O meu primeiro contacto com o Docente Napido foi na sala 1, nesse dia ele entrou de repente, e virou-se em minha direção, com semblante firme e forte fixou-me o olhar mostrando a cara cerrada, pensei com os meus botões - o que terei feito!?? - o meu coração acelerado quase em lapsos de um acidente vascular cerebral transbordava suor de dimensões fluviais, ademais, permaneceu assim por uns longos 2 minutos, eu fingia estar a olhar o meu caderno, mas ao levantar a minha cabeça reclinada pelo peso da vergonha encontrava a sua feição facial ainda fechada. Entretanto não era absolutamente nada pessoal, ele apenas estava a pensar, e em seguida questionou: " esta é a Turma do primeiro ano do curso de Línguas?".
E eu respondi dizendo: "sim!".
Soltei um suspiro de alívio, e olhei a sala toda, houve quem soltou um riso agudo, mas para mim apenas o novo estado de espírito me confortava, e me interessava agora reanimar o meu coração da aparente paragem cardíaca. E assim foi, anos com um docente sempre na paz, mas com postura de um docente mau.
Napido tinha postura de um saldado em campo de guerra, mas era apenas um doce docente de literatura.
Passado um tempo ele foi ao Brasil, e já não mais voltava com frequência à Moçambique, e do seu círculo de amigos houve quem o fez tomar um brinde de desconfiança, é, é isso, doses e mais doses de um cocktail serpenteado de rancor, e quando voltou ao Pequeno Brasil aos poucos esqueceu o caminho da Sagrada Família, porque os 4 anos valeram-lhe um coração despedaçado em 4 pedaços. O instinto de desativador de minas que havia deixado no já remoto ano de 1992 reativou-se, dois litros de combustível eram poucos, agora sim, 10 litros davam para atear fogo, fazer aquela relíquia de pessoa que valia menos que uma lenha virar fogo, queimar até ao apogeu do obstinadamente o que ela guardava nas entranhas do seu íntimo, deixando entre ele e a esposa apenas poeira do pó mofado do antigamente.
Sentou-se segurando um cigarro entre o dedo indicador e máximo, contemplando assim tudo a sua volta, e percebeu o porquê de Mandela ter perdoado quem o empurrou para cela por 27 anos, quem o castrou com martelo, mas não conseguiu perdoar a sua Esposa por um lapso de traição. Sentiu -se Pedro Mandela, mas Pedro distante da Judas e próximo de Jesus.
Moral da história
Que moral? Esta história é imoral, mas convenhamos, podemos até perdoar tudo menos o assassinato da nossa honra, e a nossa honra reside em nossa família, quando cenários similares sucedem, todos nós somos susceptíveis a cair na inércia da Zanga.
~Ab Binadre WZ
Persona Non Grata
Vi-te saindo da relação devagar, depois de não responderes uma mensagem, quando dei por mim, eram 6 mensagens não respondidas, na 7 mensagem, respondeste, mas foram poucas palavras mal-ditas, como se a minha mensagem te causasse irritação e respondesses simplesmente por eu ter sido o que já não era.
Fui ao WhatsApp e vi-te On, mas não era comigo com quem conversavas, e foi nos pequenos detalhes em pistas, que percebi que já havia te perdido. Então hoje eu percebo que o interesse se foi junto com a importância que eu tinha para ti. E que a segunda parte do nosso romance havia chegado, e nela eu era menos que figurante, valendo menos que uma porta, e se fosse em Moçambique eu seria a versão masculina de Lurdes e tu Liloca. Porque não somos os mesmos de ontem, não seremos os mesmos amanhã. E infelizmente, o tempo não espera, e o que era tão meu perdeu-se por aí no meio ao caminho, pois na verdade não estávamos andando na mesma direção, ademais o sentimento agora é só meu, e tu podes estar também apaixonada mas não é por mim.
~Ab Binadre WZ
Quando numa turma de 50, chumbam 45, o problema pode estar no próprio professor, e isso não é motivo para se vangloriar, mas sim, para fazer uma introspeção, pois a luta como professor é, sem dúvida, fazer com que maior número de alunos transite.
