente na direção correta. Na verdade, ele não se lembrava dessa escola ter um auditório, então, se deixou ser guiado por Percy, uma presença confortável e calorosa a seu lado.

***

Quando eles chegaram no auditório a aula já tinha começado. A professora Johnson não era do tipo que se importava com atrasos se a aula não fosse atrapalhada, pois isso Percy ficou parado na entrada principal da sala, longe do olhar da professora, preferindo ver Nico descer até o palanque onde a professora estava e entregar o papel para ela assinar. O que Percy podia dizer? Nico era uma visão bem mais interessante naquele momento, longas pernas encobertas por um jeans justo, bunda empinada, cintura fina, ombros largos, profundos olhos negros e uma boquinha que parecia estar sempre mordida e avermelhada, pele negra e bronzeada, parecendo ser tão macia que ele não resistiu a vontade de tocar nele assim que pôde, só para testar a teoria. Ele admitia, estava indo rápido demais, porém dois anos era tempo suficiente para saber se você gosta de alguém, não? Sem contar os sete anos antes disso. Talvez ele devesse ter ido para a Itália com Nico quando Hades ofereceu, sempre generoso mesmo que ausente na maioria das vezes.

Ele foi tirado de seus devaneios quando Nico terminou de falar com a professora e veio em sua direção, despreocupado e lento, como se tivesse todo o tempo do mundo, desfilando com suas roupas punk e atitude despretensiosa. Porque evitar algo que ele sabia que aconteceria cedo ou tarde? Se Percy pudesse, ele beijaria Nico ali e agora, para acabar com aquela tortura que se estendia por tantos anos. Mas ele podia se controlar, se tinha esperado por mais dois anos, podia esperar mais alguns dias.

— Tudo certo?

Nico apenas acenou e pegou em sua mão, o levando em direção ao meio do auditório onde eles podiam ter uma boa visão da professora e do que ela estava falando. Percy nem teve tempo de apreciar Nico tomando a iniciativa e tocando nele por vontade própria, embora sentisse que deveria se preocupar mais com a reação das pessoas ao redor deles, os olhares nada discretos e murmúrios feito zumbidos a seu ouvido, ele não costumava exatamente namorar garotos em público, principalmente porque Annabeth sempre estava por perto para fazer com que todos pensarem que ele estava com ela. Era o que era, ele só esperava não ter que socar alguns rostos. Porque ele faria, e com muito prazer.

— Per? — Ele escutou alguém o chamar e só tinha uma pessoa que ainda o chamava assim. — Em que capítulo a gente está?

— Sete.

— Obrigado. — Nico murmurou mais baixo do que antes e se pôs a ler, completamente concentrado no livro e no que a professora dizia. Restou a Percy se perguntar como alguém podia ser tão bonitinho? Tão adorável? Observando um pequeno vinco aparecer entre as sobrancelhas de Nico, em seus lábios formarem um biquinho frustrado até que ele pareceu encontrar o que procurava no livro, relaxando contra o acento e se colocando a fazer a anotações rápidas conforme a professora discutia o assunto.

Então, um barulho veio da fileira de cadeiras acima da sua, alguém o tocando no ombro. Ele se virou e lá estava Grover, seu mais antigo amigo de infância.

— Quem é o garoto novo?

— Nico.

— Aquele garoto quieto e triste que Sally tinha praticamente adotado? O seu garoto italiano? Agora eu entendo a obsessão.

— Cala a boca! — Percy sussurrou furiosamente. Ele não era tão obcecado assim… era? Percy olhou para o lado, só para ter certeza que Nico não tinha escutado, vendo que o garoto continuava concentrado na aula e voltou a se virar para Grover: — Depois a gente conversa.

— Como você quiser, Don Juan.

— Tanto faz.

Percy se virou para a frente, se inclinou sobre Nico, vendo onde eles estavam no livro e ignorou todo o resto. Quando Nico empurrou o livro em direção a ele para que os dois pudessem ler, Percy não hesitou. Colocou o braço ao redor do ombro de Nico, juntou suas cabeças e começou a ler. Quem sabe se ele pudesse se concentrar, a vozinha no fundo de sua mente pararia de lembrá-lo de que isso daria em mais confusão do que ele estava disposto a lidar.

Não há lugar como o lar - Percy/Nico AU Colegial

Oii, como vai? Eu estava tentando continuar minha história atual, A Refulgente, mas sabe quando não está rolando? Aí comecei outra que deve ter no máximo umas 50 mil palavras (embora eu não saiba como escrever nada curto ou não tenha o controle mental para isso), outra Percy/Nico é claro. E como está fluindo bem, decidi dividir o começo dela por aqui antes de colocar em outros lugares. Na verdade, aqui é o único lugar onde ela vai estar até eu completá-la, se é que isso vai acontecer. Então, vamos ver como as coisas vão.

