Toda vez que alguém empurra a cadeira de rodas de uma pessoa cadeirante sem que ela tenha pedido ajuda, uma fada morre! Mesmo que seja sua amiga, mesmo que vocês estejam com pressa, ainda assim é ignorante e desrespeitoso.
Na situação que presenciei, a própria cadeirante tinha força nos braços suficiente para me dar um soco e arrancar meus dentes — sozinha.
Fiquei com o rosto queimando de vergonha. E agradeci aos deuses quando, minutos depois, perguntaram ao meu outro colega o que ele gostava de ler e ele respondeu yaoi, deixando todo o grupo confuso… menos eu, que dei uma risadinha cúmplice.
A “autora” deste blog está aos poucos esquecendo de como se faz para se comunicar com pessoas... E cada vez mais cansada de tentar aprender a se comunicar com computadores. Sinto que meu cérebro é tão bruto que não consegue compreender como um monte de palavras desconexas se transformam em sistemas complexos.
Para o meu cérebro que funciona a base de procura de prazer imediato e Ritalina, é mais fácil aprender chinês para poder trocar uma ideia com um chinês nativo do que virar programadora sênior em Java.
Excluí permanente as minhas contas no Instagram e no Twitter (obrigada Elon Musk!) e fiquei com o Facebook apenas para manter contatos. O que está me parecendo é que eu sou uma baita saudosista que quer viver na internet da década passada.
Eu contemplo o nada hoje Eu contemplo o nada há semanas Os livros ficam empoeirados As frases ficam soltas no papel
Hoje é um daqueles dias que eu só queria ter o poder de voltar no tempo para não deixar o meu "eu" do passado se matricular no curso de análise e desenvolvimento de sistemas.
O tempo corre no relógio
Mas não consigo compreender a sua passagem
Minha mente navega em um mar turvo
Enquanto meu corpo fica preso a realidade
Anestesiado e imóvel
Olho para o reflexo dos meus olhos
Diante o espelho do banheiro
Eles me parecem tão cansados
Que horas são?
Gas station – Milan Mihelič / 1968 (Tivolska cesta 44, Ljubljana, Slovenia)
photo: me
Mandy (2018) Panos Cosmatos