É triste ver docentes que acham que a sua estima, como profissional, é traduzido pelo número de alunos que reprova. Lembro-me que em tempos de faculdade, havia docentes que mesmo dando a cadeira mais fácil, chumbava-se em massa, mas isso não era tampouco questão de domínio de conteúdos, era sim, mecanismos mortos e mórbidos que docentes arranjam para elevar o seu ego, portanto ser tido como o docente Chefe das Reprovações, ou até para tirar proveito com às negativas dos estudantes.
Abel era aparência e não Essência
O dia está muito quente, de longe consegue-se ver o calor criando vapor no alcatrão, aliado a um vento morto e uma textura diferente no céu.
Por cima do alcatrão Abel vem numa mota andando à 80 a 120 por hora, suor abafado vindo do seu corpo deixa marcas indubitáveis da sua passagem pelo local. […]
Um carro colidiu à motorizada onde vinha o Abel, uma mulher na passadeira para peões deu um grito agudo. Transeuntes e ciclistas, caídos ao chão pelo despiste fazem reinar um silêncio surdo na via, alguns pasmos e outros calmos, parece que o tempo parou, todos esperam entender o que aconteceu, mas Abel continuou posto ao alcatrão quente, desmaiado.
O alcatrão preto não conseguiu escurecer a mancha de sangue espalhada em frente ao carro, que da cabaça do Abel ensopava-se pela roupa desaguando nos pés.
Abel está como sempre com um aprumo rigoroso, bem engomado, um fato limpo e caro.
Do chão para o hospital Abel é levado, ele está numa maca envolto à um médico, e três enfermeiros, alguém precisa despí-lo para posterior observação, e nada mais que uma enfermeira que com uma tesoura corta a camisa, e depois descalça os sapatos, pasmem-se! O sapato é "pier Cardin", mas às peúgas estão mais esburacadas que um coador, nesse instante Abel murmurou ainda sonolento, expressando dificuldades nos seus gestos, justificando o motivo das peúgas estarem rotas e sujas, entretanto o médico o cala. A enfermeira continua com o seu trabalho, contudo, parece que Abel está a oferecer resistência, embora com o braço fraturado tenta impedir que lhe seja tirado a calça, aperta às pernas e segura o botão, mas o esforço foi em vão, a enfermeira consegui com ajuda dos demais tirar a calça, e mais uma novidade, a boxer do homem parecia que esteve em zona de combate na Ucrânia sob fogo cruzado de tantos buracos que ela tinha.
Moral da história? não! caro leitor, esta história é e sempre será imoral, porque ela desMORALiza, porque no mundo somos assim, alguns aparentemente boas pessoas mas com o interior diabólico, outros com aparência questionável, mas com o coração onde os anjos saltam. Então, essa história é imoral e sem moral, e continuará assim até que exterior seja o reflexo do interior.
~Ab Binadre WZ
Medo
Finalmente o pôr-do-sol! Lentamente a alvorada sobre a pradaria, e o silêncio suave da noite cantava para o dia dormir, enquanto a escuridão engolia o céu grisalho-azulado, o jovem moço continuava com medo, pois de manhã em uma discussão com a feiticeira da zona, por conta de uma disputa para um lugar no rio, a velha levantou a sua mão à 90°, dobrou os outros dedos deixando simplesmente o indicador e disse: -Você vai ser devorado por um crocodilo seu estúpido.
Para o jovem era bem mais fácil não se fazer ao rio que nada o aconteceria, mas mesmo assim o medo ainda prevalecia aceso nas entranhas da sua consciência, o medo fervia dentro de si mesmo com aquele vento frio acariciando o pescoço e os seus pés, o jovem teve uma noite mal dormida e cheia de pensamentos vis.