Para manter as coisas organizadas, vou reblogar o último capítulo conforme eu for atualizando o blog, assim fica mais fácil de acompanhar.

Ainda não tenho um sumário pronto, e em linhas gerais segue assim: Nico está voltando da Itália depois de passar dois anos por lá e encontra Percy, o melhor amigo que ele deixou para trás, mas que manteve contato nesse tempo afastado. O resto se desenvolve a partir desse reencontro e bem rápido! Nessa história vou tentar ser mais direta. Será que eu consigo? Boa leitura!

PS: Se vocês virem algum erro sobre quanto tempo Nico estive na Itália é porque mudei de cinco anos para dois. Texto sem muita revisão, mesmo assim, espero que vocês gostem.

Parte I

— Olha quem voltou! O garoto italiano. — Nico apenas teve tempo de se virar antes de ser prensado contra ombros largos e braços fortes que o abraçaram com tanta força que o levantaram no ar, o deixando sem ar e fazendo com que seus livros e bolsa caíssem ao chão, a porta de seu armário sendo fechada com um estrondo barulhento.

— Perseu Jackson!

— Só a minha mãe me chama assim.

Mas Percy estava rindo, o girando no ar enquanto as pessoas ao redor olhavam para eles. Também, não era para menos. Eles estavam bem no meio do corredor onde havia vários armários, dando para a entrada das classes de aula. Nico não resistiu, ele envolveu os braços ao redor do pescoço de Percy e o abraçou tão forte quanto Percy tinha feito, enterrando o rosto contra o pescoço de Percy.

— Eu senti sua falta. 

— Eu também senti a sua. — Nico murmurou de volta e se afastou, finalmente conseguindo ver o rosto de Percy. 

Olhos tão verdes quanto ele se lembrava, nariz reto e empinado, lábios finos e largos sempre em um sorriso bonito. O que tinha mudado era a altura, quase dois metros, e músculos. Onde ele se lembrava de um garoto tímido e um pouco triste tinha se transformado nesse… nesse homem feliz e cheio de vida. Confiantes. Embora ele ainda pudesse ver a bondade e a amizade que eles costumavam ter, mas essa coisa entre eles… esses abraços todos eram algo novo. Ele não podia evitar a comparação com o passado, onde ele era jovem demais e Percy era… Percy era Percy, abrindo a porta de sua casa para um garotinho triste e solitário.

— Dois  anos, hein? Eu pensei que você nunca ia voltar.

— Hm.

— Me deixe te ver melhor. — E o que ele nunca esperaria do garoto mais hétero e tímido que ele já tinha conhecido aconteceu, Percy levou uma de suas mãos a seu rosto e penteou seus cabelos para trás, expondo sua face por completo. E ele? Bem, Nico apenas encarou Percy de volta, tão focado no garoto quanto Percy se focava nele. Todas as ligações e vídeo-chamadas não se comparavam ao que a realidade lhe mostrava, o fazendo se questionar o que tinha acontecido nesse tempo todo para fazer Percy agir assim, tão… tão afetuoso, tão atencioso. Ele ainda namorava Annabeth, não? Ainda era o capitão do time de basquete? Esse devia ser o caso, pois Percy vestia a jaqueta do time.

— Hm… Percy? Me põe no chão, sim? — Nico fez o seu melhor para ficar sério.

— Por quê?

— Você não tem uma namorada?

— Eu tenho?

Então, Percy sorriu ainda mais e enfim o colocou no chão para em seguida afrouxar o agarre em seu rosto e em sua cintura, sem se afastar, porém se inclinando um pouco sobre ele, como se tivesse algo em seu rosto que ele precisava ver mais de perto.

— Como você tem estado? Por que você não me disse que chegava essa semana?

— Por quê? Você ia me buscar no aeroporto?

— É claro, meus amigos merecem o melhor.

— E o que seria esse melhor?

— Eu, é claro.

Nico jurava que estava tentando ficar sério. Pelo jeito que as coisas iam, Percy queria algo a mais e no momento ele não estava interessado. Mas não adiantou, Nico se segurou nos ombros de Percy e gargalhou; ele achava que essa era uma das piores cantadas que ele já tinha ouvido.

— Ei, não ri da minha cara. Eu sou um cara legal.

— E muito humilde, também. 

