Eu espero que algum dia eu consiga sentir aquele frio na barriga de novo. Por que eu não deixei de acreditar no amor, por mais que ele tenha me machucado tanto. Eu ainda quero uma manhã de frio embaixo no cobertor olhando pra alguém e me sentindo a garota mais sortuda do mundo. Ainda quero beijos no meio das brigas. Ainda quero planejar o casamento, uma viagem, a futura casa ou os filhos que vamos ter. Eu quero amar de novo, me entregar de novo e ser de alguém de novo.
Basta uma pesquisa rápida pra averiguar que, a doença considerada o mau do século na virada do século XIX para o XX era a Melancolia, e a doença considerada o mau do século XIX para o XXI é a depressão/ansiedade, a gente insiste em gloriar o passado e depreciar o presente, mas a verdade é que não é a rede social o problema, nem o celular, nem as "relações líquidas", o problema sempre foi nosso corpo com defeitos e dificuldades de ser adaptar às mudanças sociais. E isso acontecerá no futuro, onde nossos filhos e netos irão dizer que a rede social legal era o Facebook, o Twitter ou Instagram, ou a música boa era o funk e o trap, enquanto não observarmos a nós mesmos, seremos doentes e depressivos.
Estou num momento da vida que cada vez que alguém me vem com uma daquelas frases motivacionais decoradas eu mando tomar no cu
“Acho que estou acostumado a me sentar num quartinho e fazer com que as palavras tenham algum sentido. Já vejo o suficiente da humanidade nos hipódromos, nos supermercados, nos postos de gasolina, nas estradas, nos cafés, etc. Não se pode evitar. Mas tenho vontade de me dar um chute na bunda quando vou a festas, mesmo que a bebida seja de graça. Nunca funciona comigo. Raramente encontro uma pessoa rara ou interessante. É mais que perturbador, é um choque constante. Está me tornando um maldito mal humorado. E hoje em dia, qualquer idiota pode ser um maldito mal humorado. E a maioria é.”
— Charles Bukowski.
“É difícil encontrar quem diz o que pensa, assim, sem rodeios ou disfarces amigáveis. Pensar, apesar de simples, não é um exercício feito para todos. E dizer o que pensa - não o que parece ser conveniente - é um trabalho árduo para poucos. O mundo parece se calar diante do próprio mundo. Opiniões contrárias não são bem vindas, e por isso também não são expostas. Eles querem que você pense igual, sem questionar o porquê. Ou melhor: Eles querem que você não pense, assim jamais questionará nada. Quem tenta gritar para as flores quando centenas gritam para as montanhas é passado despercebido, é passado como louco, é passado pro passado. A gente perdeu uma capacidade essencial: Ouvir. E não me refiro apenas ao que está a nossa volta, como as buzinas dos carros ou os o barulho do mar. Eu me refiro a escutar o que, na maioria das vezes, sequer tem algum barulho. Como escutar o ruído baixinho enquanto trovões bombardeiam o céu. E o ruído somos nós mesmos, enquanto os trovões são todos aqueles nos privam de sermos o que somos. Por isso, chega. Chega de se excluir. Chega de dizer que está suficiente, quando na verdade está uma porcaria. Chega de sorrir amarelo pros tapas na cara sem piedade. Chega de esconder o rosto por vergonha, a alma por pudor e a voz por educação. Não deixemos que nos calem com panos cobertos de falsidade. Diga o que precisa quando achar preciso. Não balance a cabeça concordando com tudo, porque discordar também é um direito seu. E ter opinião própria é um direito de todos.”
— Capitule.
Após muitos estudos e horas de terapia, eu descobri a raiz dos meus problemas: Sou pobre! Era isso o tempo todo.
Éramos milhares e fomos reduzidos a menos da metade, éramos livres, mas fomos vítimas da leviandade, tínhamos dignidade, hombridade, e respeito, mas fomos tratados como mercadoria, dentro de um navio negreiro, assim como o povo escravo no Egito, nos fizeram um animal a ser perseguido. E essa é a maldição da metrópole, que exalta o malfeitor maldito, mata o guerreiro de alma nobre. Dos quilombos, nos restaram as favelas e da escravidão, uma falsa liberdade, um racismo disfarçado, cruel e covarde, um passado de opressão, a ingratidão da nação, à disparidade.
Estamos às margens da sociedade, tratados como escória, onde está a tão discutida igualdade? Por que somos obrigados a viver de esmolas?
Isso que fizeram com a nossa liberdade, ainda somos escravos nessa selva de pedra, padecemos de fome, de sede e de frio, destruíram nossa religião, nossa cultura, se apropriaram de nossa identidade, e de nossos corpos, e nos vendem seu deus, seus credos, os mesmos que legitimaram nosso massacre. A voz da África ecoa dentro do navio.
O que eu fui, já não me veste mais...