Raios de sol clarearam o dia, e o pobre jovem moço saiu para levar a cara, pegou uma lata, daquelas latas que antes continham tinta para pintura de casas e depois usadas para uso doméstico, pois é, mas quando pegou a água para borrifar a sua face, viu um crocodilo sair do balde, este puxou-o para dentro da água, o jovem tentou sair mas o crocodilo estava puxar com mais força, e assim morreu o pobre moço. O crocodilo da Feiticeira cansou de esperar que o jovem moço viesse ao rio, e acabou indo, justificando que se Maomé não vai a montanha, a montanha vem à Maomé.
O laudo pericial confirmou que o jovem bateu com a cabeça num ferro, tendo este caído na sua nuca e bloqueado a sua cabeça no balde, dificultando assim a sua saída, e facilitando o afogamento.
Depois da velha descobrir que o medo é uma grande arma, hoje passaram a o fazer através dos meios de meios refinado.
Moral da história??? O quê? Não, não, esta história não tem moral, ela moraliza, porque os nossos medos são os nossos piores inimigos, o medo criou o crocodilo.
Nós precisamos matar os nossos medos.
O Medo de separar e começar de novo, e ter que viver uma relação abusiva, com um marido que se torna teu próprio assassino.
O Medo de... Enfim, paro por aquí, são tantos medos.
~Ab Binadre WZ
A moça da Festa
Acontecendo...
A moça da festa tinha dreads cuidadosamente aparadas e uma voz de locutora de radio. Ela bailava um sorriso muito meigo, que, por conseguinte, faziam-me voltar à minha puberdade.
A sua poderosa e magna destreza ao servir-me mais um copo mostravam uma paciência experiente de alguém que conhece os labirintos para pôr o homem na sua mão.
Depois de olhares constantes de aprovação, e sorrisos tímidos, percebi que havia química, mas não era só química, porque havia também biologia nisso, a sua anatomia era de parar o transito. Ela tinha a derme que lembrava o sol quando se põe no oeste, e o relógio no seu pulso mostravam que era pelo sangue azul que o objecto pulsava.
Eu aproximei-me ao som da "Vanessa da Mata", ela sorriu ao ver-me tomar iniciativa, conversamos sussurrando no ouvido sobre trivialidades, estabelecendo aos poucos a tão desejada ligação afectiva, que era afinal tudo o que eu procurava para subir para o passo seguinte. Eu dancei na melodia do saxofone, imitando simbologias de kamassutra no encosto à hóstia entre suas ancas.
Disse para ela que me podia encontrar num outro lugar, subí, então, até ao andar de cima no lugar combinado. Uma vez dentro , aproximei-me dela, toquei-a na cintura, viví a fantasia que havia imaginado, a sua audácia e cedência fizeram-me prostrar entre mil expectativas.
Ela sentiu algo elevando-se, não era o meu pé, na-na-ni-não, era talvez a adrenalina que se apoderava do líbido nas minhas entranhas, num estranho delírio entumecidos entre o espírito e a matéria.
Ainda no ritmo do clima que se aflorava, tentei meter a mão na sua blusa, ela continuou inerte, mas quando eu ia pegar os seios, ela disse : "Pare moço, eu tenho namorado e gosto muito dele, não gosto dessas faltas de respeito, eu não traio meu namorado".
Desceu às escadas chateada e voltou à festa, minutos depois eu também voltei, mas já não havia mais conexão entre nós, não tardou, ela saiu da festa.
Fiquei sem saber se até onde chegamos não era traição!!? Traição é também é retribuir olhares, dar esperança, mas enfim, se eu me beneficiei de uns "pegas", porque estaria a criticá-la, e ainda são 19h e parece que tem uma moça sentada no canto, deixa aproximá-la...
Em actualização....
~Ab Binadre WZ
Eu Sou Muito Triste
Ultimamente tenho me sentido um tapete caseiro, ou talvez um tapete de um mercado em um dia chuvoso, porque na verdade a minha vida está estabelecida entre a dualidade de um bem estar repentino e uma tristeza duradoura.