— Muito. — Percy disse e enfim o soltou, se encostando a seu lado em frente aos armários e Nico suspirou em alívio, pegando suas coisas do chão e as guardando no armário. Às vezes Percy era um pouco demais para ele; era o que Nico tinha descoberto durante os anos nas milhares de conversas que eles tiveram nesse tempo todo. Ele não sabia quando Percy tinha mudado do garoto introvertido para essa pessoa esfuziante, mas ele gostava. E odiava ao mesmo tempo, fazendo seu estômago se revirar de nervosismo.

— Agora, de verdade, como as coisas têm estado?

— Você sabe, sempre iguais. — Nico deu de ombros e fechou o armário, tirando os livros que usaria naquele dia, os guardando na bolsa. — Bianca veio comigo.

— Faculdade? — Percy perguntou. — E você?

Nico deu de ombros mais uma vez e se encostou ao lado de Percy, voltando a encará-lo de perto, o olhando sobre os cílios, tentando não demonstrar como realmente se sentia. Achava que nunca se conformaria com a beleza do amigo, agora duplicada conforme os traços suaves da adolescência davam lugar a músculos definidos e um rosto angular e forte, o sorriso de canto, o olhar intenso, a atitude confiante… e… bem, tudo isso e muito mais.

— O que tem isso?

— O que te traz de volta?

— Eu senti falta de casa. — Nico acenou para si mesmo. — Por um tempo pensei que fosse em Verona, mas… eu sempre ficava me perguntando o que estava acontecendo por aqui.

— Então, você decidiu voltar? Simples assim?

— Por que não? Eu vou fazer dezoito em alguns meses. Queria aproveitar esse último ano e rever o pessoal.

Bem… ele queria rever algumas poucas pessoas e uma delas estava bem em sua frente, olhando para ele como se quisesse… como se quiser ver o que tinha dentro de sua mente. E como costumava acontecer, ele foi o primeiro a perder nesse joguinho para ver quem desviava o olhar primeiro.

— Então… você sentiu saudade e veio para ficar ou… 

— Vim para ficar. Hades vai vir depois.

— Fico feliz. — Percy disse, ainda sorrindo, algo mais sincero e bonito, como se tivesse se cansado de flertar. — Quem sabe a gente pode se ver mais tarde. Comer alguma coisa?

— Mais tarde quando?

— Hoje. Depois da prática de basquete. Quer me ver jogar?

— Oh, não! Era isso o que eu temia! O clichê colegial! — Mas ele ria e Percy ria junto, o fazendo lembrar dos velhos tempos.

— Sabe, você não pode falar de mim. Você era todo bonitinho e tímido e voltou parecendo sair de um filme dos anos oitenta. Jaqueta de couro, calça rasgada e isso… é delineador? — Percy se aproximou mais uma vez dele e segurou suavemente em seu queixo, apenas mais uma desculpa para tocá-lo, disso Nico tinha certeza; não que estivesse reclamando. Percy podia fazer isso e muito mais. — Você é o perfeito garoto bonzinho que ficou rebelde.

— Eu ainda sou um bom garoto.

Isso fez Percy parar por um momento, ainda com as mãos sobre o rosto de Nico, e o encarar longamente apenas para um sorriso de canto aparecer junto a covinhas.

— É mesmo? O quanto você é um bom garoto?

— Acho que você nunca vai descobrir.

Mais um silêncio e mais um olhar que no passado o faria correr em busca de abrigo mais rápido que um foguete. Entretanto, esse Nico tinha ficado para trás junto com sua inocência.

— Hm. — Foi tudo o que Percy disse durante alguns momentos, e Nico jurava que ele estava se aproximando em direção a seu rosto quando o sinal tocou, os interrompendo.

— Certo. — Nico pigarreou, endireitando a coluna e olhando ao redor. — Acho que eu tenho que ir.

— Qual seu primeiro horário?

— Língua portuguesa. Preciso passar na secretaria primeiro.

— Eu vou com você.

Nico nem tentou negar, ele tinha sentido tanta falta de Percy que estender um pouco mais as coisas não faria mal. Ele se desencostou do armário e, de novo, aconteceu algo que ele não esperava. Percy pegou a mochila de seu ombro, a carregando para ele e com a outra mão, entrelaçou os dedos com os seus, o puxando suavemente pelo corredor quase vazio em direção à administração do colégio.

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Então, aceitável? Percebi que meus diálogos não são os melhores. Sua opinião ou feedback educado é sempre bem vindo^^

Obrigada por ler!


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2 years ago

Não há lugar como o lar - Percy/Nico AU Colegial

Oii, como vai? Eu estava tentando continuar minha história atual, A Refulgente, mas sabe quando não está rolando? Aí comecei outra que deve ter no máximo umas 50 mil palavras (embora eu não saiba como escrever nada curto ou não tenha o controle mental para isso), outra Percy/Nico é claro. E como está fluindo bem, decidi dividir o começo dela por aqui antes de colocar em outros lugares. Na verdade, aqui é o único lugar onde ela vai estar até eu completá-la, se é que isso vai acontecer. Então, vamos ver como as coisas vão.

Para manter as coisas organizadas, vou reblogar o último capítulo conforme eu for atualizando o blog, assim fica mais fácil de acompanhar.

Ainda não tenho um sumário pronto, e em linhas gerais segue assim: Nico está voltando da Itália depois de passar dois anos por lá e encontra Percy, o melhor amigo que ele deixou para trás, mas que manteve contato nesse tempo afastado. O resto se desenvolve a partir desse reencontro e bem rápido! Nessa história vou tentar ser mais direta. Será que eu consigo? Boa leitura!

PS: Se vocês virem algum erro sobre quanto tempo Nico estive na Itália é porque mudei de cinco anos para dois. Texto sem muita revisão, mesmo assim, espero que vocês gostem.

Parte I

— Olha quem voltou! O garoto italiano. — Nico apenas teve tempo de se virar antes de ser prensado contra ombros largos e braços fortes que o abraçaram com tanta força que o levantaram no ar, o deixando sem ar e fazendo com que seus livros e bolsa caíssem ao chão, a porta de seu armário sendo fechada com um estrondo barulhento.

— Perseu Jackson!

— Só a minha mãe me chama assim.

Mas Percy estava rindo, o girando no ar enquanto as pessoas ao redor olhavam para eles. Também, não era para menos. Eles estavam bem no meio do corredor onde havia vários armários, dando para a entrada das classes de aula. Nico não resistiu, ele envolveu os braços ao redor do pescoço de Percy e o abraçou tão forte quanto Percy tinha feito, enterrando o rosto contra o pescoço de Percy.

— Eu senti sua falta. 

— Eu também senti a sua. — Nico murmurou de volta e se afastou, finalmente conseguindo ver o rosto de Percy. 

Olhos tão verdes quanto ele se lembrava, nariz reto e empinado, lábios finos e largos sempre em um sorriso bonito. O que tinha mudado era a altura, quase dois metros, e músculos. Onde ele se lembrava de um garoto tímido e um pouco triste tinha se transformado nesse… nesse homem feliz e cheio de vida. Confiantes. Embora ele ainda pudesse ver a bondade e a amizade que eles costumavam ter, mas essa coisa entre eles… esses abraços todos eram algo novo. Ele não podia evitar a comparação com o passado, onde ele era jovem demais e Percy era… Percy era Percy, abrindo a porta de sua casa para um garotinho triste e solitário.

— Dois  anos, hein? Eu pensei que você nunca ia voltar.

— Hm.

— Me deixe te ver melhor. — E o que ele nunca esperaria do garoto mais hétero e tímido que ele já tinha conhecido aconteceu, Percy levou uma de suas mãos a seu rosto e penteou seus cabelos para trás, expondo sua face por completo. E ele? Bem, Nico apenas encarou Percy de volta, tão focado no garoto quanto Percy se focava nele. Todas as ligações e vídeo-chamadas não se comparavam ao que a realidade lhe mostrava, o fazendo se questionar o que tinha acontecido nesse tempo todo para fazer Percy agir assim, tão… tão afetuoso, tão atencioso. Ele ainda namorava Annabeth, não? Ainda era o capitão do time de basquete? Esse devia ser o caso, pois Percy vestia a jaqueta do time.

— Hm… Percy? Me põe no chão, sim? — Nico fez o seu melhor para ficar sério.

— Por quê?

— Você não tem uma namorada?

— Eu tenho?

Então, Percy sorriu ainda mais e enfim o colocou no chão para em seguida afrouxar o agarre em seu rosto e em sua cintura, sem se afastar, porém se inclinando um pouco sobre ele, como se tivesse algo em seu rosto que ele precisava ver mais de perto.

— Como você tem estado? Por que você não me disse que chegava essa semana?

— Por quê? Você ia me buscar no aeroporto?

— É claro, meus amigos merecem o melhor.

— E o que seria esse melhor?

— Eu, é claro.

Nico jurava que estava tentando ficar sério. Pelo jeito que as coisas iam, Percy queria algo a mais e no momento ele não estava interessado. Mas não adiantou, Nico se segurou nos ombros de Percy e gargalhou; ele achava que essa era uma das piores cantadas que ele já tinha ouvido.