Pode ser princípio de um quadro patológico, ou inicio de buraco de depressão, esquizofrenia, ou sei lá o quê. Mas, Calma aí! É raro que um demente perceba a sua demência, por isso talvez a minha loucura esteja nisso mesmo, em perceber o imperceptível, que para mim, por definição, é tristeza, que aos sorvos rega a minha tão fértil alma, fazendo germinar brotos que escondo por trás de paredes de alegria que demonstro.
Quero um psicólogo, quero um psiquiatra, um ombro amigo, aliás, que ombro amigo? São todos falsos, uma falsidade de bradar os céus, prefiro o psiquiatra, e dele, apenas 24 horas de terapia intensiva, terapia existencial, e dois cálices de uma dose qualquer, que queime bem forte a garganta e a dor em mim […]
Ando exilado da minha própria vida, por conta de dores que nem pessoas proximas conseguem ver, porque sou tão desnecessário para o mundo.
(...) Acho melhor parar com esse festival de vitimização, eu sou grande para isso, e convenhamos, todos nos temos os nossos lobos, portanto estamos todos no mesmo barco, caminhando para o incerto […], pois já nascemos de um parto, e por isso partiremos, depois de durante a vida, outros partirem e deixarem nossos corações partidos, na verdade, a vida é um parto cheio de partidas. […]
~Ab Binadre WZ
AFINAL, A PRIMEIRA ESPOSA DE ADÃO NÃO FOI EVA?
Quebraram-se no meu consciente a meganarrativa limiar de um começo do mundo baseado no romance de Adão e Eva ao ler a Torah (livros dos Judeus) e outros textos assírios-babilónicos e hebraicos, pasmem-se! Como Adão poderia ter tido outra mulher? Acontece que, antes da Eva, havia a Lilith, que tal como Adão, foi também criada do pó e não da costela, o que a fez, praticamente, sentir-se no mesmo nível de Adão, a sua infração foi a de não se submeter às vontades de Adão, ela disputava a igualdade de género, ela não admitia ficar de baixo durante às relações sexuais. Eles discutiam tanto, até que um dia enquanto dormiam, Lilith disse: " porquê devo deitar-me embaixo de ti? Porquê devo abrir-me sob teu corpo? Porquê ser dominada por ti? Contudo, eu também fui feita do pó e por isso sou tão igual a ti." Adão retrucou: " Eu não me vou deitar abaixo de ti, apenas por cima. Pois você está apta apenas para estar na posição inferior, enquanto eu sou um ser superior." Lilith respondeu: " Nós somos iguais um ao outro, considerando que ambos fomos criados a partir da terra." Mas eles não deram ouvidos um ao outro. Quando Lilith percebeu isso, ele pronunciou o nome Inefável e voou para o ar. Adão orou ao seu Criador: " Soberano do universo! A mulher que você me deu fugiu!" Ao mesmo tempo Deus enviou três anjos para trazê-la de volta. Os três anjos foram, insistiram para que ela voltasse e ameaçaram afogá-la, porém ela se recusou a voltar, sendo assim condenada por Deus a perder cem filhos por dia. Desde então, para proteger os recém nascidos da influência de Lilith, seria necessário colocar amuletos com o nome dos três anjos Snvi, Sinsvi e Smnglof.
No versículo 23 do capítulo 2 de Gênesis diz: "Finalmente!" , exclamou o homem (Adão). "Esta sim é osso dos meus ossos, e carne da minha carne! Será chamada 'mulher', porque foi tirada do 'homem'". - Gênesis 2:23
As palavras de Adão mostram que Deus finalmente criou uma mulher submissa a Adão, e *essa sim*, mostra que houve uma *"essa não"* que precedeu *"essa sim"*, portanto, a Eva, seria a segunda criação feminina de Deus, reforçando a ideia de que realmente houve outra mulher antes de Eva.
Entretanto, a complexidade que gravita em torno do mito é enorme e, cheia de imprecisões. Contudo há aquí algo claro, ela está ligada à desejos, a sensualidade, a igualdade de genero, e feminismo, o que invoca a possibilidade de se suprimido a Lilith das narrativas para a perpetuação de uma visão patriarcal na sociedade.
~Ab Binadre WZ