— Ei, não ri da minha cara. Eu sou um cara legal.

— E muito humilde, também. 

— Muito. — Percy disse e enfim o soltou, se encostando a seu lado em frente aos armários e Nico suspirou em alívio, pegando suas coisas do chão e as guardando no armário. Às vezes Percy era um pouco demais para ele; era o que Nico tinha descoberto durante os anos nas milhares de conversas que eles tiveram nesse tempo todo. Ele não sabia quando Percy tinha mudado do garoto introvertido para essa pessoa esfuziante, mas ele gostava. E odiava ao mesmo tempo, fazendo seu estômago se revirar de nervosismo.

— Agora, de verdade, como as coisas têm estado?

— Você sabe, sempre iguais. — Nico deu de ombros e fechou o armário, tirando os livros que usaria naquele dia, os guardando na bolsa. — Bianca veio comigo.

— Faculdade? — Percy perguntou. — E você?

Nico deu de ombros mais uma vez e se encostou ao lado de Percy, voltando a encará-lo de perto, o olhando sobre os cílios, tentando não demonstrar como realmente se sentia. Achava que nunca se conformaria com a beleza do amigo, agora duplicada conforme os traços suaves da adolescência davam lugar a músculos definidos e um rosto angular e forte, o sorriso de canto, o olhar intenso, a atitude confiante… e… bem, tudo isso e muito mais.

— O que tem isso?

— O que te traz de volta?

— Eu senti falta de casa. — Nico acenou para si mesmo. — Por um tempo pensei que fosse em Verona, mas… eu sempre ficava me perguntando o que estava acontecendo por aqui.

— Então, você decidiu voltar? Simples assim?

— Por que não? Eu vou fazer dezoito em alguns meses. Queria aproveitar esse último ano e rever o pessoal.

Bem… ele queria rever algumas poucas pessoas e uma delas estava bem em sua frente, olhando para ele como se quisesse… como se quiser ver o que tinha dentro de sua mente. E como costumava acontecer, ele foi o primeiro a perder nesse joguinho para ver quem desviava o olhar primeiro.

— Então… você sentiu saudade e veio para ficar ou… 

— Vim para ficar. Hades vai vir depois.

— Fico feliz. — Percy disse, ainda sorrindo, algo mais sincero e bonito, como se tivesse se cansado de flertar. — Quem sabe a gente pode se ver mais tarde. Comer alguma coisa?

— Mais tarde quando?

— Hoje. Depois da prática de basquete. Quer me ver jogar?

— Oh, não! Era isso o que eu temia! O clichê colegial! — Mas ele ria e Percy ria junto, o fazendo lembrar dos velhos tempos.

— Sabe, você não pode falar de mim. Você era todo bonitinho e tímido e voltou parecendo sair de um filme dos anos oitenta. Jaqueta de couro, calça rasgada e isso… é delineador? — Percy se aproximou mais uma vez dele e segurou suavemente em seu queixo, apenas mais uma desculpa para tocá-lo, disso Nico tinha certeza; não que estivesse reclamando. Percy podia fazer isso e muito mais. — Você é o perfeito garoto bonzinho que ficou rebelde.

— Eu ainda sou um bom garoto.

Isso fez Percy parar por um momento, ainda com as mãos sobre o rosto de Nico, e o encarar longamente apenas para um sorriso de canto aparecer junto a covinhas.

— É mesmo? O quanto você é um bom garoto?

— Acho que você nunca vai descobrir.

Mais um silêncio e mais um olhar que no passado o faria correr em busca de abrigo mais rápido que um foguete. Entretanto, esse Nico tinha ficado para trás junto com sua inocência.

— Hm. — Foi tudo o que Percy disse durante alguns momentos, e Nico jurava que ele estava se aproximando em direção a seu rosto quando o sinal tocou, os interrompendo.

— Certo. — Nico pigarreou, endireitando a coluna e olhando ao redor. — Acho que eu tenho que ir.

— Qual seu primeiro horário?

— Língua portuguesa. Preciso passar na secretaria primeiro.

— Eu vou com você.

Nico nem tentou negar, ele tinha sentido tanta falta de Percy que estender um pouco mais as coisas não faria mal. Ele se desencostou do armário e, de novo, aconteceu algo que ele não esperava. Percy pegou a mochila de seu ombro, a carregando para ele e com a outra mão, entrelaçou os dedos com os seus, o puxando suavemente pelo corredor quase vazio em direção à administração do colégio.

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Então, aceitável? Percebi que meus diálogos não são os melhores. Sua opinião ou feedback educado é sempre bem vindo^^

Obrigada por ler!


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